sábado, 22 de agosto de 2020

Livro Todos os Poemas da página 2116 até página 2225

Antologia Todos os Poemas

Valdeck Almeida de Jesus

Parte 14

 

Versões atualizadas e outras nem tanto


 

PENSAMENTO

 

Fim do Mundo

Meu mundo se acabou várias vezes; várias vezes eu o reconstruí...

Profecias, predições, advinhações, futurologia...

Estou viajando, morrendo, vivendo, esperando o novo fim e o novo recomeço...

22.05.2011

 

Valdeck Almeida de Jesus

Poeta, Escritor e Jornalista

www.galinhapulando.com


 

AMOR TRISTEZA

 

Gestos

Minimalistas

Ma atraíam

Me faziam pensar

Imaginar e sonhar

Fui grade e prisão

Querendo todo

Perdi total

De apaixonado

Me vi na solidão

Gestos minimalistas

Me afastaram da paixão.

04 de agosto de 2011


 

AMOR TRISTEZA

 

Mais uma vez

A vida, ávida

Arma, dedilha

A vida arma

A armadilha

E eu, mais uma vez

Desarmado

Desalmado

Caí na armadilha

Dádiva da vida

04 de agosto de 2011


 

HOMENAGEM

 

200 anos da Biblioteca Pública do Estado da Bahia

 

Rugas, rusgas,

Buscas e desencontros

Queremos todos

Uma boa leitura

Midiática

Perfomática

Sem letra e acento

Mas com livros

Empalhados…

04 de agosto de 2011


 

AMOR TRISTEZA

 

Por que me desespero

Te espero e imploro

Por que me despedaço

Grito e choro

Pro que preciso de outro

Se eu sou todo

Por que devo ir à lama

Rola na cama

Cair no lodo

Se sozinho sou inteiro

E mesmo estando contigo

Sou a coisa desprezível

Descartável e sem valor.

Que medo é esse da solidão

Que aceita a dor, o sofrimento, a rejeição?

04 de agosto de 2011


 

CRÔNICA

 

Amor: magia e encantamento

 

A gente se viu e uma mágica se fez pela troca de olhares. Algo nos fez falar poucas palavras e nos aproximar como se já nos conhecêssemos há anos. Suor nas mãos, corpo trêmulo, coração acelerado, medo de não ser aceito, medo de não tentar.

 

Superamos a incerteza e nos tocamos. A volúpia tomou-nos de assalto. A insegurança se tornou desejo. O desejo nos impeliu para algo sublime. Momentos de forte emoção, carícias, sussurros, compartilhamento de almas.

 

Ao amanhecer, a despedida e o medo de não haver novo encontro. Antes da partida, porém, lhe entreguei algo que garantiria reencontros: duas cédulas de cem reais cada. Novo flerte e nova atração estavam marcadas. Não posso te perder, meu garoto de programa.

03 de agosto de 2011


 

AMOR TRISTEZA

 

Minha dor

(Concurso do Bem)

 

Estou pássaro ferido

Sem vontade de se curar

Machucado, dolorido

Sem vontade de voar.

 

Chorei, sofri, magoei

Tentei sorrir

A dor é forte

Não há quem suporte.

 

Ferido, quebrado

Tentando esquecer

Mas a lembrança da morte

Me faz adoecer.

 

Sorrir nem quero

Tentar, não sei

O golpe foi fundo

Na dor mergulhei...

 

De Curitiba para Florianópolis

13 de maio de 2011, sexta-feira, 00:15hs


 

REFLEXÃO

 

Meu título

(Antologia Melhores Poemas)

(ArtPoesia)

 

Rotas

Rótulos

Placas

Setas

Indicações

Referências, citações...

 

Classificações

Pesquisas

Estudiosos

Normas Técnicas

Bibliografia.

 

Nada me referencia

Nada me entende;

Não me compreendo,

Baseado em estudos.

Sinto sono e durmo...

 

23 de maio de 2011, 08:07hs


 

AMOR

 

Amor/Paixão

(Concurso Sobrames)

 

O meu ciúme

Não tem a ver

Com o coração

Nem religião

 

A dor que sinto

Não vem da mente

Não é razão

Nem emoção

 

A dor que sinto

É meu apego e me faz mal

 

A liberdade

Que tanto quero

Me faz prisão.

 

23 de maio de 2011, 07:44hs


 

SOCIAL – REFLEXÃO – PROTESTO

 

Que se danem as convenções sociais

(Concurso do Bem)

 

Eu queria ter vontade de te abraçar

Tesão pra isso tenho demais;

Queria te beijar e apertar bem juntinho,

Dormir agarrado, sentir a respiração,

O suor incomodando, as batidas do coração…

 

Queria ser louco, mais que sou…

Não me lembrar de nada, do passado,

Pensar só no que sinto, no que desejo…

Mas o medo e as convenções me prendem

Meu íntimo me inibe, me previne…

 

Queria ter coragem de deitar,

Sentir a dor, o tesão do amor,

Gemer, sussurrar, tremer,

Explodir em gozo, em alegria e gemido…

Sentir o prazer de ser o que quero ser

 

Mas as convenções sociais me amarram,

Me atam e me prendem a este mundo

Um lodaçal de podridão e desespero

Que me priva de sentir o que sou…

 

Que se danem as convenções sociais

Quero ser a dor, o pavor e o rancor,

Por mais que eu queira, não vou

Não quero baixar a crista,

Não quero nem vou deixar de amar…

 

15 de agosto de 2011

Salvador-BA


 

CRÔNICA

 

Sou livre

 

Quando nasci não pude escolher a cor da pele, família, língua, sexo. O resto também me foi imposto: hora de dormir, hora de acordar, sentir fome, brincar, sentar, levantar, falar, ficar calado.

 

Até minha fé tinha sido determinada antes do meu nascimento. Fui batizado e frequentei todos os rituais que meus pais já seguiam desde sempre. Ensinaram-me muitas regras, caminhos a evitar. Sempre guiado por alguém. Quase nunca me disseram o motivo das escolhas. Só me restava ir adiante. Veio o casamento e a mentira da fidelidade: eu não deveria sentir tesão por mais ninguém; e quando sentisse, deveria fingir que nada estava acontecendo. Se eu traísse, deveria fazer de conta que nada tinha ocorrido. O resto eu aprendi com os amigos, colegas, vizinhos…

 

Aprendi a ser individualista, egoísta, consumista. Com o tempo e a prática vieram a competição, moda, estilo de vida e mais consumo. Agora dependo do mercado, da aparência, da imagem. Faço tudo para me manter jovem e competitivo, mas as exigências mudam a todo momento e eu não consigo acompanhar o ritmo.

 

Estudei línguas, fiz várias graduações, me especializei em diversas profissões e ramos de conhecimento mas, definitivamente, não dá. Por mais que eu economize tempo, me falta minutos para dormir bem, respirar, curtir familiares, cuidar de mim, refletir sobre este processo dinâmico de vida que não me permite parar para pensar, refletir, escolher.

 

Sou livre e ainda vou mudar meu destino. Não sei se ainda dá tempo, se ainda há tempo, mas vou mudar…


 

AMOR – PROTESTO

 

Meus dez namorados

(Concurso do Bem)

 

Vivo preso na teia da castidade:

Sonho eternamente com o amor ideal,

Mas, quando acordo, tenho vontade

De namorar mais de um e ser imoral.

Ter um namorado para cada situação,

Entregar meu corpo para a paixão.

Um namorado para cada emoção:

Um, fogoso, que me queime em chamas;

Outro, ardente, que me deixe em brasa;

Um, molenga, para meus momentos de lerdeza;

Outro, carinhoso, quando eu for carente;

Mais um, pegajoso, para a carência profunda;

Outro, festeiro, pra me alegrar na tristeza;

Um, praieiro, para banhos de emoção;

Mais um, “regueiro”, para as festas de ocasião;

Um, viajante, pra me acompanhar em minhas aventuras;

Outro, ouvinte, para aguentar minhas desventuras;

Um, inteligente, para os papos “cabeça”,

E outro, tapado, pra ser meu capacho;

E mais um, caseiro, para os dias de frio;

E outro, amigo, pra não reclamar de nada.

Como não encontro nenhum deles em um

Vivo só e sonho com o amor ideal...

 

Salvador, 28 de agosto de 2011


 

CRÔNCIA

Valdeck: a literatura em movimento

 

A poesia de Valdeck Almeida de Jesus é rica de sentimentos; sentimentos que se concretizam em um mosaico de emoção e aliteração.

Meu amigo você representa a incursão da arte de expressar através das letras.

Você ajuda promover este mosaico literário.

Um ser que se entrega por completo ao mundo das letras, dos sentimentos, do saberes e das inúmeras formas de se apreender.

Um contexto construído através da dilaceração das experiências.

Diálogo transcrito, descrito na individualidade da escrivaninha.

Sentimento que parte do individual e se alastra até a coletividade do ser.

Palavras que são lançadas ao léu, que pairam no tempo e tornam-se elementos, signos, estilhaços, simulacros das vozes dos vários poemistas.

Um encontro de alma, sentimentos, emoção e literatura.

Palavras que são profundamente eternizadas na memória e sua majestosa escritura.

Versos, poemas, poemia, poesia, boêmia e o retrato da expressão verbalizada em suas palavras.

O profundo desejo de escrever e alimentar o eu poético.

A fórmula de construir um mundo ativo que interage, emociona, ensina e influência no outrem.

Valdeck este poema simplesmente representa você e o seu papel como agente literário.

Dhiogo José Caetano / Uruana-GO


 

HOMENAGEM

 

5 segundos de vida real.

 

Vim do outro mundo pra lhe dizer que te amo.

Te sentir por um segundo.

Te abraçar bem forte.

Olhar em seus olhos.

E dizer tudo o que eu não tinha dito.

 

Acabou meu tempo tenho que ir.

Não chora.

Estou ainda aqui.

Conseguir fazer um sacrifício.

Minha alma vagava por ai e conseguir a encontrar e voltar a si.

Foi então que eu quis voltar à vida por uns instantes, para lhe sentir.

Minha alma iria sofrer por ai.

Eu não iria acordar, e no mundo escuro eu iria ficar.

Minha força de vontade era grande.

Eu só queria um momento de alegria para descansar em paz.

Queria amenizar suas dores e as minhas.

Queria amenizar a tristeza que habita dentro de nós.

 

Minha alma agora estar livre da escuridão.

Minha alma ganhou os 5 segundos de vida para se recompor.

Ela caminha para a luz.

Irei ser seu anjo.

Quando se sentir só a noite acanhada nos cantos, olhe para as estrelas que lá estarei.

Quando chorar, lembra dos momentos em que fazia palhaçadas pra te fazer sorrir.

Eu era o único bobo que lhe queria ver sorrir.

E quando sentir saudade sinta as brisas a bater em seu corpo com tanta delicadeza, serei eu te abraçando e lhe enchendo de vida pra continuar seguindo viva e com alegria.

Te amo, e nunca deixarei de te amar, mesmo muito distante de ti, contigo irei estar.

 

Bismarque, em homenagem a Valdeck Almeida de Jesus

04 de setembro de 2011


 

AMOR – SOLIDÃO – TRISTEZA

 

You belong to me”

 

Se eu usasse droga ia sair agora (22:39hs) pela Avenida Beira Mar, aqui no Rio de Janeiro, à procura do primeiro que quisesse transar e passar momentos de adrenalina em qualquer esquina ou beco da “Cidade Maravilhosa”.

Sou careta e me falta coragem para viver a vida perigosamente.

03 de setembro de 2011

 

 


 

AMOR – PROTESTO – DESABAFO

 

Sou puta de um homem só

 

Queria ser puta de muitos

Ter coragem para trair

Vontade de ser de vários

Tesão pra deitar com todos

Mas sou puta de um homem só

Entrego corpo e alma a um

Queria sair com duzentos

Esquecer quem foi o amor de ontem

Dormir e deitar com seis

Acordar e levantar com dez

Assim seria simples e bom

Sem ciúme, dor, saudade

Queria ser puta de cem

 

03 de setembro de 2011

 

Rio de Janeiro, 22:52hs


 

AMOR – DESABAFO – SOLIDÃO

 

A menina com o coração invertido

 

Nasceu de parto normal

Num num mundo anormal

Mas ela não sentia

Não percebia

Que seu coração enorme

Estava batendo ao contrário…

 

Criança e adolescente

Brincava de roda e de esconder

Pulava corda, montava cavalos invisíveis

Sonhava voando, montada numa bicicleta

Toda a rotina de uam criança comum…

 

O tempo passava e o pulsar da vida

Dava sinais que o corpo dela cansava

E o coração batia mais forte

Exatamente na hora que deveria parar…

 

A menina, intrigada, tinha medo

A angústia lhe invadia o peito:

– E se minha mãe descobrir meu segredo?

 

Amores e dores lhe fizerem visitas

Algumas passageiras e outras eternas

Mas o que lhe doía e fazia chorar

Era o medo de ir para o inferno,

Destino dos pagãos e invertidos…

 

O medo lhe fez negar o sentimento

Correr, se esconder, negar o amor

Em meio à luxúria achou um conforto

Viveu uma vida de entrega total…

 

Mas o coração insistia em doer

Batia invertido e na hora errada

Queria mais que uma noite de amor

Queria que a menina fosse muito amada.

 

Desilusões, decepções, desafios superados

A menina encontrou, finalmente, um caminho

Hoje, ela quer muito além de uma noite:

Uma vida, eterna, de amor e carinho…

 

Porém, num mundo de trocas e interesses

Caiu a menina em várias armadilhas

Mas o destino, este grande brincalhão

Mostrou à menina uma lindíssima ilha.

 

Num oásis, em meio ao caos do mundo

Ela viu um menino com amor verdadeiro

Mas uma barreira se montou entre eles

Porque o coração daquele guerreiro

Era fechado, invertido e trancado

Inoxidável, fechado a cadeado,

Sofrido e magoado pela vida:

Não se permitia pensar em amar…

 

Para LHC, Salvador, 11 de setembro de 2011


 

REFLEXÃO POÉTICA

(Concurso do Bem)

 

Poema em quatro tempos

 

1 – NASCIMENTO

Meu poema planejou

Ficou grávido

Germinou e cresceu

Quase morreu

Mas nasceu

Prematuro...

 

2 – FORMA

Meu poema é cortado

Colado, corrigido

Pintado, repetido

Repisado, remodelado

Imitado, incompleto

Sem motivo,

Inexistente...

 

3 – CONTEÚDO

Meu poema é vazio

Imoral, incapaz

De emocionar

Sem cadência

Sem respiração

Sem alma, sangue

Sem emoção

Meu poema é inexistente...

 

4 – MORTE

Sem velório

Sem choro

Sem vela

Meu poema

Imerecido

Morreu e apodreceu

Não foi cremado

Nem sepultado...

Meu poema não ressuscitou no terceiro dia...

 


 

Procuro um homem virgem

 (Antologia Angola-Salvador)

 

Que seja romântico

Carinhoso e fiel

Que curta o abraço,

Dormir de conchinha

E tenha lábios de mel.

 

Que não seja preguiçoso

Nem goste de balada

A menos que me leve

Juntinho do corpo

Numa bela colada.

 

Deve ser seguro

Ser bem atencioso

Ter olhos só pra mim

E também o coração

Não quero um fantasma

Muito menos ilusão.

 

Não quero vaidade

Nem sonho impossível

Só café de manhã

Um sexo pagão

E um bom coração!

Santo Amaro-BA, 25 de setembro de 2011, 09:46hs


 

No meio do caminho tinha um homem

(Publicado no Galinha)

(Antologia Angola-Salvador)

 

E eu, que era pedra, virei liquefeito

De verbo em verbo

Me tornei invisível

Incompreensível

Ininteligível

Até o momento que tentei

Escondi a essência

Lembrei da decência

E perdi a inocência

No meio do caminho tinha um homem

Quando eu quis explicar

Perdi o caminho

Tropecei no homem

E nunca mais parei…

 

Salvador, 07 de outubro de 2011, 21:53hs


 

Escritos de Valdeck Almeida de Jesus

 

A algum tempo leio os escritos de Valdeck Almeida de Jesus e viajo em desventuras carregadas de reflexão e ironias de um destino que a força da palavra transformou promissoramente.Ao escritor, este ser perceptivo e de tantas idéias, é confiado o dom de fazer história, não se tratando de inventar pura e simplesmente um emaranhado de palavrinhas sem sentido, aglutinar frases e orações, dar um título e não ser comprometido com a mensagem ali desenhada.

 

O compromisso de fazer história envolve o jogo de termos que cativa, que leva a uma reflexão leve ou profunda, a ponto do leitor apropriar-se do enredo, defender personagem, odiar ou amar na mesma intensidade, e provocar controvérsias e concordâncias, além da dúvida entre o limite do real e imaginário, quando se reconhece nas linhas de um texto ou no capítulo de um livro.

 

O Valdeck utiliza a vírgula com maestria, as reticências para processar devaneios, a interrogação para provocar duvidas, a ira com exclamações e finalmente o ponto final que liberta a todos do grande suspense.

 

A metamorfose se multiplica, alcança esferas antes inimagináveis. A força de sua história provoca inúmeros outros anônimos a compor também o universo de registros, contextos, ficção oumesmo vida real contada, descrita, escrivinhada, lida e comentada.Não deixarei de ler seus escritos, de viajar em seus versos, nem tão pouco de preocupar-se com alguns de seus personagens, tudo isso (já há algum tempo) faz parte da minha própria história, um dia contarei tudo...

 

(rascunhei isso entre as aulas de ontem e hoje, observando as crianças e com o pensamento em outro universo, um que conheci de verdade através da sua pessoa e de algumas das suas idéias. Não sei se consegui colocar exatamente o que pensava, mas é mais ou menos isso.)

 

Renata Rimet


 

Amor Venezuelano

 (Antologia Angola-Salvador)

 

Será você, de Caracas

Que acordará o gigante?

Será você, de Venezuela

Que despertará o amor adormecido?

 

Anjo bom, inspiração

Musa da poesia, da arte

Xangô do amor

Que trará justiça e paz

A este velho coração?

 

Será você, amor venezuelano

Que cuidará do ermitão

E vai perguntar, sempre,

Como foi o meu dia?

 

Será latino, afro-latino

O amor que adormecerá aqui

Trazendo paz e sossego

A este coração cansado de guerra?

 

Cabuçu, Praia de Pedras Altas

Dia da Criança, 12 de outubro de 2011


 

Tão longe, tão perto

(Concurso do Bem)

(Antologia Angola-Salvador)

 

Meus costumes, minhas manhas

Teus costumes e manias

Eu, da metrópole; tu, do Recôncavo

 

Tantos caminhos e desencontros

Passagens, labirintos…

Nada sabes do que sinto

 

Idas, voltas, estradas, revoltas

Independência, dependência

Tantos mistérios que nos separam

Todos obstáculos terrenos

 

Eu, tão grande; tu, tão pequeno

Estudos, pesquisas, inteligência

Buscas e encruzilhadas

Que não se cruzam... Será?

 

 

Cabuçu, 12 de outubro de 2011, meio-dia

 


 

Vagabound Heart

 

Why act you like this

Don’t you have barriers

Why don’t you think in frotiers?

Respect the limits of other feelings

And you Will find your own way...

Wait for the time

And it’ll bring both you together

Don’t wast time and energy

Fightin against destiny

It’ll como to you as it is written.

Wait and see...

 

Cabuçu, 12 de outubro de 2011, Meio dia e algo mais


 

Vício PornoNet

(Concurso do Bem)

(Poesia no Ônibus)

 

Levo tudo muito a sério

Oh! Homem virtual!

Por que não dormes comigo?

 

Carinho? Quase não tenho

Afago, não me dás

Não posso chorar nem sentir faltas

 

Entregar a ti o sentimento, jamais

Relacionamento sério, é burrice

Dependência contigo, não mais!

 

Cachoeira-BA, 16 de outubro de 2011, meio dia e mais algo


 

Viciado em Viver

(Concurso do Bem)

(Varal do Brasil)

(Poesia no Ônibus)

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Na agonia da vida

Você me entorpece

Vicio-me em rimas

Assombros, emoções.

 

Dependente de ti,

Não vivo sem teu verbo.

Se bebo, se fumo,

Se durmo ou perco noites...

 

Esbórnia, boemia,

Ou o aconchego do seio

É você quem me vicia, poesia!

 

Cachoeira-BA, 16 de outubro de 2011, Meio dia e tarde


 

Camaleônico

(Concurso do Bem)

(Varal do Brasil)

(Poesia no Ônibus)

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

O discurso que me domina

É o mesmo que você abomina

Deste lado eu grito

Denuncio e clamo.

 

Sou injustiçado

Combatido

Esquecido

 

Vingo-me: mudo de lado

E o discurso que domino

Não mais abomino

Meu verbo, agora, é você, Estado!

 

Cachoeira-BA, 16 de outubro de 2011, Meio dia e mais...


 

O tempo e eu

(Varal do Brasil)

(Poesia no Ônibus)

 

Sorte, Acidente,

Planejamento, Carma ou diversão de um cientista maluco?

Que horas são?

 

Cresci e amei

Que horas são?

 

Te esqueci

Que horas são?

 

Morreram amigos

Se foram parentes

Que horas são?

 

O tempo e eu

Quem sou sem ele?

Que horas são?

 

Salvador, Mussurunga, casa de Daiana, 08 de outubro de 2011, 09:30hs


 

Quem és tu, poeta?

 (Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Do que falas

O que sentes

Por que calas

Por que mentes

O que passa

Em tua mente?

 

És tu, santo,

Alma,

Fantasma,

Ilusão?

 

Sou carne,

Sou gente,

Sentimento,

Paixão!

Nem santo

Nem demônio

Nem sagrado

Nem profano

Sou poeta

Sou humano!

 

20 de outubro de 2011, BR-324, a 100km por hora


 

Dia do Poeta

Nobre poeta Valdeck Almeida de Jesus

 

Caro amigo Valdeck

Que sabe poetar tão bem

posso te dar nota dez

confesso mereces cem

 

Trazes na veia a escrita

Quer em conto ou poesia

ler um texto que escreves

Clareia bem mais o dia

 

Desejo ao amigo escritor

Paz saúde e amor

pois na arte de escrever

Já és diplomado Doutor

 

Escritor Jose Wilmar Pereira

Itajaí-SC, 21 de outubro de 2011


 

Cemitério de Vivos

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Sentados, caminhando,

Vestidos para viagem.

Todos e todas, estátuas:

Não falam, não respondem...

 

Gestos comedidos, medidos,

Olhares furtivos, nada vêm.

Imóveis, estáticos, etiquetados,

Socializados pra serem invisíveis...

 

E a vida, pulsante, ignorada,

Não move nem mexe com nada.

Nem mesmo a dor do seu lado.

 

Que importa se já outros seres,

Se você é tudo em si mesmo:

Congelado, educado, polido?

 

Aeroporto Internacional de Guarulhos

15 de novembro de 2011, 20:50hs

 


 

Mudança... saudade

(Ivonete Almeida de Jesus)

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Fico aqui com o olhar nostálgico,

Olhando para uma adolescência

Que não retornará jamais:

O domingo à tarde, o sorvete

Com amigos na praça,

O prazer de ir à missa

Só para encontrar o meu amor.

Uma fugidinha após a missa

Para beijá-lo, sentir o seu abraço

De menino-homem. Apenas 20 minutos.

Voltara para casa para esperar

O outro domingo chegar...

O tempo passa, e traz

Uma geração que não tem tempo para sonhar.

O primeiro amor deu lugar ao “ficar”.

Os jovens trocaram

O encontro do olhar e a ansiedade do beijo,

Por cinco minutos, um cantinho,

Um preservativo (talvez) e um gemido de gozo.

Depois disso, cervejas, músicas,

Tempo para recuperar as energias

E esperar outro parceiro lá.

Enquanto o tempo passa e a mudança chega

Meu olhar fica no espaço vazio

De um tempo que não retornará...

Saudades...

 

 

Ivonete Almeida de Jesus

27 de novembro de 2011


 

Amor Líquido

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Amar é incondicional

Subjetivo e imperativo

Libertário, democrático

Intensivo, subversivo...

 

Quem ama aprisiona

Incentiva, transforma

Copia, cola e gruda

Refaz e reforma...

 

Quem é amado é feliz

Alegre, triste, solidário,

Saudoso, romântico, infeliz...

 

Porque o amor é sólido,

Etéreo, líquido, gasoso,

Seco, molhado, tórrido...

 

04 de dezembro de 2011

Feira do Livro do Campo Grande

Salvador-BA


 

Sobre texto “Como Publicar um Livro”

 

Valdeck querido,  muito valioso o seu texto. Todas as informações estão bem explicadas e tenho certeza que servirão para tirar dúvidas de muita gente que sonha em publicar livros. Parabéns.

A boa coincidência desta manhã é que estava em um trânsito danado indo ao trabalho, justamente pensando...

 

A vontade é jogar tudo para cima e virar escritora, o que eu realmente gosto de fazer. Então recebo seu e-mail! Temos realmente que deixar de ler apenas os letreiros e outdoors, para aprender a ler os símbolos e signos que nos aparecem.

Um abraço.

 

Inaiá Simões – 07 de dezembro de 2011

 

inaiasimoes@gmail.com


 

CRÔNICA

Intruso na festa do Hotel Fiesta

 

Um amigo meu trabalhava de garçom no Hotel Fiesta, localizado num dos mais mais nobres de Salvador, o Itaigara. Fazia anos que ele estava na empresa e sempre me dizia sobre as festas chiques que aconteciam lá. Me prometeu um dia me chamar para uma, na primeira oportunidade que tivesse.

Não demorou muito e surgiu minha chance. Era final de ano e o hotel faria uma comemoração junto os funcionários. Assim que a data foi marcada meu amigo me avisou e pediu que chegasse mais cedo, o esperasse na porta principal para receber os convites.

Chamei outro amigo, para não ir sozinho. No dia e hora marcados, estávamos lá, no hall principal do hotel, à espera do grande momento. Como meu amigo garçom demorava muito para aparecer, resolvi perguntar na recepção. Lá, fui informado que a festa seria no prédio ao lado. Tentei várias vezes ligar para meu amigo, sem sucesso. Fiquei de olho, tentando encontra-lo, e nada! Finalmente, vi um movimento na entrada da garagem e fui ver do que se tratava. Havia um segurança na porta e, pelo que percebi, era por ali que os funcionários entravam.

Sem ingressos, seria arriscado tentar entrar, então resolvi, com meu colega, esperar uma distração do porteiro. Minuto depois, já estávamos na garagem do hotel, e dali corremos direto para uma das entradas dos elevadores. Já dentro do elevador, vi várias placas anunciando um monte de festas.

- Meu Deus! – pensei. – Qual dessas será a festa do meu amigo garçom?

Fui apertando todos os botões e dando uma espiada em todos os salões de festa. Em um deles eu percebi que a maioria das pessoas estava vestida muito à vontade. “É aqui”, deduzi. E não estava errado.

Agora era hora de procurar o garçom, amigo. Olhadas e mais olhadas, em vão. Ficamos, eu e meu colega, circulando feito peru em véspera de Natal. As mesas sendo ocupadas e nós sobrando. Depois de uns vinte minutos só restavam as mesas “reservadas”, e nada do amigo garçom aparecer.

Fiquei encostado numa das mesas reservadas e logo fui servido com cerveja, dois copos e alguns petiscos. Coloquei tudo na beirada da mesa e fiquei ali, meio sem graça, ocupando um espaço que não era meu. Meu colega me acompanhava em tudo, não tinha alternativa para ele.

Convidei meu colega pra sentar, tirei a plaquinha de “reservado” e joguei embaixo da mesa. Dali em diante, os garçons passavam e iam colocando salgados, petiscos, vinhos, mais cervejas, que logo eram consumidos por nós.

Aos poucos, alguns funcionários do hotel, homenageados com a festa, iam chegando e não encontravam lugar para sentar. Logo, viam eu e meu colega numa mesa imensa, sozinhos e, automaticamente, vinham em nossa direção.

- Posso me sentar aqui? – indagavam os convidados, receosos de receberem um não como resposta.

- Claro, sinta-se à vontade! – respondia eu, invasor das mesas que seriam, provavelmente, daquelas pessoas.

No fim, tudo deu certo. Encontrei meu amigo garçom fomos servidos como vips numa festa em que entramos de penetras e, de quebra, invadimos a mesa oficial!


 

Meu Cabelo

(Poesia no Ônibus)

(Livro Fala Escritor)

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Minha nudez está na cabeça

Sinto-me sem roupas

Sem pelos, quando estou sem meus cabelos...

Raspados, trançados, despenteados,

Me cobrem o corpo e a alma

Só eles me trazem calma.

 

Nasci com pele, sem pelo

O mundo, com zelo me vestiu...

E os enfeites:

Raspados, trançados, despenteados

Me cobrem o corpo e a alma

Só eles me trazem calma.

 

Nasci em pelo, sem pelo, total nudez

Com o tempo, vesti meu corpo, minha alma e pensamento.

Sem cabelo, hoje, tenho timidez.

Agora, tirar o pelo, me pela o corpo e arrepia

Não quero sentir minha pele fria,

Minha cabeça fica maluca...

Se a nudez está na cabeça

Vou cobri-la com uma bela peruca!!!

 

 

Valdeck Almeida de Jesus

Salvador, 14 de dezembro de 2011

Composição especialmente para Ewerton Matos

 

 


 

Assalto na Ladeira do Arco

 

Moro no bairro Nazaré, região central de Salvador. Hoje, dia 14 de dezembro de 2011, precisei ir à casa de uma amiga, no Barbalho. Como tinha deixado o carro na oficina, pensando numa viagem longa que vai exigir muito do veículo, fiquei a pé. Pensei em ir de ônibus ou chamar um taxi, mas logo desisti. Apesar do medo de andar à noite pelas ruas da cidade, deixei de lado e receio e arrisquei, pensando, ainda, em exercitar o corpo para logo mais poder dormir o sono dos justos.

 

O trajeto é curto, de uns dois ou três quilômetros, no máximo. No meio do caminho o telefone tocou e eu, mesmo receoso, atendi. Andava distraído descendo a Ladeira do Hospital e logo cheguei ao viaduto que liga Nazaré ao Barbalho, local conhecido como Ladeira do Arco. Quando estava no maior bate papo ao fone, alguém tocou meu ombro. Eu já tinha sido assaltado nas mesmas circunstâncias, em outro local de Salvador. Minha mente projetou tudo e eu me assustei, comecei a gritar “assalto, assalto”.

 

Não demorou muito e alguns rapazes que bebiam num bar perto dali chegaram e começaram a bater no assaltante. Jogaram ele no chão, deram chutes, gritavam palavrões e me diziam para ter calma que eles resolveriam tudo por mim. A pessoa do outro lado da linha falava sem parar mas eu não prestava atenção a nada, só via a cena trágica em minha frente.

 

Em minutos a polícia chegou, dispersou o pessoal que batia no rapaz indefeso, levantou ele todo ensanguentado e se aproximou de mim, para reconhecimento antes de levarem-no ao hospital e depois à delegacia. Eu estava muito nervoso, a visão meio turva, não ouvia direito o que me diziam. Só lembro de poucos detalhes e, principalmente, do rosto sangrando do suposto ladrão, me olhando com ódio. Parecia alguém conhecido.

 

E era. Por engano, a pessoa que pensei que ia me assaltar era um grande amigo que eu não via há meses. Para azar dele, meus gritos atraíram os homens que lhe espancaram e quase lhe tiraram a vida. Para evitar que a agressão se virasse contra mim, eu fingi que não lhe conhecia e mandei levar para a delegacia. Melhor perder um amigo que receber uns tabefes por cima da cara...


 

Você...

 

Guerreiro de si mesmo, em luta contra as convenções e a caretice.

Eu, frágil relíquia encontrada por escavadores, tento lutar e não saio do lugar.

Vai, símbolo da batalha, ergue muros, derruba barreiras, entorna caldos e destrói resistências, enquanto eu me calo e aceito a burocracia da vida sem sal e sem emoções.

Vidas opostas, buscas diametralmente contrárias, em perfeita e imperfeita harmonia desarmônica, na eterna contradição dos piscianos. O ir leva e o vir empurra para trás...

É esta a convenção, o acordo, a comunhão que a nada completa, e ao mesmo tempo é parte integrante da entidade formada por nós dois...

Conviver, aceitar e rejeitar os padrões, conciliar o ser e o querer, talvez seja necessário para não convalescer...

 

Para Leo 

Salvador, 11 de janeiro de 2012

 

 

 


 

Você

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Diz muito quando cala;

Tua mudez é mais que fala.

Nas entrelinhas, espaços suprimidos

se comprimem o que salta aos olhos.

E quando te olho, sinto...

Se te traduzo, a mim eu minto.

Acostumei-me às convenções,

às conveniências de gabinete,

em que clichês substituem,

escondem e camuflam as emoções...

 

Para Leo 

Salvador, 12 de janeiro de 2012, 00:30hs


 

Havana para brasileiros

(Poesia no Ônibus)

 

Ir a Cuba é muito fácil. O visto é providenciado pela própria companhia aérea e você só precisa curtir o país, que é lindo. Hotéis são muito caros. Então, alugue uma casa, pela internet, antes de viajar. Além de muito mais barato, você terá um lugar somente seu, com endereço exclusivo e vizinhança para conversar, trocar ideias etc. Chegando ao Aeroporto José Martí, não tente ser engraçado. A fiscalização de entrada é feita por militares e, quanto mais sério você parecer, melhor e mais rápido você se livra das perguntas da polícia de imigração. Agora é curtir Havana a pé. O transporte público é feito pelos "camelos", espécie de carretas adaptadas, sempre muito lotadas e demoram muito pra aparecer. Caminhando você entra em contato com o povo, que é maravilhoso e super receptivo. Não há perigo de assaltos, pois a população é muito honesta e trabalhadora. Se cansar de andar ou não gosta de sair por aí sozinho, vá de bicibleta-taxi. Além de menos desgastante, a companhia do 'taxista' vai te fazer muito bem. Em termos de calor humano o povo cubano é igual ao brasileiro e adoram turistas. Fique à vontade e curta tudo que puder.


 

O que o mar representa pra mim

(Poesia no Ônibus)

(Livro Fala Escritor)

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

(Antologia quatro poetas Brasil, Portugal e África)

 

O mar é saída e chegada, partida e saudade

Estrada, caminho, trilha e via de acesso

O mar é motivo para poesia

Ligação entre o mundo e a Bahia

O mar pra mim é o sangue da Terra

Alimento, tormento, transmutação

Mar é a terra dos peixes

É a feira dos pescadores

Inspiração para músicos,

Caymmis e compositores

Pra mim, o mar é respeito

O mar para mim é vida...

 

 

Poema ganhador da promoção Frase Premiada do Programa Aprovado, da Rede Bahia de Televisão, no dia 14.01.2012


 

Nosso amor

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

É tão difícil

Te querer e rejeitar

Querer presença

E se afastar;

Somar contigo

E separar;

Querer ausência

E ter saudade.

É tão difícil

O nosso amor

De faz de conta.

 

Salvador, 13.01.2012, 23:59hs


 

Bahia de Todos os Poetas

(Nova Coletânea)

(Poesia no Ônibus)

(Livro Fala Escritor)

(Antologia Veloso)

(Antologia Angola – Emanuel Dundão)

 

Esta é a Terra da Poesia

Dos Castros e dos Alves

Cidade da Bahia

Dos Ruys e dos Barbosas, Sales, Dantas, Paulos,

Das Rimet’s, Ceutas e Sousas e Souzas

Celeiro dos Almeidas e dos Silvas,

Dos Amados, Salomões e Limas;

Salvador dos Assis, Carranos, Leais, Pronzatos,

Sannasc’s, Peraltas, Claras e Machados,

Barretos, Araújos, Silveiras;

Terra das Águas Vermelhas, dos Tudes, Revelat’s;

Criadouro dos Ferreiras, Jagerbachers,

Rochas, Stábiles, Costas, Calderaschis,

Gaivotas, Maristons, Românticos,

Freitas, Maciels, Nelpas, Passos, São Paulos,

Venturas, Ramalhos, Menezes, Mirandas,

Barrenses, Matos, Limas, Dragones,

Galos, Vieiras de Melos, Velosos, Velames,

Bule-bules, Sangalos, Mercuries e Trigueiros,

Santanas e de Todos os Santos e Santas, Poetas e Poetisas;

Terra da Paixão e das Paixões

Onde a Poesia nasceu e está morrendo...

Mas esta não é uma Boa Morte,

Reciclemos a Poesia, Refaçamos a Bahia...

 

Salvador, 14 de janeiro de 2012, 08:00hs

 


 

PIADA

 

Uma colega minha era professora e dava aulas para escola particular, onde ela pegava papéis de ofício, higiênico e outros materiais das crianças para levar para os alunos de uma escola pública da periferia.

Ela pediu uma redação na escola suburbana sobre a profissão do pai e um dos alunos escreveu:

- Meu pai róba.

Pelo menos ele era honesto.

 

 

 


 

Exame de Vista

- Sempre que vou ao médico fazer um Raio-X, próstata, exame de coração ou outro qualquer, faço exame de vista.

- Por quê?

Porque o médico manda sentar e fica me olhando, passa a receita e me manda embora. Todo exame que faço é exame de vista.


 

O poeta e a poesia

Tem poeta que não fala, pinta; outros nem fala nem pinta, esculpe; quem não fala, pinta ou esculpe, lê; tem os que desenha, rabisca, grafita, assiste... Eu estava lá, fazendo poesia mentalmente...

De tanto o sol vendo, estou me dissolvendo...


 

Jorge Carrano, pelo alter-ego...

(Antologia Veloso)

(Antologia Editora Minerva)

 

Ainda bem que não morri aos 58 anos

Mas os outros 58 morreram em mim

Ele se foi, nostálgico eu, cansado eu;

E eu, que não me era mais, fiquei e voltei;

Trouxe de volta o que não fui

Busquei em tudo e em todos os vários eus

que  morreram nesses 58 anos vividos,

esses mesmos 58 anos morridos aos poucos,

recalcados, medrosos, não-eu...

Ainda bem que vivi, não sendo eu,

nesses 58 anos morridos, anos idos

Pois agora eu sei, eles não eram eu...

Porque o verdadeiro eu, só agora,

após a morte pré e matura, sei quem é...

após 58 anos mortos...

 

Livraria Cultura, 26 de janeiro de 2012

 


 

O pombo no fio

 

Alguém que passou

Olhou e não viu

Então, se sujou

E logo sentiu.

 

Veio do céu

Quentinho e macio

Cremoso e durinho

De cima caiu.

 

De cima pra baixo

O pombo cagou

De cima do fio.

 

Fez cara de tacho

A roupa sujou

Fingiu que não viu

 

 

Salvador, 07 de fevereiro de 2012


 

Quero a rebeldia

(Antologia Veloso)

 

A mentira, falsidade e lascívia;

Desejo a traição, devassidão;

Quero sexo, putaria,

Desrespeito, safadeza, vileza;

Não quero manto, não sou santo,

Sou todo emoção;

Quero o medo, o arremedo...

Não quero a perfeição.

 

Salvador, 03 de fevereiro de 2012


 

Que bom que o tempo passa e que algumas coisas "evoluem" e outras nao... amizade, por exemplo, não existe apenas no mundo virtual.... O olho no olho, tomar uma caipirosca na cozinha do amigo ou amiga, sorrir ou chorar de besteira, ir a um show ou simplesmente caminhar na areia da praia só é possível nos tempos "antigos"... Passeio virtual não tem cheiro de maresia...  E aí, Renata Rimet? Vai um cafezinho?

Jorge Carrano, os caminhos, com Clarice ou com Drummond, com ou sem pedras, sempre valem as pena, mesmo que a vida seja pequena...


 

Greve da Polícia Militar da Bahia – 2012

(Antologia Veloso)

 

Comentário de Valdeck Almeida de Jesus:

 

A Bahia é palco de um crescente aumento da violência. Nem precisa consultar números, pesquisas, estatísticas. Qualquer cidadão pode dar um testemunho. Eu moro em Salvador desde 1993. Quando cheguei aqui eu fui conhecer o Pelourinho (Centro Histórico) e fiquei horrorizado. O lugar era decadente, sujo, habitado por trapos humanos e o casario caindo aos pedaços. Alguns anos depois, tudo foi reformado. A população dali foi expulsa, relocada, para dar lugar aos comerciantes e ao turista. Hoje eu vou ao bairro com medo. Semana passada eu quase fui assassinado por dois drogados nas imediações dali, quando voltava de um recital poético...

 

A Lagoa do Abaeté, no lindíssimo bairro de Itapuã, onde Caymmi e Vinícius de Morais passou bons momentos, hoje é um antro de drogas, roubos, lixo e abandono... A maior parte de Salvador, Terra da Felicidade, é suburbana. Esta parte não tem investimento, não é maquiada para o turista ver, pois a rota do turismo é outra, bem longe da pobreza e dos miseráveis...

 

Milhões e milhões são gastos com maquiagem da orla, do circuito do carnaval, enquanto pretos e pobres desta cidade sobrevive sem segurança, sem educação de qualidade, sem comer direito... Não culpo pontualmente este ou aquele governante, pois o problema social é histórico. Mas alerto a nossas autoridades, se é que elas acompanham o noticiário: enquanto não se investir em educação, tirar o povo da lama, nenhuma polícia vai dar conta, nenhum exército conseque dominar este caos...

 

Eu andava tranquilo pelas ruas da capital e hoje eu estou me tornando um cidadão recluso em casa, trancado com grades e com medo de ir a um barzinho, praia ou mesmo shopping... Fiz uma matéria jornalísta a pouco tempo em que a delegada disse que a segurança dela estava nas mãos de Deus. Eu também creio na força suprema, mas quando a gente não faz nada para se garantir aqui, na Terra, o que pode acontecer é esta insegurança total. Mesmo quando a polícia não está em greve eu não me sinto seguro em Salvador.

A Polícia Militar precisa ser tratada com respeito e salário digno. Sou contra a greve, pois eu também sinto na pele as consequências, mas os policiais não tinham outra arma para usar senão paralisar suas atividades. Eles precisam de moradia digna, salário digno, armamento superior ao dos traficantes e arrombadores de bancos, necessitam de proteção do Estado para agir no combate à violência e incentivo para expor a vida e os familiares ao perigo e risco. Caso contrário, nada será resolvido.

nao consigo seguir regras, algo programado...

Eu tb tenho, tentei dirigir  e entrar no mato e invadir os sinais, tomei um bocado de multa..

 

Tentei entrar no banco de noite e me barraram, disseram que o atendimento era das 10 as 16 horas.

 

.

 

uma vez eu queria tomar uma injeção de benzetacil no olho, mas o médico quase me bate.. so queria enfiar a agulha na bunda, pois era o local definido pela medicina


 

Ode ao Pum

 

Quando eu soltar meu último pum

Corra quem puder, lá vem o bodum...

Certamente não será minha última hora.

Mas, se for, que seja!

Irei para o infinito, limpo e vazio

Pra todo o século seculorum, amém!

Que assim seja!

 

10.02.2012, ACB


 

Ode ao Pum – II

 

Quando eu der meu último pum

Certamente ainda não terei morrido

Pois morto não peida, nem bufa.

Somente quando a barriga estufa

E os gases intestinais emanam

O bodum sobe, ou desce, pelo bufante...

E o coração, por mais que tenha sido pulsante,

Agora, inerte, nem thum...

Somente o nariz alheio,

Na beira do cadáver, em flerte,

Vai sentir, ali no meio,

Onde a broca abre e pipoca.

O fedor subirá e matará cada vivo, de nariz aberto,

Pois o morto não ressuscita,

Mas acorda quem cochilar por perto!

 

10.02.2012, ACB

 

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