sábado, 22 de agosto de 2020

Livro Todos os Poemas da página 2781 até 2782 pra vc

Antologia Todos os Poemas

Valdeck Almeida de Jesus

Parte 22

 

Versões atualizadas e outras nem tanto


 

Hoje eu vi Exú-Deus

 

Ele caminhava

Em minha frente

Abria cadeados

Mostrava atalhos

Esquivava foices

Hoje eu vi, ouvi, senti...

O cheiro dele em minhas vestes

E ele meneava a cabeça

E significava caminhos

Que eu devia seguir

E eu seguia os rumos

E ouvia o rufar

E ouvia o estrondo

E eu o seguia

Hoje eu vi Deus-Exú

E pedia licença

E silêncio Agô

E caminhava

E viajava

E perguntava a rota

E ele apontava

E encantado

Quando olhei firme

Os olhos dele

Sorriam nos meus

E Ele furta cor

Seguiu seu rumo

E mostrou o meu

E eu sorri

E segui Exú

E Ele se foi

E ficou em mim...

Laroye

16.01.2020






 

Hoy vi a Dios-Exú

 

Caminó, frente a mí,

abrió candados,

mostró atajos,

guadañas esquivadas,

hoy vi, escuché, sentí ...

Su olor en mi túnica,

y él meneo con la cabeza,

y quiso decir, que debía seguir,

y seguí las instrucciones,

y escuché el tamborileo,

y escuché la explosión

Y lo seguí

Hoy vi a Dios-Exú,

y me excusé,

y silencié a su saludo “Agô”,

y caminé, y viajé, y pregunté la ruta, y él señaló

 

Y encantado, cuando lo miré, sus ojos sonríeron a los míos,

y él iridiscente, siguió su curso, y mostró los míos y sonrío

Y seguí a Exú, y se fue, y se quedó en mí ...

Y lo saludé: “Laroye”




 

Ao amor que não ousa dizer o nome

 

Não há GPS, geografia, pontos cardeais, Uber ou medium que me tire a atenção de você.

Não há prisão, linguística, performática ou artística, que me iluda, desvie meu âmago do teu amor...

Morte, reencarnação, vidas futuras, transfiguração...

Nada me ampara, se não posso ter teu beijo, sussurro, carinho, mesmo que tudo isso não passe de uma mera ilusão...

 

The Pub, bairro Usaquen, Bogotá, Colômbia. Agosto de 2018-09-11

 


 


 

Detalhes

 

Enquanto você peida na varanda

Eu voo sobre os Andes

Na vã tentativa de atrar tua atenção...

Já fiz poema, já me insinueei,

E você, tão aventureiro, sequer percebeu...

Vinho tinto, iogurte, manga verde, rosa, lilás...

Feijoada de feijão preto com pé de porco,

Compartilhar de postagens,

Correr solto na pastagem,

Elogio disfarçado de "massa",

Cheirar bufa no carro pra Feira de Santana,

Convite pra falar de poesia,

Embolar a língua em outro idioma,

Nada, nada tira teu foco...

E você, tão aventureiro,

Fama de traidor, matador, guerreiro,

Parece que estacionou,

Que foi amansado em algum terreiro...

Que é isso, companheiro!!!

Solta as rédeas, vive tuas emoções!

Sei que não és de amarrar o jegue,

Muito menos de enlouquecer os corações...

Solta o matador, o pegador, o putão...

Só não aniquila a vida, tua verdadeira vocação.

 

Um dia te mostro este poema/confissão.

 

Voando de Salvador para Bogotá,

Em qualquer latitude e longitude

17 de agosto de 2018

 

https://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/6445350


 

 


 

Amor incondicional

Se eu declarasse meu amor em público,
num sarau, num recital, vocês entenderiam?
E os aplausos, seriam verdadeiros,
ou ficariam constrangidos,
se em cada verso, estrofe, rima,
eu fizesse uma declaração, escancarada,
ou metaforizada, do amor que não ousa dizer o nome?...
Você iria repugnar, se eu dissesse o nome de um homem?
Que diferença faz? Não é amor?
O que faz você me odiar, desejar minha morte ou má sorte?
O fato de eu remar contra a corrente?
Não ser trans, não ser tras, não me definir se gozo pela frente ou por detrás?
Ah, tá, palavras têm sentidos diversos, são estranhas em meus versos... Entendi.
O amor só vale se for o “normal”, entre aspas e tudo mais,
mas se for do jeito que sinto, faz corar as faces, envergonha...
Para mim, o que sinto não é normal apenas quando dito em segredo, entre quatro paredes,
é necessário ocupar as praças, televisão, todas as redes...
Para você, se esse amor for feito em verso, não se publica...
Por que não posso declarar que amor que fica é amor de P_ _ _...
E se eu amar sem ao menos ter deitado com o crush, você vai me crushificar?
Acorde, entenda que amor não tem e jamais vai ter normalidade,
pois amar pode ser verbo, substantivo, adjetivo... amar não precisa se encaixar em dicionário, em gramática, em norma culta.

Então, oponente, entenda, de uma vez, que vou amar, sim, e vou estravazar minha emoção.
Amei, amo, amarei em todos os tempos, modos e em qualquer conjugação.
E para isso eu não preciso de sua aprovação!

09 de agosto de 2018 - VAJ

https://www.recantodasletras.com.br/metapoemas/6420994

 

 


 

Anjo oculto que amo

Não é a capa do livro, as páginas, apresentação, índice, textos, entrelinhas.

Não é a edição impecável, correção ortográfica, licença poética, muito menos o papel do miolo, as cores, fontes, paginação...

Nada disso.

O que me encanta em ti são as fantasias, os sonhos, as idealizações, o passado inacessível, o presente incerto e o futuro indisponível. São os devires imaginados, situações desejadas, tudo o que ninguém mais pode ter contigo, exceto eu em meus devaneios...

08.09.2018, Santo Amaro da Purificação-BA

https://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/6443986

 

 


 

Quando você está sem fé e descobre que há pessoas/anjos entre nós...

 

10.09.2018


 


 

Pulo no Abismo

 

(ou)

Beijo com gosto de vinho

(ou) Poema para Você

 

Te vejo e desejo

 

teu jeito moleque

 

o brilho no olhar

 

a força da voz

 

Te vejo e desejo

 

o cheiro que sinto

o abraço que recebo

 

o crespo do cabelo

 

o ríspido das mãos

 

o pulo no trampolim

 

te olho de longe

 

admiro a robustez

 

teu rosto, tua tez

 

Te penso e te quero

 

desejo mais puro

 

inocente até

 

Te lembro e desejo

 

que seja pra mim

“A verdade, uma flor e os três cães da vida”

 

 

 

Em aspas, escrito 11.09.2015, 05:26h.

Poema feito em 26.09.2015, em Santo Amaro-BA

 


 

A verdade, uma flor e os três cães da vida

Minorias serão sempre minorias, unidas ou reunidas por interesses do grupo. Mas, juntas, seja em prol de políticas públicas relativas ao seu próprio grupo, seja em rede com outros grupos minoritários, serão sempre muito mais eficientes.

Consciência de que o outro poderia ser eu, de que a situação pode se inverter a qualquer momento, pode nos dar fôlego para defender causas alheias ou, mesmo, fortalecer nossa própria causa. Diz-se por aí que egoísmo é intrínseco ao ser humano e sua sede por sobrevivência, em alguma medida. Mas pode, também, ser motivo para isolamento e ataque a qualquer outra causa que não seja a sua própria.

O título desse texto me veio em sonho às 05:26h do dia 11.09.2015. Sem entender do que se tratava, guardei na tela do celular e fiquei pensando sobre, pesquisando e tentando encontrar na internet alguma frase ou texto que me esclarecesse o sentido, sem sucesso. Quase um mês depois, usei esta frase para finalizar um poema em homenagem a uma pessoa que eu admiro.

O fio da meada, aqui, é a luta por causas, sejam elas do albino, do sarará, quilombola, candomblecista, dos gêneros e transgêneros todos, dos sem gênero, dos portadores de tudo e de nada, enfim, das diferenças, da individualidade, que, como citado acima, poderia se fortalecer, à medida que cada um tomasse consciência de que ninguém está isolado nesta luta, ou, dizendo melhor, cada um poderia se fortalecer mais, caso olhasse para o lado e se sensibilizasse com a luta do outro.

Pelo contrário, quando se percebe alguém numa luta, ao invés de se juntar a ela, à luta ou à pessoa, fica-se especulando aonde aquela pessoa quer chegar, o que ela pretende, qual o verdadeiro motivo da labuta. Isso é compreensível, em tempos de tantas frentes de batalha que beneficiam, apenas, a um ou a uma, em detrimento do coletivo, do grupo. Afinal, a sociedade, o povo, é sempre o outro. Poucos conjugam no presente do indicativo. E poucos ainda incluem, de verdade, o outro.

A discriminação racial é horrenda, não menos que a sexual e de gênero, que a violência contra a mulher, povos indígenas, ciganos, pobres etc. A luta por conquistar espaço e respeito deve, por isso, ser permeada de mãos dadas com cada diversidade, cada dor alheia, cada constrangimento e cada sofrimento, sob pena de perder força e, ao contrário, gerar novos preconceitos, novas discriminações.

Piadas infames relativas a deficientes físicos, mentais, intelectuais; gracejos discriminatórios contra lésbicas, gays, travestis, transsexuais, transgêneros; citações preconceituosas sobre ciganos, povos indígenas, quilombolas, negros, pobres, sem terra e sem teto; discriminações de iletrados e analfabetos; nada disso tem graça, nem mesmo quando é feito no resguardo do lar, com poucas testemunhas. A afirmação de nenhum grupo minoritário deve ser feita usando outros grupos como cobaia, como motivo de riso, de discriminação. Isso é crime, é desrespeito, é assassinato.

Portanto, mãos dadas e abraços coletivos, fortalecem e ampliam o raio de ação de qualquer luta. A verdade nem sempre é unguento para a alma. Uma flor abre portas no coração. Ah, os três cães da vida? Descobri que existe, no Inferno de Dante, e eles guardam a saída do inferno. Quem entra, não sai. Não coloque ninguém lá...

 




 

Oculto em mim

Vontade de gritar nas ruas, pintar muros, encher outdoors... Fazer mímica, desenhos, grafites, escrever em todas as línguas, idiomas, dialetos...

Colocar nos títulos dos filmes, novelas, musicais, anunciar nas rádios, fazer exposições, bienais...

Vontade de mudar os livros sagrados, incluir referências, recontar a história da humanidade, rebatizar os mitos, renomear continentes, países, cavar todas as raízes...

Nomear planetas, galáxias, espaços não conhecidos, dizer a Deus que relance a criação e deixe uma fresta para minha caminhada perto da existência fantástica e poética nesse sonho que alimenta minha estadia na vida...

Sarau do Goethe, 12.09.2018








 

Quando o amor chega

ele não traz esperança

nem cama, nem mesa, nem banho...

Ele chega e pronto... já pronto!

Não marca hora de ir-se embora.

Quando o amor chega ao mundo

um ano depois que você,

não importa idade, bairro, cidade...

Ele te energiza, te deixa pleno(a)

 

O amor não te garante nada,

não te oferta nada, não te dá nada.

Você que imagina, cria, viaja.

 

E ele se vai, na mesma velocidade,

como num passe de mágica!

Ficam as imagens, lembranças, vontades!

Ficam os olhos, os sonhos, os vultos...

 

O amor não te dá nada, mas te proporciona

continuar, esperando até o infinito,

na espera, no desejo, de novo encontro finito.

 

Poderia ter sido em 1997, 1994...


 

Cuando viene el amor

el no trae esperanza ni cama,

ni mesa, ni baño ...

Llega y listo ... listo!

No hay tiempo para irse.

Cuando el amor viene al mundo

un año después de ti

no importa la edad, barrio, ciudad ...

Te da energía, te llena

El amor no te garantiza nada

no ofrecerte nada, no vá a darte nada

Tú que imaginas, creas, viajas.

Y se va, a la misma velocidad,

¡como por arte de magia!

Las imágenes, recuerdos, deseos permanecen!

Los ojos, los sueños, las formas ...

El amor no te da nada, pero te da continuar,

esperando hasta el infinito, en espera, en deseo,

por un nuevo encuentro finito.

 

Podría haber sido en 1997, 1994...



Se ele morrer hoje

Vai demorar para sentirem a falta...
Nos saraus, muitos perguntarão (talvez);
No trabalho chato e repetitivo, sentirão no primeiro dia...
Será a única vez que não avisa, some sem dizer o motivo

A porta de casa, sem lâmpada acesa, não chama atenção;
Nenhum cachorro ou gato vai arranhar o tapete,
Até que o gigantismo e apodrecimento do corpo alastre a fedentina...

Os pilantras e saqueadores do país estarão muito envolvidos com suas rapinas...
Pensarão "já foi tarde" quando souberem, mas postarão falsas escusas nas redes sociais

Ah, os amores, esses, já estarão envolvidos em outros abraços...
O amor, aquele último, sim, pensará sobre a possibilidade que não houve.

Não tem como evitar o fone chamar até descarregar a bateria, a poeira tomar conta da casa, a geladeira abarrotar de gelo, as frutas apodrecerem junto com seu dono, o agora defunto...

Se ele morrer hoje, acharão os bichos de moscas em procissão escada abaixo, denunciando que não tem mais carne podre para comer...

09 de outubro de 2018


 

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