sábado, 22 de agosto de 2020

Livro Todos os Poemas da página 2413 até página 2518

Antologia Todos os Poemas

Valdeck Almeida de Jesus

Parte 17

 

Versões atualizadas e outras nem tanto


 

O amor é hoje

 

e me dói isso

esse entendimento

esse hoje

esse eterno hoje

e me preenche também

e me dá fôlego

para outro hoje

outro eterno hoje

pois o amor é eterno

quando é sempre hoje

 

para Syd Samuca

(Corrigido por Márcia)

 

 

 

 

 

 

 


 

Salvo pelo umbigo

Fez um chá de maconha, viu o umbigo de Cristo e se curou da loucura.

 

Promessa quebrada

Subiria no Redentor de joelhos. Só deu pra ir até ao umbigo de Cristo. Caiu e morreu.

 

Sexo dos anjos

Beijou boca, ombros, braços, tórax. Não havia o que beijar abaixo do umbigo de Cristo.

 

 

Poema erótico

Meu teu, teu meu, meu teu, teu meu... Tell me: foi bom pra você?

 

 

São Paulo 1

Vista do céu O horizonte é tudo o que temos.

 

São Paulo 2

Poesia concreta: Mar de prédios...

 

Consciência leve: voo sem asas.

 


 

Agora eu choro só

 

O modelo não me atrai,

Porque artificial

O alternativo não me seduz,

Porque programado

No meio ou do lado

Ou na extremidade

Permaneço no sonho

E no ideal

Esperando a banda passar

Será que serei um velho feliz

Sorridente ou ranzinza

Reclamão e mal humorado?

 

 

 

 

 

 


 

Dá vontade de andar só

Assim, não tenho do que reclamar

Ninguém pode se queixar

Cultura, Arte, Literatura

Dança, Teatro, Escultura

Circo, Artes Plásticas

Pintura, Artes Visuais

Leitura, Livro, Artes Virtuais

Dá vontade de andar só

Assim, ninguém será culpado

Nem receberá aplausos

Nem tomate, nem pedrada

Fotos em redes sociais

Com careta ou sorridente

Não reclamarei mais

Não beijo nem abraço

Nem resenho nem comento

Se cair, que quebre a cara

Se quebrar, que fique a marca

Dá vontade de andar só

Não fazer nem consumir

Nem mídia nem anonimato

Na cidade ou no mato

Dá vontade de andar só...

Eles são bichinhos

de zoológico

não sabem mais

caçar nem pescar

correr não morrer

sobreviver

em dificuldade

Eles são sensíveis

frágeis

e quase ingênuos

Mentes brilhantes

e corpos frágeis

qualquer gripe

qualquer tapa

ou empurrão...

Eles são bichinhos

de estimação.

 

Genebra, 01 de maio de 2013

Observando pessoas atravessando a rua

 

 

 

 


 

Dez motivos para não matar

(Galinha Pulando)

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

 

Por que matar um americano

que passa embaixo da marquise?

Por que matar um chileno que está no táxi?

Por que matar um alemão sentado na grama?

Por que matar um bretão que está na padaria?

Por que matar um grego que está dormindo?

Por que matar sírio que está jantando?

Por que matar um afegão que está sorrindo?

Por que matar um brasileiro que está na praia?

Por que matar um norueguês que está beijando o filho?

Por que matar um esquimó que está pescando?

Porque matar é a forma mais fácil de não conviver com a diferença.

 

Le Capitole Hotel, Genebra, 01 de maio de 2013


 

Meu filho

 

Quantas noites você

ficou com medo

de dormir sozinho

e eu não estava perto

não pude te abraçar

e te acolher

Quantas noites você

me quis por perto

e eu, bem longe

não percebi

tua carência

Quanto tempo mais

não terei a chance

de te proteger

 

12 de maio de 2013 – Dia das Mães


 

Minha religião não permite

(Galinha Pulando e Facebook)

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

 

Você é diferente

É negro

É branco

É mulato

É sarará

É loiro

É mulher

É homem

É criança

É adulto

É adolescente

É idoso

É índio

É africano

É europeu

É asiático

É americano

É da Oceania

É da Antártida

É gente

Minha religião não permite

Desculpe

Tenho que te discriminar

Amém!

 

Valdeck Almeida de Jesus

19 de maio de 2013


 

Jurutonfa de infusão cura até dor de corno

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

 

Me contaram a boca pequena que esta planta rara nasce em lugares inóspitos
Ela prefere paredes de prédios altos ou galhos de plantas não comestíveis
Cresce uns dois a três centímetros e depois as folhas caem
O ciclo de vida não dura mais que quatro a cinco semanas
Vida adulta ela enrijece e hiberna por seis meses
Daí se renova e começa tudo de novo
As folhas precisam estar verdinhas, verdinhas
Duas a três já são suficientes
Uma infusão em um litro de água e pronto
Um copo por dia e a cura chega a cem por cento
Não tem olho gordo nem inveja
Maledicência ou tramoia, nada te pega
Guarda o segredo e pense firme
Tudo vem e a paz te acompanha
Estou à procura da cura faz tempo
E acho que estou perto de encontrar

Trabalhar para comer = capitalismo

 

Eva culpada = machismo

 

Sexo-Pecado = religião

 

 

 

 

 

 

 


 

Faz um ano que tenho me sacrificado por algumas causas. E tenho obtido resultado. Mas em outros aspectos, dou voltas ao redor de mim mesmo. Em breve vou iniciar um novo ciclo em minha vida. Mesmo que tenha que perder muito do que já conquistei.

.

Vou tirando máscaras e cascas de mim... virando borboleta e voltando ao casulo para virar borboleta de novo. É o processo doloroso da evolução.

 

 

 

 

 

 


 

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

Teoria da vida

Não me venha com

lembrança

Missa de Sétimo Dia

Na vida eu aprendi

Viver não tem teoria

Nada rima com nada

Nem precisa poesia

Não me venha com

lembrança

Missa de Sétimo Dia

Pois a lágrima de sangue

mancha tudo e escurece

o que temos que doar

é carinho todo dia

pois a breve vida breve

quando menos se percebe

já se foi não vai voltar

por isso peço de novo

minha gente e meu povo

Não me venha com

lembrança

Missa de Sétimo Dia

Pois a vida é ao vivo

E não rima com teoria.

Valdeck Almeida de Jesus

14 de abril de 2013


 

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

 

Do que precisa um ser humano

de um tiro e ser jogado

na ribanceira?

Casa, comida, segurança,

Escola, médico e carinho?

Talvez um pouco de atenção

Meia hora de afago

Um abraço afetivo

Um olhar de outro ser

Quem sabe droga,

Quem sabe, facada

Quem sabe ser esmurrado

Sangrar na calçada

Do que precisa um ser humano

Para se sentir amado

Presença, ausência

Companhia ou sexo

Uma cidade, um Estado

Do que precisa um ser humano

Apenas alguns minutos

Que lhe mude o rumo da vida

E lhe  tire da depressão

Quem sabe um tiro, uma facada

Quem sabe uma Constituição

Um aperto um abraço

Um braço, uma perna, uma mão...

Valdeck Almeida de Jesus.

Aeroporto de Salvador, 28 de abril de 2013


 

Escurinho do cinema

(Galinha Pulando)

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

 

Noite ou dia

Acompanhado ou só

Friozinho ou não

No telão é melhor

Fim de semana

Dia de trabalho

De buzu, taxi

Ou de carro

No shopping

Praça, avenida

Faculdade

Ou na vida

Legendado, nacional

Estrangeiro ou dublado

Em várias dimensões

Ou no trivial

Tem que ter pipoca

Levei biscoito

Comi pãozinho

Testei torrada

Até paçoca

Não tem jeito

Cinema não tem rima

Ou só rima com pipoca...

 

Salvador, 27 de maio de 2013


 

Chegando a hora de morrer. Toda noite eu morro. Amanhã é dia de nascer e começar tudo de novo.

 

 

Vendo

(Publicado no livro Trilhos de minha trilha – 2017)

 

VENDO um avião 809-700 com duzentos lugares. VENDO um apartamento de cobertura com cinco quartos e piscina de 200m quadrados. VENDO uma Mercedes i800 com ar, direção e alarme. VENDO um terreno de 4 mil metros quadrados. Da minha janela estou vendo muito coisa.

Inspiração nessa oficina:
Escritas em Trânsito, na oficina “O que fazemos quando fazemos poesia”, de 17 a 19 de dezembro de 2012, ministrada por Carlito Azevedo, promovida pela Coordenação de Literatura da Fundação Cultural do Estado da Bahia, unidade da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia




 

 (Para Antologia Portugal Minerva 3)

Anos atrás eu procurava corredeiras, caminhos, vielas, aeroportos

 

Agora procuro sete palmos de terra, onde eu possa fechar os olhos e

 

esperar a eternidade me cobrir de limo e esquecimento

 

Uma lápide, com ou sem epitáfio, sem cruz nem saudades

 

O caminho que busco é a quadra e o lote onde repousarei

 

ali, tão perto e tão distante de todos. A poucos passos da estrada

 

mas, ao mesmo tempo, um lugar onde ninguém me visitasse

 

nem lembrasse que um dia eu existi.

 

 

02 de junho de 2013 - Vitória da Conquista-BA


 

Dizer poemas ao vivo

Dizer poemas ao morto

Dizer poema ao ereto

Dizer poema ao torto

Dizer poemas a todos

Ao corpo, ao mato

Dizer poemas, de fato

De tripa, de bucho

Quando digo poemas

Me estrebucho

Rebusco, busco, e nada

Dizer poemas ao tudo

Dizer poemas ao nada

Ao vento, ao lento,

Ao rápido, ao coxo

Ao tetraplégico

Ao paraplégico

Dizer, simplesmente

Poemas, aos ouvidos

E ao ouvido

Ao ouvinte, ao andante

Dizer poemas ao cambaleante

Ao delirante, ao poeta

Ao Pós Tudo, ao Pós Lida, ao Pós Nada!

 

Sebo Porto dos Livros – Salvador, 06 de junho de 2013


 

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

 

A água que lava a água

A água que lava o chão

Leva para a minha amada

Recado pro coração

 

Diz a ela que meu sonho

De viver com emoção

Já se foi na enxurrada

E virou só ilusão

 

Lavei a alma e a cara

Joguei tudo para cima

Esqueci a poesia

E apaguei toda rima

 

Diz a ela que há outra

E que eu estou sozinho

Não quero amor nem amada

Nem paixão e nem carinho

 

Oficina Escritas em Trânsito

Fundação Cultural do Estado da Bahia - Allan da Rosa

Salvador, 06 de junho de 2013


 

(Para Antologia Portugal Minerva 3)

 

Se água não sobe escada

Pedro não vai pro céu

Vou fazer arquitetura

E fazer um escarcéu

Vou dar voz e vou dar letra

Se ligue na minha treta

Vou pintar minha cara toda

Na cabeça boto um véu

Com escada ou sem escada

Do inferno vou pro céu

Vou subir ao Paraíso

Com escada ou sem escada

Eu nunca fui indeciso

Me ouça meu camarada

Eu farei o que preciso

Pra chegar nessa quebrada

 

Oficina Escritas em Trânsito

Fundação Cultural do Estado da Bahia - Allan da Rosa

Salvador, 06 de junho de 2013

 


 

Emoldurar para o amor durar

Se já não brinco mais soltando

palavras ao vento em bolhas

de sabão

Se liberto apenas palavras

de madeira, de rocha e ferro,

de pedra e chão

Preciso talhar cada uma

a ferro e fogo e emoldurar

pra não ferir nenhum coração

 

Oficina Escritas em Trânsito

07 de junho de 2013 – Allan da Rosa

 

 


 

Poesia Gera Poesia

Chama Chama Chama

 

Sou uma prostituta

da língua

não tenho rima,

métrica, sílaba,

verso,

sou uma prostituta

da língua, obedeço

e pronto

Minha moleta pra vida

está em secreta fonte

Onde encontro guarida

Pra trepar atrás do monte

Escondido dos olhares

E de dedo que me aponte.

 

 

 

 

 

 


 

A água que lava a água

A água que lava o chão

Leva para minha amada

Recado pro coração

 

Diz a ela que meu sonho

De viver com emoção

Já se foi na enxurrada

E virou só ilusão

 

Lavei a alma e a casa

Joguei tudo para cima

Esqueci a poesia

E apaguei toda rima

 

Diz a ela que há outra

E que eu estou sozinho

Não quero amor nem amada

Nem paixão e nem carinho

Dizer poemas ao vivo

Dizer poemas ao morto

Dizer poemas ao ereto

Dizer poemas ao tordo

Dizer poemas a todos

Ao corpo, ao mato

Dizer poemas, de fato

De tripa, de bucho

Quando digo poemas

Me estrebucho

Rebusco, busco, e nada

Dizer poemas ao tudo

Dizer poemas ao nada

Ao vento, ao lento,

Ao rápido, ao coxo

Ao tetraplégico

Ao paraplégico

Dizer, simplesmente

Poemas, aos ouvidos

E ao ouvido

Ao ouvinte, ao andante

Dizer poemas ao cambaleante

Ao delirante, ao poeta

Ao pós tudo, ao pós nada, ao pós lida

 

06 de junho de 2013, Sebo Porto dos Livros


 

Das coisas que são mais

Um sotaque que não entendo

Uma sonoridade na voz que não conheço

Um olhar sonhado, imaginado

Gestos ao abrir a geladeira

Andar pela sala, ir à cozinha

Descer a escada, subir ao sótão

De nada disso entende Santo Antônio

Ninguém pede um amor ordinário

Mas é disso e de menos ainda

Que é feita a vida dos casais

E Santo Antônio não sabe disso

Nem entende os pedidos dos mortais

 

Para Syd

11 de junho de 2013 – Casa de Tereza – Sarau Prosa e


 

Poesia

(Corrigido por Márcia)

Do gueto viestes

Ao gueto voltarás

Seja rico ou seja pobre

Mediano ou avesso ao mundo

Do palácio ou chão imundo

Ao gueto tu voltarás

Seja rico ou seja pobre

Cada um com seu quilate

Quanto vale e quanto pesa

Quando ora ou quando reza

És do gueto e é ao gueto

Que é teu canto e teu lamento

Com intento ou sem intento

A ele tu voltarás

 

11 de junho de 2013 – Casa de Tereza – Sarau Prosa e


 

Poesia

Meu fogão virou poesia

 

Não sei pra onde se foi

Se cozinha em banho Maria

Mas troquei o meu fogão

Por uma bela poesia

 

Era novo o equipamento

Nunca tinha sido usado

Foi-se embora para sempre

Ainda na caixa embalado

 

A poesia foi publicada

Falando de minha mamãe

Que foi homenageada

 

Em casebre ou em palácio

Vê-lo ir pra todo sempre

Foi difícil, não foi fácil

 

Oficina de criação literária com Bruna Beber

Fundação Cultural do Estado da Bahia – 12 de junho de 2013


 

Saudade: teu futuro é estar presente no meu passado.

 

Valdeck Almeida de Jesus – Oficina de criação literária com Bruna Beber

Fundação Cultural do Estado da Bahia – 13 de junho de 2013

 

 

 

Facebook: No princípio era o livro. Veio o verbo em inglês e o livro fez-se book

 

 

Fastio: ofereceram um cozido ao guloso, após comer um peru assado, dois pratos de feijoada e uma bacia de salada. Ele respondeu: faz, tio, que eu como.


 

Terra Sem Lei – I

 

Segunda-Feira: brigou por seu lugar na fila do elevador.

 

Terra Sem Lei – II

 

Terça-Feira: impaciente com o frentista, alterou a voz.

 

Terra Sem Lei – III

 

Quarta-Feira: foi xingado no trânsito por uma pedestre fora da faixa.

 

Terra Sem Lei – IV

 

Quinta-Feira: o dentista adiou o tratamento com uma desculpa esfarrapada.

 

Terra Sem Lei – V

 

Sexta-Feira: fingiu não ouvir a sirene da ambulância pedindo passagem.

 

Terra Sem Lei – VI

 

Sábado: não leu o pedido urgente de sangue tipo: o seu.

 

Terra Sem Lei – VII

 

Domingo: ficou esperando a mãe voltar das compras. Ela não voltou nunca mais.

 


 

É um contrassenso este mundo. Eu acho que os saberes são válidos, com ou sem diploma. Mas temos que nos submeter a esta nova máquina de controle para poder se candidatar ao mundo do capital e ser valorizados pelo que acumulamos. Mas a saída ainda é esta mesma, estudar. E conquistar riquezas e não viver ou viver para enriquecer os outros.

 

 

 

Tudo o mais: uma voz ao fone, palavras cadenciadas,

sotaque de uma terra distante, acento forte em uma letra

aqui ou ali, falar do coração, sentir o calafrio no corpo,

ter borboletas no estômago..

 

Nem precisa ver a pessoa, nem precisa estar perto,

nem precisa ter visto ou conhecido pessoalmente...

 

Santo Antônio não sabe o que é isso. Nem quem faz pedido

ao Santo Casamenteiro.

 

Valdeck Almeida de Jesus

11 de junho de 2013

 

 

 

 

 


 

Poste Iço

 

Copio e colo

Reflito, como espelho

Vou no curso

Que me empurra

E aceito

Não reflito

Não sou espelho

Sou contra

Sou a favor

Sou indiferente

Mas copio

Mas colo

Sem pensar

Estou no fluxo

E no refluxo

Afinal

Sou postiço

 

Valdeck Almeida de Jesus

15 de junho de 2013


 

Quem não gosta de aparecer ou finge que não gosta, nem devia entrar em rede social.

Quem não gosta de opinar nem ouvir opinião contrária, não devia abrir a boca.

Quem não gosta de ser criticado, nem devia criticar, mesmo sem dizer uma palavra.

 

Viver é fácil. Morre, também. Basta um clique e você mata a possibilidade de o outro postar em teu mural ou marcar teu nome nas publicações.

Mas é bem mais fácil ser hipócrita ou posar de bom samaritano.

O difícil, mesmo, é ser sincero. Mas as postagens e as cutucadas denunciam tudo.


 

Manifestações Populares no Brasil em 2013

 

Tudo isso, no Brasil e em outros países, é o resultado de políticas neoliberais e do capitalismo sem freios, que prioriza tudo, exceto os seres humanos. Felizmente, nem todos estão com a mente e o raciocínio deteriorados. Felizmente ainda há pessoas de carne e osso, que reage e que tenta mudar o curso da história. Eu ouvi de uma pessoa "se não estiver bom para todos não está bom para ninguém". É o sentimento de pertencimento das pessoas, que querem se sentir parte do mundo em que habitam, querem proteger os direitos de COMER, MORAR, SE LOCOMOVER. Num sistema capitalista como o que domina o planeta, esses direitos são para poucos. Aqueles que se acham os donos do mundo não sabem a força que bilhões de pessoas possuem. É lamentável que o mundo tenha chegado a este ponto, de as pessoas precisaram apelar, partir pra violência para mostrar que estão sendo oprimidas. Espero que haja tempo para acordos, para conversas e para paz. Alguns países como Espanha, por exemplo, em que o ETA lutou com terror por vários anos, sentiu e pagou um preço que poderia ter sido evitado. As multidões estão soltas. Está na hora de os governantes do mundo, ONU e outros organismos internacionais abrirem os olhos.


 

Fragmento de um dia de sol

 

E passei vários anos

olhando pela vidraça

as gotas caindo

sem fim

e todas se

espatifando

no chão

e eu olhava

e sorria

e cerrava os olhos

e fitava a janela

e via a chuva

cair do outro lado

destruir a cidade

arrastar meus sonhos

e eu atrás da vidraça

olhando a chuva cair

 

30 de junho de 2013


 

O toque do sino

 

O dia raiou

E a vida me chama

O badalar ecoa

E a vida me chama

Caminhar à toa

Sem saber

Nem querer

Ou vou

E o toque do sino

Num longo ecoar

Então anuncia

O meu funeral

 

30 de junho de 2013


 

Aconchego

 

Tudo o que busco

é relaxar

cada dia

e cada noite

num lugar diferente

desconhecido

onde eu possa voltar

se preciso

 

30 de junho de 2013

 

 


 

Nem sei

O que me invade

ou se invade

nem sei se sou eu

ou se é você

nem sei se amo

mais a mim que a você

só sei que é bom

lhe ver bem

 

Para Syd

02 de julho de 2013


 

(Corrigido por Márcia)

Hoje fui xingado

 

“Seu viado,

Velho gagá

Idiota

Você ‘tá’ cego,

Disgraaaça?

Sai da frente,

Imbecil!

Ôoo, filho da puta!

Retardado...

Maluco, babaca!

Vai dar o cu,

Hoje fui xingado

Esculhambado,

Como se eu

Não fosse terrestre

Hoje fui xingado

De puta, de peste

Apenas porque

Dei vez a um pedestre...

 

Salvador-BA, 15 de julho de 2013


 

Sabores de cheiros

 

Sonhos alimentados

A pão e vinho

Ideais, utopias

Horizontes e núvens

Gela o corpo

Treme a alma

E tudo que me acalma

É saber de ti

Se triste, se vivo

Se bem ou dormindo

Os sonhos me embalam

Não deixam que calem

No peito o pulsar

Sonhar e preciso

E viva o sonhar...

 

Para Syd

10 de julho de 2013


 

(Corrigido por Márcia)

O anjo voou

 

Pra longe

Sem deixar recado

Nem sinal

Em outros cantos

Estradas

Caminhos

Passou a andar

Sorrir, voar

 

Para Syd

Salvador-BA, 14 de julho de 2013


 

(Corrigido por Márcia)

Deus Morreu

 

Quebrou-se o espelho

e tudo fez sentido

Imagem

e semelhança

outrora valiosa,

agora, mera

lembrança

Deus morreu

e com ele

levou pecado

morte e

ressurreição

remorso e perdão

Deus morreu

Restaram cinzas

e o homem

que se libertou

 

Salvador, 16 de julho de 2013

Tradução de SYD

 

 

"tradução: esse vento que eh vc eh uma incóginata, não dá para saber como vc eh de verdade,

nem de longe, nem de perto.

Este eh o VC verdadeiro, interno, que não da pra mudar... esse vento-vc pode atropelar tudo: sentimentos, amizades, conquistas etc e ir embora, devastando o mundo...

.

mas ao mesmo tempo eh um vento suave, capaz de acalmar um elefante, um touro bravio, uma onça faminta...

vc eh o oposto de si mesmo, lindo! Escorregadio, arredio, medroso, e ao mesmo tempo tempestuoso, cheio de certeza de si."

 

Salvador, 2013

 

 

 

Facebook (25 de julho de 2013)

Para uma miragem que povoa meu imaginário faz anos... que nem sei se é imagem ou invenção, se é sonho ou ilusão de minha mente. Esta miragem sabe de mim e de muito mais...

 

Syd Sean Dizem que as miragens são reflexos de luz ...Se é assim,deixa essa luz de guiar ...

 

 

 

 

SYD:

essa onda essa maré esse vento esse mar revolto e tranquilo essa onda marola vento mar brisa

28 de julho de 2013

 

 

 

"Não desenhe na areia, perto da maré; pinte em ouro, prata, coloque onde quiser; coração, emoção, de tão forte pode quebrar; de preferência, entregue-o a quem deseja cuidar."

 

 

Valdeck Almeida de Jesus

 

 

SYDJogo da Memória (Marcar SYD nas linhas) (Proposta de Márcio Santos no Facebook)

Salvador, 25 de julho de 2013

 


 

Meu pai chegando da roça, com roupa surrada, cara de cansado, cheiro de mato, os bolsos cheios de balas. A pobreza não impedia que ele comprasse, toda semana, um punhado de bombons na venda de “seu” Julio.

 

Eu e minha irmã Valquíria disputando um velotrol quebrado, no casarão onde hoje é o Edifício Mansão Avenida. Ali, minha mãe passava, toda semana, para pedir esmolas. Para evitar que os dois filhos se matassem, ela dizia que meu pai traria um velotrol novo, de São Paulo, quando ele voltasse do tratamento de saúde.

 

Eu olhando pelo vidro traseiro do fusca que levou meu pai para a fazenda onde minha mãe e meus irmãos estávamos morando. Nada de velotrol. Trauma para a vida inteira.

 

Lembrança de cenas do livro “A insustentável leveza do ser”, de Milan Kundera: a mulher andando nua pela sala, peidando...

 

Gabriel García Marques e os vários personagens com mesmo nome, em Cem anos de solidão... que viagem.

 

Vinho, vinho, vinho, na casa de Nilson Galvão. Bebi tanto que não peguei minha sacola, por mais que eu olhasse para o objeto e prometesse, a mim mesmo, que não a esqueceria. Fazer o que?

 

Repetir a leitura de “Alice”, livro infantil, na época da alfabetização. Lia e relia, na escola. Depois, passava de ano. E pensar que eu um dia estaria adulto.

 

15ºC na Rua XV de Novembro, centro de Sampa, indo pra estação de metrô da Sé, tarde a noite.

 

Eu e meu filho Valdeck Jr chegando ao aeroporto de Salvador, esbaforidos, para viajar para Sampa. Primeira viagem dele, com seis ou sete anos de idade. Pensando que iria ver aviões, me perguntava o tempo todo, dentro do avião: Pai, cadê o avião que tu disse que ia me mostrar?

 

Correndo nu pela praia do Cristo, em Ilhéus, à noite, sem medo de pisar em espinhos ou cair num buraco. O que não faz uma garrafa de vinho e uma fantasia na cabeça.

 

São João em São José do Jacuípe-BA, conhecida como Cuscuz, discutindo a relação, enquanto o povo bebia, dançava e se divertia.Sexo na beira da estrada, com medo de algum conhecido passar e flagrar. Jacobina-BA, terra do ouro, bar Missão, andanças por rios de emoções. O tempo não volta, mas a imaginação faz rodopios.

 

Sonhos e mais sonhos com um holograma que foi impresso em minha pela dos neurônios. Utopias nos atraem para continuar vivendo. Sem essa luz que nos guia, meu caminhar não teria sentido.Roubando revistas em quadrinhos na biblioteca da casa da sede da fazenda. Leitura, devolução e novo roubo. Nem tudo que é ilegal é imoral.

 

Prosas, Poesias, Lidas e Pós Lidas, Sarau de Onça, Sarau de Gente, Red Rivers, e o mundo gira. Cada passo pode ser o último. Mas continuo a caminhada.

 

Oficinas de Escrita. A cada lição, uma certeza e uma incerteza. Eis a questão.

 

Skyline Pigeon, de Elton John, viagens no tempo e no espaço. Música tem o poder de teletransportar até pensamentos.

 

Primeiro poema publicado em papel, numa antologia. Homenagem à minha mãe. Para publicar, vendi o fogão da família, com o consentimento de mamãe. Amor e poesia nem rimam, mas são escritos com os mesmos sentimentos.

 

Esperar que a vida me presenteie com uma garrafa de vinho, duas taças e uma companhia.

 

Carpe diem.- Oi, como vai?

- Beleza.

- Tem notícia de "X"

- Não soube, não? Se aposentou.

- Por quê? Eu sabia que ela estava doente, mas não achava que era grave.

- Alienação mental. Proventos integrais. R$ 27.000,00, sem desconto de Imposto de Renda.

- E ela recorreu?

- Claro que não. Só se ela fosse maluca.

- (Risos). Ela ainda está solteira?

- (Risos)...

 

 

 

 


 

A vida é um teatro, em que estamos, todos, representando múltiplos papéis, alguns deles com duplas máscaras e personalidades. Esse medo da 'cara limpa' é justificado e poético. Afinal, quando encontramos a verdadeira pessoa, o encanto pode se quebrar. Mas na essência estão as pessoas sem máscaras.Quero bombar na mídia

 

Não me interessa aprender uma arte, perder tempo com minúcias, detalhes insignificantes. Sair de casa para uma atividade qualquer, na comunidade, favela, bairro, praça ou ong. Não quero nem me interessa participar de governo, empresa particular ou grupos de artistas ou baderneiros. Não penso na possibilidade de investir tempo e esforço em aula, curso, produção artesanal ou industrial de qualquer coisa. Isso tudo é um atraso de vida. Até me imaginei abraçando pessoas de verdade, ouvindo suas queixas e caminhando junto, para aprender e passar experiência, mas logo me curei dessa insanidade. Onde já se viu um ser iluminado descer a tão baixo degrau que não leva a lugar algum. Quero mesmo é aparecer, ficar famoso, e que se danem os ideais, as regras de boa convivência, a ética. Quero meu espaço na mídia, mesmo que seja por quinze minutos. Depois, será o depois. Não existe ostracismo nem vida fora da mídia. Quero viver, quero ter muitos fãs e viver de aplausos. Afinal, viver a vida real não é para seres humanos.


 

No escurinho do cinema

(antes do filme começar)

 

Você ‘tá’ muito barrigudo. No começo do nosso namoro você não era assim.

É porque quando eu ia conversar contigo eu murchava a barriga. E também porque eu ‘tava’ apaixonado pela minha ex, sofrendo, perdi peso.

Era melhor você continuar apaixonado por ela, porque dinheiro não é tudo. Tem que se cuidar.

 

Outra coisa: você precisa tirar férias. Você ‘tá’ muito nervoso, eu vi como tratou a empregada ontem.

Mas quem vai tomar conta da empresa? Você? Aquela empregada maluca?

Não precisa ser agressivo. Você pode contratar outra pessoa, mas não tão bonitinha como Márcia. É concurso de beleza, é?

Não. Mas outra vez contratei uma feia que também não dava conta do recado. E mulher tinha duas presas enormes e um cabelão, parecia uma leoa. Mas nem um arroz sabia fazer...


 

SYD (Título abaixo: Dividido entre dois amores)

 

Torn between two lovers

Dividido entre dois amores

 

 

I love life and love you as well

Eu Amo a vida e amo você também

 

 

It's imposible to hold both (life and you)

É impossível ter os dois (vida e você)

 

 

But I want to live each one

Mas eu quero liver ambos

 

 

And, as strange as it could be

E por mais estranho que possa parecer

 

 

I'd rather prefer to leave life (or die)

Eu preferiria deixar a vida (ou morrer)

 

 

If it would be imposible to love you

Se fosse impossível te amar

 

 

Drinking Wine

Writing Poetry

And thinking of You

 

 

Bebendo vinho

Escrevendo poesia

e pensando em você.

 

 

1º de agosto de 2013, Pós Lida, Praia Sebo dos Livros, Barra, Salvador, BA

 


 

Minha Equação

 

Dividido entre dois amores

Eu Amo a vida e amo você

É impossível ter os dois (vida e você)

Mas eu quero viver ambos

E, por mais estranho que possa parecer,

Eu preferiria deixar a vida (ou morrer)

Se fosse impossível lhe amar,

Bebendo vinho

Escrevendo poesia

e pensando em você.


 

(Corrigido por Márcia)

Último pedido de quem sofria de labirintite: carimbar no meu caixão “Transportar na vertical”.

 

Zarabatana de ti, sinto ânsia de vômito azul e meu coração se alegra com tua saudade.

 

Um matiz de azul me lembra teu casado e causa disritmia na minha alma.

 

Disritmia de mim, disritmia de ti, disritmia de nós: zarabatana azul no coração.

ÀS NO VOLANTE

Cortou, costurou, xingou motoristas, perdeu o senso e a direção. Depois, se espalhou em pedaços no asfalto.

 

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

A pomba-gira girou, girou, girou, girou e pousou na cabeça de Maria, que ficou grávida.

 

REPULSA

Veio em minha direção, não sabia quem era nem perguntei. Vi nos olhos uma pergunta e um receio. Ele viu nos meus um medo. Ambos trazíamos na alma preconceito e discriminação e nos afastamos sem nos conhecer.

 

Cansado de ser vegetariano comprei um peixe carnívoro. Alimentei ele com plantinhas, caí no erro e fui devorado pela comida que comprei pra ‘mim’ comer.

 

Arrependido de matar um leão por dia pra matar a minha fome, um dia comprei um leão pra ‘mim’ comer.

 

Conheci minha mãe. Conheci meu pai. Conheci minha mãe e meu pai. Conheci minha irmã mais velha e meu irmão mais novo. Perdi minha mãe. Perdi meu pai. Perdi meus irmãos. Conheci meu filho. Me perdi de eu filho. Não conheci o avô de meu pai. Não conheci o avô de minha mãe. Não conheci a avó de meu pai. Não conheci a avó de minha mãe. Não conheci os avós dos avós  nem os avôs dos avôs, de meu pai e de minha mãe. Não me conheci.

 

PASTA

Na frente, atrás, em cima, embaixo, entra e sai, cospe, enxágua, dente escovado.

 

 

 

"No meio do caminho tinha um metrô. Tinha um metrô no meio do caminho. E eu queria passar, circular pela cidade, conhecer o subúrbio e o centro, mas tinha um metrô no meio do caminho."

 

 

Sabe aquele dia que você está querendo falar com qualquer pessoa na rua, na madrugada fria, escura e perigosa? Qualquer copo de cachaça é conforto, qualquer trago de cigarro é aconchego...

São Paulo, 15 de agosto de 2013

Valdeck Almeida de Jesus

 

 

 

SYD

Acostumei-me com tuas manias, bafo, humor, gostos, sonhos, planos, traumas de infância. Chorei junto, sorri, aplaudi, senti falta, procurei no meio da multidão, fiquei com raiva, pedi perdão, conversei todos os dias, dormi esperando você chegar a qualquer momento. Fiz poesia, ouvi lamentos, vibrei com tuas vitórias, torci pelo êxito de tua vida, ajudei-te nas horas difíceis, estive presente quando necessário. Terminei tudo, reatei. Neguei tua existência em mim e a minha em ti. Só não pude te prender nem te soltar, pois ainda não te conheci.

Valdeck Almeida de Jesus, 10.08.2013


 

(Corrigido por Márcia)

 

...e se entregou à primeira que encontrou. Amou e se sentiu amado. Ao fim da noite desejou eternizar o momento. Foi-se embora, não perguntou o nome e pagou o programa.

Deitado no chão da praça

Em frente à igreja,

Eu ouvia um canto sagrado

Na boca de pessoas comuns

Enquanto os coqueiros

Bailavam nas paredes

E o cachorro se espreguiçava

Com o carinho de Diego

E a noite passava

E a vida passava

E eu seguia sonhando

Que o mundo é pequeno

E fácil de entender

 

Cartagena de Indias

17 de agosto de 2013, 01h da madrugada

 


 

Restaurante Kokoriko

 

Restaurando minhas forças

Pra aguentar a cirurgia

Que vai me separar da Colômbia

Morri ao sair de Cartagena

Vou morrer de novo

Ao partir de Bogotá

Ao menos levo na barriga

E também no coração

Um pedaço desta terra

A beleza de seu povo

O sabor de sua comida

O álcool da cerveja

O gosto da galinha

O cheiro desta terra

Ao menos levo isso

E assim posso lembrar

 

Aeroporto de Bogotá, 18 de agosto de 2013, ouvindo A-há: Cry Woolf. “I’ll be gone, in a day or two...”

 


 

Saída de Emergência

 

Não há caminhos

Nem passagens secretas

Todas as portas e janelas

Se fecham

Atrás de mim

Não há passaporte

Nem visto especial

Não há convite

Nem saída de emergência

A saída é seguir

Não se apegar

Esquecer o caminho

Pois retorno não há

Não posso fugir

Nem posso ficar

Nem choro nem vela

Vão me segurar

Nem mesmo qu’eu queira

Não posso parar.

 

 

Bogotá, 18 de agosto de 2013, Aeroporto Internacional

 


 

Troco conquistas

Por uma vida pacata

Numa vila qualquer

Perdida no mato

Ao pé d’ua montanha

Sem luz e TV

Aonde se possa

Ouvir cachoeira

Silvar de uma cobra

O mato crescer

A noite chegando

E o amanhecer

Os sons do universo

Trazendo você.

 

Bogotá, 18 de agosto de 2013, aterrizando de volta de Cartagena

 


 

De Jequié a Tunja

 

Se fosse possível mudar de país, aprender uma nova língua, conhecer outra história, viver uma outra vida, sobreviver a uma guerra, sentir novas emoções, abrir o peito e plantar sentimentos diversos; se fosse possível morar nas ruas, esperar o tempo e a incerteza do amanhã; se fosse possível acordar com a chuva no rosto, proteger as roupas e documentos e sorrir da fome; se fosse possível quebrar laços com a família e amigos, abandonar o trabalho e os planos; se fosse possível ter vinte anos de novo e sonhar com um futuro, desabar todo dia e se levantar esperançoso, brincar de chutar bolas de pedra, recolher cachorrinhos órfãos e tomar emprestado mochila e pente; se fosse possível tocar flauta na rua pra ganhar uns trocados incertos; se fosse possível fumar maconha pra passar a dor de cabeça e mandar à merda as convenções e tudo o que me disse o Padre; se fosse possível esperar por alguém que não vai chegar nunca mas esperar assim mesmo; se fosse possível não ficar triste ou raivoso quando não tiver o que comer; se fosse possível falar com todos os estranhos como se fossem velhos conhecidos; se fosse possível tudo isso, nem assim eu seria outro, pois para fazer mudanças não se pode ser covarde.

 

Bogotá, 18 de agosto de 2013

 


 

Chegar e partir

 

Não dá pra medir

Qual situação

É mais sofrida

Se na chegada

Com o medo

Do encontro

Ou na partida

Com medo de perder

Chegar e trazer

Emoções vazias

Ficar e preencher

Tuas noites e dias

E depois se afastar

Com o corpo pesado

Alma repleta

Sem querer separar

Sem querer se partir

 

Para Diego, Cartagena, 18 de agosto de 2013, 13:30h, taxiando

 


 

Caminhar em Cartagena

 

Só faz sentido, só faz sentir

Se for contigo, sem entender tua língua

Andar em círculo

Perguntando ao povo

Qual meu destino

Sem mapa, sem referência

Sem te conhecer

Mas com a certeza

Que posso confiar

No caminho de um estranho

Ser guiado por aí

Sem saber pra onde

Caminhar em Cartagena

Só faz sentido

Se houver entrega

Esquecer o tempo

E se não souber

Para onde ir

Sem saber a hora

Sem saber a rua

Se vou ver de novo

Se vou me perder

Se vou me achar

Para Diego, Cartagena, 18 de agosto de 2013, da janela do 6º andar procurando teus rastros

 


 

Menino Poeta


Vejo uma criança de vinte anos
pulando pelos planetas
como se fossem bolas
enfileiradas ao redor
da Praça de Bolívar
em Cartagena de las Indias
Vejo um menino
brincando na chuva
para se proteger
da noite fria
que se aproxima
Vejo que as lágrimas
que choro por dentro
molham o chão e a rua
inundando meu ser
Vejo os acordes
de uma flauta indígena
cortando meu peito
e me dando adeus
Vejo a chuva parar
e a flauta agora
atrai os ouvidos
de todos ao redor
E me despeço
do menino-poeta
que voa pra longe
pois este menino
nasceu pra voar...

Cartagena de las Indias, 17 de agosto de 2013

Para Diego. Noite úmida e chuvosa

 


 

No puedo creer

 

Que la vida sea tan rápida,

Que três dias se pasen

Como un segundo

Que antes que abra los ojos

La luz haya cambiado al oscuro otra vez

 

No puedo crer

Que la puerda del pasado

Se cierre tan veloz

Que parte de mi si quede aquí

Y que la outra mitad se vaya contigo

 

No puedo crer

Que los dioses sean tan malos

Que si divirtan veendo

Que yo y tú seamos apartados

Para que yo mi encuentre en Salvador

Y tú te encuentres en Tunja

 

 

Cartagena, 17 de agosto de 2013

Para Camilo Zambrano

 


 

Desapegar é morrer aos poucos

(Publicado no Galinha Pulando)

 

Talvez seja o mais dolorido dos exercícios, porque rasga e sangra a alma. Passamos a vida nos acostumando com o nascer e o pôr do sol, os dias se repetindo e as emoções se amalgamando umas sobre as outras. A cada novo encontro, uma nova conexão e um outro apego se plasma.

À medida que a vida avança, o tempo se encarrega de marcar nossa alma com tatuagens de emoções e lembranças. As más experiências nos acompanham, assim como os melhores momentos vividos. Ambos se aprofundam em nossa memória e nos preserva e adverte para escolher melhor os caminhos a seguir.

Esquecer ou tentar esquecer é, também, esquecer e tentar esquecer de si mesmo, querer mudar o passado, se uma outra pessoa. E como ser uma outra pessoa no mesmo corpo, com o mesmo cérebro, com as mesmas recordações? Parar de pensar, encher a mente com novas experiências e outras imagens, seguir caminhos incertos, buscar novos destinos ou morrer aos poucos, apagar os rastros da caminhada.

E quando acordar desta jornada, não se reconhecer mais no espelho, perder os laços afetivos que nos tornam humanos e descobrir que o desapego doeu mas te deixou, também, um pouco insensível e um tanto perdido.

 

Cartagena, 17 de agosto de 2013

 


 

Cual pajaro ciego

Vuelo na oscuridad

De tus ojos

Em busca de mí alma

Encuentro árboles

Cortadas, camiños destruídos

Esperanzas perdidas

Corazón cerrado

Mientras recorro

Tu cuerpo

Tu cierra los ojos

Y me hace prisonero

Ahora estoy ciego

Y perdido de amor

 

São Paulo, 19 de agosto de 2013, 05:00h, aterrissando de volta de Bogotá.

 

 

 


 

Assim como

A neve se derrete

E se converte em rio

Para não morrer

Eu me converto

Em lágrimas

Para molhar este chão

E regar uma planta

Que pode nascer

De minha emoção

Ao menos um sonho

Uma esperança

Eu posso deixar

 

Bogotá, 18 de agosto de 2013

 


 

Morri hoje

E ressuscitei ontem

Hoje cheguei

Ao Brasil

Ontem estava

Em Bogotá.

 

Salvador-BA, 19 de agosto de 2013

 


 

Hoy, habíto la calle...

No es la primera vez que lo hago

Ni tampoco creo que sea la última.

No es tan malo pasar la noche en vela,

en calles desconocidas donde parece

Sólo suelen rondar mosquitos de afiladas trampas

y molestos serpenteos.

No, no es tan malo como parece,

aunque estos de a poco succionen mi piel

y me impidan estar quieto.

No es tan malo vigilar que de noche,

entre el aire estancado, el tempo

plasme su recorrido sin afanes,

no, no es tan malo como parece.

No hay razón para lamentarse de algo

cuando las causas de dicho evento

son intenciones de si mesmo, conscientes e inconscientes.

No hay derecho de escribir al revez

esta situación que no acongoja

pero que se vuelve extenuante.

No hay revez que brinde algún derecho.

De todas formas, no puedo evitar el miedo

que congela mi pecho aún en calorosos escenarios

y lo que no logro saber es el motivo de ese miedo,

la cura que lo mece con tanto amor.

 

 

Hoje, hábito a rua ...

Não é a primeira vez que eu faço

Nem eu acredito que seja a última.

Não é tão ruim passar a noite acordado,

em ruas desconhecidas, onde parece

que só rondam mosquito de garras afiadas

e voos irritantes.

Não, não é tão ruim quanto parece,

embora eles pouco a pouco piquem minha pele

e me impeçam de ficar parado.

Não é tão ruim perceber que de noite,

entre o ar estagnado o tempo

plasme o seu curso sem cuidados,

não, não é tão ruim quanto parece.

Não há razão para reclamar de nada

quando as causas disso tudo

são intencionais em si mesmas, consciente e inconsciente.

Não tenho direito de descrever ao oposto

esta situação que me aflige

mas isto já está tão cansativo.

Não há como mudar o incômodo em algo tranquilo.

De qualquer forma, eu não posso evitar o medo

congelando meu peito, ainda que eu esteja numa cidade calorenta

e o que eu não posso saber é a razão desse medo,

desse berço que tão amorosamente me embala.

 

Miguel Anjel Alba

 


 

Réu Primeiro

 

Quero matar o meu

Seja faca ou seja tiro

Assassino eu não sou

Mas matar tenho direito

 

Quero matar o meu

Eliminar outro corpo

Mas não vou para prisão

Não quero ser preso não

 

Se matar somente um

Pra cadeia eu não vou

Sou primário iniciante

 

Matar dois é secundário

Matar um só é primário

Quero matar o meu

Mas não quero matar vário

 

Salvador, 22 de agosto de 2013


 

Nada sobra

Sobre a mesa

Sobre a sobra

É sem nome

Sobre a mesa

Sobre a fome

Comem tudo

E me comem

 

Oficina de poesia com Paulo Henriques Britto

Salvador, 22 de agosto de 2013

 

Sob o sol da meia noite

Minha pele se enrijece

Minha alma se evapora

Coração se entristece

Sob o gelo sentimento

Sob a pele que me aquece

Não há roupa que me esquente

Nem polícia que me ‘impece’

Não há muro nem verão

Não há vaga nem há vão

Não há sobe nem há desce

Sob o sol da meia noite

Minha pele enrijece

 

Oficina de poesia com Paulo Henriques Britto

Salvador, 23 de agosto de 2013

 

 

 

 


 

DesercarnaCÃO

 

Quanto mais fujo do inferno

Mais acordo em Salvador.


 

No meio da pedra

Tinha um homem

No meio do homem

Tinha uma pedra

Nem pedra

Nem homem

No meio da pedra

Não tinha nada

No meio do nada

Não tinha homem

No meio do homem

Não tinha nada

Tudo era uma imagem

 

Oficina de poesia com Paulo Henriques Britto

Salvador, 23 de agosto de 2013

 


 

...e

em silêncios e teclas

te respiro

imagino o encontro

e suspiro

e adiamos

mais seis anos

em tela e plasma

te desenho

na memória

e em cheiros

e em sons

te imagino

e em sonhos

eu te vejo

e te sonho

e amanhã

à mesma hora

na internet

reencontro-te

entre silêncios e teclas...

 

Para SYD

Oficina de poesia com Paulo Henriques Britto

Salvador, 23 de agosto de 2013

(Corrigido por Márcia)

 


 

O meu perfil no Facebook é meu.

Aqui eu posto o que quiser e corro riscos.

Não posto nada no perfil alheio.

Não proíbo que postem no meu.

Quando não gosto, excluo.

Se não gostarem, excluam.

Meu direito termina onde começa o seu.

E a recíproca é verdadeira.

 

Sábio Chinês - Ano 13 depois de Mim.

 

 

 


 

Não tenho medo de cubanos

Quanto mais misturar, pensadores, filósofos, médicos, escritores, pintores, escultores, melhor. O mundo é globalizado e as sempre quiseram isso. Agora que a oportunidade de intercâmbio, real, chega, parece que as pessoas estão com saudades dos muros de berlins, dos muros das palestinas, querem muros de coréias separando os atlânticos e os pacíficos... o ar que respiro não sei de onde vem..

 

E, complementando, o brasileiro médio (do analfabeto ao grande intelectual pós-doutorado nas diversas sourbonnes da vida) possuem o mesmo quilate de auto-depreciação. Na minha opinião, somos gênios, mas não acreditamos nisso.

 

Não sei porque tanto medo de cubanos ou espanhóis, se a gente está cercado de carros alemães, sanduíches americanos, perfumes franceses, telefônicas itálias móbiles, aprendemos inglês nas escolas, usamos calças jeans, veículos japoneses etc. etc. É um contrassenso proibir UNS, enquanto OUTROS já invadiram nosso território há muitos e muitos anos, inclusive com direitos que eram restritos a brasileiros.

 

Valdeck Almeida de Jesus

Salvador-BA, 31 de agosto de 2013

 

 

 


 

Já violei os dez mandamentos e não me aconteceu nada.

Vou fazer a tábua dos meus mandamentos e os violarei também.

Não vou para o céu, pois não tenho asas.

Não vou para o inferno, pois não sei cavar buraco.

Não vou flutuar, pois não sou tão leve assim.

Não vou desaparecer no ar, pois tenho pedras nos rins.

 

Valdeck Almeida de Jesus

30 de agosto de 2013


 

"Fazer Poesia e Ficção na Bahia", título do evento gratuito promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, aconteceu hoje às 20hs, no Teatro Solar Boa Vista. Na mesa, Fábio Mandingo, Karina Rabinovitz e Livia Natália. Nelson MAca Maca também, representado pelo seu trabalho. Mesa mediada pela professora Denise Carrascosa.

 

 

Karina, nascida e criada em apartamento, conheceu a rua e fez dela o seu livro aberto, onde publica, escreve, posta sua poesia; Lívia viveu os bons tempos de Itapuã, com suas lagoas, dunas e mistérios; e Fábio migrou da rua para a universidade. Caminhos diversos, convergentes para o fazer poético. Da água negra aos sonhos de pedra ou blocos de gelo ladeira acima, a poesia resiste e se faz bela, como as lições de tataravós. Parabéns a todos os participantes pelo belo exemplo de vida e por insistir tirando poesia das pedras, das águas, dos golpes da vida.

 

 

Parabéns Milena Brito por nos proporcionar encontros mágicos como este.

 

 

 


 

“Valdeck é um guerrilheiro das letras”. Franklin Maxado

 

 

Mais que um tesão, um desejo

Mais que um prazer, uma devoção

Mais que um orgasmo, um filho

Mais que um momento, uma vida

Mais que uma realidade, um sonho

Mais que uma vida, uma eternidade

 

07 de setembro de 2013

 

 

Garçom sóbrio

Quem bebe, não serve. Quem serve, não bebe.

 

 

 

Metade de mim é você

Metade de ti está em mim

Noves fora

Não há soma ou subtração

Que resolva esta equação.

 

Fortaleza-CE, 2012

 

 


 

Me apaixono em cada rosto

Me apaixono em cada esquina

Me apaixono em cada posto

Onde vende gasolina

 

Seja homem ou mulher

Moço, jovem ou coroa

Basta me olhar com carinho

Que fico logo de boa

 

 

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Me lembro que você comprou tecidos para a festa de Orixá. Depois sumiu. Eu achava que você estava recolhido e não falei pra tua mãe. Foi angustiante.

29 de setembro de 2912 – Edf. Crescenciano dos Santos

 

 


 

Poesias são

bobas bobagens

para fingir

a vida

mas ninguém se engana

27 de setembro de 2012

 

Tudo é um tédio

Absoluto

Quando não tenho

Porque estar aqui.

27 de setembro de 2012

Oficina de Criação Literária – Joca Terron

Setembro de 2013

 

 

Os sapos da pequena lagoa lhe avisavam a hora de dormir. Quando era verão e a água secava, ele sonhava com o inverno e ia cedo pra cama.

 

“Tanto busquei o anonimato que ele chegou e me senti muito só”

 

Quando ela fechou os olhos pela última vez eu não estava lá. E não pude contar minha viagem para Madri nem entregar o ímã de geladeira com a inscrição “Te quiero Mama”.

 

O dia amanhecia as vacas e o vaqueiro. Eu rezava para outra noite e outra manhã e outro copo de leite quente.

 

A memória que tinha da infância era a memória de ontem e dos quarenta anos.

 

A cada noite ele fechava uma janela do passado e a cada manhã acordava mais anônimo.

 

Em cada manhã ele apaga um passado e luta contra a memória e contra a saudade.

 

Toda vez que o telefone tocava lhe invadia uma sensação de notícia ruim. Nunca mais esqueceu a ligação do cunhado avisando que sua mãe acabara de morrer.

 

A morte sempre foi motivo de riso, chacota, piada. Até o dia em que viu pela última vez o caixão simples que levou para o fundo da Terra sua querida mamãe.

 

Nunca se apegou a amigos, familiares, lugares ou coisas. Talvez fosse o reflexo de jamais ter tido casa ou outros bens materiais.

 

Ela falava sem parar como minha mãe. Como à minha mãe eu não quis ouvi-la.

 

 


 

Marrom Inédito

sem casa

ou dinheiro

conhecia pouco

do mundo

corpo pequeno

ossos frágeis

nada sexy

sob a pele

havia

um coração

 

12 de setembro de 2013

 

 

Em cada esquina ele sopra poeira nos olhos de quem passa. Flores se dobram e roupas balançam nos varais. Leva e traz pepésis, folhas e pensamentos. Enquanto isso eu congelo na escuridão do meu quarto.


 

Fronteiriço

Pensando em espanhol

amando em espalho

sonhando em espanho

desejando em espanhol

imaginando em espanhol

querendo em espanhol

mas estou em português...

não tenho independência...

 

Valdeck Almeida de Jesus

Salvador, 07 de setembro de 2013


 

Os discursos em OFF são sempre mais inflamados e comprometidos que posicionamentos públicos.

 

 

O Facebook e outras redes sociais espelham muito bem quem diz e quem faz; quem diz que faz; quem faz de conta; quem se alinha por conveniência; quem pisa em ovos; quem é beneficiado por editais e verbas públicas sem concorrência pública; enfim.

 

 

A luta continua, solitária e ingrata!

 

 

Valdeck Almeida de Jesus

18 de setembro de 2013


 

Sol e chuva

Se abatem

Em meu peito

Sombra, neve

Vento leve

Brisa, pedra

Cinza, furacão

Maremoto

Poeira, fogo

Granizo

E tufão

E eu

Em busca

De equilíbrio

Despedaço-me

Despenhadeiro

Busco refúgio

Tudo em vão

Espero

A primavera

Inverno, outono

Meia-lua

E verão

E durmo, e sonho

Com medo

Do amanhecer

Vir me trazer

Alguma ilusão

 

Salvador, 24 de setembro de 2013


 

(Corrigido por Márcia)

Estou frágil

Terra fértil

Qualquer planta

Aqui floresce

Qualquer grito

Que me chame

Sigo a esmo

Sem pensar

Estou frágil

Sigo em frente

Pensamento

Ou chamado

Sem pensar

Quem quiser

É só chamar

 

Para SYD

Valdeck Almeida de Jesus

24 de setembro de 2013


 

(Corrigido por Márcia)

(Inscrito no Varal do Brasil 2014)

 

Sol e chuva

Se abatem

Em meu peito

Sombra, neve

Vento leve

Brisa, pedra

Cinza, furacão

Maremoto

Poeira, fogo

Granizo

E tufão

E eu

Em busca

De equilíbrio

Me despedaço

Despenhadeiro

Busco refúgio

Tudo em vão

Espero

A primavera

Inverno, outono

Meia lua

E verão

E durmo e sonho

Com medo

Do amanhecer

Me trazer

Alguma ilusão

 

Para SYD

Salvador, 24 de setembro de 2013


 

Parece impossível

 

 

Mas meu limite é feito pelo vento

 

 

Enquanto há vida, tento

 

 

Não há dor que me segure

 

 

 

Para SYD

Valdeck Almeida de Jesus

23 de setembro de 2013


 

Esperando o carteiro, que nunca traz tua mensagem...

Brigando com o Gmail, que oculta teus pensamentos...

Abrindo caixas de mensagens imaginárias, na tentativa de receber um “sim”...

Dormindo pra tentar ver teu rosto entre nuvens...

E esperando eternamente pelo teu amor...

 

Para SYD

22 de setembro de 2013


 

(Corrigido por Márcia)

 

 

Para SYD

Procurando um rumo na vida... 2014 vai me levar pra caminhos que estão me esperando. Muitos sentirão vontade de seguir junto, mas o destino é cruel com quem não se deixa levar...

 

Salvador, 27 de setembro de 2013

 

 

Estou com muita saudade... e não sei até quando aguentarei muito...

Somos humanos, bichos humanos, e precisamos dos contatos ou da falta deles e do fingimento de que somos algo mais que quilos de carne...

 

 

Salvador, 27 de setembro de 2013

Valdeck Almeida de Jesus

(Corrigido por Márcia)

 

 

 


 

Sou um pássaro sem asas,

buscando o equilíbrio

nos galhos secos das árvores.

Não posso me agarrar a eles.

Preciso voar.

Não sou anjo,

não sou águia.

O horizonte me espera,

o destino marcou um encontro comigo.

Se eu cair, não mais poderei tentar outra vez.

É uma única chance:

voar ou cair no despenhadeiro.

(Corrigido por Márcia)

 

 

 

Soy un pájaro sin alas, buscando el equilibrio en las ramas secas de árboles. No puedo aferrarme a ellos. Tengo que volar. No soy un ángel, no soy un águila. El horizonte que me espera, el destino arregló una reunión conmigo. Si me caigo, no puede más volver a intentarlo. Es una oportunidad única: volar o caer en el precipicio.


 

Tenho várias personalidades

 

A cada dia

hora ou minuto

em casa, no trabalho

em espaços largos

ou diminutos

encontro becos

saídas

esconderijos

em minhas

vindas e idas

assumo, sim

sou múltiplo

enquanto houver

vida e livros

eu me encanto

eu me LIVRO em tantos

 

Salvador, 15.09.2013

Valdeck ALmeida de Jesus

(Corrigido por Márcia)

 

 

“Alô, alô... I just called to say I miss you”.

26 de setembro de 2013 ICBA

Não quero nenhum lugar no universo da literatura. Tudo o que deveria ser dito ou escrito já foi realizado. A luta é insana e torturante, requer esforço sobre-humano para se manter visível e consumível.

Há muita cacofonia no mundo. Quero parar de ouvir, ver e sentir, me concentrar no nada, no ócio não criativo.

 

ICBA, 26 de setembro de 2013

(Corrigido por Márcia)

 

 

 

 


 

(Inscrito no Varal do Brasil 2014)

 

Sigo...

Plantando flores em jardins imaginários

Ouvindo pássaros

Seguindo trilhas de nuvens

Olhando pra trás

E enxergando portais

Sigo a caminhada

Rumo ao tudo e ao nada

Ao impossível e ao tangível

Esperando que o dia amanheça

E que a noite me embale

Em mais e mais sonhos...

 

 

Valdeck Almeida de Jesus.

07 de outubro de 2013

(Corrigido por Márcia)

 

 

 

 

 

Minha Religião:

 

 

Transecumenismo Universal do Reino de Tudo o que existe.

 

 

Valdeck Almeida de Jesus

30 de setembro de 2013


 

Ficando cansado de tudo

E não gosto disso

Da última vez

Abandonei tudo

Quase 30 anos

E não voltei atrás

Espero que isso

Não aconteça de novo

 

Valdeck Almeida de Jesus

05 de outubro de 2013(Inscrito no Varal do Brasil 2014)

 


 

Procurei Ele na cruz

e o mito se desfez

me achei só

em busca

e sem companhia

Busquei no ar

mas o vento

tinha ido

respirar alguém

Tentei as plantas

que caíram

pela natureza

Apeguei-me à fé

mas a realidade

da vida

me desbotou

Voltei à cruz

e me crucifiquei

em sacrifício

ao mito

que acreditei.

 

Salvador, 10 de outubro de 2013. 3º Encontro de Escritores Independentes e posse da diretoria da União Baiana de Escritores – UBESC. Texto produzido durante palestra da professora Zilda Freitas sobre Fernando Pessoa e o poema Ulysses.

 


 

Vou processar quem não fizer

minha biografia não autorizada

quero que devassem

mexam, invadam

vasculhem, futuquem

investiguem, fucem

bisbilhotem

remexam

cisquem

pesquisem

fuxiquem

fofoquem

exponham

espiem

procurem

escarafunchem

e achem tudo...

 

Valdeck Almeida de Jesus

18 de outubro de 2013


 

Este mar me lava os olhos e eu também sinto frio, desse esperar eterno, dessa dedicação que aprisiona e liberta ao mesmo tempo... Sinto frio de ter uma almofada que me acolha e me sirva chá na beirada da via marginal, com mar moendo areia e sentimentos, fluidificando sonhos e concretizando realidades...

 

20 de outubro de 2013 – Dia do Poeta

 

 

 

 

 


 

Eles passarão; eu, voarei...

Sem asas,

sem pernas

sem avião

voarei sozinho

somente

na imaginação...

 

 

Valdeck 20.10.2013

 

 

 

 

 

Vivemos num país democrático, federativo, republicano, guiado por Deus. A justiça é cega...E o capitalismo usa lente de aumento.

19 de outubro de 2013


 

Sem vento

 

Não há estradas

Nem caminhos

Nem curvas

Nem retas

Sem vento não há

NADA

Somente o vento

Constrói, sopra,

Empurra, dinamiza,

Inspira, incentiva

Esse vento

Mesmo morno

Ou fraco, me eleva

Aos altos céus

Da inspiração

E me dá fôlego

Para longos voos

Até o próximo pouso

Num horizonte

Que se move

Sempre...

 

Salvador, 28 de outubro de 2013

Valdeck Almeida de Jesus – para SYD

(Corrigido por Márcia)

 

 

 

Você foi a luzinha de um sol tímido no meio da tempestade... Daqui a pouco o céu da minha alma vai se abrir e logo mais toda a escuridão vai fugir pra longe de mim...

Para SYD 03.11.2013


 

Chorar é preciso

 

Fazia anos que ele não sabia mais o que era chorar, deixar cair as lágrimas quentes e grossas rosto abaixo... Não sentia vontade de morrer, nem de viver. Vivendo um tempo de anestesia, ou demência, ou desapego, ou depressão... Não sabia, ao certo, o que era uma emoção, fazia tempo... E seguia, carimbando, tracejando o mesmo percurso de casa ao trabalho e vice-versa, para a casa de uns poucos amigos e vice-versa.

 

Poesia, não mais recitava nem ouvia. Música, somente em língua castelhana, num esforço desumano para compreender as minúcias. O sonho, talvez, fosse viver um novo amor, outra história, língua, país. E sentia saudade de tudo, da angústia, da fome, da poeira que o gado fazia quando trotava em frente à sua casa, seguindo para o matadouro, tangido por vaqueiros mágicos...

 

A moda, as manchetes dos jornais, tomar o microfone e ser fotografado em eventos, e de todo o canto da sereia na mídia, que alegrava aos demais, ele corria para se esconder...

 

E andava, e dormia, e sonhava, e dizia que amava, mas nenhuma resposta do outro lado... E ele seguia, sem saber se ia ou se voltava. Mas nem o amor nem o vento lhe davam alento. Sobravam tempestades de palavras, despedidas inesperadas e a tela em branco esperando por uma mensagem qualquer, até mesmo um adeus para sempre... Mas a agonia tinha que ser perpetuada. Afinal, sem sonho, sem esperança, não adiantaria ligar o mundo na tomada no dia seguinte...

 

E depois tentou voar, mas caiu na primeira e nas demais tentativas. Escondeu-se, mas sentiu vontade de sair da toca. E as contradições humanas tomaram seu coração. Teve vontade de matar, de fugir, de dizer impropérios a todos e todas. E se negou a atender ao pedido da alma. Seguiu mais um pouco, e se perdeu, e se encontrou...

 

Para um dia de chuva de verão, meia janela aberta e uma música castelhana no ar.

Bom dia domingo, 03 de novembro de 2013

(Corrigido por Márcia)


 

Amo a mar e amo o mar. Amar, Omar... sem pegadinha

 

 

Ah, se eu tivesse coragem de falar no que estou pensando, FACEBOOK! São tantas pernas, braços, rostos, cabelos, desfilando pra lá e pra cá... e eu só de "zoim veeeeeeerde"...


 

Meu namorado não é um pênis

 

A sexualidade em mim

Só via um pênis duro

lindo, grande, grosso

entrando e saindo de mim

e foram vidas e vidas assim...

não imaginava

que um homem

podia ser apenas

um sentimento

uma alma

uma vontade

uma saudade

um querer estar junto

um desejo de amar

em você aprendi

a sublimar, sonhar

querer para além

sem que seja objeto

e mais amei

e mais desejei

e redescobri

uma nova sexualidade

em mim

 

 

Sarau da Onça, 03 de novembro de 2013


 

NOVA VERSÃO ABAIXO:

 

A sexualidade em mim

Só ansiava carne

e foram vidas e vidas assim...

não imaginava

que a vida

podia ser apenas

um sentimento

uma alma

uma vontade

uma saudade

um querer estar junto

um desejo de amar

em você aprendi

a sublimar, sonhar

a querer para além

de um ser objeto

e mais amei

e mais desejei

e redescobri

uma nova sexualidade

em mim

 

Sarau da Onça, 03 de novembro de 2013

(Corrigido por Márcia)


 

Minha arte

é botar

asa em anjo

e depois

tentar

impedi-los

de voar,

inutilmente...

 

 

Valdeck, 22.10.2013

Para SYD

(Corrigido por Márcia)


 

Tenho medo de teóricos

de gente de gabinete

tenho medo de pessoas

que vivem em gaiolas

nos mundo das ideias

tenho medo de teóricos

que não pisam na lama

que não saem da cama

que falam do que não vivem

e pregam caminhos

para quem não conhecem

tenho medo disso

das revoluções mentais

sem sal, sem açúcar

sem gosto de sangue

sem gosto de mangue

sem pé nem cabeça

 

 

Valdeck A. de Jesus

05 de novembro de 2013


 

Espírito de Porco

 

Se você não vê a postagem

ou não comenta nem curte

ou compartilha, você é

invejoso, despeitado,

ciumento;

 

Se você vê a postagem e

comenta, curte ou

compartilha, inclusive

citando o nome do

homenageado e/ou de quem

fez a homenagem (mesmo

que seja um amigo seu),

aí você é bajulador,

puxa-saco, adulador...


 

VALDECK ALMEIDA DE JESUS: O POETA DA VERDADE

 

O XI PARLAMENTO NACIONAL DE ESCRITORES

 

P arlamento localizado na Colômbia convidou

O Valdeck Almeida de Jesus por seus valores

E ste polivalente e emérito baiano se destacou

T ambém estarão neste evento outros autores

A plaudem a Raúl Gomes Jatin que nos deixou

 

D iversos paises participarão destas atividades

A li se encontrarão consagradas personalidades

 

V aldeck lerá “Memórias do Inferno Brasileiro”.

E ste jornalista, funcionário público e escritor.

R evelará ao mundo o seu talento verdadeiro

D este grande poeta tenho ciência do seu valor

A Deus peço que ilumine a sua ida e regresso

D efenda nossa pátria com seu empenho e amor

E ste encontro com certeza será um sucesso

 

José Carlos Gueta  - O POETA DO AB


 

Ele só tinha amigos heterossexuais

e não sentia vergonha

de nenhum deles

um era ladrão

outro era bicheiro

um era falsário

o outro maconheiro

um traía a esposa

com o mundo inteiro

um era traficante

outro trambiqueiro

um burlava o Fisco

outro dono de puteiro

um traficava órgãos

outro corpo inteiro

um cobrava dízimo

outro fazia dinheiro

um garoto de progrma

outro baderneiro

um explorava puta

outro era cachaceiro

um era separado

outro era fofoqueiro

ele era amigo de todos

e todos eram falsos

com o amigo primeiro

 

XI Bienal Internacional do Livro da Bahia

Livraria Leitura – 11 de novembro de 2013

 

 

Às vezes é preciso abraçar quem te machuca, se aproximar de quem te odeia, ressignifiicar sentimentos e seguir a vida... pra ser feilz

 

 

Todos nós temos defeitos. E estamos todos nos polindo um no outro. Acho que o mais importante de tudo é o trabalho coletivo que estamos fazendo, filiados ou não à UBESC, de outras editoras aliadas à UBESC, de escritores com livros publicados, de escritores que só declamam textos de si ou de outros, de cordelistas, de leitores, de amigos e amigas da literatura. O caminho está posto. Cada um dá um passo e todos andam juntos nessa caminhada.

 

Medinho bom de se apaixonar... Cada tombo, um aprendizado e a vontade de cair de novo. Ah, coração...

 

 

 

Rosana Paulo disse:

Valdeck sonhei com vc rsrsrsrs caminhávamos pela praia e eu fazia uma poesia na areia em sua homenagem:

 

Lá vem Valdeck

Com alegria

Caminhando serelepe

Ele tem alma de menino

Sem ser moleque

Com garra mudou seu destino

A poesia é sua magia

Sagrada como uma prece

Palmas para este poeta

Que ele merece!

 

Salvador, 10.11.2013

 

 

 


 

Bairro da Paz é pura poesia e coração

 

Conheci hoje uma das fronteiras desta cidade desigual. Salvador é loteada, esfacelada, murada por todos os lados. A má distribuição da renda nacional se reflete aqui de forma violenta. Enquanto prédios de trinta, quarenta andares brilham ao nascer do sol, bairros inteiros são apartados, escondidos pelos espigões. E com avenidas que mais parecem rios envenenados, como definiu Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá quando de sua visita à capital baiana, a cidade mais parece uma teia de aranha com becos, vielas, ruas apertadas, e muito abandono.


O Bairro da Paz é um exemplo desse abandono. Nascido de movimentos de invasão, a região é a cara de outras partes da capital, onde as pessoas vivem em bairros-dormitórios, viajando, literalmente, todos os dias, para trabalhar e estudar no centro e em outras localidades de Salvador. Mas o bairro não se deixa isolar. Tem uma vida própria, com um comércio movimentado, igrejas de todas as denominações, moto-táxi, restaurantes, supermercados, farmácias, barzinhos e todo tipo de estabelecimento comercial. Possui linhas de ônibus, mesmo precárias e um povo trabalhador, lutador no dia a dia desigual desta cidade desigual.


Apesar da desigualdade que se nota sem fazer esforço, o bairro vive e sobrevive como uma cidade dentro da cidade. Aliás, parece mesmo um outro lugar, uma outra realidade. Caminhar pelas ruas ainda é possível, sem o barulho de trânsito e sem a pressa da região central de Salvador, que parece caminhar sempre rumo ao esmo, com rapidez e sem olhar para os lados. No Bairro da Paz, ao contrário, o tempo dá para tudo, ainda bem. E tem muita arte ali.


Arte e educação, pessoas do lugar e de fora, que se juntam, se irmanam, em um trabalho belíssimo, como é o exemplo do Espaço Avançar, onde se pode ler livros de autores consagrados e novatos, tem oficina de música e de teatro, tem orientação religiosa e educacional, tem poesia nas gavetas, mentes e bocas da juventude.


Que tal participar do mais novo espaço poético de Salvador? Não passe a 80km por hora na Paralela sem diminuir a marcha e conhecer o Bairro da Paz e o Sarau da Paz, que breve gritará poemas para os céus de Salvador...

 

Salvador, 13 de novembro de 2013

Poesia não é pra qualquer um. O poeta já nasce, tem um dom. Qualquer um pode escrever poema, porque se aprende, mas poesia, já vem com os escolhidos, os iluminados...

 

Fonte: tema para debate, de Francisco Serrano (1912 - 2013)

 

 


 

Mídia é agora o corpo do artista. Onde nasce a obra e onde a obra se mostra. Nem precisa "ler" o que foi  escrito/desenhado/pintado/filmado/esculpido... basta a FACE, O FACE, do criador (que é a própria criatura/obra).  O rosto da obra é o próprio rosto do artista. E esta 'fome' de estar na estampa não se sacia com a simples exposição, aplauso. É necessário alimentar esta alma com doses e mais doses de droga/notícia, todo dia, todo dia, todo dia...

 

Salvador, 17 de novembro de 2013

 

 


 

A arte da vida é engolir sapos cada vez maiores, enlarguecer a goela.

Salvador, 19.11.2013

Valdeck A. Jesus

 

 

Fala demais. Promete, sugere, critica, aponta. Aí pensamos que ajudará, com sua sabedoria e seus diplomas. Após o pedido de ajuda, vai dando desculpas que "amanhã", "depois", até que você esqueça. Falar e filosofar qualquer um faz, quero ver é carregar pedra nas costas, arregaçar as mangas e partir pro trabalho bruto...

Salvador, 19 de novembro de 2013

Valdeck Almeida de Jesus


 

O "lucro" que se espera da arte e da cultura não pode ser o ingresso vendido, a escultura/livro/quadro/pintura/obra vendida (apenas e tão somente); não pode ser o retorno imediato e visível, mensurável; o verdadeiro lucro da arte e da cultura, além da dimensão econômica, é, essencialmente, a dimensão cidadã e simbólica. Com arte e cultura se transforma mentalidades e relações humanas, se conquista êxito e vitória impossíveis de mensurar com moedas ou cédulas.

 

Fonte: O pensador brasiliano - 2013

 

 

 

"Não perguntam a ele se quer ou precisa de ajuda. Não sabem como ele vive, sem doméstica ou sem esposa/escrava. Não sabem que ele trabalha um turno de sete horas seguidas, sem intervalo para almoço. Não querem saber se ele vai a um evento artístico à tarde e outro à noite. Não perguntam se quer ajuda para carregar pedras. Não se importam se ele tem bico de papagaio e hérnias de disco. Não se interessam em quebrar pedra com ele, sob o sol escaldante. Não sabem que ele não recebe nada para atuar em sua área, em prol de uma coletividade. Mas cobram, as criticam, mas sugerem que poderia assim e assado, mas acham que o espaço é pequeno, é quente, é insalubre, é frio, é largo demais, não tem segurança, não tem clientela,  não tem isso, não tem aquilo. Pensam num lucro imediato, mas desejam um atalho, uma escora, um ombro amigo... Assim é que a caravana LADRA e o cão passa".

 

Fonte: advinha?

 


 

Procura-se poeta

 

 

Paga-se bem

Para carregar

caixas de livros

nas costas

tomar sol

em feiras e praças

sorrir e alegrar

a vida de

quem precisa

precisa-se

de poeta

que saiba rimar

amor com alegria

não reclame

do salário

não me deixe

solitário

e, se precisar

me ponha

pra dormir

com canção

de ninar

 

 

Valdeck Almeida de Jesus

Salvador-BA, 25 de novembro de 2013

 

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