sábado, 22 de agosto de 2020

Livro Todos os Poemas da página 935 até página 1051


 

REFLEXÃO

At this moment  I’m very lonely.

In all moments I’m very lonely.

 

Solidão é questão de ponto de vista.

Segundo minha ótica, sou e estou sempre só.

Quando não estou só, comigo, estou só, com alguém:

Meus amigos, inimigos, pessoas em geral.

Mas é por minha causa: somente minha.

Só eu serei capaz de me ajudar.

Ninguém pode me fazer feliz se eu não deixar.

Além do mais, a felicidade também é relativa.

É utopia querer que tudo dê certo.

É loucura esperar que o mundo dará a volta por cima.

A esta altura não há volta.

Por isto sei que não tenho jeito.

O jeito é esperar o desenrolar dos fatos.

Pois tudo chega a um fim.

E o meu não deve estar muito longe.

 

29 de dezembro de 1991, 11:45 horas


 

REFLEXÃO

Até onde posso

(Projeto Madio Editora)

 

Iludir-me e aos outros

Sem cair no erro

Do amor vazio?

 

Até quando irei

Viver solitário

Buscando a vida

Que nunca vivi?

 

Até encontrar coragem

Pra buscar teu colo

Te pegar no colo

E ser infeliz.

 

Daí te direi

Um ‘não’ radical

E te farei mal

Com meu eu tão vil...

UESB, 05 de junho de 1991, às 09:30 horas


 

REFLEXÃO

Até quando a morte será necessária

(Projeto Madio Editora)

 

Só pise em terreno firme

Pise firme neste chão

Não fantasie o real

Pois o tombo será fatal.

 

Não adiante pular

Pra chegar, antes, ao fim

Pois o fim só é de paz

Pra quem “viveu” o meio.

 

“Antes tarde do que nunca”

Há muito, prega o ditado

E isto é muito atual.

 

Aguarde sua vez na fila

Que breve alcançarás

O pódio que tanto almejas!

 

03 de março de 1992, às 22:40 horas


 

CRISTÃ

Auxílio do Céu

 

Espero do meu Senhor

Um auxílio especial

Para que eu fique calmo

Sabendo deste meu mal.

 

É uma doença perigosa

Que tem prazo para matar

Se eu não me submeter

O mais rápido a uma cirurgia.

 

Tenho que ir para São Paulo

Pra cuidar de minha saúde

Se eu quiser viver um pouco

E ter chance de melhora.

 

Terei que deixar o trabalho

Arduamente conquistado

Mas pra cuidar de minha saúde

O impossível tem que ser feito.

 

Desejo do meu Deus uma força

Pra que eu suporte esta mudança

Voltar de homem já feito

Pra viver como criança.

 

Não poder mais trabalhar

Enquanto durar o repouso

Pois é muito perigoso

Um operado trabalhar.

 

Será um fim em minha vida

Pior que o problema sexual

Pois é uma coisa orgânica

E que não tem cura por abstinência.

 

Jequié, 02 de fevereiro de 1990, 17:49 hs, JCJ de Jequié

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Caminhando só

(Projeto Madio Editora)

 

Caminhamos sozinhos

E, às vezes, sós, com alguém.

Dividimos emoções, amor, paz

Crescemos juntos...

Depois chegase ao ponto final

Onde tudo é apenas um ponto

onde tudo se resume num túmulo

onde o amor e a razão nada são

onde cada um entra, na sua vez...

Meu quarto, 02 de setembro de 1992

 

 

 

 


 

CRÔNICA

Cão e Gato

 

Eram dois inimigos. Nunca tiveram conversando como quaisquer amigos. Sempre que o gato avistava o infernal cãozinho, fugia à toda e trepava numa árvore (a primeira que fosse avistada). O cãozinho sempre corria atrás do pobre gatinho. Não podia vêlo, em qualquer lugar que fosse, que logo corria atrás do coitado, sem dar nenhuma chance de escapar.

O gatinho não aguentava mais. Estava exausto de tanto correr, todos os dias, para escapar das garras do ilustre canino. Pedia conselhos aos seus parentes, aos seus familiares, aos seus amigos, mas as respostas não lhe agradavam: “fuja para outras terras, “vá para o outro lado do mundo”. Mas em outras terras não tinham cães, também? De que adiantaria fugir? Para qualquer lugar onde fosse, não teria que estar fugindo, sempre? Mas, coitado do gatinho! De tanto fugir, morreu sem ter conseguido escapar das garras do cãozinho, que sempre lhe importunava.

Mas nem a morte lhe deu descanso, pois, ao chegar ao cemitério, encontrou nada mais nada menos que vários espíritos de cães...

Jequié, 01 de julho de 1984

 

 

 

 

 


 

CRÔNICA ESPORTIVA

 

Caro Sardinha,

 

Como toda a população brasileira, estou sofrendo muito a nossa desclassificação para esta Copa Mundial de Futebol - México 1986.

Por que aconteceu isto com o Brasil?

Ah! Vamos esquecer! Poderia ter acontecido com qualquer outra Seleção! Poderia, é bem verdade. Mas não com um país que não tivesse estas características:

 

-               Com participação na 13ª Copa Mundial de Futebol.

-               Lateral Direito, Josimar, nº 13.

-               Ônibus nº 13.

-               O grupo D, no qual o Brasil incluíase, fez, ao todo, a quantia de treze gols.

-               Desses treze gols, dois foram feitos pelo nº 13 da Seleção, Josimar.

-               O primeiro jogo do Brasil foi realizado no dia 31, que, invertido, é igual a 13.

-               O último jogo do Brasil, na primeira fase, foi dia 13, quintafeira, treze dias após a Copa ser inaugurada.

-               Pelo saldo de gols da primeira fase, só houve treze colocações.

-                      Ao todo, foram 104 seleções, que é igual a 8 X 13, e 52 jogos, ou seja, 4 X 13.

-                      A soma das letras dos adversários do Brasil, menos a França, com as letras da palavra Brasil, é igual a treze:

-            BRASIL                +             ESPANHA            =             TREZE

-                 “                        +             ARGÉLIA                            =                   “

-                 “                        +             IRLANDA                            =                   “

-                 “                        +             POLÔNIA             =                   “

Se isto influenciou ou não, não sei. Sabe Sardinha, após o final do 1º jogo Brasil X França, eu e meus familiares acendemos velas para dar uma “força” para o Brasil. Sabe quais as cores das velas? Só depois é que percebemos: AZUL, VERMELHA E BRANCA, justamente as cores da bandeira da França. Incrível, não? Obrigado pela divulgação na rádio.                            Jequié, 22 de junho de 1986

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Clínica São Vicente

(Projeto Madio Editora)

 

Quarto 20

Cama “A”

Aguardo ansioso

Algo (a) normal

Acontecer aqui

O mais antes possível.

Ficar em jejum

Para a cirurgia:

Não jejuo de ler e de pensar,

ouvir e enxergar

que a vida e/ou a morte

pode estar aqui

a me espreitar.

Clínica São Vicente, 1º de agosto de 1991, às 08:45 horas

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

De sábio, não tenho nada

(Projeto Madio Editora)

 

De bobo, estou lotado

De rico, tenho a arrogância

De pobre, tenho a pobreza

Fui ao Ártico e me esquentei

Fui na Brahma e me embriaguei

E nunca mais retornei

Fiquei lá eternamente

E só voltei pra cá agora

Pra morar com minha nora.

 

14 de setembro de 1991

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Deus, quem é você?

Por que não conversa, fisicamente, como nós?

Fui salvo por você, das águas do mar de Itapuã, mas não sei porque você fez isto. Sei que foi um gesto de amor e de carinho para com um ser simples como eu, mas não sei o “por quê”.

Tenho uma missão a cumprir, sei, mas não sou inteligente o bastante (ou não quero sêlo) para quedarme aos teus pés e fazêlo feliz por uma boa ação minha.

Não deixe que eu me afunde em minha própria arrogância e estupidez. Daime maior clareza no que devo fazer. E, principalmente, me auxilie a encontrar (identificar) quem me fará feliz e com quem eu seja uma só pessoa. Além disso, ajudaime a possibilitar (e a manter) este encontro e a lapidar  (não aos meus olhos, mas à melhor e mais oportuna forma de viver e conviver - dinheiro, bebidas, festas, etc) este ser que me completará. Predisponhame a esta lapidação, pois me acho imperfeito.

Salvador, 25 de abril de 1993, 22:54 horas.

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Deus:

(Projeto Madio Editora)

 

é homem ou mulher?

é bicho ou é bicha?

rapaz ou moça?

homossexual masculino ou feminino?

ou é bissexual ou hermafrodita?

não sei, pois não sei o que sou.

 

05 de julho de 1992, meu quarto, Jequié

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

HOMENAGEM

 

Dia 25 de janeiro

Eu comecei a trabalhar

Na Justiça do Trabalho

Para botar pra quebrar.

 

Fui apresentado ao pessoal

Que trabalha na referida

Gente bacana e legal

E muita gente querida.

 

Vou trabalhar na limpeza

Interna e externamente

Ajudando a dona Júlia

Que trabalha com a gente.

 

O Diretor desta Junta

Homem alegre e educado

É o senhor doutor Gileno

Que a todos tem agradado.

 

Na sub diretoria

Está a dona Edlene

Mulher alegre e simpática

Chamada de Edlene.

 

Tem a Ana e a Marcléia

Terezinha e Florisvaldo

João e Josué

Todos gente educada

E capazes em suas funções.

 

Muito alegre eu me encontro

De estar aqui agora

Trabalhando com colegas

Que eu adoro e que me adora!

 

 

Jequié, 07 de fevereiro de 1990, às 17:05 horas

 

 


 

CRÔNICA

Dia de São João

 

Hoje é véspera de São João. Amanhã, domingo, dia 24 de junho de 1984, será o grande dia.

Os moradores da rua onde moro atualmente, Rua Rafael Pinto, nº 141, já enfeitaram tudo; colocaram bandeirolas de todas as cores de um lado para o outro da rua, amarraram folhas de coqueiros nos postes... Acho que neste ano, como nos demais, o São João será muito animado...

 

 

 

 

 


 

CRÔNICA

Dissertação. Tema: Liberdade

 

Liberdade para mim é tudo: desde o pequeno gesto de servir ao semelhante, até a escolha de um grande e supremo Senhor para ser nosso Salvador. Além do mais, acho que a liberdade deve estar presente em tudo o que fazemos ou pensamos fazer: poder escolher entre o bem e o mal; poder seguir uma religião, ou não; poder fazer o certo ou o errado. Mas, entre as muitas coisas que são escolhidas pelas pessoas, pela liberdade de escolha, poucas são aproveitáveis: o amor ao próximo, os atos dignos, etc...  ...acho que a liberdade é tão infinita que não pode ser explicada em tão poucas linhas...

 

Pequena dissertação solicitada pela professora Sônia Silva Santos, de Geografia, no dia 22 de março de 1984, nos 2º e 3º horários de aulas.

 

 


 

CONTO

 

Dona tartaruga

 

Era uma vez uma tartaruga preguiçosa e vagabunda - como todas as outras, aliás - e que só gostava de ficar em casa dormindo e comento o que suas parentas traziam para casa.

Lá um dia, todas as suas parentas saíram para trabalhar e não voltaram nunca mais.

A tartaruga, que nunca saía de casa para nada desta vida, resolveu dar uma voltinha para procurar comida. Já estava quase morta de fome quando resolveu fazer isto. Procurou comida e não achou. Se esforçou muito para pensar num meio de viver sem trabalhar. Encontrou a solução: iria escrever uma carta para cada habitante da Terra, pedindo auxílio. Mas sua idéia não saiu de sua cabeça para o papel: a preguiça foi tanta, que deitouse perto de sua casa e até hoje está lá, deitada... Ainda está viva e isto talvez se explique pela sua falta de coragem, que nem para morrer ela se esforça...

 

 

 

 

 


 

HOMENAGEM

Dona Zene

 

Dona Maria Zene Cruz

Vive lutando na vida

Mas tudo o que ela faz

É só pra comprar comida

Porque são poucos que fazem

Mas muitos comem comida.

 

Mora na Rua João Rosa

No bairro Jequiezinho

Com sua família toda

E com seu neto Nadinho

Filho de Barreto e Iara

Que é filha de bainho.

Dona Zene faz comida

Pra no “Matador” vender

E também vende café

Para o povo beber;

Vende fiado pra ficar

Esperando receber.

Faz feijoada boa

E vende tudo fiado

E depois fica correndo

Na feira dia de sábado

Correndo pra receber

O seu dinheiro trocado.

Vende cerveja em casa

Como todo mundo vê

Vende com boa vontade

Para quem quiser beber

Mas o povo não lhe paga

Quando ela quer receber.

Tem barraca na feirinha

Onde vende feijoada

Mas só vende a dinheiro

Pra não ficar apertada

Pois se confiar no povo

Nunca mais ela vê nada.

Já trabalhou no Frisuba

Vendendo comida também

Mas saiu quando fechou

Vontade de voltar não tem

Mesmo sabendo que melhora

Mais cedo ou mais tarde vem.

Paga tudo que ela compra

Mesmo que fique sem nada

Mas quem lhe deve não faz

O que ela faz com a moçada

Pagando tudo o que compra

Mesmo ficando apertada.

Vive triste com a vida

Pois ninguém quer lhe entender

Todos querem lhe acabar

Todos querem lhe bater

Querem vê-la derrotada

Antes dela morrer.

 

31 de julho de 1987

 


 

REFLEXÃO

 

DOR = PRAZER

 

Quando tu me feristes, sofri

Chorei, pranteei, enlouqueci...

Mas um consolo veio:

Sei que minha dor

seria um bálsamo para

um leproso, um aidético...

 

Shopping Barra, Salvador, 04 de dezembro de 1995

 

 

 

 

 

 

 

 


 

DESABAFO

Encontro com Ana

 

Cheguei hoje, dia 28 de julho de 1986 na Livraria de Ana Rios para conversar com Ana sobre o meu livro de poesias “O Feitiço contra o Feiticeiro” e ele nem me deu atenção.

Um rapaz que estava ao meu lado perguntou o que eu queria e respondi que queria conversar com Ana Rios (Ana estava ao telefone). Esperei durante mais ou menos trinta segundos e nada me disseram.

O rapaz falou com Ana: “Vê logo o que ele quer!” e Ana respondeu “Você não está vendo que estou ao telefone?”. Aí eu entrei na conversa e falei “É sobre o livro” e ela me respondeu “Você não está vendo isto - e apontou para o braço - está todo suado. Não tomei nem banho ainda. Cheguei agora mesmo. Agora não dá para lhe atender”. Eu saí desapontado e fez esta pequena crítica:

 

Ana Rios

 

Hoje me desloquei da minha casa

Pra conversar com você

Sobre um livro de poesias

Que acabei de escrever.

 

Você pouco caso fez

De eu presente me fazer

Dizendo que não poderia

Àquela hora me atender.

 

Falou que estava cansada

Por causa da CONVENÇÃO

Que ainda estava suada

Só pra não me dar atenção.

 

Estava ao telefone

No telefone ficou

Eu saí da livraria

Você pouco se importou.

 

Muito obrigada pela atenção

Que a mim foi dispensada

Continue sempre assim

Que serás recompensada.

 

Jequié, 28 de julho de 1986

 

 

 


 

CRÔNICA

Encontro de amigos

 

O menino saiu, como sempre, em direção ao centro da cidade, onde morava, para dar uma boa e longa passeada de bicicleta. Após longa caminhada, encontrou alguns amigos que também moravam no mesmo bairro. Bateram papo sobre o que tinha acontecido durante o tempo que não se viam, brincaram muito pelos jardins, praça e ruas centrais, tomaram sorvete, etc.

Ao cansarem de tanto correr e brincar, foram ao cinema pegar uma matinê: um filme de Walt Disney. Gostaram muito do filme e repetiram quase tudo o que tinham visto na tela do cinema e tudo o que tinha feito o mocinho. Depois começaram a brincadeira de que mais gostavam: correr pelas ruas centrais, tomar sorvete, etc. Já no final da tarde, cansados de tanto brincarem, enjoados de tudo o que tinham feito e refeito durante todo o dia, cada um foi para seu lado, em busca do aconchego do lar, do descanso, para outro dia retornarem ao mesmo ponto e repetirem tudo novamente.

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Esta é minha vida

Desejo, tesão, paixão,

Lamento, sofrimento, tormento,

Alegria, filosofia,

Correr, comer, lazer,

Trabalhar, vagar, pensar,

Viver, prazer, morrer.

Jequié, 12 de julho de 1991

 

 

 

 

 


 

AMOR

Este amor é proibido

(Projeto Madio Editora)

 

Mas o quero mesmo assim

Pois só ele me consola

E me tira da tristeza

Só ele me alivia

E me tira deste tédio.

Pra minha doença incurável

Somente ele é o remédio.

Vou à luta nesta busca

Que se torna imprescindível

Esbarrando em tanta coisa

Mas sabendo o que quero

E o que quero é somente

Ser feliz com seu amor

Aqui ou em outro mundo

Pois não tenho mais o medo

De amar o meu amor.

 

12 de setembro de 1991

 

 

 

 

 


 

AMOR

Estou te procurando

(Projeto Madio Editora)

 

Há milhares de anos

Querendo te encontrar

Para me dar a paz

Já fui à Ilha de Páscoa

Ao Triângulo das Bermudas

Em Cuzco e Machu-Picho

E ao lago “Loch-Ness”

Já fui também à Atlântida

Perdida no fundo do mar

Procurando por você

Para poder te amar.

Peço que ouça meu chamado

E venha me encontrar

Pois já não aguento mais

Encarnar e desencarnar

Tentando te encontrar.

 

13 de setembro de 1991

 


 

AMOR

Eu estou lúcido.

(Projeto Madio Editora)

 

Estou morrendo.

Estou consciente.

Mas com medo.

Ansioso e tremendo.

Temendo o futuro.

E se alguém descobrir

que estou morrendo?

O que direi?...

Ano Novo, 06 de janeiro de 1992, 22:45 hs.

 

 

 

 

 

 


 

AMOR

Eu me completo te fazendo feliz

(Projeto Madio Editora)

 

Alegro-me quando te motivo a rir

Entristeço-me se te deixo descontente

Frustro-me quando te faço sofrer.

 

Se me completo te fazendo feliz

Se me alegro quando te motivo a rir

Se me entristeço quando te deixo descontente

Se me frustro quando te faço sofrer,

 

Então sou um egoísta

Só penso no meu bem-estar

Só desejo satisfazer meu ego

E te desprezo e te ignoro

Como ser total e individual que és.

UESB, 03 de junho de 1991, às 22:00 horas.

 

 

 

 

 

 

 

 


 

AMOR

Eu trabalho, como, ando, busco, corro, estudo, trabalho, trabalho, trabalho, estudo, como, durmo, acordo, durmo, acordo, durmo, acordo...

E a vida continua sendo tão cotidiana, tão surpresa...

Jequié, 12 de julho de 1991

 

 

 

 

 

Frase elegante: Esta frase tão elegante foi feita por mim, num instante.

 

Jequié, 19 de junho de 1984

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

AMOR

Fuga do amor

(Projeto Madio Editora)

Só os loucos amam

Só os loucos são felizes

Só e somente só os loucos

Podem cometer ‘deslizes’.

 

Quando um lúcido escorrega

Mesmo que não caia, é pisado.

Cospem-lhe, empurram-lhe

Fazem tudo para vê-lo humilhado.

 

Já desci a escada do orgulho

Mas tenho que ir até o subsolo

Sei que isto é necessário

Mas mesmo assim não me consolo.

 

Quero teu peito para recostar

Quero ouvir tua voz me dizendo coisas banais

Desejo estar contigo numa falsa vida

Vivendo falsamente um amor “demais”.

 

Mas tudo isto me é proibido

Não sou digno de sonhar

Sonhar contigo é o que me permitem

Mas estar contigo, não poderei jamais.

Jequié, 06 de janeiro de 1991, às 22:45 horas


 

REFLEXÃO

Good day, may Great’s Spirits

 

Today I’m very happy. Happy, Happy, Happy!!!

 

If I died today, I would die happy.

But, I don’t want to die today.

I don’t want to die tomorrow...

I want to live, always..

Thank You.

Thanks for your help!

 

The live planet, April, 17, 1994

 

 

 

 

 

AMOR

 

Hoje é 10 de maio de 1994

Sei que nada é eterno, como você mesmo me lembrou. Mas sei que, enquanto quisermos, poderemos viver este momento com intensidade e dedicação.

Estou te amando (?)


 

HOMENAGEM

Informática (Treinamento)

 

O TRT da Bahia

Já está informatizado

Sendo modelo no Brasil

E sendo até copiado

Por outros TRTs

Que se encontram atrasados.

 

A Justiça Trabalhista

Com mais este recurso

Anda rápida e eficiente

Seguindo seu reto curso

Acabando com a demora

E diminuindo o “decurso”.

 

A capital e o interior

Já estão interligados

Acelerando o andamento

Dos processos registrados

Deletando a eficiência

Do serviço aqui prestado.

 

No treinamento recebido

Com explicações corretas

Os instrutores nos fornecem

As coordenadas mais certas

Pra operarmos sozinhos

Com novas perspectivas abertas.

 

Estamos tomando curso

Com eficientes instrutores

Que são muito pacientes

E ao mesmo tempo doutores

Nos guiando na Jornada

De nos tornarmos professores.

 

Já nos encontramos saudosos

Da presença de vocês

Pois na nossa convivência

Um dia parece um mês

Então aceitem um abraço

De todos nós pra vocês.

 

VADJ, 06 de outubro de 1990.

 

 

 

 

 

 

 


 

CORDEL

Jequié, 03 de agosto de 1989

 

A caída do Império

Foi devido à confusão

Que aqui se instalou

Por causa da abolição

E porque caíram os preços

Do açúcar, café e algodão.

 

A Questão Religiosa

Em muito contribuiu

Porque separou a Igreja

Do Império do Brasil

Devido a brigas entre bispos

E o chefe maçom do Brasil.

 

E com a Questão Militar

A situação se agravou:

Entre civis e oficiais

O caos se instalou

Dando força ao movimento

Que ao regime mudou.

 

Oficiais foram proibidos

De política debater

Principalmente na imprensa

Para não acontecer

Que se criasse consciência

Do que veio a ocorrer.

 

Deodoro e Pelotas

Assinaram um Manifesto

Que só fez contribuir

Para aumentar o protesto

Contra o regime imperialista

Que se tornou indigesto.

 

E nem a prosperidade

Que nos país floresceu

Conseguiu salvar o império

Que logo se enfraqueceu

E em meio ao crescimento

O velho regime morreu.

 

Sem morte e sem violência

E sem sangue derramado

O regime imperialista

Do Brasil foi transformado

Em novo tipo de governo

Que até hoje está implantado.

 

E o povo, indiferente,

De nada participou

Porque não tinha consciência

Do que aquilo representou

Para o futuro do Brasil

Quando ao império sepultou.

 

Então a Nova Constituição

Por Ruy Barbosa preparada

Pela Assembleia Constituinte

Foi aplaudida e aprovada

Se tornando a primeira

Da República instalada.

 

O modelo que foi seguido

Foi o norte-americano

Sendo adotado o federalismo

Como o norte-americano

E também o presidencialismo

Com Deodoro e Floriano.

 

O casamento civil

Ficou estabelecido

Sendo que o Estado e a Igreja,

Num trato controvertido

Desde então se separaram

Deixando muitos “mordidos”.

 

O primeiro Presidente

da República recém-nascida

Foi Deodoro da Fonseca

Com sua força destemida

Com sua fé e coragem

E experiência de vida.

 

Floriano Peixoto foi o vice

(Figura controvertida)

Homem muito autoritário

De conduta discutida

Mas seu nacionalismo

Balanceava sua vida.

 

No governo Floriano

Houve duas revoluções

Que com rigor foram sufocadas

Desfazendo as confusões

Que caso se alastrassem

Teriam grandes proporções.

 

Nessa fase inicial

Houve grande confusão

Não havia partido forte

Para dar sustentação

Ao novo regime implantado

Depois daquela revolução.

 

Deste modo os mandatários

Consultavam os Estados

Para elaborarem os rumos

A que deviam ser levados

Os assuntos nacionais

Pelo regime criados.

 

Como a força e o poder

Eram maiores no centro-sul

Tudo o que tinha importância

Era arrastado p’ro sul

Pela força dos Estados

Que comandavam do sul.

 

Com o passar dos anos

A sucessão virou problema

Pois havia combinação

Mas quem marcava a cena

Eram São Paulo e Minas

Que ganhavam sem problemas.

 

O povo não participava

E o problema aumentou.

O inconformismo gerado

A muitos atrapalhou

Levando o país à confusão

Que em cada canto estourou.

 

Houve revoltas populares

Lutando contra o governo,

Como a Coluna Prestes

Mostrando o desgoverno

A que o país tinha chegado

Desmascarando o governo.

 

Com a Revolução de 30

Mais uma página foi virada

Mas as brigas pelo poder

Se tornaram mais acirradas

Levando o país a discussões

Que culminou em luta armada.

 

E temendo-se que o povo

Fizesse sua revolução

O governo tomou a frente

Conduzindo com precisão

Toda a crise foi abafada

Para evitar mais confusão.

 

Duas tendências surgiram

Exigindo transformação:

Uns queriam reforma social

Para melhorar a situação

E outros queriam reformas políticas

Com a mesma intenção.

 

Com a eleição de Vargas

Muita coisa aconteceu:

Na política e na sociedade

Ele em tudo se meteu

Mas não agradou a ninguém

Mas em tudo ele mexeu.

 

Houve gente da esquerda

Que lutou contra o governo

E também os direitistas

Descontentes com o governo

Lutaram muito e sem sucesso

Pra derrubarem o governo.

 

Refletindo a situação

Que reinava internamente

O país entrou na guerra

Lutando externamente

Contra países que hoje

São aliados da gente.

 

E o tempo foi correndo

E se tornou urgente

Fazer com que tudo fosse

Conquistado pela gente

Então veio o progresso

Dar impulso para a frente.

 

Fábricas de automóveis

Foram aqui instaladas

Empurrando o nosso povo

Para construir estradas

Estradas estas que levariam

Nosso país ao tudo ou nada.

 

Revoluções foram feitas

Para assegurar a paz

Para que tudo de bom

Não voltasse para trás

E sim que caminhasse

Para a frente mais e mais.

 

Sempre na retaguarda

Do progresso social

Do crescimento político

E na busca do “ideal”

Estiveram os republicanos

Agradando ou fazendo mal.

 

Para garantir a conquista

Deste regime acertado

Muita coisa se tem feito

Muitos têm se esforçado

Para não deixar cair

Nosso troféu conquistado.

 

Alguns não têm honrado

O posto de responsabilidade

Talvez por pura incompetência

Por faltar habilidade

E assim maculam o sacro

Deturpam a finalidade.

 

Com um século de existência

Num país tão conturbado

É a prova definitiva

De que temos acertado

Na escolha do regime

Que ora está implantado.

 

Cabe agora a cada um

Imprimir nova visão

Deixando-lhe transparente

Flexível e com o pé no chão

Para ambientá-lo ao hoje

E nos auxiliar com sua mão.

 

Purificando-o com amor

E colaborando com a paz

Viveremos eternamente

E viveremos em paz

Adaptandoo aos nossos dias

Com a mão do amor e da paz.

 

 


 

AMOR

Jequié, 08 de agosto de 1992

Arte de amar

(Projeto Madio Editora)

 

arte de viver

só com o passar do tempo

aprendemos a arte de amar

só com o passar do tempo

percebemos que a vida é tão boa

e que o tempo passa voando

Não me conformo

com o ‘passar’ do tempo

mas quero viver e amar.

Como viver e amar

se o tempo não passar?

Como parar o tempo

pra amar você mais tempo?

 

Jequié, 08 de agosto de 1992

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Jequié, 09 de janeiro de 1992, às 21:55 horas

Meu ‘postal’ é o que vejo

(Projeto Madio Editora)

 

Meu turismo é em meu quarto

Vivo preso a mim mesmo

Sem querer sair daqui.

 

Morro de tanto querer

De querer fugir daqui

Mas adoro este calor

E a ingratidão deste terreno.

 

Sofro ficando aqui

Mas morro se abandonar

Pois sou parte desta terra.

 

Meu sangue corre no rio

Meu pulso pulsa no sol

Meu coração bate no chão.

 

Jequié, 09 de janeiro de 1992, às 21:55 horas

 

 


 

REFLEXÃO

Jequié, 09 de janeiro de 1992, às 22:40 horas.

Ando por caminhos que condenei

(Projeto Madio Editora)

 

Amo ao que repudiei

Vivo arriscando a vida

Por lugares jamais palmilhados.

 

Faço loucuras imperdoáveis

Sofro por ser irresponsável

Mas me arrependo de tudo

E desejaria ter jogado mais alto.

 

Minha imagem não merece sacrifício

Meu procedimento não me denuncia

Mas sofro por ser ignorante.

 

Desejaria estar numa toca

Hibernando e morrendo calado

Que enxergar e ter medo de encarar.

 

Jequié, 09 de janeiro de 1992, às 22:40 horas.


 

CRÔNICA CARTA

Jequié, 28 de dezembro de 1994

Preciso de um tempo. Um tempo para fugir de mim e dos meus sentimentos. Não posso ficar parado na história, esperando que o mundo corra ao meu lado. Tenho que por o pé na estrada e fazer meus próprios caminhos. A vida é dos vencedores. E para vencer é preciso estar alerta a todos os lances. É necessário que se entre na quadra ou se saia dela, na hora exata. A hora “H” é definida pelas circunstâncias boas ou adversas que se formarem, etérea ou materialmente.

Às vezes a mesma circunstância se repete para que acordemos de alguma anestesia sentimental. E é aí que se deve pongar, a fim de seguir outra trajetória, inclusive quando o destino do bonde é conhecido ou previsível.

Mesmo nas estradas mais pedregosas, há centímetros planos que permitem tomar fôlego antes da próxima afundada no semi-abismo. Aliás, todo abismo é conhecido. Todos nós temos consciência perfeita de nossos passos e para onde nossos pés nos conduzirão, mesmo porque eles obedecem a ordens emanadas no nosso cérebro. Doloroso é olhar para trás e vislumbrar outro caminho sem espinhos. Não é tão forte a dor de trocar um sapato que aperta um dedo ou o pé inteiro: dor maior é aquela que dói por quem morreu. As outras dores são minimizáveis e aguentáveis. Pior é um naufrágio no qual todos morrem por não saberem que a praia estava a poucos metros.

 

Inspiração para este poema: O VAZIO EM QUE SE TRANSFORMOU A MINHA VIDA QUANDO PAREI DE TOMAR CERVEJA (?), (?), (?), (?), (...).


 

REFLEXÃO

Jequié, Itajubá Hotel (Coffee Shopp), 19 de junho de 1991

Sou um simples calouro de faculdade.

(Projeto Madio Editora)

Um dia terei consciência da vida

Talvez este dia esteja longe

Ou aqui ao meu lado.

 

Gasto pouco e quero o mundo

Meu esforço é sempre menor

Mas quem sabe a ciência da vida

Não esteja em agir assim?

 

Voar é preciso

Viver é essencial

Mas a morte é inevitável.

 

Saber é necessário

Crescer é natural

Mas a morte é necessária.

 

Jequié, Itajubá Hotel (Coffee Shopp), 19 de junho de 1991


 

REFLEXÃO

Jequié, Itajubá Hotel, Coffee Shopp, 19 de junho de 1991

Uma cerveja, e minha cabeça se abre

(Projeto Madio Editora)

 

Outra cerveja, e meu corpo se abre

Mas posso abrir a cabeça e o corpo

Mesmo sóbrio, ou ébrio de você.

 

Te sentir é melhor que viver

Te tocar é melhor que sonhar

Te amar é melhor que sofrer

Ter você é importante realizar;

 

Por que a distância é cruel?

Melhor aliança que pacto cruel...

De nunca mais nos ver...

 

Melhor sentir o calor

Melhor sentir o sabor

Que jamais libertar-se.

 

Jequié, Itajubá Hotel, Coffee Shopp, 19 de junho de 1991

 

 

 


 

REFLEXÃO

Lágrima

 

“Nunca faça florescer um sorriso, dizendo ‘eu te amo’, para depois fazer correr uma lágrima dizendo ‘esqueça-me’. Porque o amor é mais lindo do que uma ilusão e um dia tu poderás chorar a mesma lágrima que alguém chorou por ti”. Rita, 31 de maio de 1990, SB-01 Noturno IERP (Escrito encontrado no caderno de Valdecy).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Lisboa, Madri, Roma, Nova York

(Projeto Madio Editora)

 

Vocês podem me dar a paz?

Vou procurá-las brevemente.

Embaixo de tuas pontes tem vaga

para mais um louco trovador?

 

Reserve um banco de jardim para mim

Deixem um pouco de poluição

Guardem um tiro de escopeta

Ou quem sabe uma bala de canhão.

 

Assegurem-me a incerteza de viver

Reservem um pouco de solidão

Guardem falta de esperança e de fé

Que serei teu terrorista predileto.

 

Explodirei pontes e edifícios

Matarei inocentes e desconhecidos

Somente se me derem o anonimato

Pra sofrer calado sem ser aborrecido.

 

John Lennon, Indira Ghandi e EU

Fomos grandes loucos pervertidos

Incapazes de sermos felizes

Apesar de doarmos paz aos loucos varridos.

 

Sou um grão perdido na imensidão

Que jamais será o primeiro ou o último

Pois estarei sempre pisado e cuspido

Como um verme louco e

 

06 de janeiro de 1991, 23:10 horas

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

Louco sei que sou

(Projeto Madio Editora)

 

Mas só quero a paz

Só procuro o amor

E além, nada mais.

 

Por caminhos tortos

Procuro a verdade

Imploro ao supremo

Que me dê  felicidade.

 

Não importa o preço

Porque já paguei

Agora quero vida

Pra amar demais.

 

14 de abril de 1991, às 00:55 horas

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

Marcos, Ana, Sérgio, Márcia

(Projeto Madio Editora)

 

Todos são grãos de areia

Que entram em meu olho

sei que são de nuvem

Mas finjo não saber.

 

Ainda sou capaz

De sentir e de querer

Sou capaz de possuir

O que nunca pude ter.

 

Não tenho irmãos reais

Nem consigo conquistar

Porque ainda me procuro

E não consigo me encontrar.

 

Sumir não é o ideal

Morrer não é o caminho

Viver é uma tragédia

Então sofro sozinho.

 

Não quero te perder

Pois não tenho o teu pensar

Não tenho nada de ti

Nem sequer o teu olhar...

UESB, 06 de janeiro de 1991, às 23:01 horas

 

 

 

 

 

 


 

SOCIAL

 

Maria,

(Projeto Madio Editora)

 

Mulher

Negra,

Prostituta,

Analfabeta,

Menor de idade,

Pobre,

Sul-americana,

Nordestina (Brasil),

Feia,

Deficiente física:

CEMPRECONCEITOS.

 

Jequié, 20 de maio de 1992

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

Marquei encontro com a morte

(Projeto Madio Editora)

 

Ela não apareceu

Daí pensei que tinha me esquecido...

Caminhei, despreocupado, sem medo,

Calmamente, sem medo de ser feliz.

Então, ela aproveitou-se de um momento de descuido

E armou uma cilada para mim.

Pôs queijo na ratoeira; pôs milho no anzol;

Fez de tudo.

Conseguiu.

Rondou, cercou, atraiu, me pegou de cheio.

Eu a desafiei, mas ela foi mais esperta.

Caí na armadilha.

Fim de um homem.

Fim de uma aventura.

Restaurante “Bom Gosto”, 14 de janeiro de 1992, 20:35 horas

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Mataram a vida

(Projeto Madio Editora)

 

A arte imita a vida

A vida imita a morte

E nesta loucura toda

Eu vivo a vida sem sorte.

 

Correndo pelas florestas

Voando dentro do chão

Encontro-me caído e morto

Apodrecido no chão.

 

Abro os olhos para a vida

E vejo a arte morrendo

E a história sendo distorcida

Enquanto eu vivo a vida correndo.

Jequié, 12 de abril de 1991

 

 


 

CRÔNICA

Menos

 

Eu não consigo gostar pela metade. Se eu conseguisse, amaria várias pessoas ao mesmo tempo.

 

Desta forma, eu prefiro que esqueçamos tudo, a partir de agora.

 

Prometo que não vou tirar tua paz e que, se você quiser, nunca mais te procuro.

 

Não sei para quem escrevi isto, tampouco a data.

 

 

 

 

 

 


 

CRÔNICA

Meu amigo me contou

 

Meu amigo me contou que esta cidade, Jequié/BA, é muito linda. Tem ruas largas, arborizadas, calçadas convenientemente... ...tem muita coisa bonita; um rio, o de Contas, com suas águas que nos refrescam do calor do verão... ...que aqui tem serras por todos os lados, que tudo é melhor de se ver, que o ar é mais puro, que o céu é mais azul... que as estrelas brilham mais para os jequieenses que para qualquer outro povo... ...que aqui existe gente boa que, apesar de serem poucas, superam o mal causado pelas que não são boas e todo o mal que existe no mundo... E contou também que tudo isto é graças a um homem muito especial: Deus...

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Meu Ano Novo é de tristeza

 

(Projeto Madio Editora)

 

De sofrimento e de dor

Só não sei se suportarei

Esperar a morte natural.

 

Talvez eu antecipe

Meu sofrimento insano

Antecipando também

O sofrer dos familiares.

 

Só assim a dor acabará

E logo todos esquecerão

Que existi nesta família.

 

Sei a vergonha ou o orgulho

De tantos quanto me conheceram?

Só o futuro dirá...

 

06 de janeiro de 1992, às 22:10 horas


 

REFLEXÃO

Meu armário

(Projeto Madio Editora)

 

Quando te abro

Vejo meu peito escancarado ao mundo:

Cartas, livros, poemas,

Tristezas e alegrias escondidas pelos cantos;

Fraquezas, grandezas, partes de mim;

Cheiro de mofo, perfume, ciúme;

Tudo o que compõe minha alma de contradições.

Me fecho e não deixo que te vejam,

Que te mexam, para não arriscar

Te tornar alvo dos menos esclarecidos

E para que não te machuquem.

UESB, 12 de junho de 1991, às 20:00 horas.

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

Meu destino

 

Deus, Tu pôs em mim um sofrimento que não mais posso suportar. Não tenho mais paciência para aguentar tudo isto sem dar um imenso grito de BASTA!

Este sofrimento me consome todo, me deixa sem mais força para lutar por outros objetivos, sem forças para continuar minha luta pela sobrevivência. Não tenho nem vontade de comer, às vezes, por causa deste sofrimento. Sei que devo e que tenho que pagar pelos meus pecados, mas desejo que me seja enviada uma forma diferente de expiar por tudo de errado que fiz e continuo fazendo. Não quero nunca e nunca mesmo, pegar esta porcaria pra fazer parte de minha vida cotidiana.

Desejo que Tu me dê outro tipo de sofrimento, nem que seja físico, mas que não espiritual, e, se for, que não seja este. Te peço de todo o coração, não deixando que os sentimentos interfiram nesta escolha decisiva para o meu destino eterno neste ou em outro mundo.

Este sofrimento é pior do que uma sarna, uma lepra, um câncer, uma tuberculose, uma pneumonia, uma paralisia total dos membros do corpo... É pior do que qualquer coisa da qual se possa ter medo, não gostar, detestar na vida, etc. Desejo mil vezes o sofrimento que não conheço do que esta pena indesejável por todos os viventes.

Fico muito revoltado comigo mesmo por causa deste mal, que sei foi uma escolha consciente que fiz para pagar por meus pecados.

Jequié, 25 de fevereiro de 1986


 

REFLEXÃO

Meu Deus sou eu.

(Projeto Madio Editora)

 

- Deus meu, sou eu?

- Eu sou, meu Deus.

- Eu sou, meu Deus? (...)

 

Eu sou o A e o Z

Sou eu e sou o mundo

Sou um Capitalista-Socialista (vice-versa)

Sou o grafite e o diamante

Não me fite: sou DI-amante.

E também sou inconstante:

Revolucionário como o estático;

E rígido como o elástico;

Perpétuo como a nuvem;

Concreto como o sonho;

Abstrato como a pedra;

Sereno como o Rock;

Afônico como o trombone.

UESB, 17  de julho de 1991, às 21:30 horas


 

REFLEXÃO

 

Meu gostar

meu amar

meu sentir

meu viver

Não é meu verdadeiro gostar

amar

sentir

viver

Sou proibido pelo eu coletivo

preconceituoso

pelo eu individual

medroso

Mas procuro encontrar o caminho...

UESB, 16 de julho de 1991, às 21:55 horas

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Meu prazer é você, utopia.

Te procuro no nada

Te vejo na inércia

Te planejo no imaginário

Te percebo no inexistente

Te sonho no irreal

Te concretizo na solidão

Como terei a paz de fazer amor contigo?

 

UESB, 16 de julho de 1991, às 21:15 horas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

CRÔNICA

Meu primeiro Amor

 

Lembro-me ainda da minha primeira namorada. Meu primeiro amor. Seu nome é Jackeline. Foi no ano de 1978, quando eu tinha doze anos de idade. O primeiro namoro firme.

Eu estava morando na Fazenda Turmalina, Município de Itagibá/BA. Lá, cursei a 4ª série do 1º grau numa escola que não lembro o nome, em 1977. Vim fazer a 5ª série do 1º grau aqui em Jequié, no ano de 1978. Fiquei morando com uma senhora chamada Maria, na Avenida Dr. João Braga (em frente à casa de nº 74). Lembro-me que a maior parte de meu tempo (antes de conhecer Jackeline, é claro!) era gasta num passatempo considerado, por mim, hoje, como simplesmente idiota: anotava o número de ordem dos ônibus que passassem, para verificar quanto tempo o mesmo ônibus demorava para voltar a passar.

Percebi que na casa defronte à que eu estava ‘hospedado’ tinha uma menina muito bonita e atraente. Eu era atraído pela menina e ela por mim. Não sei como aconteceu o nosso primeiro encontro... Só sei que a namorei durante um ano, quando minha família mudouse também para esta cidade e eu tive que sair da casa onde estava, para ir morar com meus familiares...

Jequié, 21 de junho de 1984

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

MH/HM

(Projeto Madio Editora)

 

Arte/vida

Macho homem/Homo masculino

Tudo/nada

(...)zero/infinito

Beleza/você

Eu/universo

Cá/em lugar algum

Som/silêncio abísmico

Ritmo/(de) cadência

Dó/impiedade

Eu/eu

Só/sozinho

Ponto/galáxia

teu olhar me atrai

tua beleza me enlouquece

Estou triste por não te ter

sou artista mas sou cego

não te aplaudo, pois você merece mais que isto.

Quero ir embora ao mundo dos espíritos solitários

Ao mundo dos poetas solitários

Ao mundo solitário dos poetas loucos.

Te amo.

UESB, 03 de julho de 1991, 22:00 horas


 

REFLEXÃO

Minha ida (definitiva) para Salvador

(Projeto Madio Editora)

 

Estou impregnado com o sumo

Do sumo, do sumo de ti:

Teu suor é meu suor, teu sangue, corre em minhas veias.

Tuas ruas, são quase minhas mãos.

Quero ser soteropolitano

Quero respirar teu ar poluído

Quero trocar fluídos

Viver tua energia

Morrer em teu colo.

Teu admirador 25.07.92 - Meu quarto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Minha vida é traiçoeira

 

Eu poderia remontar há muitos anos. Mas não o farei. Começarei de poucos dias para cá.

Dia 04 de junho de 1986 eu viajei para Salvador, na tentativa de poder conseguir um emprego no Ministério da Agricultura. Mas só consegui gastar o meu dinheiro, dinheiro das férias, e nem consegui conversar com a pessoa a quem fui procurar.

Antes de voltar das férias que terminariam dia 16 de junho de 1986, fiquei sabendo que o FRISUBA iria fechar, que tinha dado férias coletivas para todos os seus funcionários.

Num jogo decisivo para o Brasil, contra a França, quando quase esfacela as minhas emoções, veio a derrota por 5 X 4.

Antes mesmo de minha recuperação forçada, quando já era manhã de domingo, recebo, ainda na cama, a notícia da morte do senhor Cardoso, filho do dono do Supermercado Cardoso...

É demais! Assim não dá!...

 

Valdeck Almeida de Jesus, Jequié, 22 de junho de 1986

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Momento de Solidão

(Ouro Preto, Minas Gerais, 21 de dezembro de 1991, às 19:35 horas)

(Projeto Madio Editora)

 

Todo homem é só

Nasce só, vive só, morre só

Todo homem é único

Ninguém o substitui

Nada o transforma

Só o acaso transforma

Só o acaso reforma.

Todo homem precisa de afeto

Todo homem precisa de carinho

Todo homem precisa de amor.

 

Estar só nem sempre significa estar sozinho;

Estar só é um estado de espírito;

Estar só é sofrer o drama de viver:

Dia a dia, no frio de um canto;

É não sentir o toque de alguém;

É não ter o momento do orgasmo dividido.

 

Todo homem precisa de amar

Amar todo homem sem medo ou terror

Amando um louco com muito amor.

 

(Ouro Preto, Minas Gerais, 21 de dezembro de 1991, às 19:35 horas)

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

MULHER - HOMEM

HOMEM  - MULHER

O que importa é ser feliz.

“Bom Gosto”, 24.11.92, 23:15 horas

 

 

 

 

 

 


 

Na tentativa de acertar o alvo

(Projeto Madio Editora)

 

Atiro em todas as direções

Pra atingir corpos e almas

E pra atingir corações.

Desejo amar um ser humano

Com toda a minha força

Dando paz e alegria

Carinho e muito amor

Levando este ser humano

A sentir-se como Deus

Receber paz e carinho.

Eu também pretendo ter

Numa troca de energia

Que não possa me deter.

Semente dessa união

Não tem chance de sair

Por causa da Anatomia

Que não permite surgir.

Mas o que é importante

É a semente do amor

Que pode me contaminar

E tirar a minha dor.

Corpo podemos alugar

Ou adotar para sempre

Preenchendo o vazio

Que não pode continuar

Ou então seremos sós

Pra viver mais à vontade.

Só quero que me complete

Que preencha meu vazio

Não permitindo que morra

O que nascer entre nós

E que sejamos felizes

Separados ou a sós.

 

12 de setembro de 1991

 

 

 

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

Não choro nem sofro

(Projeto Madio Editora)

 

Pra não dar o braço a torcer

Mas sofro dentro do peito

Cada hora e cada dia.

 

O trabalho me entorpece

Mas não tira a consciência

Não me anestesia de todo

Nem me livra da doença.

 

Dou risadas de alegria

Mas só eu sei o que sofro

Me encarando neste espelho.

 

Não sofro pela doença

Mas pela morte próxima

Antes de curtir um pouco...

 

Deus venceu esta jogada. Mas ainda não me matou. Estou vivo ainda.

 

06 de janeiro de 1992, às 22:10 horas


 

CRÔNICA

 

No parque

 

A criançada estava toda assanhada, porque iriam, pela terceira vez no mês de outubro, ao Parque Infantil da cidade.

Ao chegarem lá, enfileiraramse para montarem na escorregadeira. Apesar de existirem muitos brinquedos no parque, só queriam brincar mesmo na escorregadeira.

Pedrinho, Lúcia e Rosa foram brincarem na gangorra. Depois de cansarem de ‘gangorrear’, foram para a escorregadeira, onde a fila já estava menor: somente três meninos brincavam naquela coisa, que atraía todas as crianças do parque infantil...

 

 

 

 

 

 


 

LOUCA

Nossa vida cotidiana

Na labuta horripilante

De cada ser na labuta

Muitas dores são vividas

Destruindo nossas vidas

Nos preparando pra  luta

Luta muito desigual

Do homem com seu sistema

Comendo fezes humanas

Escorregando em bananas

Votando em porcos safados

Escolhendo delegados

Que delegam para si

Que escorregam em carne boa

Que não dormem em garoa

Mas que pisam nesse povo

Alienado e descarado

Mal informado e sem comida

Para si ou pra seu filho

Esse homem inexistente

Ou oculto no sub mundo

Da pobreza e da tristeza

Esse homem que usa ônibus

Esse homem que vai à feira

Esse homem analfabeto

Desnutrido e sem afeto

Marginal levado a isto

Pelo homem do poder

Que lhe pisa e lhe obriga

A sofrer pelo social

E lhe obriga a viver mal

A comer somente restos

Destas sobras exportadas

Que não servem para nada

A não ser criar doenças

Que lhe mata sem piedade

Levando-lhe ao inferno

Sem ao menos um caderno

Pra seu nome assinar

E aprender a escrever.

 

Jequié, 26 de fevereiro de 1990

 

 

 

 


 

CRÔNICA

Nosso Gatinho

 

Nós temos um gatinho muito bonitinho. Tem um pelo muito lindo e em duas cores que contrastam entre si: preto e branco. É muito inteligente. Sempre que quer sair e que a porta está fechada, arranhaa, miando até que alguém apareça e abra a mesma. É como se estivesse dizendo: “Quero sair. Abram a porta!”.

Quando ele quer entrar e que a porta está fechada, procede do mesmo modo que procede para sair: arranha a porta, miando, até que alguém a abra.

Quando está com fome e alguém está comento qualquer coisa, ele corre para perto desta pessoa e fica a miar desesperadamente. E quando a pessoa joga a comida, ele fica a olhar até que a pessoa permita que ele coma: como se fosse uma pessoa bem educada que, mesmo com a comida pronta e posta na mesa, só começa a se servir após autorização do dono da casa.

Nosso gatinho adora o sol! Todos os dias ele corre bem cedinho e se deita por cima do muro para esquentarse. Que gatinho inteligente, não? O nome dele? É Bichano e/ou Pichane.

Jequié, 24 de julho de 1984

 

 

 

 

 


 

REFLEXÃO

Nunca me sinto cansado

(Projeto Madio Editora)

 

Nunca durmo durante o dia

Nunca fico sem comer

Nunca fico ansioso.

 

Mas a doença me muda

Transforma-me neste louco

Que chora e que ri ao mesmo tempo

De sua própria desgraça.

 

Não me sinto derrotado

Nem tampouco vencedor

Apenas vou “dar um tempo”.

 

Minha vez de ir embora

Está prestes a chegar

Mas não estou preparado.

 

06 de janeiro de 1992, às 22:10 horas


 

REFLEXÃO

O dia da luz-treva

(Projeto Madio Editora)

 

Meu dia se aproxima depressa

Como um lobo à cata da presa

Querendo fazer uma surpresa

Na hora mais incerta que houver.

 

E eu o espero ansioso

Esperando pra ver como é

Louco pra sentir na pele

O sabor doce/amargo da morte.

 

Nem minha cova fiz ainda

Mas estou ao lado dela

Esperando ser empurrado.

 

Quanto custará, não sei

Só sei que tenho que pagar

Por tudo o que deixei de fazer...

 

03 de março de 1992, às 22:50 horas


 

 

CONTO

O gigante

 

Certa vez aconteceu um caso extraordinário perto do sítio onde eu morava. Apareceu um gigante maior que grande, maior que enorme. Era enormíssimo. Tão grande que, se eu fosse desenhálo em escala normal, gastaria mais papel que uma redação de jornal em cem anos. Nunca vi um ser tão grande em minha vida, tampouco verei novamente...

Mas vamos ao que interessa: ao ver aquele ser monstruoso perto de minha casa (desculpe, perto da casa de meu tio), fiquei pasmado e paralisado de medo. Fiquei estupefato e petrificado de medo ao mesmo tempo. Nem fugi nem fiquei para ser atacado pelo ser enorme, que em minha frente se encontrava. Acho que ele também ficou com um pouco de medo de mim, por causa da cara feia que fiz. Sei que cada qual tomou uma direção em sentido oposto e disparou a correr sem parar. Não nos vimos nunca mais, tampouco quero vê-lo novamente...

 

 

 

 


 

O homem só é homem enquanto sua pica sobe. A partir daí, ele não é mais nada. É pior que uma moça.

Um Espírito tarado.

Jequié, 19 de março de 1996

 

Avenida Rio Branco, bar “Parada Obrigatória” (Pra variar).

 

 

 

 

 

O IDEAL: Uma utopia. Sonhamos, idealizamos, projetamos, fantasiamos algo como sendo tudo. Quando atingimos esse ideal, idealizamos outro ‘ideal’ e partimos, de novo, para realizá-lo.

Praia de Ondina, 04.04.93, 15:15 horas.

 

 

 

 

 

 


 

SOCIAL

 

O Leste Europeu

(Projeto Madio Editora)

 

O muro de Berlim

O Muro de berlim

O MURO DE BERLIM

o muro de berlim

 

Foi construído no meu peito

Hoje estou dividido

Entre o amor do Norte

E o Amor do Sul

Amor Oriental (ou emocional)

Amor Ocidental (ou racional)

Amor acidental (ou...)

Amor Fatal (ou trivial)

Sou um duelo entre eu e eu


Estou ansioso

aguardando você

para dar a primeira martelada

Neste muro indestrutível.

UESB, 04 de junho de 1991, às 19:30 horas.

 

Esta foi a forma que encontrei para falar da guerra fria, ou seja, da divisão do mundo entre americanos e russos, capitalistas e comunistas, que só serviu para aumentar ainda mais a distância entre ricos e pobres e fomentar o ódio, a discriminação e o preconceito.

Felizmente o mundo sempre dá voltas, e estamos agora, em 2009, com uma nova configuração política, em que os Estados Unidos perdem força e outros países conseguem respirar e impor uma nova forma de pensar e de agir.

A intolerância, a ganância, a transformação das pessoas em máquinas de fazer dinheiro, tem destruído lares, sociedades inteiras. Eu luto, diuturnamente, contra as etiquetas, as marcas que nos “ferra” feito bois, e a favor da divisão da renda mundial. Enquanto poucos países desfrutam de modernismos, África e outros continentes amargam a fome e a miséria, a falta de investimento em educação e saúde, por exemplo. Cada pessoa precisa ‘acordar’ para esta realidade. Ou mudamos a forma de tratar os seres humanos, ou todos sucumbiremos à violência!

 

 

 

 

 

 


 

CRÔNICA

O mar

 

Eu nunca tinha visto o mar (pessoalmente). Só mesmo através de televisão, postais, revistas, fotos, cartões, etc.

Quando o vi, fiquei deslumbrado! Que beleza! Que imensidão de águas! Nunca vi coisas mais lindas do que aqueles montes de água rolando por cima das areias, deslizando-se por cima de si próprios...

Foi em Salvador, capital da Bahia que eu, pela primeira vez na vida, avistei um oceano, um mar, um rio enorme...

Tinha ido eu para a capital baiana em fins de 1981, trabalhar para uma senhora muito amiga de minha família, Dona Luci Valverde Magalhães...

...e fui convidado pela minha patroa para ir à praia (da Pituba, bairro onde ela mora) levar umas oferendas para que fossem jogadas ao mar...

Minha emoção foi tremendamente grande quando avistei, do FIAT onde estava, aquela montanha de água com forma circular ao longe... Como pode haver coisa tão linda? Senti, pela primeira vez, a areia marinha (apesar de estar calçado). Vi, com meus próprios olhos, a água lamber a praia com sua língua gigante. Foi maravilhoso...

Jequié, 21 de junho de 1984

 

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