Antologia
Todos os Poemas
Valdeck
Almeida de Jesus
Parte
14
Versões
atualizadas e outras nem tanto
PENSAMENTO
Fim do Mundo
Meu mundo se acabou várias vezes; várias vezes eu o reconstruí...
Profecias, predições, advinhações, futurologia...
Estou viajando, morrendo, vivendo, esperando o novo fim e o novo
recomeço...
22.05.2011
Valdeck Almeida de Jesus
Poeta, Escritor e Jornalista
AMOR TRISTEZA
Gestos
Minimalistas
Ma atraíam
Me faziam pensar
Imaginar e sonhar
Fui grade e prisão
Querendo todo
Perdi total
De apaixonado
Me vi na solidão
Gestos minimalistas
Me afastaram da paixão.
04 de agosto de 2011
AMOR TRISTEZA
Mais uma vez
A vida, ávida
Arma, dedilha
A vida arma
A armadilha
E eu, mais uma vez
Desarmado
Desalmado
Caí na armadilha
Dádiva da vida
04 de agosto de 2011
HOMENAGEM
200 anos da Biblioteca Pública do Estado da Bahia
Rugas, rusgas,
Buscas e desencontros
Queremos todos
Uma boa leitura
Midiática
Perfomática
Sem letra e acento
Mas com livros
Empalhados…
04 de agosto de 2011
AMOR TRISTEZA
Por que me desespero
Te espero e imploro
Por que me despedaço
Grito e choro
Pro que preciso de outro
Se eu sou todo
Por que devo ir à lama
Rola na cama
Cair no lodo
Se sozinho sou inteiro
E mesmo estando contigo
Sou a coisa desprezível
Descartável e sem valor.
Que medo é esse da solidão
Que aceita a dor, o sofrimento, a rejeição?
04 de agosto de 2011
CRÔNICA
Amor: magia e encantamento
A gente se viu e uma mágica se fez pela troca de olhares. Algo nos fez
falar poucas palavras e nos aproximar como se já nos conhecêssemos há anos.
Suor nas mãos, corpo trêmulo, coração acelerado, medo de não ser aceito, medo
de não tentar.
Superamos a incerteza e nos tocamos. A volúpia tomou-nos de assalto. A
insegurança se tornou desejo. O desejo nos impeliu para algo sublime. Momentos
de forte emoção, carícias, sussurros, compartilhamento de almas.
Ao amanhecer, a despedida e o medo de não haver novo encontro. Antes da
partida, porém, lhe entreguei algo que garantiria reencontros: duas cédulas de
cem reais cada. Novo flerte e nova atração estavam marcadas. Não posso te
perder, meu garoto de programa.
03 de agosto de 2011
AMOR TRISTEZA
Minha dor
(Concurso do Bem)
Estou pássaro ferido
Sem vontade de se curar
Machucado, dolorido
Sem vontade de voar.
Chorei, sofri, magoei
Tentei sorrir
A dor é forte
Não há quem suporte.
Ferido, quebrado
Tentando esquecer
Mas a lembrança da morte
Me faz adoecer.
Sorrir nem quero
Tentar, não sei
O golpe foi fundo
Na dor mergulhei...
De Curitiba para Florianópolis
13 de maio de 2011, sexta-feira, 00:15hs
REFLEXÃO
Meu título
(Antologia Melhores Poemas)
(ArtPoesia)
Rotas
Rótulos
Placas
Setas
Indicações
Referências, citações...
Classificações
Pesquisas
Estudiosos
Normas Técnicas
Bibliografia.
Nada me referencia
Nada me entende;
Não me compreendo,
Baseado em estudos.
Sinto sono e durmo...
23 de maio de 2011, 08:07hs
AMOR
Amor/Paixão
(Concurso Sobrames)
O meu ciúme
Não tem a ver
Com o coração
Nem religião
A dor que sinto
Não vem da mente
Não é razão
Nem emoção
A dor que sinto
É meu apego e me faz mal
A liberdade
Que tanto quero
Me faz prisão.
23 de maio de 2011, 07:44hs
SOCIAL – REFLEXÃO – PROTESTO
Que se
danem as convenções sociais
(Concurso
do Bem)
Eu queria ter vontade de te abraçar
Tesão pra isso tenho demais;
Queria te beijar e apertar bem juntinho,
Dormir agarrado, sentir a respiração,
O suor incomodando, as batidas do coração…
Queria ser louco, mais que sou…
Não me lembrar de nada, do passado,
Pensar só no que sinto, no que desejo…
Mas o medo e as convenções me prendem
Meu íntimo me inibe, me previne…
Queria ter coragem de deitar,
Sentir a dor, o tesão do amor,
Gemer, sussurrar, tremer,
Explodir em gozo, em alegria e gemido…
Sentir o prazer de ser o que quero ser
Mas as convenções sociais me amarram,
Me atam e me prendem a este mundo
Um lodaçal de podridão e desespero
Que me priva de sentir o que sou…
Que se danem as convenções sociais
Quero ser a dor, o pavor e o rancor,
Por mais que eu queira, não vou
Não quero baixar a crista,
Não quero nem vou deixar de amar…
15 de agosto de 2011
Salvador-BA
CRÔNICA
Sou livre
Quando nasci não pude escolher a cor da pele, família, língua, sexo. O
resto também me foi imposto: hora de dormir, hora de acordar, sentir fome,
brincar, sentar, levantar, falar, ficar calado.
Até minha fé tinha sido determinada antes do meu nascimento. Fui
batizado e frequentei todos os rituais que meus pais já seguiam desde sempre.
Ensinaram-me muitas regras, caminhos a evitar. Sempre guiado por alguém. Quase
nunca me disseram o motivo das escolhas. Só me restava ir adiante. Veio o
casamento e a mentira da fidelidade: eu não deveria sentir tesão por mais
ninguém; e quando sentisse, deveria fingir que nada estava acontecendo. Se eu
traísse, deveria fazer de conta que nada tinha ocorrido. O resto eu aprendi com
os amigos, colegas, vizinhos…
Aprendi a ser individualista, egoísta, consumista. Com o tempo e a
prática vieram a competição, moda, estilo de vida e mais consumo. Agora dependo
do mercado, da aparência, da imagem. Faço tudo para me manter jovem e
competitivo, mas as exigências mudam a todo momento e eu não consigo acompanhar
o ritmo.
Estudei línguas, fiz várias graduações, me especializei em diversas
profissões e ramos de conhecimento mas, definitivamente, não dá. Por mais que
eu economize tempo, me falta minutos para dormir bem, respirar, curtir
familiares, cuidar de mim, refletir sobre este processo dinâmico de vida que não
me permite parar para pensar, refletir, escolher.
Sou livre e ainda vou mudar meu destino. Não sei se ainda dá tempo, se
ainda há tempo, mas vou mudar…
AMOR – PROTESTO
Meus dez namorados
(Concurso do Bem)
Vivo preso na teia da castidade:
Sonho eternamente com o amor ideal,
Mas, quando acordo, tenho vontade
De namorar mais de um e ser imoral.
Ter um namorado para cada situação,
Entregar meu corpo para a paixão.
Um namorado para cada emoção:
Um, fogoso, que me queime em chamas;
Outro, ardente, que me deixe em brasa;
Um, molenga, para meus momentos de lerdeza;
Outro, carinhoso, quando eu for carente;
Mais um, pegajoso, para a carência profunda;
Outro, festeiro, pra me alegrar na tristeza;
Um, praieiro, para banhos de emoção;
Mais um, “regueiro”, para as festas de ocasião;
Um, viajante, pra me acompanhar em minhas aventuras;
Outro, ouvinte, para aguentar minhas desventuras;
Um, inteligente, para os papos “cabeça”,
E outro, tapado, pra ser meu capacho;
E mais um, caseiro, para os dias de frio;
E outro, amigo, pra não reclamar de nada.
Como não encontro nenhum deles em um
Vivo só e sonho com o amor ideal...
Salvador, 28 de agosto de 2011
CRÔNCIA
Valdeck: a literatura em movimento
A poesia de Valdeck Almeida de Jesus é rica de sentimentos; sentimentos
que se concretizam em um mosaico de emoção e aliteração.
Meu amigo você representa a incursão da arte de expressar através das
letras.
Você ajuda promover este mosaico literário.
Um ser que se entrega por completo ao mundo das letras, dos sentimentos,
do saberes e das inúmeras formas de se apreender.
Um contexto construído através da dilaceração das experiências.
Diálogo transcrito, descrito na individualidade da escrivaninha.
Sentimento que parte do individual e se alastra até a coletividade do
ser.
Palavras que são lançadas ao léu, que pairam no tempo e tornam-se
elementos, signos, estilhaços, simulacros das vozes dos vários poemistas.
Um encontro de alma, sentimentos, emoção e literatura.
Palavras que são profundamente eternizadas na memória e sua majestosa escritura.
Versos, poemas, poemia, poesia, boêmia e o retrato da expressão
verbalizada em suas palavras.
O profundo desejo de escrever e alimentar o eu poético.
A fórmula de construir um mundo ativo que interage, emociona, ensina e
influência no outrem.
Valdeck este poema simplesmente representa você e o seu papel como
agente literário.
Dhiogo José Caetano / Uruana-GO
HOMENAGEM
5 segundos de vida real.
Vim do outro mundo pra lhe dizer que te amo.
Te sentir por um segundo.
Te abraçar bem forte.
Olhar em seus olhos.
E dizer tudo o que eu não tinha dito.
Acabou meu tempo tenho que ir.
Não chora.
Estou ainda aqui.
Conseguir fazer um sacrifício.
Minha alma vagava por ai e conseguir a encontrar e voltar a si.
Foi então que eu quis voltar à vida por uns instantes, para lhe sentir.
Minha alma iria sofrer por ai.
Eu não iria acordar, e no mundo escuro eu iria ficar.
Minha força de vontade era grande.
Eu só queria um momento de alegria para descansar em paz.
Queria amenizar suas dores e as minhas.
Queria amenizar a tristeza que habita dentro de nós.
Minha alma agora estar livre da escuridão.
Minha alma ganhou os 5 segundos de vida para se recompor.
Ela caminha para a luz.
Irei ser seu anjo.
Quando se sentir só a noite acanhada nos cantos, olhe para as estrelas
que lá estarei.
Quando chorar, lembra dos momentos em que fazia palhaçadas pra te fazer
sorrir.
Eu era o único bobo que lhe queria ver sorrir.
E quando sentir saudade sinta as brisas a bater em seu corpo com tanta
delicadeza, serei eu te abraçando e lhe enchendo de vida pra continuar seguindo
viva e com alegria.
Te amo, e nunca deixarei de te amar, mesmo muito distante de ti, contigo
irei estar.
Bismarque, em homenagem a Valdeck Almeida de Jesus
04 de setembro de 2011
AMOR – SOLIDÃO – TRISTEZA
“You belong to me”
Se eu usasse droga ia sair agora (22:39hs) pela Avenida Beira Mar, aqui
no Rio de Janeiro, à procura do primeiro que quisesse transar e passar momentos
de adrenalina em qualquer esquina ou beco da “Cidade Maravilhosa”.
Sou careta e me falta coragem para viver a vida perigosamente.
03 de setembro de 2011
AMOR – PROTESTO – DESABAFO
Sou puta de um homem só
Queria ser puta de muitos
Ter coragem para trair
Vontade de ser de vários
Tesão pra deitar com todos
Mas sou puta de um homem só
Entrego corpo e alma a um
Queria sair com duzentos
Esquecer quem foi o amor de ontem
Dormir e deitar com seis
Acordar e levantar com dez
Assim seria simples e bom
Sem ciúme, dor, saudade
Queria ser puta de cem
03 de setembro de 2011
Rio de Janeiro, 22:52hs
AMOR – DESABAFO – SOLIDÃO
A
menina com o coração invertido
Nasceu
de parto normal
Num
num mundo anormal
Mas
ela não sentia
Não
percebia
Que
seu coração enorme
Estava
batendo ao contrário…
Criança
e adolescente
Brincava
de roda e de esconder
Pulava
corda, montava cavalos invisíveis
Sonhava
voando, montada numa bicicleta
Toda a
rotina de uam criança comum…
O
tempo passava e o pulsar da vida
Dava
sinais que o corpo dela cansava
E o
coração batia mais forte
Exatamente
na hora que deveria parar…
A
menina, intrigada, tinha medo
A
angústia lhe invadia o peito:
– E se minha mãe descobrir meu segredo?
Amores
e dores lhe fizerem visitas
Algumas
passageiras e outras eternas
Mas o
que lhe doía e fazia chorar
Era o
medo de ir para o inferno,
Destino
dos pagãos e invertidos…
O medo
lhe fez negar o sentimento
Correr,
se esconder, negar o amor
Em
meio à luxúria achou um conforto
Viveu
uma vida de entrega total…
Mas o
coração insistia em doer
Batia
invertido e na hora errada
Queria
mais que uma noite de amor
Queria
que a menina fosse muito amada.
Desilusões,
decepções, desafios superados
A
menina encontrou, finalmente, um caminho
Hoje,
ela quer muito além de uma noite:
Uma
vida, eterna, de amor e carinho…
Porém,
num mundo de trocas e interesses
Caiu a
menina em várias armadilhas
Mas o
destino, este grande brincalhão
Mostrou
à menina uma lindíssima ilha.
Num
oásis, em meio ao caos do mundo
Ela
viu um menino com amor verdadeiro
Mas
uma barreira se montou entre eles
Porque
o coração daquele guerreiro
Era
fechado, invertido e trancado
Inoxidável,
fechado a cadeado,
Sofrido
e magoado pela vida:
Não se
permitia pensar em amar…
Para
LHC, Salvador, 11 de setembro de 2011
REFLEXÃO POÉTICA
(Concurso do Bem)
Poema em quatro tempos
1 – NASCIMENTO
Meu poema planejou
Ficou grávido
Germinou e cresceu
Quase morreu
Mas nasceu
Prematuro...
2 – FORMA
Meu poema é cortado
Colado, corrigido
Pintado, repetido
Repisado, remodelado
Imitado, incompleto
Sem motivo,
Inexistente...
3 – CONTEÚDO
Meu poema é vazio
Imoral, incapaz
De emocionar
Sem cadência
Sem respiração
Sem alma, sangue
Sem emoção
Meu poema é inexistente...
4 – MORTE
Sem velório
Sem choro
Sem vela
Meu poema
Imerecido
Morreu e apodreceu
Não foi cremado
Nem sepultado...
Meu poema não ressuscitou no terceiro dia...
Procuro um homem virgem
(Antologia Angola-Salvador)
Que seja romântico
Carinhoso e fiel
Que curta o abraço,
Dormir de conchinha
E tenha lábios de mel.
Que não seja preguiçoso
Nem goste de balada
A menos que me leve
Juntinho do corpo
Numa bela colada.
Deve ser seguro
Ser bem atencioso
Ter olhos só pra mim
E também o coração
Não quero um fantasma
Muito menos ilusão.
Não quero vaidade
Nem sonho impossível
Só café de manhã
Um sexo pagão
E um bom coração!
Santo Amaro-BA, 25 de setembro de 2011, 09:46hs
No meio do caminho tinha um homem
(Publicado no Galinha)
(Antologia Angola-Salvador)
E eu, que era pedra, virei liquefeito
De verbo em verbo
Me tornei invisível
Incompreensível
Ininteligível
Até o momento que tentei
Escondi a essência
Lembrei da decência
E perdi a inocência
No meio do caminho tinha um homem
Quando eu quis explicar
Perdi o caminho
Tropecei no homem
E nunca mais parei…
Salvador, 07 de outubro de 2011, 21:53hs
Escritos de Valdeck Almeida de Jesus
A algum tempo leio os escritos de Valdeck Almeida de Jesus e viajo em
desventuras carregadas de reflexão e ironias de um destino que a força da
palavra transformou promissoramente.Ao escritor, este ser perceptivo e de
tantas idéias, é confiado o dom de fazer história, não se tratando de inventar
pura e simplesmente um emaranhado de palavrinhas sem sentido, aglutinar frases
e orações, dar um título e não ser comprometido com a mensagem ali desenhada.
O compromisso de fazer história envolve o jogo de termos que cativa, que
leva a uma reflexão leve ou profunda, a ponto do leitor apropriar-se do enredo,
defender personagem, odiar ou amar na mesma intensidade, e provocar
controvérsias e concordâncias, além da dúvida entre o limite do real e
imaginário, quando se reconhece nas linhas de um texto ou no capítulo de um
livro.
O Valdeck utiliza a vírgula com maestria, as reticências para processar
devaneios, a interrogação para provocar duvidas, a ira com exclamações e
finalmente o ponto final que liberta a todos do grande suspense.
A metamorfose se multiplica, alcança esferas antes inimagináveis. A
força de sua história provoca inúmeros outros anônimos a compor também o
universo de registros, contextos, ficção oumesmo vida real contada, descrita,
escrivinhada, lida e comentada.Não deixarei de ler seus escritos, de viajar em
seus versos, nem tão pouco de preocupar-se com alguns de seus personagens, tudo
isso (já há algum tempo) faz parte da minha própria história, um dia contarei
tudo...
(rascunhei isso entre as aulas de ontem e hoje, observando as crianças e
com o pensamento em outro universo, um que conheci de verdade através da sua
pessoa e de algumas das suas idéias. Não sei se consegui colocar exatamente o
que pensava, mas é mais ou menos isso.)
Renata Rimet
Amor Venezuelano
(Antologia Angola-Salvador)
Será você, de Caracas
Que acordará o gigante?
Será você, de Venezuela
Que despertará o amor adormecido?
Anjo bom, inspiração
Musa da poesia, da arte
Xangô do amor
Que trará justiça e paz
A este velho coração?
Será você, amor venezuelano
Que cuidará do ermitão
E vai perguntar, sempre,
Como foi o meu dia?
Será latino, afro-latino
O amor que adormecerá aqui
Trazendo paz e sossego
A este coração cansado de guerra?
Cabuçu, Praia de Pedras Altas
Dia da Criança, 12 de outubro de 2011
Tão longe, tão perto
(Concurso do Bem)
(Antologia Angola-Salvador)
Meus costumes, minhas manhas
Teus costumes e manias
Eu, da metrópole; tu, do Recôncavo
Tantos caminhos e desencontros
Passagens, labirintos…
Nada sabes do que sinto
Idas, voltas, estradas, revoltas
Independência, dependência
Tantos mistérios que nos separam
Todos obstáculos terrenos
Eu, tão grande; tu, tão pequeno
Estudos, pesquisas, inteligência
Buscas e encruzilhadas
Que não se cruzam... Será?
Cabuçu, 12 de outubro de 2011, meio-dia
Vagabound Heart
Why act you like this
Don’t you have barriers
Why don’t you think in frotiers?
Respect the limits of other feelings
And you Will find your own way...
Wait for the time
And it’ll bring both you together
Don’t wast time and energy
Fightin against destiny
It’ll como to you as it is written.
Wait and see...
Cabuçu, 12 de outubro de 2011, Meio dia e algo mais
Vício PornoNet
(Concurso do Bem)
(Poesia no Ônibus)
Levo tudo muito a sério
Oh! Homem virtual!
Por que não dormes comigo?
Carinho? Quase não tenho
Afago, não me dás
Não posso chorar nem sentir faltas
Entregar a ti o sentimento, jamais
Relacionamento sério, é burrice
Dependência contigo, não mais!
Cachoeira-BA, 16 de outubro de 2011, meio dia e mais algo
Viciado em Viver
(Concurso do Bem)
(Varal do Brasil)
(Poesia no Ônibus)
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
Na agonia da vida
Você me entorpece
Vicio-me em rimas
Assombros, emoções.
Dependente de ti,
Não vivo sem teu verbo.
Se bebo, se fumo,
Se durmo ou perco noites...
Esbórnia, boemia,
Ou o aconchego do seio
É você quem me vicia, poesia!
Cachoeira-BA, 16 de outubro de 2011, Meio dia e tarde
Camaleônico
(Concurso do Bem)
(Varal do Brasil)
(Poesia no Ônibus)
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
O discurso que me domina
É o mesmo que você abomina
Deste lado eu grito
Denuncio e clamo.
Sou injustiçado
Combatido
Esquecido
Vingo-me: mudo de lado
E o discurso que domino
Não mais abomino
Meu verbo, agora, é você, Estado!
Cachoeira-BA, 16 de outubro de 2011, Meio dia e mais...
O tempo e eu
(Varal do Brasil)
(Poesia no Ônibus)
Sorte, Acidente,
Planejamento, Carma ou diversão de um cientista maluco?
Que horas são?
Cresci e amei
Que horas são?
Te esqueci
Que horas são?
Morreram amigos
Se foram parentes
Que horas são?
O tempo e eu
Quem sou sem ele?
Que horas são?
Salvador, Mussurunga, casa de Daiana, 08 de outubro de 2011, 09:30hs
Quem és tu, poeta?
(Antologia Angola – Emanuel
Dundão)
Do que falas
O que sentes
Por que calas
Por que mentes
O que passa
Em tua mente?
És tu, santo,
Alma,
Fantasma,
Ilusão?
Sou carne,
Sou gente,
Sentimento,
Paixão!
Nem santo
Nem demônio
Nem sagrado
Nem profano
Sou poeta
Sou humano!
20 de outubro de 2011, BR-324, a 100km por hora
Dia do Poeta
Nobre poeta Valdeck Almeida de Jesus
Caro amigo Valdeck
Que sabe poetar tão bem
posso te dar nota dez
confesso mereces cem
Trazes na veia a escrita
Quer em conto ou poesia
ler um texto que escreves
Clareia bem mais o dia
Desejo ao amigo escritor
Paz saúde e amor
pois na arte de escrever
Já és diplomado Doutor
Escritor Jose Wilmar Pereira
Itajaí-SC, 21 de outubro de 2011
Cemitério de Vivos
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
Sentados, caminhando,
Vestidos para viagem.
Todos e todas, estátuas:
Não falam, não respondem...
Gestos comedidos, medidos,
Olhares furtivos, nada vêm.
Imóveis, estáticos, etiquetados,
Socializados pra serem invisíveis...
E a vida, pulsante, ignorada,
Não move nem mexe com nada.
Nem mesmo a dor do seu lado.
Que importa se já outros seres,
Se você é tudo em si mesmo:
Congelado, educado, polido?
Aeroporto Internacional de Guarulhos
15 de novembro de 2011, 20:50hs
Mudança... saudade
(Ivonete Almeida de Jesus)
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
Fico aqui com o olhar nostálgico,
Olhando para uma adolescência
Que não retornará jamais:
O domingo à tarde, o sorvete
Com amigos na praça,
O prazer de ir à missa
Só para encontrar o meu amor.
Uma fugidinha após a missa
Para beijá-lo, sentir o seu abraço
De menino-homem. Apenas 20 minutos.
Voltara para casa para esperar
O outro domingo chegar...
O tempo passa, e traz
Uma geração que não tem tempo para sonhar.
O primeiro amor deu lugar ao “ficar”.
Os jovens trocaram
O encontro do olhar e a ansiedade do beijo,
Por cinco minutos, um cantinho,
Um preservativo (talvez) e um gemido de gozo.
Depois disso, cervejas, músicas,
Tempo para recuperar as energias
E esperar outro parceiro lá.
Enquanto o tempo passa e a mudança chega
Meu olhar fica no espaço vazio
De um tempo que não retornará...
Saudades...
Ivonete Almeida de Jesus
27 de novembro de 2011
Amor Líquido
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
Amar é incondicional
Subjetivo e imperativo
Libertário, democrático
Intensivo, subversivo...
Quem ama aprisiona
Incentiva, transforma
Copia, cola e gruda
Refaz e reforma...
Quem é amado é feliz
Alegre, triste, solidário,
Saudoso, romântico, infeliz...
Porque o amor é sólido,
Etéreo, líquido, gasoso,
Seco, molhado, tórrido...
04 de dezembro de 2011
Feira do Livro do Campo Grande
Salvador-BA
Sobre texto “Como Publicar um Livro”
Valdeck querido, muito valioso o seu texto. Todas as informações estão
bem explicadas e tenho certeza que servirão para tirar dúvidas de muita gente
que sonha em publicar livros. Parabéns.
A boa coincidência desta manhã é que estava em um trânsito danado indo
ao trabalho, justamente pensando...
A vontade é jogar tudo para cima e virar escritora, o que eu realmente
gosto de fazer. Então recebo seu e-mail! Temos realmente que deixar de ler
apenas os letreiros e outdoors, para aprender a ler os símbolos e signos que
nos aparecem.
Um abraço.
Inaiá Simões – 07 de dezembro de 2011
CRÔNICA
Intruso na festa do Hotel Fiesta
Um amigo meu trabalhava de garçom no Hotel Fiesta, localizado num dos
mais mais nobres de Salvador, o Itaigara. Fazia anos que ele estava na empresa
e sempre me dizia sobre as festas chiques que aconteciam lá. Me prometeu um dia
me chamar para uma, na primeira oportunidade que tivesse.
Não demorou muito e surgiu minha chance. Era final de ano e o hotel
faria uma comemoração junto os funcionários. Assim que a data foi marcada meu
amigo me avisou e pediu que chegasse mais cedo, o esperasse na porta principal
para receber os convites.
Chamei outro amigo, para não ir sozinho. No dia e hora marcados,
estávamos lá, no hall principal do hotel, à espera do grande momento. Como meu
amigo garçom demorava muito para aparecer, resolvi perguntar na recepção. Lá,
fui informado que a festa seria no prédio ao lado. Tentei várias vezes ligar
para meu amigo, sem sucesso. Fiquei de olho, tentando encontra-lo, e nada!
Finalmente, vi um movimento na entrada da garagem e fui ver do que se tratava.
Havia um segurança na porta e, pelo que percebi, era por ali que os
funcionários entravam.
Sem ingressos, seria arriscado tentar entrar, então resolvi, com meu
colega, esperar uma distração do porteiro. Minuto depois, já estávamos na
garagem do hotel, e dali corremos direto para uma das entradas dos elevadores.
Já dentro do elevador, vi várias placas anunciando um monte de festas.
- Meu Deus! – pensei. – Qual dessas será a festa do meu amigo garçom?
Fui apertando todos os botões e dando uma espiada em todos os salões de
festa. Em um deles eu percebi que a maioria das pessoas estava vestida muito à
vontade. “É aqui”, deduzi. E não estava errado.
Agora era hora de procurar o garçom, amigo. Olhadas e mais
olhadas, em vão. Ficamos, eu e meu colega, circulando feito peru em
véspera de Natal. As mesas sendo ocupadas e nós sobrando. Depois de uns vinte
minutos só restavam as mesas “reservadas”, e nada do amigo garçom aparecer.
Fiquei encostado numa das mesas reservadas e logo fui servido com
cerveja, dois copos e alguns petiscos. Coloquei tudo na beirada da mesa e
fiquei ali, meio sem graça, ocupando um espaço que não era meu. Meu colega me
acompanhava em tudo, não tinha alternativa para ele.
Convidei meu colega pra sentar, tirei a plaquinha de “reservado” e
joguei embaixo da mesa. Dali em diante, os garçons passavam e iam colocando
salgados, petiscos, vinhos, mais cervejas, que logo eram consumidos por nós.
Aos poucos, alguns funcionários do hotel, homenageados com a festa, iam
chegando e não encontravam lugar para sentar. Logo, viam eu e meu colega numa
mesa imensa, sozinhos e, automaticamente, vinham em nossa direção.
- Posso me sentar aqui? – indagavam os convidados, receosos de receberem
um não como resposta.
- Claro, sinta-se à vontade! – respondia eu, invasor das mesas que
seriam, provavelmente, daquelas pessoas.
No fim, tudo deu certo. Encontrei meu amigo garçom fomos servidos como
vips numa festa em que entramos de penetras e, de quebra, invadimos a mesa
oficial!
Meu Cabelo
(Poesia no Ônibus)
(Livro Fala Escritor)
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
Minha nudez está na cabeça
Sinto-me sem roupas
Sem pelos, quando estou sem meus cabelos...
Raspados, trançados, despenteados,
Me cobrem o corpo e a alma
Só eles me trazem calma.
Nasci com pele, sem pelo
O mundo, com zelo me vestiu...
E os enfeites:
Raspados, trançados, despenteados
Me cobrem o corpo e a alma
Só eles me trazem calma.
Nasci em pelo, sem pelo, total nudez
Com o tempo, vesti meu corpo, minha alma e pensamento.
Sem cabelo, hoje, tenho timidez.
Agora, tirar o pelo, me pela o corpo e arrepia
Não quero sentir minha pele fria,
Minha cabeça fica maluca...
Se a nudez está na cabeça
Vou cobri-la com uma bela peruca!!!
Valdeck Almeida de Jesus
Salvador, 14 de dezembro de 2011
Composição especialmente para Ewerton Matos
Assalto na Ladeira do Arco
Moro no bairro Nazaré, região central de Salvador. Hoje, dia 14 de
dezembro de 2011, precisei ir à casa de uma amiga, no Barbalho. Como tinha
deixado o carro na oficina, pensando numa viagem longa que vai exigir muito do
veículo, fiquei a pé. Pensei em ir de ônibus ou chamar um taxi, mas logo
desisti. Apesar do medo de andar à noite pelas ruas da cidade, deixei de lado e
receio e arrisquei, pensando, ainda, em exercitar o corpo para logo mais poder
dormir o sono dos justos.
O trajeto é curto, de uns dois ou três quilômetros, no máximo. No meio
do caminho o telefone tocou e eu, mesmo receoso, atendi. Andava distraído
descendo a Ladeira do Hospital e logo cheguei ao viaduto que liga Nazaré ao
Barbalho, local conhecido como Ladeira do Arco. Quando estava no maior bate
papo ao fone, alguém tocou meu ombro. Eu já tinha sido assaltado nas mesmas
circunstâncias, em outro local de Salvador. Minha mente projetou tudo e eu me
assustei, comecei a gritar “assalto, assalto”.
Não demorou muito e alguns rapazes que bebiam num bar perto dali
chegaram e começaram a bater no assaltante. Jogaram ele no chão, deram chutes,
gritavam palavrões e me diziam para ter calma que eles resolveriam tudo por
mim. A pessoa do outro lado da linha falava sem parar mas eu não prestava
atenção a nada, só via a cena trágica em minha frente.
Em minutos a polícia chegou, dispersou o pessoal que batia no rapaz
indefeso, levantou ele todo ensanguentado e se aproximou de mim, para
reconhecimento antes de levarem-no ao hospital e depois à delegacia. Eu estava
muito nervoso, a visão meio turva, não ouvia direito o que me diziam. Só lembro
de poucos detalhes e, principalmente, do rosto sangrando do suposto ladrão, me
olhando com ódio. Parecia alguém conhecido.
E era. Por engano, a pessoa que pensei que ia me assaltar era um grande
amigo que eu não via há meses. Para azar dele, meus gritos atraíram os homens
que lhe espancaram e quase lhe tiraram a vida. Para evitar que a agressão se
virasse contra mim, eu fingi que não lhe conhecia e mandei levar para a
delegacia. Melhor perder um amigo que receber uns tabefes por cima da cara...
Você...
Guerreiro de si mesmo, em luta contra as convenções e a caretice.
Eu, frágil relíquia encontrada por escavadores, tento lutar e não saio
do lugar.
Vai, símbolo da batalha, ergue muros, derruba barreiras, entorna caldos
e destrói resistências, enquanto eu me calo e aceito a burocracia da vida sem
sal e sem emoções.
Vidas opostas, buscas diametralmente contrárias, em perfeita e
imperfeita harmonia desarmônica, na eterna contradição dos piscianos. O ir leva
e o vir empurra para trás...
É esta a convenção, o acordo, a comunhão que a nada completa, e ao mesmo
tempo é parte integrante da entidade formada por nós dois...
Conviver, aceitar e rejeitar os padrões, conciliar o ser e o querer,
talvez seja necessário para não convalescer...
Para Leo
Salvador, 11 de janeiro de 2012
Você
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
Diz muito quando cala;
Tua mudez é mais que fala.
Nas entrelinhas, espaços suprimidos
se comprimem o que salta aos olhos.
E quando te olho, sinto...
Se te traduzo, a mim eu minto.
Acostumei-me às convenções,
às conveniências de gabinete,
em que clichês substituem,
escondem e camuflam as emoções...
Para Leo
Salvador, 12 de janeiro de 2012, 00:30hs
Havana para brasileiros
(Poesia no Ônibus)
Ir a Cuba é muito fácil. O visto é providenciado pela própria companhia
aérea e você só precisa curtir o país, que é lindo. Hotéis são muito caros.
Então, alugue uma casa, pela internet, antes de viajar. Além de muito mais
barato, você terá um lugar somente seu, com endereço exclusivo e vizinhança
para conversar, trocar ideias etc. Chegando ao Aeroporto José Martí, não tente
ser engraçado. A fiscalização de entrada é feita por militares e, quanto mais
sério você parecer, melhor e mais rápido você se livra das perguntas da polícia
de imigração. Agora é curtir Havana a pé. O transporte público é feito pelos
"camelos", espécie de carretas adaptadas, sempre muito lotadas e
demoram muito pra aparecer. Caminhando você entra em contato com o povo, que é
maravilhoso e super receptivo. Não há perigo de assaltos, pois a população é
muito honesta e trabalhadora. Se cansar de andar ou não gosta de sair por aí
sozinho, vá de bicibleta-taxi. Além de menos desgastante, a companhia do
'taxista' vai te fazer muito bem. Em termos de calor humano o povo cubano é
igual ao brasileiro e adoram turistas. Fique à vontade e curta tudo que puder.
O que o mar representa pra mim
(Poesia no Ônibus)
(Livro Fala Escritor)
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
(Antologia quatro poetas Brasil, Portugal e África)
O mar é saída e chegada, partida e saudade
Estrada, caminho, trilha e via de acesso
O mar é motivo para poesia
Ligação entre o mundo e a Bahia
O mar pra mim é o sangue da Terra
Alimento, tormento, transmutação
Mar é a terra dos peixes
É a feira dos pescadores
Inspiração para músicos,
Caymmis e compositores
Pra mim, o mar é respeito
O mar para mim é vida...
Poema ganhador da promoção Frase Premiada do Programa Aprovado, da Rede
Bahia de Televisão, no dia 14.01.2012
Nosso amor
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
É tão difícil
Te querer e rejeitar
Querer presença
E se afastar;
Somar contigo
E separar;
Querer ausência
E ter saudade.
É tão difícil
O nosso amor
De faz de conta.
Salvador, 13.01.2012, 23:59hs
Bahia de Todos os Poetas
(Nova Coletânea)
(Poesia no Ônibus)
(Livro Fala Escritor)
(Antologia Veloso)
(Antologia Angola – Emanuel Dundão)
Esta é a Terra da Poesia
Dos Castros e dos Alves
Cidade da Bahia
Dos Ruys e dos Barbosas, Sales, Dantas, Paulos,
Das Rimet’s, Ceutas e Sousas e Souzas
Celeiro dos Almeidas e dos Silvas,
Dos Amados, Salomões e Limas;
Salvador dos Assis, Carranos, Leais, Pronzatos,
Sannasc’s, Peraltas, Claras e Machados,
Barretos, Araújos, Silveiras;
Terra das Águas Vermelhas, dos Tudes, Revelat’s;
Criadouro dos Ferreiras, Jagerbachers,
Rochas, Stábiles, Costas, Calderaschis,
Gaivotas, Maristons, Românticos,
Freitas, Maciels, Nelpas, Passos, São Paulos,
Venturas, Ramalhos, Menezes, Mirandas,
Barrenses, Matos, Limas, Dragones,
Galos, Vieiras de Melos, Velosos, Velames,
Bule-bules, Sangalos, Mercuries e Trigueiros,
Santanas e de Todos os Santos e Santas, Poetas e Poetisas;
Terra da Paixão e das Paixões
Onde a Poesia nasceu e está morrendo...
Mas esta não é uma Boa Morte,
Reciclemos a Poesia, Refaçamos a Bahia...
Salvador, 14 de janeiro de 2012, 08:00hs
PIADA
Uma colega minha era professora e dava aulas para escola particular,
onde ela pegava papéis de ofício, higiênico e outros materiais das crianças
para levar para os alunos de uma escola pública da periferia.
Ela pediu uma redação na escola suburbana sobre a profissão do pai e um
dos alunos escreveu:
- Meu pai róba.
Pelo menos ele era honesto.
Exame de Vista
- Sempre que vou ao médico fazer um Raio-X, próstata, exame de coração
ou outro qualquer, faço exame de vista.
- Por quê?
Porque o médico manda sentar e fica me olhando, passa a receita e me
manda embora. Todo exame que faço é exame de vista.
O poeta e a poesia
Tem poeta que não fala, pinta; outros nem fala nem pinta, esculpe; quem
não fala, pinta ou esculpe, lê; tem os que desenha, rabisca, grafita,
assiste... Eu estava lá, fazendo poesia mentalmente...
De tanto o sol vendo, estou me dissolvendo...
Jorge Carrano, pelo alter-ego...
(Antologia Veloso)
(Antologia Editora Minerva)
Ainda bem que não morri aos 58 anos
Mas os outros 58 morreram em mim
Ele se foi, nostálgico eu, cansado eu;
E eu, que não me era mais, fiquei e voltei;
Trouxe de volta o que não fui
Busquei em tudo e em todos os vários eus
que morreram nesses 58 anos vividos,
esses mesmos 58 anos morridos aos poucos,
recalcados, medrosos, não-eu...
Ainda bem que vivi, não sendo eu,
nesses 58 anos morridos, anos idos
Pois agora eu sei, eles não eram eu...
Porque o verdadeiro eu, só agora,
após a morte pré e matura, sei quem é...
após 58 anos mortos...
Livraria Cultura, 26 de janeiro de 2012
O pombo no fio
Alguém que passou
Olhou e não viu
Então, se sujou
E logo sentiu.
Veio do céu
Quentinho e macio
Cremoso e durinho
De cima caiu.
De cima pra baixo
O pombo cagou
De cima do fio.
Fez cara de tacho
A roupa sujou
Fingiu que não viu
Salvador, 07 de fevereiro de 2012
Quero a rebeldia
(Antologia Veloso)
A mentira, falsidade e lascívia;
Desejo a traição, devassidão;
Quero sexo, putaria,
Desrespeito, safadeza, vileza;
Não quero manto, não sou santo,
Sou todo emoção;
Quero o medo, o arremedo...
Não quero a perfeição.
Salvador, 03 de fevereiro de 2012
Que bom que o tempo passa e que algumas coisas "evoluem" e
outras nao... amizade, por exemplo, não existe apenas no mundo virtual.... O
olho no olho, tomar uma caipirosca na cozinha do amigo ou amiga, sorrir ou
chorar de besteira, ir a um show ou simplesmente caminhar na areia da praia só
é possível nos tempos "antigos"... Passeio virtual não tem cheiro de
maresia... E aí, Renata Rimet? Vai um cafezinho?
Jorge Carrano, os caminhos, com Clarice ou com Drummond, com ou sem
pedras, sempre valem as pena, mesmo que a vida seja pequena...
Greve da Polícia Militar da Bahia – 2012
(Antologia Veloso)
Comentário de Valdeck Almeida de Jesus:
A Bahia é palco de um crescente aumento da violência. Nem precisa
consultar números, pesquisas, estatísticas. Qualquer cidadão pode dar um
testemunho. Eu moro em Salvador desde 1993. Quando cheguei aqui eu fui conhecer
o Pelourinho (Centro Histórico) e fiquei horrorizado. O lugar era decadente,
sujo, habitado por trapos humanos e o casario caindo aos pedaços. Alguns anos
depois, tudo foi reformado. A população dali foi expulsa, relocada, para dar
lugar aos comerciantes e ao turista. Hoje eu vou ao bairro com medo. Semana
passada eu quase fui assassinado por dois drogados nas imediações dali, quando
voltava de um recital poético...
A Lagoa do Abaeté, no lindíssimo bairro de Itapuã, onde Caymmi e
Vinícius de Morais passou bons momentos, hoje é um antro de drogas, roubos,
lixo e abandono... A maior parte de Salvador, Terra da Felicidade, é suburbana.
Esta parte não tem investimento, não é maquiada para o turista ver, pois a rota
do turismo é outra, bem longe da pobreza e dos miseráveis...
Milhões e milhões são gastos com maquiagem da orla, do circuito do
carnaval, enquanto pretos e pobres desta cidade sobrevive sem segurança, sem
educação de qualidade, sem comer direito... Não culpo pontualmente este ou
aquele governante, pois o problema social é histórico. Mas alerto a nossas
autoridades, se é que elas acompanham o noticiário: enquanto não se investir em
educação, tirar o povo da lama, nenhuma polícia vai dar conta, nenhum exército
conseque dominar este caos...
Eu andava tranquilo pelas ruas da capital e hoje eu estou me tornando um
cidadão recluso em casa, trancado com grades e com medo de ir a um barzinho,
praia ou mesmo shopping... Fiz uma matéria jornalísta a pouco tempo em que a
delegada disse que a segurança dela estava nas mãos de Deus. Eu também creio na
força suprema, mas quando a gente não faz nada para se garantir aqui, na Terra,
o que pode acontecer é esta insegurança total. Mesmo quando a polícia não está
em greve eu não me sinto seguro em Salvador.
A Polícia Militar precisa ser tratada com respeito e salário digno. Sou
contra a greve, pois eu também sinto na pele as consequências, mas os policiais
não tinham outra arma para usar senão paralisar suas atividades. Eles precisam
de moradia digna, salário digno, armamento superior ao dos traficantes e
arrombadores de bancos, necessitam de proteção do Estado para agir no combate à
violência e incentivo para expor a vida e os familiares ao perigo e risco. Caso
contrário, nada será resolvido.
nao consigo seguir regras, algo programado...
Eu tb tenho, tentei dirigir e entrar no mato e invadir os sinais,
tomei um bocado de multa..
Tentei entrar no banco de noite e me barraram, disseram que o
atendimento era das 10 as 16 horas.
.
uma vez eu queria tomar uma injeção de benzetacil no olho, mas o médico
quase me bate.. so queria enfiar a agulha na bunda, pois era o local definido
pela medicina
Ode ao Pum
Quando eu soltar meu último pum
Corra quem puder, lá vem o bodum...
Certamente não será minha última hora.
Mas, se for, que seja!
Irei para o infinito, limpo e vazio
Pra todo o século seculorum, amém!
Que assim seja!
10.02.2012, ACB
Ode ao Pum – II
Quando eu der meu último pum
Certamente ainda não terei morrido
Pois morto não peida, nem bufa.
Somente quando a barriga estufa
E os gases intestinais emanam
O bodum sobe, ou desce, pelo bufante...
E o coração, por mais que tenha sido pulsante,
Agora, inerte, nem thum...
Somente o nariz alheio,
Na beira do cadáver, em flerte,
Vai sentir, ali no meio,
Onde a broca abre e pipoca.
O fedor subirá e matará cada vivo, de nariz aberto,
Pois o morto não ressuscita,
Mas acorda quem cochilar por perto!
10.02.2012, ACB
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