ECOLÓGICO -SOCIAL
Rio de Contas
(corrigido – concurso)
(Projeto Ewerton Matos)
És
o Rei da região
Pois
a ela inteira rasgas
Dando
a todos pão e vida
Que
a enchente carrega.
Das
Contas, teu nome é rio
E
também Rio da Sereia
Mas
agora, sem beleza,
És
somente o Rio da Areia.
Teus
peixes aos poucos se vão
Tuas
águas te abandonam
Só
ficam da ponte os vãos.
E
agora Rio das Contas?
O
que haverás fazer
Com
tuas piabas tontas?
(11
de junho de 1987).
REFLEXÃO
Angústia
(corrigido – concurso)
Noite
de quarta-feira
Dezessete
de junho
Belvedere Geminiano Saback
Praça
Ruy Barbosa
21
horas e 50 minutos...
Eu
sofro e sofro
Assolado
por uma enorme nostalgia
Dos
tempos já idos
Dos
choros já chorados
Das
tristezas que não se acabam
Uma
impiedosa melancolia
Invade
meu ser
A
se debater
Como
bicho morrendo...
Mas
não morro
Continuo
a viver e sofrer
Perdendo
amor
Perdendo
coragem
Perdendo
o tesão de viver
Caio
sobre meu esqueleto
E
fico a repugnar o mau cheiro
O
mau cheiro da amargura
O
mau cheiro da tristeza
Da
paixão recolhida
Da
massa falida
Falida
emoção
Falida
razão
Razão
de viver
E
o mundo se acaba
Quando
pressiono o botão
De
uma Bomba Atômica
Que
explode em meu peito
E
me mata de amor...
(17
de junho de 1987).
SOCIAL
Máscara
(corrigido – concurso)
(Livro cinco
línguas)
Vejo
as mulheres que passam por mim
Tantas
pinturas, belezas artificiais
Azuis,
vermelhos, pretos e carmins
A
ferir-lhes a verdade dos traços faciais.
Cores
sintéticas que deturpam o singelo
Que
mascaram a pura beleza feminina
Profanam
o amor, profanam o erotismo
Que
tanto atrai a fauna masculina.
Enfeiam
a pureza do universo
Apagam
o brilho de mil estrelas
E
eu fico apavorado, confesso.
Espantam
o calor do amor a dois
Atiram
o sublime a famintos leões
Adiando
todo o desejo pra depois.
(17
de junho de 1987).
REFLEXÃO
Aparência
(corrigido – concurso)
(Livro cinco
línguas)
Todos
olham para o que é belo
Muito
belo, belo e meio
Raro
é parar pra olhar o feio
Muito
feio, meio feio.
Prezam
o embrulho externo
Mais
que seu conteúdo
Encantam-se
com o concreto
Mesmo
que não seja tudo.
O
abstrato não os agrada
Não
valoram a consciência
Não
valoram a paciência.
Agarram-se
às vestes mais belas
Tão
longe de darem por fé
Que
todos terão sentinela.
(17
de junho de 1987).
AMOR
Que bom seria
(corrigida – concurso)(Para Maria Meire dos Santos)
Que
bom seria se eu
Pudesse
te apaixonar
Colocar-te
na cabeça
Que
vivesse pra me amar
Dar
a ti muito desejo
E
fazer-te adormecer
Sobre
meu peito deitada
Alegrando
o meu viver
Que
bom seria se eu
Pudesse
te apaixonar
E
fazer-te feliz
Que
bom seria se eu
Pudesse
te abraçar
E
não mais ser infeliz.
(03
de abril de 1987).
SOCIAL
Armadilha
(corrigida – concurso)
(Livro cinco
línguas)
O
homem simples chegou à cidade
E
não suportou a vida agitada
Voltou
então ao aconchego da roça
Onde
a vida é menos malvada.
E
de seu canto nunca mais saiu
Com
medo dos "monstros" da cidade
Só
não percebeu que o progresso
Expandia-se
sem piedade.
E
o progresso foi se chegando
Por
perto, calado, foi se instalando
Motores,
fumaças, pra limpar roçados
E
o homem foi se acostumando
Na
perversa armadilha caiu
E
o progresso acabou lhe matando.
(08
de junho de 1987).
SOCIAL
Sofrimento
(corrigida – concurso)
Eu
vi uma mulher com um facão
Além
dela havia outras mulheres
Todas
elas também de facão
E
trajadas com roupas velhas.
Rumavam
juntas pro mato roçado
Com
cordas nas mãos e água nos vasos
Pra
cortar madeira que servia de lenha
E
comer cozido em seus rudes vasos.
Lá
estavam todas a ganhar a vida
A
garantir o seu comer cozido
Com
sangue, suor, mãos feridas.
Fiquei
a criticar este mundo cruel
Que
faz as belas e vermelhas rosas
Viver
na terra a amargar-lhe o fel.
(08
de junho de 1987).
REFLEXÃO
Cristaleira
(corrigida – concurso)
Quieta
em seu cômodo
Ela
observa o que se passa
E,
cômoda, não se incomoda
Com
o que ao seu redor se faça.
Sem
personalidade própria
Reflete
tudo o que vê
Sabe
o que é bom ou ruim
Mas
não sabe quem é ela própria.
Vive
de reluzir beleza
De
refletir cor e brilho
Conhece
a pompa e a realeza
Mas
se dela tiramos os cristais
Que
lhe dão toda a grandeza
Morre
a cristaleira de tristeza.
(02
de maio de 1987).
REFLEXÃO
Correr
(corrigida – concurso)
Para
que correr,
Se
a morte te espera
Na
primeira esquina?
Para
que lutar
Se
o teu produto
É
carnificina?
Canse
de correr
Canse
de lutar
Você
vai lucrar.
Ande
pela vida
Viva
pelos Andes
Não
corra, ande.
(04
de maio de 1987).
AMOR
Amor
(corrigida – concurso)
Vago
sentimento
Que
me faz sofrer
Choro
e lamento
Por
não ter você.
Sei
que não me quer
Mas
amo você
E
tudo daria
Para
aqui te ter.
Sofro
todo dia
Choro
com a lua
As
lágrimas frias.
Para
te ver nua
Tudo
eu daria
Para
te ver nua.
(04 de maio de 1987).
AMOR
Solidão
(corrigida – concurso)(Para Maria Meire dos Santos)
Jogado
como me encontro
E
por todos relegado
Sinto-me
tão imprestável
Um
saco de lixo usado.
Por
todos abandonado
Por
todos sou rejeitado
Vejo
em mim o Nada
Sou
um nada desgraçado.
E
maior fica a tua falta
Cada
vez que penso em ti
Ah,
saudade que me mata!
Sofrendo
por tua causa
Morrendo
por não te ter
Eu
só queria poder te ver.
(05
de maio de 1987).
AMOR
Nostalgia
(corrigida – concurso)(Para Maria Meire dos Santos)
Ontem
saí com outro alguém
Só
pra tentar te esquecer
Bateu
uma louca saudade
A
me inundar de você.
Aproximei-me
deste alguém
Com
o pensamento em você
Senti
nele os teus carinhos
E
teu cheiro a recender.
Teu
calor também senti
Teu
sabor e tentação
Só
consegui lembrar de ti.
Em
toda aquela emoção
Que
ontem com outra senti
Batia
por ti o meu coração.
(18
de maio de 1987).
REFLEXÃO
Soneto da Morte
(corrigida – concurso)
(Livro cinco
línguas)
Passam-se
os dias
Passam-se
as horas
E
eu vejo o tempo
Partir
sem demoras.
Meu
relógio avança
Correm
os segundos
Minhas
vidas se vão
Viver
noutros mundos.
Morro
aos pedaços
E
assim se desfazem
Meus
pequenos laços.
Corda
terminando
Tempo
escapando
Morte
me matando.
(27 de fevereiro de 1987).
ECOLÓGICO - SOCIAL
Pescadores
(corrigida – concurso)
(Livro cinco
línguas)
Pacientes
pescadores
Aguardam
que a sorte
Fisgue
seus anzóis
Com
o seloda morte...
Pegam
tilápias mortas
Piabas
com tuberculose
Schystosoma mansoni
Áscaris lumbricóides.
Juntamente
com os peixes
Que
lhes garantem a lida
Chegam
também as doenças
Para
roubar-lhes a vida...
Os
peixes não se multiplicam
O
que de fato se multiplica
São
apenas suas feridas.
(28
de maio de 1987).
Vida do povo
(corrigida – concurso)
Na
ânsia pela sobrevivência
O
homem luta constantemente
E
o seu produto é carência
Que
o empobrece lentamente.
Sua
miséria tem origem
Na
luta desigual pela vida
Morrer,
dar seu sangue, é sina
Para
ter um pouco de comida.
Crescimento
não há de ter
Como
a cultura alcançar
Se
vive só para comer?
A
instrução qualifica o ser
Ele
a quer, a vida diz ‘não’.
Como
estudar sem alimentação?
(24 de abril de 1987).
ERÓTICO
Desejo
Quando
eu te vejo te desejo
Dá
uma vontade de foder
Sinto
um fogo me queimando
Fico
arrepiado de prazer.
Fico
arrepiado de tesão
Logo
meu cacete fica duro
E
desejo que aconteça logo
Nosso
encontro em um quarto escuro.
Para
eu penetrar eu tua gruta
Todo
o meu ser bem quente e duro
Dar
para você o que dou a puta.
Delirar
em ti com emoção
Possuir
teu corpo num segundo
E
jorrar em ti meu espermão.
(08
de março de 1987).
REFLEXÃO
Tempo
(corrigida – Pragmatha)
O
tempo tudo vence
O
tempo tudo mata
O
tempo tudo estraga
Sádico,
tudo maltrata.
O
tempo tudo cura
O
tempo tudo sara
O
tempo tudo esquece
Sábio,
tudo repara.
O
tempo é perverso
E
também mal educado
Cruel,
destrói meu verso.
O
tempo limpa tudo
Mas
tem seu outro lado
Infame,
suja tudo.
(08
de maio de 1987).
ECOLÓGICO - SOCIAL
Terra, fonte da vida
(corrigida – concurso)
Da
terra vem a vida
E
vem também a morte
É
filho dela o azar
E
também a sorte.
Matéria
dela vem
E
dela não se vai
E
quando chega a hora
É
nela que tudo cai.
É
dela que se vive
É
dela que se vai
E
dela se sobrevive.
A
ela todos vamos
A
ela você vai
É
só passarem os anos.
(08
de maio de 1987).
ERÓTICO
Tesão
Quando
vejo o teu corpo
Fico
louco de paixão
Fico
com calor no corpo
Fico
doido de tesão.
O
meu pau logo levanta
Dá
vontade de fuder
Fico
louco de desejo
Desejando
ter você.
O
meu sangue ferve todo
Minhas
veias se alteram
Só
sossego se te fodo.
Te
agarro pelas pernas
E
te como com loucura
Nestas
fodas mais que eternas.
(08
de março de 1987).
HOMENAGEM
Leve impressão sobre Itabuna
(corrigida – concurso)
Gostei
muito da cidade
Da
cidade de Itabuna
Esta
marca do cacau
A
Cidade Grapiúna.
Parece
até capital
De
tão grande e formosa
Cidade,
linda menina
Feita
de amor, verso e prosa.
Vou
contigo namorar
Pra
te ter aqui no peito
E
contigo fecundar.
Vai
nascer outra cidade
Para
ser meu belo leito
E
a minha majestade.
(10
de março de 1987).
AMOR
Geane Souza Santos
(corrigida – concurso)
Tudo
em ti me cativa
Desde
o singelo olhar
A
esse jeito faceiro
E
o relampejo ao andar.
Quem
me dera poder
Quem
me dera ganhar
De
teus lábios rosáceos
Teu
calor no beijar...
Mas
se meu desejo ardente
Atendido
não pode ser
Sento
e espero calmamente.
Quem
sabe talvez o destino
Quando
traçou nossas linhas
Deu
um ponto e ligou nossas vidas?
(12
de maio de 1987).
HOMENAGEM
Bahia de Todos os Santos
Baía de Todos os Santos
(corrigida – concurso)
(Livro cinco
línguas)
Bahia
de Todos os Santos
Bahia
de Tantos Encantos
Bahia
das Religiões
Bahia
das Mil Devoções.
Baía
de Todos os Santos
Bahia
de Tantos Encantos
Baía
de Tantas Nações
Baía:
Navios, Corações.
Bahia
de Todos os Povos
Bahia
de Brancos e Negros
Bahia
de Velhos e Novos.
Baía
de Verde Esmeralda
Baía
de Portos Traiçoeiros
Baía
de Água Azulada.
(01
de março de 1987).
AMOR
Vida
(corrigida – concurso)
A
poesia começa
Quando
o beijo estala
Quando
o peito vibra
E
se perde a fala.
E
uma estranha energia
Vem
unir dois em um
E
transformar o que é dois
Em
dois mais um.
A
vida cresce
E
tempos depois
Feliz
aparece.
E
uma nova vida vem
Chega
a humana poesia
Ao
mundo trazendo o bem.
(03
de agosto de 1987).
HOMENAGEM
Carnaval
(corrigida – concurso, pragmatha)
(Livro cinco
línguas)
Festa
de muita alegria
De
grande repercussão
Variadas
fantasias
De
amores e paixões.
Berço
pra todos os povos
Pátria
pra vários artistas
Sambistas,
puxadores
Batedores
e passistas.
Sonho
para os sonhadores
Suor
para os foliões
Na
festa de vivas cores.
De
cintilantes alegorias
Muito
amor e mil canções
De
douradas "fantasias".
(01
de março de 1987).
AMOR
AmorI(corrigida – concurso)
Venha
Vá
Volte
Cá.
Fique
Ame
Morra
Game.
Goste
Ame
Game.
Fique
Morra
Em
mim.
(01
de março de 1987).
AMOR
Amor II
(corrigida – concurso)
Amor
é paz
Amor
é luz
Amor
é tudo
E
é Jesus.
Amor/tristeza
Amor/traição
Amor/angústia
Amor/paixão.
Amor
é ódio
É
coração
E
devoção.
É
morte e vida
Loucu
(RA) zão
Da
emoção.
(01
de março de 1987).
AMOR
Anderson dos Santos
(filho de Maria Meire dos Santos)
(corrigida – concurso)
Tua
pureza de anjo me cativou
Teu
semblante singelo me prendeu
E
agora sinto tua falta aqui
Para
amar-te como a um filho meu.
Por
ti sinto imenso carinho
Carinho
de pai para filho
Lembro-te
pequeno, filhinho
Boca,
riso, olho e brilho.
Os
passos primeiros deste comigo
As
vozes primeiras também ouvi eu
Depois
me abandonaste. Que castigo!
Separaram-te
de mim e eu sofri
Transformaram-me
num grande ninguém
Esmagaram
este amor e eu morri.
(01
de março de 1987).
SOCIAL - PROTESTO
Ilusão do Cruzado
(corrigida – concurso)
A
vida continuava
Sempre
a piorar
Os
preços a subirem
O
povo a clamar
Por
uma pequena chance
De
a vida melhorar.
Então
veio o Cruzado
Com
força e valentia
A
tudo congelando
Pra
ter mercadoria
A
preços populares
Nas
cestas das Marias.
Foi
gente com tabela
Foi
gente com endereço
Fazendo
um alvoroço
Fiscalizando
os preços
De
todos os produtos
De
trechos e apetrechos.
Fiscal
do Presidente
Fiscal
do seu Sarney
Tentando
a todo custo
Impor
respeito à Lei
Lei
do Congelamento
Decreto
oitenta e três.
Mas
o dia amanheceu
E
o povo despertou
Muito
decepcionado
Com
o sonho que sonhou
Sonhou
tabelamento
Mas
tudo se acabou.
Os
preços dispararam
Subiram
sem parar
E
continuam a subir
Tentando
estilhaçar
O
sonho mal sonhado
Que
o povo quis sonhar...
(08
de maio de 1987).
SOCIAL - PROTESTO
Dívida Externa
(corrigida – concurso)
A
Dívida Externa Brasileira
Tem
causado confusão
Preços
sobem enlouquecidos
Mas
salários não sobem não.
Muitos
grãos de soja, trigo
Milho,
arroz e até feijão
São
colhidos anualmente
Mas
é pra exportação.
Enquanto
o país padece
Recursos
são enviados
A
partir dos nossos bolsos
A
sustentar desocupados.
Todo
dia vai dinheiro
Enriquecer
bancos credores
Enquanto
o país se contorce
De
angústia e muitas dores.
E
mesmo pagando tanto
A
dívida cresce e cresce
Oprime
povo brasileiro
Que
tal dita não merece.
Será
que devemos tanto,
Tanto
quanto o que eles falam?
Ou
será que já não pagamos
E
todos eles se calam?
O
Brasil pagou demais
E
ainda paga a este mundo
O
preço de um povo sofrido
A
sustentar vagabundo.
(14
de maio de 1987).
SOCIAL - SAÚDE
AIDS
(corrigida – concurso)
Doença
malfadada
Revoltante
ela é
Devora
as suas vítimas
Seja
homem ou mulher
É
moléstia perigosa
Dá
até em criancinhas
Transmitida
pelo esperma
Ao
óvulo, coitadinhas.
Não
se pode mais fazer
Sexo
como antigamente
Pois
o risco da tal Aids
É
pra todo tipo de gente.
Perigo
que ronda a todos
Venham
de onde vier
Não
escolhe cara ou cor
Ameaça
quem sexo fizer.
É
mal mui perigoso
Perigo
mais que cruel
Mata
sem piedade
Faz
do sexo doce fel.
Pobres
doentes aidéticos
Que
têm de viver com ela
Com
este vírus perigoso
Que
faz deles sentinelas.
Mata
aos poucos, sem piedade
Leva
a vítima à loucura
E
a maldita até agora
Continua
sem sua cura.
Deixo
aqui o meu conselho
Cuidado
com seu parceiro
Não
deixe que façam você
Sumir
nas mãos de um coveiro.
Não
pratique o bom da vida
Com
qualquer pessoa não
O
perigo é muito grande
E
é pouca a solução.
Use
sempre camisinha
Quando
for fazer amor
Ver
cara sem ver coração
É
caminhar para o horror.
(10 de março de 1987).
SOCIAL - EDUCAÇÃO
Diploma
(corrigida – concurso)
Quando
criança esperamos
Que
chegue o tempo do estudo
Esta
coisa que será
Em
nossa vida tudo.
Na
idade certa vamos
De
caderno e ABC
Lápis,
borracha, merendeira
Pra
escola aprender a ler.
Estudamos
o dia inteiro
Mas
nos intervalos paramos
Vamos
para casa almoçar
E
logo em seguida voltamos.
À
noite podemos dormir
Após
terminar os deveres
Para
outra vez levantarmos
E
voltarmos aos afazeres.
E
assim se passam os anos
E
finda o Ensino Básico
Depois
de anos de estudo
E
de exercícios práticos.
Nesta
caminhada toda
De
estudo e prejuízo
Não
ganhamos muita coisa
E
quase perdemos o juízo.
Gozamos
os dias de férias
Estudamos
o ano inteiro
Fazemos
tudo pra passar
Pra
não perder o dinheiro.
Ao
passar vamos direto
Do
Básico para o Médio
Mais
uma vez estudar
Agora
no Curso Médio.
Quatro
anos de penar
De
fome e perda de sono
Cansado
de trabalhar
E
estudar morto de sono.
Se
não perdermos um ano
Em
pouco tempo se finda
Mas
ainda temos tempo
E
temos que estudar ainda.
Durante
o Ensino Médio
Mais
uma etapa a trilhar
São
três longos anos longos
Para
acabar de estudar.
Aí
então finda-se um ciclo
E
um Diploma recebemos
Papel
que não nos serve
Se
"pistolão" não temos.
De
nada serviram onze anos
De
estudo e sacrifício
Porque
quase nunca podemos
Desempenhar
nosso ofício.
Se
não tivermos revólver
Ou
mesmo um grande bombão
Pra
conseguir um trabalho
Ficamos
todos "na mão".
Para
termos colocação
Diploma
não vale não
Só
teremos se pudermos
Dispor
do tal "pistolão".
São
longos anos sofridos
Que
de nada valem não
A
menos que tenhamos certo
E
perto um bom "pistolão".
O
que temos na cabeça
Pra
viver não tem valor
Só
vale com pistolão
Com
palavra de Doutor.
Ninguém
mede o teu QI
Para
te dar algum valor
Você
vale o que disser
O
pistolão, que é doutor.
Hoje
em dia é besteira
Um
indivíduo estudar
Porque
estudo não serve
Nem
pra se trabalhar.
Não
se preza a cultura
Não
se preza o saber
Só
se preza os conchavos
E
as chaves do poder.
O
estudo anda esquecido
E
por todos relegado
Hoje
em dia é só "pistola"
Pra
se tornar empregado.
Por
isto temos os burros
Que
chamamos ‘pistolão’
E
mais tantos outros burros
Que
comandam a nação.
(16
de junho de 1987).
SOCIAL
PROJETO
30 ANOS DE POESIA
Mulher da vida (corrigida – concurso) (Publicada
no livro “Amor, Sublime Amor”)
Foste
tu que me ensinaste a viver
Levaste-me
a conhecer o mundo
Deste
amor de aprender, de prender
Louco
deixaste-me no caos profundo.
Esta
vida não é nada, nada boa
Mas
transforma cada pedacinho
Mostra
ao homem a beleza toda
De
viver como um passarinho.
Vive
a vida bela – tua vida
Vive
a vida feia – minha vida
Transforma
meu sofrer em tua ferida.
Perfuma-me,
enfeita-me para o mundo
Deixar-te-ei
só, partirei pra viver
Devo-te
tudo, e vou me esquecer.
(25
de agosto de 1989).
SOCIAL - IRÔNICA
Amor Incondicional (corrigido – concurso)
A
esta mulher que gosto
Dou
o beijo único que beijei
O
beijo que beijei milhares
O
amor que para outras dei.
Dou
o calor que é único
Único
no abraço a inúmeras
O
amor já amado e gasto
Que
revive novamente casto.
Repetição
de atos passados
De
vidas tantas vezes vividas
Engano
que engana feridas.
Iludo-me
na origem e confundo
Esse
amor que penso ser único
Que
amou e amará o mundo.
(25 de agosto de 1989).
SOCIAL
A você, sociedade capitalista
Que só preza o dinheiro, que almeja cifra, que dá glórias ao Poder
Econômico, que repudia ao Ser Humano como gente, que é e que dá aplausos,
beijos, abraços (mesmo fingidos) àqueles que possuem bens materiais, deixo
aqui, não o meu grito, pois você não é digna dele, mas o meu gemido de
desprezo, meu olhar de escárnio, meu gesto de repúdio, meu desprezo total.
Fique com teus bens materiais e com teus bens "duráveis" que
só são permanentes na tua ganância de ajuntar mais e mais; fique com o teu
aroma que só não fede enquanto houver dinheiro por perto; fique com tua beleza
e singeleza que só existem aparentemente, com tuas cifras; fique, mas não conte
comigo para o aplauso nem para reforçar teu poder.
Se me quiser, valorize mais o ser humano, o sentimento, o bem precioso
que é a amizade.
(09 de outubro de 1986).
AMOR
Amor
É um sentimento que nos deixa louco ante às várias facetas que
apresenta. Ora é bom, ora legal, ora ruim, ora antipática.
Muitas vezes vemos as duas faces do amor, ao mesmo tempo e amamos e
odiamos a pessoa sem entender a dualidade e o contraste existente entre dois
sentimentos tão distintos.
(07 de setembro de 1986).
Tudo o que é feito no Brasil para minorar os problemas que asfixiam aos
humildes, é feito de forma paliativa, e não de forma contundente. Não querem
melhorar as condições de vida da população, apenas anestesiar ao sofrimento e
abafar as reclamações.
Aos fortes, doçura;
Aos fracos, loucura.
(22 de fevereiro de 1987).
SOCIAL
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Ando alguns metros e vejo o brasil:
De cadeira-de-rodas, surdo, mudo, cego, raquítico, aleijado, faminto,
frágil, subnutrido, sem esperanças, abandonado, marginalizado, despido,
rejeitado, cansado, suado, preocupado, mal informado, sem cultura, sem
educação, sem instrução, de pernas tortas, atropelado, sofredor, fustigado,
devedor, desvalorizado, desajeitado, destituído de direitos, sobrecarregado de
deveres, quase morto...
Ando mais alguns metros e vejo outro BRASIL?
Com as pernas fortes, boa audição, falante, olhos bons, gordo,
atlético, farto de comida, forte, bem alimentado, esperançoso, bem guardado, no
centro das atenções, bem vestido, procurado, perfumado, descansado,
despreocupado, bem informado, aculturado, bem educado, com pernas bem feitas,
atropelando, feliz, fustigando, credor, valorizado, ajeitado, destituído de
deveres, com mais direitos que os demais, muito vivo e radiante de saúde.
brasil: eu, tu, nós
BRASIL: os todo poderosos, políticos, elite.
(25 de outubro de 1986).
SOCIAL
Movimento matinal
Praça Rui Barbosa, Jequié/Ba, 07:50 hs
Pessoas apressadas
Correm para a lida
Será que isto transformará
A morte deste mundo em vida?
Ônibus lotados
Policiais fardados
Estudantes rumo às escolas
Pedintes a implorar esmolas...
Tudo se movimenta:
Lojas são abertas aos poucos
Como se não quisessem
Atrair fregueses.
As farmácias vão se abrindo
Consultórios médicos também
Hospitais, clínicas
Motoristas de ambulâncias, todos
Fingindo procurar a saúde para o povo.
Apenas as formigas fazem a vida
Sem plantar, nem correr
Apenas colhem gramas dos jardins
E a reproduzir o mesmo ritual
Anos e anos a fio.
Taxistas em seus pontos
Vendedores espertalhões
Vitrines bem arrumadas
Para atrair atenções.
Tudo corre, como louco
Mas para onde irão?
Que futuro nos espera,
Para que tanta ilusão?
O povo se ilude
E sabe que é iludido
Mas fingem não saber
E ficam quietos
A sofrer no mundo cão
Esperando o amor e a paz
Que jamais chegarão.
Anseiam boas melhoras
Pedem a todos que não chorem
Alegram-se com as vitórias
Mas não têm a moratória
Da peste que causa dor.
(24 de novembro de 1986).
AMOR
Maria Meire dos Santos
Vou contar para você
O que quero agora e já
Quero pegar uma doença
Para nunca mais curar.
Quero uma tuberculose
Para nunca mais curar
E também um grande câncer
Para logo me matar.
Quero uma pedra no rim
Mas uma pedra bem grande
Uma que tenha dois quilos
Quero que você me mande.
Quero uma catarata
Com um metro de grossura
Pra ficar cego pra sempre
Sem ver mais a formosura.
Quero uma perna aleijada
Para andar de muleta
E de cadeira-de-rodas
E andar como perneta.
Só não quero é ficar
Longe de ti, meu amor.
(23 de novembro de 1986).
IRÔNICA
Dona Marcelina Basila Cruz
Dona Marcela Galega
Cuidado com a tua vida
Porque senão dona Marcela
Vou quebrar tua cancela.
Vou quebrar tua canela
Vou te dar um bofetão
Vou te dar uma paulada
Vou quebrar teu narigão.
Se tu não quiser correr
Vou te dar um pontapé
Vou quebrar tua cabeça
E vou partir o teu pé.
Te darei uma paulada
Bem em cima da cabeça
Vou quebrar o teu nariz
Mesmo que tu não mereça.
(23 de novembro de 1986).
SOCIAL
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
1986 - Ano Internacional da Paz
Paz Mundial
(Pragmatha)
Abalou-se toda a terra
Muitos temem nova guerra
Muitos fogem para serras
Procurando a paz mundial.
Muitos gritam de alegria
Para esconder tristezas
Outros lutam pela vida
Para esconder suas fraquezas.
Todos temem os abalos
Que por certo aqui virão
E procuram melhorar
A nossa imensa ilusão.
Todos anseiam a paz
Uma paz pra toda gente
Alguns choram pela mesma
Outros ficam até contentes.
Esperando a sua chegada
Todos ficam a brigar
Para conseguir um pedaço
Desta paz que não virá.
(24 de novembro de 1986).
REFLEXÃO
Vida
Me fascina
Me alucina
Me ensina que a experiência
Não torna uma pessoa mais vivida
Nunca a primeira experiência é a única
Ou a última
Nunca se chega ao fim deste processo
Evolução, mutação, transformação
Nunca um fim estático?
Nunca um ponto final?
Não, nunca. E por isto a vida é linda
Fascinante, maravilhosa, vida.
(30 de novembro de 1986).
Crianças
Alegres, sorridentes, falantes, descontraídas, ariscas,sapecas, olhares
brilhantes, gestos de paz, sinceras palavras, corridas de amor, rostos felizes...
(23 de novembro de 1986).
AMOR
Minha doce perdição
(Maria Meire dos Santos)
Por ti sofro males incuráveis
Passo por momentos impensáveis
Tenho minha vida encurtada
Pra te dar um pouco do meu ser.
Jogo fora tudo o que possuo
Pra ficar somente com o que presta
Para te agradar com o meu nada
E te conquistar minha grande destra.
Musa inspiradora da verdade
Da verdade que por ti eu sinto
Da verdade que pra ti não minto.
Sentimento este que atormenta
Que me rasga e me mata de paixão
Dando me loucura e razão.
(16 de fevereiro de 1987).
AMOR
Meu amor Maria
Na fraqueza do meu ser
Procuro me confortar
Procuro não perceber
Que vivo só pra te amar.
Sinto o peito apertando
Sinto lágrimas nos olhos
Mas me seguro com força
Não deixo molhar meus olhos.
Com a minha poesia
Procuro me aconchegar
Para que o sofrimento
Não venha me machucar.
Mas nem palavras me ajudam
Nem a poesia me conforta
Não me calo neste mundo
Mesmo que te veja morta.
Te espero eternamente
Quero muito te amar
Não te deixarei em paz
Nem se você me matar.
Tenho o peito amordaçado
Tenho a boca amarrada
Mas não calo neste mundo
Vivo pra você, amada.
Tenho você no pensamento
Tenho você na ilusão
Tenho você no firmamento
E também no coração.
Meu amor por ti não acaba
Meu ardor por ti não apaga
Meu calor por ti me afaga
Meu desejo não me larga.
(21 de fevereiro de 1987).
HOMENAGEM
Senhor Josué e Família
Cheguei apreensivo
Por causa da surpresa
Mas logo me acalmei
Por causa da fineza
Com a qual fui tratado
Como uma realeza.
Senti-me à vontade
Na casa de vocês
Todos são legais
E cada um é cortês.
Muito grato fico
Porém preocupado
Porque pagar não posso
Ao trato dispensado.
(18 de fevereiro de 1987).
HOMENAGEM
Camacã/BA
És simples e grandiosa
Tens flores e espinhos
Igual às belas rosas.
Curvas sinuosas
Lombadas quase íngremes
Meninas cheirosas.
Singular no tamanho
Imensa no valor
Terra de bons brasileiros
Berço de paz e amor.
Gente simples e acolhedora
Pessoas de estima enorme
Recebam meu afeto fraterno
Para quem vive e para quem dorme...
(18 de fevereiro de 1987).
REFLEXÃO - RELIGIOSA
Onde Deus está?
Há quem diga que meu Deus
Está lá no céu sentado
Mas eu digo pra você
Que ele está em todo lado.
Há quem diga que meu Deus
Está na mão de Seu Pai
Mas eu digo que meu Deus
Está onde você vai.
Há quem diga que meu Deus
Está longe deste mundo
Por considerá-lo porco
E até certo ponto imundo.
Há quem diga que meu Deus
Longe do nosso mundo está
Mas eu digo que meu Deus
Está aqui e em todo lugar.
Há quem diga que meu Deus
Não tem vida e já morreu
Mas eu digo que meu Deus
Já levantou-se e viveu.
Há quem pense que meu Deus
Só existe nos altares
Mas eu digo que meu Deus
Está em todos os lugares.
Muita gente pensa que
Meu Deus não está vivo
Mas eu digo que meu Deus
Vive como eu estou vivo.
Todos os que pensam errado
Vivem sem acreditar
Que Deus vive aqui
E também em acolá.
Eu sei que o meu Deus
Existiu e sempre existe
Sei também que o meu Deus
Nunca me deixará triste.
O meu Deus está aqui
E está em todo lugar
Aonde quer que eu esteja
O meu Deus sempre estará.
Sei que Deus não deixa nada
E ninguém sem proteção
Sei também que Deus nos dá
Sempre e sempre a sua mão.
O meu Deus está aqui
Pois eu sinto a Sua presença
Sinto algo a tocar-me
Sinto em mim Sua
presença.
Quando ando tenho Ele
E também quando respiro
Tenho Ele quando durmo
Tenho Ele quando suspiro.
Ao deitar Ele está comigo
E ao levantar também
Tenho Ele ao meu lado
No xingar e no amém.
Tenho Deus em toda parte
Tenho Deus na minha mão
Tenho Deus aqui ao lado
Tenho Deus no coração.
O meu Deus é o meu ar
O meu Deus é minha mão
É a vida que eu vivo
Ele é meu coração.
(16 de setembro de 1985).
SOCIAL
Produção
Ao meu lado, passa correndo, o mundo
E eu aqui, imóvel, semi-parado
Produzindo? Sim, produzindo
Porém, regado a salário mínimo, mirrados frutos.
Mirrados frutos é o produto
Trabalho árduo para progredir
Para dar vida ao meu belo país
E eu ficando aqui, a regredir.
Jamais pensei um dia ser assim
Eu, humildemente trabalhando
Comendo pouco e pouco bebendo
Para dar vida a quem está me matando.
Errado eu sei que isto tudo está
Mas nada posso diante dos mandantes
Se protestar, fico sem minha ração
Não posso ficar sem produzir nem por um instante.
Perco minha saúde em nome de um progresso
Passo necessidade em nome de uma ordem
Porém, com os frutos do meu trabalho
Só vejo eles produzirem desordem.
Se eu morrer a poucos interessa
Porque pra mim, terá substituto
Mão-de-obra farta e barata
Não merece nem um segundo de luto.
Talvez me digam "deixe de revolta"
Mas sei bem o motivo do conselho
Se não produzo e induzo alguém a isto
Prejuízo eu imponho a algum fedelho.
Então eu fico sem saída pra escapar
Se correr morro sem ao menos ter vivido
Se viver, morro, ainda que vivendo
Então eu fico imóvel neste mundo sofrido.
(21 de fevereiro de 1987).
AMOR
Maria Meire dos Santos
(encontro de 19.09.1986)
Teus beijos foram como mel
A minha boca foi adocicada
Quando você, como eu queria,
Beijou-me com tamanha vontade.
Senti teu calor em meu corpo
Invadindo e me eletrizando todo
Senti teu perfume, teu cheiro
Teu gosto, teu amor...
Fiquei ainda mais louco
Quando pude te abraçar
Encher você de beijos
Afagos, carinhos, carícias, delícias...
Não me contive e você também não
O que nos deixou felizes, loucos um pelo outro
Ansiosos por possuírem-se mutuamente
Loucamente, eternamente, sem barreiras...
Te amei e você me amou grandemente
Fui além do que imaginei realizar-se
Possuí você por poucos minutos
Que ficaram cravados na água e no fogo.
Esquentei-me além do limite do frio
Esfriei-me, depois, como o fogo eterno
Fui ao céu e fui ao inferno
Amando você e te odiando ao mesmo tempo.
(23 de setembro de 1986).
AMOR
Maria Meire dos Santos
Procuro em mim defeitos
Procuro em mim detalhes
Procuro em mim trejeitos
Que me dêem explicação
Para o teu direito
De me rejeitares...
Não encontro nada
Nada significativo
Fico perturbado
Afinal, eu não estou vivo?
Então, por que me rejeitas
Não passo no teu crivo?
Não me respondes bem
Nem me dás explicação
Para a rejeição
Esta coisa ruim
Que tanto mal me faz
Que corta meu coração.
Desejo você demais
Nas noites e nos dias
Só penso em você
Sou o teu vigia
Sei o que tu fazes
Não sei tuas fantasias.
Teu sonho quero ser
Ou mesmo o pesadelo
Ao menos eu teria
Você o tempo inteiro
Chorando ou sorrindo
Conforme o meu zelo.
Animo-me em poesias
Transformo-me em sonhos
Carrego fantasias
Vivo só risonho
Pensando em ter um dia
Teu amor medonho.
Triste estou agora
Alegre estou também
Só quero te agradar
Só quero o teu bem
E mesmo que eu morra
Digo a Deus "amém".
Te quero eternamente
Te amo com doçura
Te tenho todo o tempo
Minha doce loucura
E mesmo o teu desprezo
Para mim não é coisa dura.
Te amo ardentemente
Te quero com ardor
Desejo te dar tudo
Te dar o meu amor
Sofrer teu sofrimento
Clamar o teu clamor.
(16 de fevereiro de 1987).
AMOR
Maria Meire dos Santos
Cada hora que passa sinto que morro um pedaço
Cada minuto transcorrido é para mim um infinito
Cada segundo não tem medida nem tamanho para comparação.
Tento deixar que o vento leve meu sentimento
Tento jogar ao léu tudo o que se passa comigo
Mas, como castigo, cruel, me sinto impotente para aceitar
Sinto-me impotente para aceitar viver sem ter você comigo.
Afasto-me da realidade e mergulho de cabeça em sonhos e fantasias
Penetro cada vez mais num mundo que não conheço
Fico pairando no ar da indecisão de te esquecer
Indeciso se devo ou não continuar insistindo em te querer.
Desejo cada vez mais tua presença e teu coração junto ao meu
Desfiguro-me em lágrimas, ao perceber que teu amor por mim morreu
Não tenho foças para enfrentar nem meu próprio olhar no espelho
Então fico a bailar numa nuvem de dúvidas e incertezas que me deixam
louco.
Desdobro-me em vários seres para atrair tua atenção
Viro-me ao avesso para te agradar
Faço o que não gosto para te conquistar
E não recebo nada além de ingratidão.
És ingrata comigo por não me amares
És ingrata contigo por não permitires que me ame
Pagarás pelas dores que por tu eu sinto
Mas pagarei as dores por ti para te livrar do sofrimento.
Por favor, minha amada, não me ames
O amor nos faz perder a razão e a ética
Não, jamais tente me amar nem a ninguém mais
Pois o amor não é fruto do mal nem do bem.
Jamais ame uma pessoa que não goste do você, como eu fiz
Nunca pense em se amarrar em alguém, jamais
Fique solitária para sofrer por não ter um amor
Pois somente assim sofrerás com menos intensidade, a dor.
Ame a si mesma e não deixe o sentimento te dominar
Finja que não gosta de pessoa alguma
Pois só assim terás felicidade e paz na vida
Somente agindo assim, terás a verdadeira paz terrena.
(21 de fevereiro de 1987).
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