Antologia
Todos os Poemas
Valdeck
Almeida de Jesus
Parte
08
Versões
atualizadas e outras nem tanto
REFLEXÃO
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Quem sou eu?
(Projeto Madio Editora)
O medo me assalta
Não o medo de morrer
Mas o do preconceito
O da discriminação.
Não estou ficando louco
Mas é muito pior que isto
Pois sinto na minha pele
E sofro conscientemente.
Não adianta fugir
Pois o tempo está passando
Neste relógio de areia.
Estou sumindo muito rápido
Morrendo e andando vivo
Fingindo o não sofrer.
06 de janeiro de 1992, às 22:10 horas
CONTO
O rio tagarela
Houve, há muito tempo, em qualquer parte deste
mundo, um riozinho muito tagarela. Quando chegou um pescador e começou a jogar
o anzol na água e o rio começou a tagarelar.
- Bom dia, senhor pescador! Sinto-me feliz por
servir ao senhor, dando um pouco dos peixes que vivem em meu leito para os seus
filhos comerem. Já pegastes algum?
- Não, respondeu o pescador, chateado por ter
ficado quase todo o dia sentado, imóvel, a espera que um infeliz peixe fosse
fisgado no seu anzol.
- Isto não é problema para mim, nem para o senho!,
falou, todo fanfarrão, o rio tagarela. Vou buscar os maiores peixes existentes
no meu curso, e darei ao senhor, sem cobrar nada de especial. Só peço que não
deixes que os homens sujem minhas águas, ok?
O riozinho tagarela pegou tantos peixes que até
hoje o homem vende peixes e ainda não acabou seu estoque.
CONTO
O sapo
Eu gosto muito de sapos, quer sejam sapos enormes,
quer sejam pequenos girinos, sapinhos ou sapões.
Todos são úteis ao homem, e especialmente ao meio
em que vivem. É um ótimo comedor de insetos e de bichinhos que causam prejuízos
à lavoura, à hortinha de fundo de quintal, aos jardins, etc.
O sapo não é muito bonito, disto ninguém tem
dúvida. Mas o trabalho realizado por ele encobre todos os efeitos que
porventura existirem nele. Não possui pescoço (ao contrário da girafa), anda
pulando pra lá e pra cá. Tem uma língua compridíssima... gosta de lugares
úmidos, brejos, lagoas, córregos, rios, etc.
CONTO
O sapo
Era uma vez, um sapo muito levado e muito sapeca.
Brincalhão que só ele... Seu passatempo preferido era dar sustos em todos os
que aparecessem em sua frente, quer fossem animais pequenos ou grandes,
racionais ou irracionais.
Um certo dia, o nosso querido sapinho levou a pior.
Estava ele, como sempre, sentado à beira do rio-lagoa-lar, a esperar que alguém
passasse próximo a ele, para dar um tremendo susto e, após, soltar boas
gargalhadas e pular na água, evitando, assim, que sua vítima o atacasse.
Coitado, aquele não era seu dia de sorte. Quem
resolveu passar perto do sapo foi justamente uma cobra d’água. Ela veio,
calmamente, por debaixo da água, cautelosamente - evitando ser vista por seu
algoz - armou o bote em sua direção, pulou por sobre o sapinho. Agarrou o pobre
sapo pelas perninhas finas e escorregadias. O sapinho foi sendo engolido
devagar pela cobra. Antes de ser totalmente engolido, resolveu pregar uma peça
na cobra:
- Dona cobra, cuidado! A senhora vai morrer. Eu
bebi veneno há poucos minutos.
A cobra soltou o sapo rapidamente e correu para o
lago para lavar a boca. Enquanto isto, o sapo corria em outra direção, gritando
e sorrindo de tanta satisfação:
- Êh! Cobra boboca. Se eu tivesse bebido veneno há
poucos minutos eu já teria morrido...
Jequié, 21 de junho de 1984
REFLEXÃO
O vazio que me preenche
(Projeto Madio Editora)
Vou lotar de força grande
Vou encher de energia
Pra evitar o sofrimento
Vou traçar o meu caminho
Reto, curvo ou inclinado
Mas vou trilhar cada passo
Tentando errar pra valer
Evitando os maus caminhos
E os buracos traiçoeiros
Tentarei ver quem passa
Ajudar a quem precisa
Se possível achar a paz
Ou a morte nesta trilha.
14 de setembro de 1991
CRÔNICA
Os ‘cegos’ também veem
Eu vou contar esta história para todos vocês (que
me leem), mas não quero que a mesma seja espalhada como aquelas fofocas de
fundo de quintal... Quero que ela fique só entre nós três: Eu, Você e THE WORLD
(será que eu escrevi certo? Se não, eu quis dizer o seguinte: Eu, Você e o
Mundo.).
Aqueles três cegos estavam na porta do mercado
(tinha que ser logo na porta do mercado?), sentados, e com as mãos estiradas,
estendidas, a esperar que alguém (quem sabe se não era eu ou não era você este
alguém?) lhes desse uma moeda ou uma cédula, para que eles pudessem comprar o
que mais desejavam: um par de óculos!
Eu passei pela porta do mercado e vi que o cego
mais conhecido na cidade (o mais alto) me olhava. Ou melhor, me seguia com o
olhar (...).
Olhei para trás e percebi que o tal cego piscou
para um moleque que estava defronte ao mercado e que este moleque disparou em
minha direção e meu deu um “encontrão”, quase me derrubando o danado. Pediu
desculpas, disse que sentia muito. Só não disse o que é que lhe tinha
acontecido para sair em disparada em minha direção. Mais tarde percebi que meu
dinheiro tinha sumido do bolso. Aquele moleque tinha me roubado durante o tombo
que me deu. Imediatamente fui à delegacia mais próxima e registrei uma queixa.
Somente assim eu poderia reivindicar minha carteira, que também tinha sido
surrupiada. Imediatamente após o registro da queixa, fui ao mercado, tentar
pegar o ‘cego’, que, para minha surpresa, ainda se encontrava sentado no mesmo
local onde o tinha visto pela manhã. Mas ele nada tinha que ver com o
trombadinha. Não tinha piscado para o moleque, mas para uma garota que passava
nas proximidades. Descobri que, além de não ser cego coisa alguma, era um
propagandista de uma ótica que era instalada dentro do mercado...
LOUCOS
Os Comentários no SPC são de que o Acórdão
Engasgado no BARdeBOSA aMOREIRA não foi pago, em razão do que seu nome está
sujo na PRAÇA.
Se a REVISTA não foi recebida, não há por que
continuar pagando sua assinatura.
Se o preJUÍZO já está garantido, o “writ” perdeu
seu objeto e até hoje ainda não o encontrou. Por isto, Sting o protesto sem
enrugamento do débito.
Compre, porque o fumo é bom, Iuri!
CRÔNICA
Os Homens Hoje em Dia
Atualmente, a maioria dos homens são falsos para
com os seus colegas. Em tudo procuram enganar aos colegas, amigos, parentes,
irmãos, etc.
Não se pode confiar em mais ninguém, porque ninguém
dá motivos para que tenhamos um pouco mais de confiança em pessoas. Se morarmos
com alguma pessoa, temos que estarmos sempre de olho nesta pessoa, com medo de
sermos traídos na confiança e roubados na consciência.
Em qualquer trabalho em que se entre, temos amigos
e “amigos”, que nem sempre correspondem às expectativas nossas. E quando
correspondem, é por muito pouco tempo.
Eu sei, de plena consciência que em todo local
aonde se relacionam pessoas, temos que tomar várias precauções para não atingir
quem nos cerca e, se isto acontecer, tentar dos mais variados modos, convencer
aos feridos que não era de nossa intenção fazer tal coisa. Temos que viver
sempre nos desculpando por tudo o que fazemos e nem sempre estamos com saco
para aturar tal fato. Mas eu não me encho facilmente, não. Sempre tenho um
pouco de energia reservada para empregar em casos mais difíceis de resolver.
As pessoas que têm ou não bom relacionamento com
outras, não podem nem há permissão minha para que me atinjam, pois estou sempre
alerta para o que der e vier.
Jequié, 22 de junho de 1986
REFLEXÃO
Ouço rádio
(Projeto Madio Editora)
leio revista
escrevo poemas
penso e repenso
É dia
É claro
É cheiro de higiene
Não preciso gritar
Não preciso chorar
Estou inteiro:
Física e Psicológica
Mas aos lados,
detrás das paredes,
em cima e embaixo
dores e risos
choros e prazeres
reinam.
Clínica São Vicente, 1º de agosto de 1991
REFLEXÃO
Ouvindo o som do Universo
(Projeto Madio Editora)
Que brande forte e supremo
Fico todo arrepiado
Entrego-me a esta força
Abraço-me à energia
Sinto-me todo nas nuvens
Segurando a tua mão
Recebendo a tua força
E toda a tua alegria
Fico largo e fico estreito
Fico alegre e fico triste
Não querendo mais voltar
Para o mundo desumano
Que me torce e me sufoca
Por isto faço mil planos
De sempre estar aí contigo
Mergulhando nesta força
Que impregna o meu ser
E me faz enlouquecer
Ébrio e tonto de amor.
14 de setembro de 1991
CRÔNICA
Para promoção da FM Itapoan. Enviada dia 07.08.96
Dia dos Pais
Ao Meu Querido papai, que hoje mora no céu:
Pai, faz muito tempo que você viajou, para
muito longe. Mamãe sempre dizia para mim que você voltaria logo. Toda tarde,
todo final de semana, todo dia e toda hora, eu esperava que você chegasse,
cansado, cheirando a suor, com as mãos trêmulas, a roupa empoeirada, aos mãos
calejadas, meio triste com o pouco dinheiro que conseguia trabalhando
honestamente; Esperava eu, na minha inocência, que você chegasse, como sempre
fizera - até o dia em que viajou e não voltou mais - com o bolso cheio de
bombom, com um saco de pães na mão; Esperava eu, na minha ingenuidade, que você
retornasse do trabalho ou da viagem - sempre do mesmo jeito, sempre
cansado, sempre triste, fingindo alegria, para não me deixar conhecer a
crueldade da vida. Mas você não vem...
Tantos “Dia dos Pais” se passaram: Eu comprei um
presente para você! Está guardado até hoje. Vai estragar. Você não volta nunca!
Mamãe disse que um dia eu vou viajar e me encontrar com você, papai. Mas ela
nunca diz quando vou te ver...
Somente agora, passados muitos anos, minha mãe
abriu o jogo: você não voltará, jamais; que é eterna a sua viagem... Mas teu
presente continua aqui, te esperando. Chorei muito após saber que você não
voltará nunca mais. Chorei, não por causa dos bombons, mas por causa de você;
por causa de seu carinho. Chorei, e continuo a chorar, também, porque todos os
meus amiguinhos podem dar um presente a seus pais. E eu, nunca mais vou poder
te ver. Nunca mais vou poder te abraçar...
Mas, mesmo assim, te desejo o MAIOR DIA DOS PAIS DE
TODO O MUNDO: Onde você estiver, papai, não se esqueça que sempre estarei aqui,
na porta, esperando por você...
HOMENAGEM
Para Valdeck (Por Cleyde Galvão)
Sou um velho jovem
Jovem em ações, sentimentos
Jovem em vontades, pensamentos
Jovem das alegrias e tormentos
Jovem no tempo e sem tempo
Jovem, velho, na vida que sustento
Penso que sou jovem levando vida de velho
Penso que sou velho mas claro que sou jovem
O tempo, o sentimento, o tormento, o sustento
Me tornam um jovem velho e um velho jovem
Entre as circunstâncias que enfrento.
UESB, 21 de maio de 1991, às 21:30 horas
AMOR
Poesia à minha mãe
(19 de maio de 1991)
fim...
REFLEXÃO
Poesia da Tristeza
(Projeto Madio Editora)
Hoje recebi uma notícia
Que me deixou muito triste
Pois mexeu com minha saúde
E me deixou muito triste:
O Doutor Paulo Sobreira
Examinou-me e disse
Que eu preciso me operar
Se da vida eu gostar
E se quiser viver um pouco mais.
Revelou meu problema
Sem medo da reação
Falou que tenho um tumor
Que me levará ao caixão.
Tenho que deixar emprego
E qualquer preocupação
Viajar para uma Capital
E tratar da operação.
Deu-me no máximo um mês
Se eu quiser ter esperanças
Pois é um tumor no intestino
Ou no grosso ou no fino.
Eu fiquei desesperado
Por causa desta notícia
Mas Deus me ajudará
Que me recuperarei.
Jequié, 02 de fevereiro de 1990, às 17:43 horas
CONTO
Pombo-Correio
Eu conheço um pombo-correio que se chama Atauro.
Ele é simpático, esperto, forte, encantador... Nunca erra o caminho. Carrega
dezenas de cartas por semana, para os mais diversos recantos do país...
Hoje ele chegou em casa de meu pai - só vem aqui a
serviço - para entregar-me uma carta enviada por um velho conhecido meu: o
senhor Paulo. O conheci há alguns anos, quando passou por minha casa vendendo
pombos-correio. Só existe um pombocorreio que não vende por preço nenhum:
Atauro. Atauro já faz parte da vida do meu amigo Paulo. E da minha também. Atauro
já carregou muitas confidências minhas... Meu amigo Paulo sempre escreve para
saber se eu estou necessitando de alguma coisa, ou se estou interessado em
comprar algum pombocorreio. Mas logo desiste de me propor comprar pombocorreio,
pois só quero comprar se for o Atauro.
Jequié, 24 de julho de 1984
REFLEXÃO
PRECISO DE MOVIMENTO (I NEED MOVIMENT):
PULSAR: VIVO/MORTO
LUZ/BREU
VIVO: Correndo, subindo, escorregando, caindo...
MORTO: uma estrela um ASTRO (Ou uma ASTRA =
ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES NA JUSTIÇA DO TRABALHO, OU A MARCA DA TAMPA DO
VASO SANITÁRIO DE MINHA CASA).
PULSAR: brilho morto de um astro que jamais ocupará
o mesmo espaço que outra pessoa ocupa ao teu lado.
Salvador, 21 de dezembro de 1994
REFLEXÃO
Quero andar, mas não consigo
Minha perna está quebrada
Só espero que seja breve
Pois tô cheio de deitar
Quero sair desta máscara
Pra viver sendo o que sou
Mostrando para mim mesmo
O monstro que se esconde
Atrás do riso forçado
E do gesto de amizade.
Quero ser completamente
E não apenas um quinto
Não quero ser iceberg
Não quero ser avestruz
Mas como ser eu inteiro
Depois desta carapaça
Depois deste capuz
Depois de tanta maquiagem
Depois de tanto disfarce?
Fugir pra longe não basta
Ficar aqui não compensa
Só me resta a morte certa
Sem viver e sem morrer
Sem sofrer e sem sorrir
Apenas uma água morna
Apenas uma penumbra
Que não permita enxergar
Nem tampouco caminhar
Só me resta passos falsos
Só me resta riso forçado
E um viver na escuridão
Abafando o sentimento
E me tornando uma pedra
Sem sentido e sem destino.
Jequié, 03 de setembro de 1991, às 12:25 horas
AMOR
Quero você.
Quero a mim.
Quero a mim mais que a você.
Escolho você e me perco.
Me perco em você.
Mas quando encontro você,
Percebo que estou em você,
Sou você.
Então me amo.
UESB, 17 de julho de 1991, às 20:50 horas
HOMENAGEM
Redação. Tema: Dia do Soldado.
O Dia do Soldado é muito conhecido, pois é o
Soldado quem protege a nossa Pátria, quem impõe ordem e segurança a todos.
Igual a todas as outras pessoas, devemos
respeitá-lo muito mais por ser um ser humano.
O Dia do Soldado aqui no Brasil é comemorado no dia
25 de agosto. Este dia lembra muito as guerras, mas também lebre muita paz,
pois é o Soldado quem une e pacifica o País.
O Soldado está sujeito a muitos Perigos, mas mesmo
assim não deixa de trabalhar com honestidade e boa vontade.
O Soldado é muito valente, pois os perigos aos
quais está sujeito não vale a pena o que ganha como salário.
O Duque de Caxias (Patrono do Exército Brasileiro),
foi um grande homem que lutou por causas brasileira e que mereceu o título de
Patrono.
Esta redação foi feita por Valdeck Almeida de Jesus
no dia 25 de agosto de 1982, quando cursava a 5ª série no Ginásio Municipal Dr.
Celi de Freitas. Esta redação foi solicitada pela professora de português,
Eunália S. Alves.
REFLEXÃO
Reflexões
Hoje à noite estou sentado numa carteira escolar no
Ginásio Municipal Dr. Celi de Freitas, observando o que ocorre ao meu redor.
Vejo a que estado chegou a civilização brasileira:
43 colegas de estudo, inclusive eu, todos sentados e desinteressados na aula de
Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa, que a Professora Marly Silveira
leciona nesta hora. Muitos alunos fazendo ‘gracinhas’, piadas, tititis, etc.
Nas salas de aula refletemse toda a falta de educação que existe no país, em
peso. A falta de caráter é tão intensa que pode ser comprovada sem muito
esforço, bastando para isto que se observe as pessoas por um breve espaço de
tempo.
Dou razão àqueles ditadores implacáveis que apoderamse
de governos mal feitos, sem forças, para fazer muitas mudanças com ajuda da
força bruta, da estupidez.
Nenhum governo jamais deu tudo o que um povo idiota
almeja e, se por um mero acaso isto acontecer, este povo não compreenderá o que
receberam e serão capazes até de depor os governantes, somente bastando para
isto que alguém diga que o que o governo deu não é o que lhe pediram.
Jequié, 23 de abril de 1985
HOMENAGEM
SALVADOR
Calorenta, Suarenta, Violenta, Conturbada,
Agitada, Congestionada, Nojenta, Suburbana,
Destruída, Desnutrida, Empobrecida,
Turística, Absurda, Caótica,
Mas sob outra ótica,
Aprazível, Paradisíaca, Demoníaca,
Estupidamente indecente
Coerentemente louca.
Salvador, 04 de junho de 1994.
REFLEXÃO
Salvador, 09 de abril de 1993
Sexo, Droga e Rock’n Roll
Curtição, Diversão, Prostituição (não exatamente
nesta ordem). Resumo: o tempo voa, te arrastando para a morte. E daí? Do que
adiantou tanta arrogância, tanta ganância, tanta predominância? Do que adiantou
ser subalterno ou estar no comando? Do que adiantou “correr” ou “caminhar”? Um
conselho: Faça, não importa se devagar ou rápido, mas faça
muito bem feito, pois só isto importa para a eternidade.
REFLEXÃO
Se eu tivesse outra chance
(Projeto Madio Editora)
Não sei o que faria
Acho que já cumpri
Minha missão nesta vida.
Só o que me amedronta
É o medo de sofrer
Sofrer antes da morte
E não o medo de morrer.
Não morri com o Baygon
Não morri com o apendicite
Pois não tinha chegado a hora.
Dois acidentes de moto
Não foram suficientes
Mas desta vez não escaparei...
06 de janeiro de 1992, às 22:10 horas
Se quisermos encontrar paz e progresso, temos que
plantar amor e sinceridade.
Jequié, rua Manoel Vitorino, 83 (24 de junho de
1991, às 16:55 horas)
AMOR
Se te vejo, te quero
(Projeto Madio Editora)
Mas se não vejo, quero
Se fujo, te procuro
Se não procuro, procuro.
Te desejo todo, todo
Te quero todinho meu
Te desejo todo, todo
A beijar os lábios meus.
Eu te quero todo, todo
Todo, todo para mim
Para mim te quero todo.
Nunca, nunca pense em mim
Te quero todo pra ti
E te quero todo aqui.
Biblioteca Municipal de Jequié, 03 de maio de 1991,
às 08:50 horas
AMOR
Sei que estás aí
(Projeto Madio Editora)
Em algum lugar do mundo
Esperando a minha carta
Meu carinho e meu abraço
Pra te dar mais alegria
E motivo pra viver
Mas as linhas não se cruzam
As estradas se divergem
Nossa mente se distrai
Nos cegando o caminho
Nos levando para longe
Destruindo o destino
Evitando o encontro
Que pra nós é essencial
Nos deixando a sofrer
Sem permitir um sossego
Ou um minuto de paz.
12 de setembro de 1991
AMOR
Senti o sangue ferver
(Projeto Madio Editora)
E meu coração disparar
Quando ao teu lado fiquei
E pude te abraçar.
Ao sentir a tua pele
Ao sentir o teu calor
Percebi que tudo aquilo
Era o mais puro amor.
Guardei você em mim
Com muita emoção
Coloquei você guardado
Dentro do meu coração.
21 de abril de 1991, às 22:30 horas
Será que meus poemas valem menos que os hieróglifos
da Idade da Pedra, ou equivalem-se, mútua, reciproca e concomitantemente?
Jequié, 08 de agosto de 1992
HOMENAGEM
Sete de Setembro
Dia da Independência
Dia da Liberdade
Mas estou chorando
Porque estou doente
Minha perna está quebrada
Não posso caminhar.
Vão ver o desfile
E eu aqui deitado.
Todos se arrumando
E eu aqui deitado,
Feito um aleijado:
Sem poder andar.
Fico triste e choro
Com esta situação.
E sabedor que sou
Que não sou apenas eu,
Ainda não me conformo
Com esta fase difícil
Que hora me apavora.
Minhas lágrimas caem
Quentes como brasa
Queimando os meus olhos
E o meu coração.
Meu nariz entope
Meu coração entorpece
Minha mente morre
Matando meu sonhar.
São dias e dias sentado
Sem andar e sem correr
Mas tenho fé no meu Deus
Que breve estarei de pé.
07 de setembro de 1991, às 08:20 horas
REFLEXÃO
Sofri muito pela vida
Mas consegui vencer
Passei fome muito tempo
E hoje tenho o que comer.
Depois de tanto sacrifício
De desperdício de vida
Quando tinha que “gozar”
Alguém me corta o barato.
Tenho que interromper tudo
E partir para o incerto
Antes mesmo de “viver”
Mas se a vida quer assim
E não há mesmo solução
Vou partir daqui em breve...
06 de janeiro de 1992, às 22:10 horas
REFLEXÃO – AUTO CONHECIMENTO
Sou um poeta
(Projeto Madio Editora)
Sou um fingidor
Só não sabia disto:
Sou um mal poeta
Mas um ótimo fingidor.
Penso que me engano
Mas só consigo fingir
Mal finjo que me engano
E engano-me: fingi.
Escrevo pouco e confuso
Mas amo como desejo:
Faço tudo o que sonho.
Não sou louco mas desejo
Encontrar o meu destino
Que seja um coração-menino.
13 de fevereiro de 1992
REFLEXÃO
Sou um velho
(Projeto Madio Editora)
Meus pensamentos são arcaicos
Meus posicionamentos são incoerentes
Meus desejos são atrasados
Meus pontos de vista são contraditórios
Meus ideais são não-objetivos
Minhas colocações são não-conclusivas
Minhas lutas são sem futuro
Meu futuro é a morte intelectual...
UESB, 21 de maio de 1991, às 21:30 horas
REFLEXÃO
Te encontrar, para me encontrar
(Projeto Madio Editora)
Sei teu telefone
Mas não te ligo
O número da tua casa
Mas não te escrevo
Sei onde tu estás
Mas não te procuro
Sei onde tu andas
Mas não cruzo o teu caminho
Tenho as armas para te prender
Mas tenho medo do que faria
Sei que quero esta forma de amar
Mas permaneço preso ao curral...
UESB, 16 de julho de 1991
AMOR
Te planejo
(Projeto Madio Editora)
te idealizo
te sonho
te procuro
te fantasio
te almejo
te aspiro
te imagino
te pinto
te rascunho
te projeto
te busco
te invento
te componho
te crio
te mentalizo
te abstraio
te devaneio
te visualizo
te antevejo
te antecipo
te (...)
Mas não me preparo para corresponder ao alto grau
de perfeição que espero (ou exijo) de você.
Clínica São Vicente, 06 de agosto de 1991, às 08:35
horas
AMOR - REFLEXÃO
Tem muita gente sozinha na Terra
gente sozinha e sem amigo
por isto procuro um solitário
para ser um só ser comigo
Não precisa ser feio
burro e mal vestido
só desejo que seja
sincero
leal e fiel a mim.
Periperi, 09 de outubro de 1994
CRÔNICA
Trabalho (Pessoal) de Religião sobre “Se você fosse
um enviado de Deus para modificar o mundo, o que você faria e como seria o seu
mundo?”.
Todos nós somos enviados de Deus para modificar o
mundo, para darlhe um aspecto que não existe. Darlhe um aspecto de amor, paz,
alegria, resignação, aceitação, etc.
Mesmo sabendo que sou um enviado de Deus eu não
estou fazendo nada o que ele me designou para fazer. Não me esforço para
satisfazer Sua vontade mas acho que, por Ele ser misericordioso, terei perdão
para esta minha falta e também para meus milhares de pecados.
Jequié, 24 de novembro de 1986
CRÔNICA
Trabalho (Pessoal) de Religião, sobre “Se você
fosse um enviado de Deus para modificar o mundo, o que você mudaria e como
seria o ‘seu’ mundo?”
Em primeiro lugar eu tentaria convencer a maior
parte possível de pessoas de que eu REALMENTE tinha sido enviado dos Céus por
Deus. Depois, exporia a todos, convencidos ou não, o Verdadeiro Plano de Deus
para o Mundo e o que o mundo ganharia caso fizesse a Vontade de Deus.
Então, caso eu tivesse Autoridade e Poder para
Modificar o mundo, realizaria, em todas as partes que eu desejasse mudar,
eleições para saber que a Vontade do Povo. Se eles optassem por coisas erradas
(do ponto de vista Divino), eu tentaria tirálos do caminho errado e convencêlos
de que, o que realmente estava certo seria fazer a Vontade de Deus e os
ensinaria a sentir prazer nas Coisas de Deus (tanto nas alegrias quanto nas
tristezas por que passassem nas suas vidas).
Com aqueles que aceitassem e descobrissem o que eu
estava dizendo ou fazendo era a verdade e, principalmente, agissem como Deus
tivesse designado, eu faria algum tipo de pacto. E com aqueles que não
entendessem as Verdades Divinas, eu pediria ajuda a Deus para convencêlos. Se
nem assim eles se ‘tocassem’, eu os entregaria para que Deus fizesse o que
achasse necessário.;
Meu mundo seria sem guerras, sem brigas, sem
intrigas, sem falsidades, sem nada de ruim...
Jequié, 24 de novembro de 1986
REFLEXÃO
Trancar minha cabeça
Estou pensando seriamente
Em trancar a Faculdade
Pois estou desanimado
De estudar aqui deitado
Sem colegas e professor
Aqui num canto deitado
É uma posição incômoda
Que tem me incomodado
Me fazendo ficar farto
De tudo isto aqui
Sem vontade de estudar
De resolver exercícios.
Mas depois me arrependo
E fico pensando muito
Calculando a minha perda
Se assim eu proceder.
E não sei mais o que faço
Se prossigo ou se desisto
Será que tô sendo fraco
Ou isto não tem valor?
O que importa é ficar bem
Ficar bem comigo mesmo.
E não estou relaxado
Nem tampouco integrado
Deste jeito não se estuda
E tampouco se aprende
Por isto vou dar um tempo
Vou fazer igual a Cleyde Barros
Retornarei quando puder
(E com toda energia (?)
Pra concluir a contento
Este curso importante
Que por hora não consigo
Continuar frequentando.
09 de setembro de 1991, às 08:40 horas
REFLEXÃO
UESB, 26.06.1991
A verdade é linda
mas mentir é necessário
Amar é benéfico
mas odiar é essencial
Viver é maravilhoso
mas morrer é imprescindível
para continuar a viver.
REFLEXÃO
Um corpo é apenas um corpo
(Projeto Madio Editora)
Um corpo não é apenas um corpo
Toda atração física é apenas física
Toda atração física não é apenas física
Fico atraído por corpo e por alma
Sou atraído apenas pelo corpo
Sou atraído apenas pela alma
Não gosto de corpo nem de alma
Amo o espírito e odeio o corpo
Amo o corpo e odeio o espírito
Sou fogo e sou água
Sou água e sou fogo
Não gosto de sexo, mas gosto de amor
Não gosto de amor, mas gosto de sexo
Sexo pelo sexo não eleva o espírito
Sexo pelo sexo eleva o espírito
Odeio a falsidade e amo a sinceridade
Amo a falsidade e odeio a sinceridade
Sou tudo e sou nada
Sou o alfa e o ômega; o princípio e o fim;
Sou Deus e demônio. Sou eu e não sou eu.
09 de agosto de 1990, às 09:56 horas
CRÔNICA
Um dia chuvoso
Em certa cidadezinha do interior brasileiro, numa
rua nem muito larga nem muito estreita, onde existe um tão enorme quanto lindo
jardim, a pequena Marta estava a molhar as plantas: delicadas roseiras,
espetaculares girassóis... pois os mesmos estavam quase murchos por falta de
água.
De repente, porém, começou a cair uma chuva
torrencialmente. E foi aquela correria no centro e na periferia da cidade:
pessoas se embrulhando em capas que saíram ninguém sabe de onde, pondo livros e
guardachuvas sobre as cabeças, etc. Marta também não perdeu tempo: correu para
dentro de casa, pegou o guarda chuva de sua mãe e voltou para o jardim e
recomeçou a regar as plantinhas...
CRÔNICA
Um homem, numa byke ‘feminina’, ‘cor-de-rosa’ ou
rosa choque, passeando com otro hombre, montado numa bicicleta
‘Caloi 10” (ou 50...) tradicionalmente masculina, numa praça
central duma city interiorana (nordeste). Nada a declarar
A-B-S-O-L-U-T-A-M-E-N-T-E N-O-R-M-A-L nos
dias d’oje. Ninguña suspeita. ABSURDAMENTE ACEITÁVEL.
13 de outubro de 1992, “Bom Gosto”, Praça Rui
Barbosa, Jequié/BA
CRÔNICA
Uma história
Hoje vou contar uma história que nunca se passou
comigo nem espero que se passe contigo. Tomara!
Estava eu a descansar debaixo de uma árvore do
jardim, depois de ter almoçado, quando aconteceu o que eu menos esperava:
chegaram perto de mim dois vagabundos, amarramme e fugiram em seguida. Agora
estava eu ali, sem poder me livrar daquelas amarras, para fugir não sei de que
- talvez algum animal feroz quisesse me devorar ali mesmo...
Cheguei ali às 14:00 horas e passouse a tarde toda
sem que ninguém chegasse para me salvar. Quando começou a escurecer, fiquei com
o maior medo. Ainda por cima, fazia muito frio...
Percebi, às altas horas da noite, que um leopardo
de grande estatura aproximavase... Chegou perto, armou o pulo e caiu em cima de
mim, dando gritos e ganidos. Quando suas presas afiadas chegaram bem perto do
meu pescoço, eu fiquei desesperado. Não havia motivo para isto, mas eu fiquei
muito desesperado mesmo.
Fim.
Por que não havia motivo? Ah! Esqueci de contar,
não foi mesmo? É porque eu estava deitado na minha cama e somente pela manhã é
que descobri que tudo não tinha passado de um SONHO...
REFLEXÃO - HOMO
Uma mulher faz um homem feliz?
Um homem faz um homem feliz?
Respostas: podem e de não fazer um homem feliz. Mas
se a felicidade conquistar espaços entre eles será muito proveitoso. Fui feliz
de todas as maneiras. Mesmo nos piores momentos de minha vida, vi lições que
transmito para todos que tocam na minha energia...
Fui feliz no amor e no ódio.
Fui feliz na água e na mágoa.
Fui feliz na dor e na paz.
Fui feliz na vida e na morte.
Sobrevivi a tudo. Não permiti que a vida se
aproveitasse de mim em nenhum momento. Fui nu e fui cru. Fui cruel e infiel.
Lutei e venci a tudo. Só não consegui vencer ao meu
destino: morrer afogado na minha própria paixão, corrompido pela ferrugem do
amor ao sexo sem fronteiras.
Jequié, 03 de janeiro de 1992, às 21:55 horas
“Só uma palavra me devora: aquela que o coração não
diz”.
Alguém.
REFLEXÃO
Utopia Consciente
(Projeto Madio Editora)
Setenta anos de revolução
E ainda sou Radical.
Sonho, fantasio, idealizo
Mas não sou capaz de me fazer feliz.
Não consigo fazer alguém feliz
Nem sei amparar àquele que cai
Sou cientista e sei tudo
Só não sei porque estou aqui.
Neste momento não consigo dormir
Pois estou numa cama gostosa e ouvindo som;
Mas sei que alguém agora dorme
Sob jornais e sobre o chão frio.
Estou triste porque tenho tudo
Ou quase tudo o que necessito;
Enquanto alguém ri e dorme feliz
Sustentado apenas por uma promessa vã...
Deliro e choro por não ser igual a todos
Comum e humano como um qualquer
Mas sei que para o crescimento espiritual
É necessário o sofrimento e o desprazer.
Algo me consola e me conforta
Ao mesmo tempo que me atordoa
Então fico a girar como um louco
Parado, inerte, sem poder impedir.
CRÔNICA
Valdeck Almeida de Jesus, brasileiro,
solteiro, RG nº 02.769.00596, funcionário público, Assistente
Administrativo, residente e domiciliado na Rua Dr. José Joaquim Seabra, 458,
Edifício Crescenciano dos Santos, aptº 916, Sete Portas, Salvador/BA, vem
propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA contra o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª
Região, pelos motivos a seguir expostos:
Em 25.01.1990, o autor foi contratado, pelo regime
da Consolidação das Leis do Trabalho, para exercer a função de Auxiliar
Operacional de Serviços Diversos, ficando lotado, inicialmente, na JCJ de
Jequié, percebendo um salário mensal de NCZ$ 2.000.590,09.
Sua jornada de trabalho era das 07:11 às 11:45 e
das 12:59 às 19:03, de segunda a sábado, inclusive feriados. Tinha uma folga a
cada noventa dias de trabalho, pela qual não recebia absolutamente nada de
Adicional Noturno.
Requer o seguinte:
Que a reclamada seja condenada a pagar ao
reclamante os salários de Juiz Togado, pelo exercício de função gratificada,
código DAS-50, nos dias santificados e feriados nacionais.
Adicional no turno vespertino.
Horas extras e sua integração ao pressuposto de
admissibilidade.
Inclusão de seus trinta e oito dependentes, para
efeito de salário família e dedução de imposto de renda.
Custas pela reclamada e pelo reclamante, no importe
de R$ 12.000,09, relativo ao processo principal e ao cálculo relativo ao
tropeço sindical da consubstanciação relativa à Constituição Federal e à Carta
Magna.
No tocante ao Seguro Desemprego, fica mantida a
sentença prolatada pelo Juízo de 1º grau, condenandose o referido causídico a
fazer o 2º grau e prestar vestibular. Somente após a liquidação do julgado,
poderá esta instância superior apreciar o pedido de Adicional de Insatisfação
Trabalhista e de Adicional de Constipação.
Valdeck, 23 anos, 1,70m, moreno claro, cabelo e
olhos castanho-claro, pisciano, portador de deficiência mental irreversível,
cursando a 4ª série do 1º grau, desempregado, infectado com o vírus da Aids,
sem perspectiva de viver mais de um mês, procura uma jovem de até 80 anos, com
alguma deficiência física e/ou mental, que esteja cursando a 3ª série primária
ou que seja analfabeta, para relacionamento sério, com finalidade de casamento.
REFLEXÃO
Verso e reverso
(Projeto Madio Editora)
Moeda: cara e coroa
folha: página e verso
homem: emoção/fingir
mulher: querer/tanto faz
sexo: ativo/passivo
beleza: estética/preconceito
arte: sem sexo/sem nexo
sentimento: masculino/feminino
Tudo e nada
Ato e desato
vida e revida
quem sou?
Tudo: sou um cara
e tenho uma cara
que não descara
Jequié, 12 de julho de 1991
CRÔNICA
Viagem improdutiva
Nós já estávamos cansados de tanto ficar em casa...
nunca mais tínhamos saído para estirar as pernas. Resolvemos dar uma caminhada
até uma pedra que ficava a uns dez quilômetros de nossa casa. Preparamos tudo.
Pela manhã, bem cedo, partimos. Éramos oito crianças ao todo: eu e meus três
irmãos menores Paulo, Ângelo e Elberto; e meus colegas de rua Saulo, Roberto,
Antônio, Rodolfo e Cláudio.
Caminhamos tanto, que quase desistimos. Ainda
persistimos na caminhada, mas por mais que andássemos, por mais que nos
esforçássemos, não conseguíamos chegar logo ao nosso objetivo. O dia já estava
terminando, quando paramos para descansar. Meus irmãos, porém, prosseguiram na
caminhada. Não sei de onde tiraram tanta disposição para andar, mesmo estando
tão cansados quanto eu e meus colegas. Os desistentes voltamos para casa quase
mortos de cansados. Mais tarde, chegaram meus irmãs. Disseram que foram até
próximo à pedra, mas que estavam tão cansados que desistiram, também.
CRÔNICA
Vida
Mesmo conhecendo alguns segredos da vida, me sinto
constrangido e sem ânimo quando penso ocasionalmente na morte. Não estou
totalmente preparado para aceitála, tampouco vencêla.
Preso às atividades cotidianas ou extra-horárias,
me deparo com um pensamento que me persegue por todos os locais por onde: e se
eu morrer agora?
As pequenas alegrias ficam desvalorizadas e
impraticáveis quando confrontadas com a morte, ou a simples mudança do
espírito, saindo de um corpo para alojarse em outro.
De que adianta beber um copo com água quando temos
sede? de que adianta estarmos alegres agora se daqui a poucos instantes
poderemos estar chorando? de que adianta andarmos com um prazer incrível se
nossas pernas irão apodrecer e desfazerem-se em nada? de que vale o amor se
tudo pode ser destruído com um simples ataque cardíaco? de que adianta a paz de
espírito se tudo pode transformarse numa guerra sem fim em razão de segundos?
de que vale eu poder escrever esta poesia, poder pensar, raciocinar, amar,
correr, enxergar, ouvir, sentir, cheirar, se tudo não passa de uma grande
besteira que terá fim?
Um ser superior poderia dar sentido a tudo isto.
Valdeck Almeida de Jesus, Jequié, 08 de junho de
1986
REFLEXÃO
Vida
- O que é vida?
- O que é viver?
- Não sei!
- Não tenho curiosidade...
- Só sei que tento viver sem fronteiras e sem
medos. Mas com passos programados...
- Não sei onde chegarei, mas não sei se estou
preparado para chegar lá...
30 de maio de 1992, “Restaurante Puçá”, Estrada
Asfaltada da Barragem de Pedras, Jequié/BA
REFLEXÃO
Vida
(Projeto Madio Editora)
Viver eu tento,
Morrer não quero;
Sorrir desejo,
mas não consigo;
Me ver em ti,
procuro sempre;
Amar com garra
e com segurança
estou tentando
desde sempre.
Se não consigo
ser mais autêntico,
é porque sou humano
e por tal, falho.
Jequié, 02 de junho de 1992
IRÔNICA
Você é única
(Projeto Madio Editora)
Teus olhos são os mais lindos
tão belos quanto os outros milhares
tão lindos quando os de todas as outras.
Teu rosto é o mais belo e perfeito
mais belo que o rosto da mais bela mulher
mais perfeito e tão perfeito que o de todas.
Te amo como não amo a ninguém
te adoro como a uma deusa
pois você é única e igual a qualquer uma.
O que sinto por ti é tão grande
que não cabe dentro de mim
tão grande quanto um grão de mostarda.
Jequié, 25 de dezembro de 1994.
IRÔNICA
Você me satisfaz mas não me completa
É mais um em minha agenda repleta
Não me aquece como faz minha coberta
É apenas ópio para minha dor de hora incerta.
Te procuro e te encontro bem aí
Te carrego e te amo com paixão
Mas eu volto e tu ficas por aí
Sem ao certo saber o que é viver.
UESB, 03 de julho de 1991
AMOR
Você que procuro:
Tem que ter:
doçura
sinceridade
despreocupação
paciência
lealdade
desprendimento
autenticidade
loucura
energia
precaução
consciência
inexperiência
e amar com firmeza.
Clínica São Vicente, 06 de agosto de 1991
REFLEXÃO
Vou embora para longe
(Projeto Madio Editora)
Para longe vou partir
Vou partir pra outro mundo
Pra outro mundo melhor.
Voltarei praqui de novo
Praqui terei que voltar
Terei que cumprir a missão
Cumprir a missão de viver.
Mas não serei mais o mesmo
O mesmo jamais serei
Jamais serei infeliz.
Serei pobre de espírito
Mas repleto de pureza
E muita sabedoria.
09 de janeiro de 1992, às 21:55 horas
REFLEXÃO
Vou pagar meus débitos
(Projeto Madio Editora)
Me livrar dos credores
Pra depois tomar um rumo
Que não sei qual é ainda.
Não quero o desespero
E espero suportar
Cada dia com paciência
E também com consciência.
Não quero sofrer aqui
Aos olhos de todos vós
Vou fugir para bem longe.
Mas sou parte deste solo
Tenho raízes aqui
Por isto estou indeciso.
06 de janeiro de 1992, às 22:10 horas
REFLEXÃO
ESTOU ENTRE
RAZÃO - INSANIDADE
RESPONSABILIDADE - INCONSEQUÊNCIA
HOMO
GENEIDADE
SEXUALIDADE
TERAPIA
LOGIA
NOMIA
SÃO TOMÉ DE PARIPE - 20 DE MAIO DE 1995
REFLEXÃO
O dia da luz-treva
Meu dia se aproxima depressa
Como um lobo à cata da presa
Querendo fazer uma surpresa
Na hora mais incerta que houver.
E eu o espero ansioso
Esperando pra ver como é
Louco pra sentir na pele
O sabor doce/amargo da morte.
Nem minha cova fiz ainda
Mas estou ao lado dela
Esperando ser empurrado.
Quanto custará, não sei
Só sei que tenho que pagar
Por tudo o que deixei de fazer...
03 de março de 1992, às 22:50 horas
CRÔNICA
30.03.92 - A vida, por mais surpreendente e
renovável, extraordinária e criativa, não passa de REPRISES de quadros já
passados e do conhecimento de outros povos, outras pessoas. Nada para mim é
surpreendente ou inovador. Tudo o que sinto ou que sentirei, já é do meu prévio
conhecimento. Até nas piores emoções, ou nas melhores, vejo o rastro do
cotidiano, do trivial, do monótono, do entedioso, da mesmice, do
“feijãocomarroz”...
E o melhor disso tudo é que cada caminho cruza, um
dia, com o caminho de cada vivente e/ou nãovivente do universo.
REFLEXÃO
E a vida continua:
Monótona, repetitiva,
Entediosa, rotineira,
Sem novidades, presumível,
Costumeira, o mesmo “feijão com arroz”.
Nada é extraordinário, nada é espantoso,
nada é surpreendente, nada é impresumível...
Tudo é mera repetição de emoções já vividas,
se não por você, mas por outros seres...
30 de março de 1992, às 12:20 horas
RECADO
Salvador, 29 de abril de 1992
Querido amigo Paulo,
Cheguei hoje de viagem e ainda tive tempo de para
telefonar para você, não por falta de interesse, mas por falta absoluta de
tempo, o que me deixa muito constrangido, devido ao fato de que sempre o tive
como meu melhor amigo e ainda que prometi a você que te daria tudo o que
pudesse para ajudar em tudo para deixálo em total e completo apoio.
Tendo em vista que não pude obter o encargo
pretendido, na 14ª JCJ de Salvador, fico na impossibilidade de dar uma
resposta definitiva sobre o assunto que falei para você. Por enquanto, fico no
aguardo de resposta favorável para depois te falar melhor sobre o assunto.
Falando de Pauta Dupla, aqui na 14ª JCJ de Salvador
não haverá. E por este motivo, não terei condições de ocupar a mesa de
audiências, por enquanto. Assim, deixo ao ilustre colega a chance de vir a
ocupar este honroso cargo, na Presidência da Exma. Sra. Dra. Juíza Maria da
Conceição Manta Dantas Martinelli Braga.
REFLEXÃO
Cancelei minha ida para Ilhéus, pelo menos por
enquanto, pois se eu fosse, lá seria, apenas, um simples ‘limpador de chão’ e
não poderia, de forma alguma, trabalhar na Secretaria da Junta de Conciliação e
Julgamento. Por isto, resolvi pedir ao Juiz Presidente do E. Tribunal Regional
do Trabalho/5, para anular o ato de minha remoção. 323232
Jequié, 14 de junho de 1992
REFLEXÃO
A comunicação entre as pessoas, até mesmo de uma
mesma língua, é uma mera utopia. pp. Para que houvesse o real entendimento,
necessário farseia um completo entrosamento entre os seres, inclusive com
contatos físicos entre as mentes (mundos individuais, etc, visão real e irreal
do mundo, domínio total dos signos e dos códigos linguísticos, medição exata do
momento psíquico e das influências que as emoções influíssem no momento da
fala...) pp. Urge um estudo/análise sobre estes e outros tópicos, para se
compreender a existência de conceitos de pensamentos, tantas religiões, tantos
partidos políticos, etc. //Bíblias, etc.
19 de julho de 1992 323232
Será que meus poemas valem menos que os hieróglifos
da Idade da Pedra, ou equivalem-se, mútua, recíproca e concomitantemente?
Jequié, 08 de agosto de 1992
AMOR
Jequié, 08 de agosto de 1992
Arte de amar
arte de viver
só com o passar do tempo
aprendemos a arte de amar
só com o passar do tempo
percebemos que a vida é tão boa
e que o tempo passa voando
Não me conformo
com o ‘passar’ do tempo
mas quero viver e amar.
Como viver e amar
se o tempo não passar?
Como parar o tempo
pra amar você mais tempo?
REFLEXÃO
EU SOU MEU IRMÃO GÊMEO
(14 DE MAIO DE 1990)
Nasci de parto prematuro
Vivi na vala da amargura
Sofri pior que um Sofrer
Mas vivo estou pra me vingar.
Aqui estou na vida miserável
Que se vinga deste pobre sofredor
Não tive chance pra cobrar o que me devem
Nem tampouco terei a chance de voltar...
Não me importo com estas injustiças
Pois minha missão breve acabará
Já não sinto mais o mesmo medo
Nem tampouco línguas más me cortam...
Nasci gêmeo de mim mesmo
Me matei e estou só comigo
Não gosto de viver com este gêmeo
Mas aturo minha cara dia a dia.
Sofro diariamente minha cruz
Pego peso além de minhas forças
Procuro a cada dia um pouco de paz,
Mas o que encontro é dor e lamento.
Deus me abandona todo dia
Vive cada segundo junto a mim
Me segue e persegue para sempre
E ma dá liberdade de ação.
Tenho piedade deste pobre
Que se entrega ao sofrimento
Mas nada posso fazer por ele
Pois ele foge de ajuda. Eu lamento...
Algum dia terei paz em minha vida
Só então poderei sorrir para você
E neste dia talvez eu não exista
E esteja preso num inferno com você...
Valdeck Almeida de Jesus, 14 de maio de 1990, às
16:23 horas
CONTOS INFANTIS
Corrientes, Diego Monalez Y
1966 - Fuga Corriqueira - Diego Monalez Y Corrientes, Jequié/Ba, 1987
CONTOS INFANTIS
Jequié, 25 de agosto de 1982.
Redação. Tema: A criança. Solicitada pela
professora Eunália S. Alves, de Português, no Ginásio Municipal Celi de Freitas.
A criança é a mais bela coisa que existe no mundo.
Ela nos inspira paz, alegria, tranquilidade, amor, etc.
Todos nós fomos criança um dia. Nem todos iguais,
mas fomos.
A criança merece toda a nossa atenção e carinho.
Pois, apesar de ser a mais bela coisa do mundo e tudo o mais, ela também é
bastante inocente, sendo necessário muito cuidado para que não sofra nenhum
acidente.
Devemos educar as crianças e lhes ensinar tudo o
que for preciso para assegurar-lhes um futuro que não seja de embaraços ou de dificuldades
porque, a criança de hoje, será o homem do amanhã.
“Educai as crianças e não precisarás castigar os
homens.”
HOMENAGEM
Treinamento Introdutório (Acróstico)
Treinamento Introdutório
Realizado em Salvador
Em 17, 18 e 19 de abril
Informando aos calouros
No início do trabalho
Ampliando o horizonte
Melhorando a cultura
E nos fazendo crescer
No trabalho que é digno
Trazendo paz e harmonia
Ouvindo Vanda e Moema.
Inicialmente nos apresentamos
Não gravamos todos os nomes
Talvez pelo nervosismo
Resultado do desconhecimento
Ou mesmo do pouco contato
De cada um com cada um.
Ultimando a apresentação
Todos falaram de todos.
Oportunidades teremos e,
Realizaremos um ótimo curso
Inclusive estamos com saudades
Outras vezes aqui estaremos.
17 de abril de 1990, às 10:06 horas.
REFLEXÃO
Grande Marca (Publicada no livro “Transcendental”)
Que marca deixarei na terra?
Que grande marca ou devastação?
Que avançado estudo ou recorde batido?
Que holocausto ou aberração?
Que marca deixarei na
terra?
Que grande escândalo
ou destruição?
Que grande acordo ou
grande guerra?
Que grande amor ou
traição?
Que grande marca deixarei na terra?
Que grande marca deixarei no chão?
Apenas a grande e anônima marca
De minha passagem por este mundo-cão.
Salvador, 21.09.1994
PARÓDIA
Jequié, 11 de agosto de 1992
Paródia do “jingle” TON LEGAL
TON LEGAL
Não adianta tanta grandeza
nem candidato de Malvadeza
pois o povo já escolheu
seu candidato com certeza
É TON, É TON LEGAL
O candidato que o povo tem fé
É TON, É TON LEGAL
Pra governar nossa Jequié
Ele é humano, inteligente,
dedicado ao seu povão
ninguém duvida por um instante
da grandeza do seu coração
É TON, É TON LEGAL
O candidato que o povo tem fé
É TON, É TON LEGAL
Pra governar nossa Jequié
paródia:
Não adianta tanta grandeza
porque quem ganha é Malvadeza
E o povo não esqueceu
de votar em Lomanto, com certeza
Lomanto é legal
O candidato que o povo já quer
Lomanto é legal
Pra governar nossa Jequié
Ele é humilde, como a gente
Até parece nosso irmão
Eu não duvido nenhum instante
que ele é o prefeito do povão
Lomanto é legal
O candidato que o povo já quer
Lomanto é legal
Pra governar nossa Jequié
SOCIAL - POLÍTICO
Melhoria Habitacional
O Governo Democrático
Tá botando pra quebrar
Trabalhando noite e dia
Para a tudo mudar
Tá até fazendo obras
Que não era de se esperar.
No bairro Jequiezinho
Na cidade de Jequié
Ele tá fazendo obras
Com homem e com mulher
Realizando mutirão
Pra consertar Jequié.
No comando do trabalho
Está uma grande senhora
É a dona Ana Rios
Que nos serve a qualquer hora
Mulher que ama o trabalho
E que a todos adora.
Ela trabalha com justiça
Ajudando a quem precisa
Consertando os casebres
Das pessoas que precisam
Essa mulher é inteligente
Só ajuda a quem precisa.
O Mutirão está formado
Por homem, menino e mulher
Por pessoas pobres e carentes
Que moram em Jequié
Todos unidos a Ana
Pra consertar Jequié.
E o povo se uniu
Pra consertarem suas casas
Ficaram muito contentes
Que até criaram asas
E voaram com dona Ana
Contentes com suas casas.
Dona Ana está fazendo
Um trabalho exemplar
Está auxiliando ao povo
Que jamais se esquecerá
Pois uma mão lava a outra
E o povo a lavará.
À dona Ana parabenizo
Por tudo o que está fazendo
Pelo auxílio ao povo humilde
Pois a tudo eu estou vendo
E o povo também vê
E não está se esquecendo.
Jequié, 04 de novembro de 1987
CRÔNICA
Rio de Janeiro, ex-cidade maravilhosa, agora
povoada de mortes, assassínios, estupros, sequestros, roubos, assaltos,
atropelamentos, afogamentos, estrangulamentos, linchamentos, incêndios, balas perdidas,
e outras atrocidades...
Nunca mais cidade paraíso, cidade-luz,
cidade-alegria, tampouco cidade-paz... Agora o horror impera em cada esquina.
Em cada quarteirão espreita-se um delinquente juvenil ou um marginal adulto, na
tocaia da próxima vítima, que pode ser você: basta você passar próximo dele
(a).
A disputa acirrada pela sobrevivência chegou ao
cúmulo de assaltar-se para tomar um simples par de tênis. É um absurdo
tremendo. E as autoridades policiais e judiciais nada podem fazer para conter
este rolo compressor, pois a corrupção grassa por suas fileiras, invade seus
corredores, penetra nas suas consciências e deturpam o verdadeiro sentido do
que é certo ou do que é errado. É um verdadeiro pandemônio. Ninguém sabe o que
fazer. Chegou-se ao ridículo de convencionar-se uma ‘taxa’ imoral: deixar à
vista em local de fácil acesso, mercadorias e até mesmo dinheiro ou outros
objetos de valor, para que os ‘funcionários’ da Fazenda Marginal façam o
recolhimento, taxa esta que funciona como uma espécie de ‘seguro contra assaltos’,
estipulada pela corja de marginais que infestam todos os buracos imundos
daquela cidade podre. Quem não estiver ‘em dia’ com o pagamento desta taxa
arbitrária, automaticamente é assaltado ou corre até mesmo o perigo de perder a
vida, pois a vida é o que menos vale para esta turma de vagabundos
irrecuperáveis.
A solução seria matar todos os bandidos da cidade.
Mas se correria o risco de ver a cidade desabitada e deserta.
Valdeck Almeida de Jesus, 03 de março de 1992, às
10:10 horas
CORDEL POLÍTICO
VOTE CERTO
Eleitores Jequieenses
Não façam besteiras não,
Pois seu voto é quem decide
Esta nova eleição.
Votem certo e conscientes
Para não se arrependerem
Porque voto é coisa séria
E não se pode perder.
Votem em quem tem
Muita capacidade
Para transformar
Este lixo em cidade.
Votem em Ana Rios
Esta mulher lutadora
Esta filha da cidade
Esta nossa protetora.
Ela é uma mulher
Uma mulher de renome
Porque luta e trabalha
Muito mais do que um homem.
Merece seu voto sério
E também sua confiança
Porque todos têm o dever
De APOSTAR NA ESPERANÇA.
Ela ajuda a quem precisa
Tem um coração grandão
Que cabe todos vocês
Dentro do seu coração.
Ela vai ser vereadora
Porque sei será eleita
E nas próximas eleições
Será a nossa PREFEITA.
Com uma mulher na Câmara
Jequié vai melhorar
Vai ter mais seriedade
Por isto vamos votar.
Vamos votar em Ana Rios
Vamos ganhar esta eleição
Vamos fazer justiça, gente
Justiça com as próprias mãos.
Vamos pegar a caneta
Vamos aprender a votar
Seu número é 15611
E é ela quem vai ganhar.
Não podemos esquecer
Do nosso amigo LEAL
E também nosso prefeito
O seu Luís Amaral.
Vamos todos nos unir
Pra mudar esta cidade
Pois não pode continuar
Com esta calamidade.
Temos que votar em Ana
A nossa vereadora
Aquela que conserta casa
A nossa vereadora.
É ela quem vai ganhar
Na Câmara, uma cadeira
Pra lutar pela cidade
Que já virou uma lixeira.
E com Luís na Prefeitura
Muita coisa vai mudar
Porque ele é um homem honesto
E não vai nos enganar.
A dupla certa para a Câmara
É Ana Rios e José Leal
E pra mandar na Prefeitura
É o nosso Luís Amaral.
24 de setembro de 1988
REFLEXÃO
Eu (Sem Título)
Sou o poeta do proibido
Sou o pastor dos desvairados
Descaminho a quem me segue
E persigo a paz deste inferno.
Não me contento com tudo
Não me soberbo com o total
Tudo é pouco pra minha sede
A sede de tirar o sossego do mundo.
Sou pequeno na arte de amar
Mas sei odiar e destruir
Mas sei acabar com a paz.
Acabo de me suicidar nestas letras
Acabo de ver que não sou
Não sou tão pequeno assim.
03 de março de 1992, às 22:45 horas
REFLEXÃO
19 de maio de 1991, às 23:05 horas, meu quarto.
“Sem motivo, vou vivendo por aí, por viver...”
Trecho de uma música de Roberto Carlos.
Tudo a ver comigo neste momento e em todos os momentos
de minha vida, depois que te conheci...
Minha tristeza eu não posso dividir com ninguém;
não posso falar do meu sentimento; tenho que esconder de todos que eu sou capaz
de amar de corpo e alma outro ser humano. Tenho muitos amigos, mas estou sempre
só, mesmo sozinho, mesmo quando estou com eles, pois não posso ser EU com
naturalidade e sem medos e medos.
REFLEXÃO
Jequié, 19 de maio de 1991, às 19:55 horas.
Meus amigos
Meu trabalho
Minha moto
Minha casa
Meu quarto
Minhas roupas
Meu videocassete
Tudo meu
Menos o seu amor
Sou um infeliz
LOUCO
Acordam do sono profundo
Recurso extra
Recorrente:
Recorrido:
Relator:
LÍDICE PENDÊNCIA. A lide
pende tensa nos protelatórios pretórios proletários, segundo a prolação que se
submete a erro material.
BRASILINO DE AQUIL O.
ROXO, nos autos em que contende com a parte contrária, recorre da sentença que
indeferiu reforma constitucional, aviso presidiário, desce no terceiro, férias
injustificadas e abrigo recursal.
A Junta considerou impro
sem dentes todos os presos, face deserção do recurso peticionário de fls. Sem
número. Prolatouse o repúdio, consoante o teor do artigo 1 ½ da Carta Maior que
as outras. A regra ‘incerta’ na ADCT e no ABCD da CF e no artigo 9 ½ da CLG,
paragonado com o inciso 5% do SPC do CIC e do CPF inspira mas não expira o
prazo de renúncia absoluta da configuração. A data está longa. Então “venia”
que ainda dá tempo e será aceita... De acordo com o d’Enunciado 2.9 do TSS, o
bem foi alienado. Se ele está “ali em Nado”, deixa ele lá. Um dia terá que
voltar. Ademais, o recurso oposto não confere com o original, nem confere com o
‘o’ posto no final...
PRELIMINAR DE
INTEMPESTIVIDADE, POR DESERÇÃO
resSUSCITO-a de ofício. O
douto suscitou-a de bilhete, que não resolveu nada e perdeu-se no trânsito em
julgado confuso desta cidade. O recorrente não depositou o cheque na conta
corrente do recorrido. Quando suprida a cOMISSÃO do acórdão engasgado. Desta
forma, é intempestivo. In “Casusa”, no seu mais recente compact disc renunciou
ao mandato promovido pela Liga de Assistência, mesmo gozando das prerrogativas
conferidas pelo “jus postulandi”. Assim, defere-se, consoante a norma do artigo
e da vogal “B” da peça que prestou vestibular. Torno minhas as palavras
PREFERIDAS pelo eminente Jurista Abreu a Porta e Saiu: “De acordo com o
Relator”. (ERREÓ 90/94, Diário de Polícia, página da frente).
ALEX Legum também
prolatou o processo sumário, acompanhado de citações de Osório Duque Estrada
(Compêndio de Obras não Publicadas).
O remedium de Iuri já
acabou. E, como o recurso é adesivo, tornouse impossível sua análise, “et por
cause” da “data velha”, colou-se no verso do poema de Drummond. Se “petendi”
recorrer novamente, faça. Mas lembrese de que o Conselho da Corte é: “Causae”
aos autos o que não queres que causem a ti.
NEGO, PÕE CIMENTO, para
que fique mais consistente.
NÃO CONHEÇO NEM QUERO
CONHECER DO RECURSO.
Salvador, 1995
CRÔNICA
A Independência do Brasil
O nosso país, como todos os países que compõem este
planeta maravilhoso, sempre foi e sempre será de um sentimento tal que procura
não acorrentar os passos da humanidade rumo ao desenvolvimento. Então, levado
por este sentimento de responsabilidade na condução dos destinos do mundo,
nosso povo não poderia ficar sob o jugo de nenhuma nação, mesmo que esta tentasse
de toda maneira não ferir nossa vontade. Iniciou-se, então, já a partir do
primeiro contato com outros povos com nossa gente nativa, o nascimento de uma
vontade só nossa, que exigia que pudéssemos caminhar com nossos próprios pés.
Aceitamos por muito tempo o auxílio de outras
nações, a interferência de outros povos, até porque não saíamos como nos
conduzir sozinhos, dada a falta de experiência. Absorvemos ensinamentos,
aprendemos tudo o que nos seria útil e, no momento exato, disparamos contra
nossos colonizadores os dardos que os atingiriam e, consequentemente, nos
deixaria com capacidade, de, pelo menos, iniciar os primeiros passos sozinhos.
Esta decisão não foi fácil de ser tomada pois, além
da nossa falta de experiência, aliava-se contra nós os grupos interessados em
manter aquele estado de dependência, que era benéfico para poucos mas muito
prejudicial ao povo brasileiro de um modo geral. No entanto, estes grupos
interessados não conseguiram fazer com que tudo permanecesse inalterado
indefinidamente. Finalmente, tudo foi modificado, inclusive influenciado pelo
problema da dependência econômica que não nos permitia crescer, culminando com
o rompimento com Portugal.
O Brasil se viu num momento de dar um basta às
intervenções protecionista portuguesas que muito prejudicava nosso
desenvolvimento e até comprometia nossa sobrevivência como povo, como nação.
Não poderíamos continuar ouvido e obedecendo às regras ditadas por ‘chefes’ que
nem ao e nos sabiam ara que lado ficavam as terras brasileiras; tampouco
dividia conosco o sofrimento de viver num país isolado, sem infraestrutura para
progredir e tomar um rumo que não poderia ser adiado. Nossa economia era
controlada de acordo com os interesses imediatos da Corte, que pouco se
importava se havia ou não outras formas de investimento e de desenvolvimento do
longínquo país, que padecia cada dia de um mal incurável: inanição e atrofia
dos meios de produção. Teríamos que tomar decisões muito difíceis naquele
momento, se não quiséssemos retardar ainda mais o nosso nascimento como povo,
como uma sociedade moderna e inserida no contexto mundial, caso contrário
estaríamos condenados ao atraso político e social que teria consequências
imperdoáveis.
Vivíamos sufocados pelos mandos e desmandos de
Portugal, que impunha sua política sem piedade a fim de conseguir um máximo
rendimento para o povo da colônia, que tinha altos interesses em manter tudo
controlado para o bem estar deles, esquecendo-se que nós também tínhamos
direito a uma vida digna, pois éramos os construtores de tanta riqueza. Nossa
economia situava-se entre - se não as grandes - pelo menos as que mereciam ser
consideradas, baseada na extração de madeira, exploração das riquezas naturais,
etc. E nosso país sempre foi uma grande fonte de riquezas. Não poderíamos dispor
do que era nosso: tínhamos que trabalhar arduamente para garantir aos nossos
‘superiores’ uma vida tranquila e repleta de fartura. Enfim, estávamos sendo
surrupiados em todos os aspectos: político, social, econômico, etc.
Com o rompimento que se tornou imprescindível para
a sobrevivência de um ideal de liberdade, passamos a enfrentar dificuldades
diversas diante ao mundo desenvolvido, pois interesses de grandes países
poderiam ser abalados a partir daquele momento. Procuramos manter uma política
externa a princípio voltada para os interesses que a casta portuguesa
praticava, até que nos fosse possível fazer concessões ou nos impor no mundo
comercial. Houve uma certa resistência por parte de várias nações em reconhecer
nossa independência pois as relações com Portugal não as deixava decidirem-se a
favor de um País que na verdade não estava totalmente liberto. Nossa economia
passou por um período de estagnação pois nossos principais consumidores eram os
portugueses e devido à Independência rompemos relações comerciais com os
mesmos.
Acredito que o país tenha passado por momentos
difíceis em todos os aspectos de sua vida, no período pós rompimento com
Portugal, mas que isto nos levou a repensar toda a estrutura político social, a
fim de nos adaptarmos ao novo relacionamento que teríamos a partir dali com o
resto do mundo, consequentemente aprendemos muito com esta experiência, Hoje
nossa economia é muito diversificada e competitiva até certo ponto e devemos
isto ao nosso empenho de sempre fazer o possível para desenvolver nosso
potencial. Apesar de sermos independentes em relação a Portugal, do ponto de
vista de que não devemos explicações para o que fazemos ou deixamos de fazer -
até certo ponto - não estamos totalmente independentes de todo o mundo, pois nosso
viver tem sempre que ser pautado dentro dos limites impostos pela consciência
internacional de sempre crescer sem causar danos a ninguém pele a nenhuma
coisa. Alcançamos nossa autossuficiência em muita áreas do conhecimento humano,
dependemos em outras áreas, porém vivermos responsavelmente e em paz com Deus e
o Mundo.
Jequié, 17 de agosto de 1989, às 15:56 horas
CRÔNICA
A Independência do Brasil [Flor do Oriente]
Depois de suportar a subjugação portuguesa, que nos
impunha modos de pensar e de agir, modos estes que só fazia beneficiar a Corte,
em detrimento de nossa autonomia político-social-econômico-financeira, enfim
começamos, no porão podre do poder ditatorial e colonizador, roer as cordas que
nos mantinha atrelados aos mandos e desmandos daqueles que nem ao menos
conheciam nosso território mas que conheciam, em todos os detalhes, os meios de
sugar nossas energias e nos manter dependentes a fim de perpetuar aquele estado
miserável de mendicância que não nos possibilitava respirar por esforços
próprios. Necessário e urgente se fazia que iniciássemos um processo de
conscientização para, no prazo mais breve possível, desatrelarmo-nos daquele
atraso... O processo foi iniciado por influência de fatores diversos e
prolongou-se por um longo período que foi marcado por lutar e até por guerras.
O resultado de tanta disputa foi nossa libertação, com valentia, dos laços que
nos unia aos portugueses e nos fazia promotores de riquezas para eles e pobreza
cada vez mais selvagens para nós.
Aquele estado de coisas era favorável para nós em
muitos aspectos, pois possibilitava que tivéssemos um mercado vastíssimo para o
escoamento de nossa produção que, apesar de rudimentar e primaríssima, era
bastante desenvolvida. Produzíamos muita pedra preciosa mas não tínhamos
condições de lapidálas e por isto enviávamos tudo para a colônia,
obrigatoriamente. Produzíamos muitas outras coisas mas não tínhamos um mercado
preparado para consumir toda a nossa produção e Portugal era nosso principal
comprador. Tudo o que era excedente aqui, tinha um mercado aberto e faminto,
apesar de não pagar o devido preço pelos nossos produtos.
Nossa produção servia apenas para sustentar a
colônia que a tudo gastava sem dó nem piedade dos que aqui estavam na miséria
absoluta. Tínhamos cada vez menos chance de lucrarmos do nosso suor. Sofríamos
constantemente de males diversos como doenças, fome, falta de infraestrutura
básica para sobrevivência. Nossos ideais políticos de nada serviam pois não
podíamos opinar em assuntos concernentes aos nossos próprios problemas e assim
não poderia continuar.
Acho que nosso grito de Independência não soou tão
forte como imaginamos e que por este motivo nossas relações com Portugal e
com resto do mundo ficou um pouco complicada para nós depois disto. Mas
conseguimos impor nossa condição de novos participantes do mundo independente e
enfim conquistamos nosso espaço. Hoje somos uma potência em franco
desenvolvimento graças aos nossos gritos de ipirangas que se ecoam por muitos
países e nos faz respeitados como pessoas.
REFLEXÃO
Neste momento, atravesso mais uma “Corda bamba” da
minha vida, mais uma série da cíclica e intermitente onda da altos e baixos, se
bem que, desta feita, é de ‘baixo’. Assim, espero que, como sempre, amanhã ou
depois eu entre noutra onda boa. Pacientemente, aguardo esta onda passar, e a
outra onda vir.
Jequié, 14 de junho de 1992, meu quarto, à tarde.
REFLEXÃO
Neste momento, atravesso mais uma de minhas
cíclicas e intermináveis ‘crises existenciais’, sendo agora ameaçado por um
louco, de ser exposto ao ridículo: Ele ameaça contar para todo mundo o que
todos já sabem sobre mim... E o pior disso tudo, é que eu não o conheço. Só
ouvi sua voz duas vezes, ao telefone. E ele sabe quem sou, o que faço, onde
moro, etc. Esta noite fiquei com insônia; dormi como nunca, preocupado com o
que pode acontecer. Que se foda este imbecil. E a vida continua...
Jequié, meu quarto, 14 de junho de 1992
REFLEXÃO
A emoção passa, mas a cicatriz é eterna companheira
de quem amou.
Pelos caminhos da vida se conhece quão vão é o
viver por viver e o curtir por curtir.
Triste é o homem que não sabe amar seu semelhante
sem preconceito e sem distinção de cor, religião, sexo, etc. Um amigo de
Basiléia, Suíça.
Um dia, todos terão o prazer de amar profundamente
seu parceiro sem medo dos pensamentos maldosos da sociedade, pois a regra será
“quem não ama o ser, independentemente de seu sexo, é imoral e antiDeus,
antievoluçãodivina, antipazdeespírito”, e por isto, amargará eternamente o
furor de todos os deuses e de todos os espíritos desenvolvidos que habitam esta
galáxia”. 11.05.90, Moisés, Paris, 1864-1891
REFLEXÃO
Salvador, 16 de setembro de 1996.
Meus Espíritos Protetores, meu Anjo Guardião, meus
Mentores Espirituais, meus Guia de Luz, André Luiz, Petitinga, Bezerra de
Menezes, João Alexandre de Jesus, todos os Espíritos de Luz, todos os Espíritos
do Bem, todos os Espíritos de Bondade; Guias do planeta Terra, Mentores da
cidade de Salvador, do Estado da Bahia, do país Brasil, do Continente
Sul-americano, enfim, todos os bons Espíritos. Ajudem-me a encontrar Júlio, a
ter um contato com ele. Guiem-no a encontrar minhas cartas, telefonemas,
telegramas, etc., a fim de que possamos nos conhecer pessoalmente e passarmos a
viver juntos. Tenho muito amor para dar a ele e sei que ele é capaz de me amar
com toda a profundidade e a verdade de que necessito. Sei que vocês podem, se
quiserem, ligar nossos destinos, nossos interesses. Sei que vocês podem, se
quiserem, dar um final ou um começo feliz para este relacionamento. Imploro, de
joelhos, a todos vocês, que me ajudem nesta empreitada. Que me ajudem, também,
a tornar este relacionamento o único e o último, daqui por diante; que nossos
interesses se interem, se integrem, se completem, numa comunhão jamais vista na
face da Terra.
Peço-lhes que agilizem nosso encontro, nosso
contato, para que possamos ser feliz por muito mais tempo. Daime a paciência, a
sabedoria, a inteligência, o discernimento, o entendimento e tudo o mais que
for necessário ao bom desenvolvimento e concretização deste sonho de amor.
Agradeço a todos vocês, por tudo o que já têm feito
por mim, durante toda a minha existência, e por tudo o que, certamente, farão
por mim e por Júlio, para que sejamos muito felizes, nesta e nas demais
encarnações...
Até breve!
REFLEXÃO
11 de maio de 1990, mais ou menos às 18:40 horas
Escapei por poucos segundos e centímetros de ser
atropelado por um Corcel branco, na esquina da Avenida Artur Moraes com a Rua
Dr. João Braga. Devo ser mais cauteloso. A culpa do atropelamento seria mais do
motorista no corcel do que minha. Mas isto não diminuiria meu sofrimento. Devo
pensar mais um pouco em mim e ter mais prudência ao pilotar uma bicicleta por
através deste trânsito louco.
11.05.90, às 19:00 horas. Itajubá Hotel/Coffee
Shopp.
Deus me ajudará na conquista de maior entendimento
e sabedoria.
REFLEXÃO
11:45 horas do dia 03 de dezembro de 1991
Agora é a hora. Não sinto medo. Não sinto revolta.
Sinto pena de mim e dos que de mim dependem. Não sabem o que passo: o que
sinto. Vou morrer jovem. Estou com o Atestado de Óbito e lá de fora a vida está
brilhando. Para onde vou? O que farei para ocultar o meu sofrimento? Não tenho
como impedir que me vejam. Não posso impedir que descubram minha chaga mortal:
a coisa é visível e perceptível. O caminho e a proximidade da família nesta
hora difícil é imprescindível. Mas preciso poupar-me e poupá-los de
constrangimento. Vou viajar sem rumo. Vou me acabar longe de todos. Não quero
ajuda nem palavra amiga perto de mim. Ninguém tem culpa pelo meu sofrimento,
tampouco ninguém merece este castigo. Pegaram-me de surpresa e vão me matar. Eu
já sinto a mão da morte me acariciando: meu peso cai a cada dia. Estou
emagrecendo rapidamente. Estou feliz. Vou fazer muita loucura, ainda, antes de morrer.
Deus ainda não ganhou esta parada.
I don’t want to died. Não quero morrer, droga! O
que importa não é o fato de estar morrendo, ou vivendo. E sim o fato do
ridículo, da perda do convívio e do abandono.
HOMENAGEM
1º de abril de 1989
Rosimary
Alguém dirá que você fez uma besteira; que agiu
precipitadamente; não pensou duas vezes antes de tomar esta drástica e última
decisão em sua vida... Quiçá terá razão... Mas somente você poderia dar
explicação para este ato de desespero existencial. Só você sabe o que sentiu ao
ser humilhada naquilo que sempre foi tua maior virtude: tua honestidade! Apesar
de ter convivido pouco tempo contigo, consegui captar, através de teu sorriso
inocente e através de teu olhar sincero, toda a capacidade e força espiritual
de que sempre fora possuidora; consegui, ainda, descobrir que você foi sempre
uma pessoa dedicada em tudo o que fazia e, acima de tudo, uma pessoa acima de
qualquer suspeita.
Ai daqueles que te destruíram! Não confio na
Justiça brasileira, tampouco na jequieense. Porém, sei que tudo o que acontece
no mundo, não passará impune. Pois nosso Pai está atento a tudo. Ai da
consciência daqueles que tentaram te destruir! (Será que dormem tranquilos?).
Eles tentaram acabar contigo, mas o máximo que conseguiram foi mostrar ao povo
deste país podre que ainda existe pessoas que merecem ser chamadas de humildes,
honestas e santas.
Valdeck Almeida de Jesus, 1º de abril de 1989, em
homenagem “post mortem” a Rosimary, ex-funcionária da Auto Viação Tiradentes
Ltda e Supermercados Cardoso, quando da sua morte trágica: ateou fogo nas
vestes embebidas com álcool, dentro do banheiro de sua própria casa, após haver
um mal entendido no Caixa em que trabalhava no citado supermercado, onde,
suponho, faltou dinheiro.
REFLEXÃO
30.03.92 - A vida, por mais surpreendente e
renovável, extraordinária e criativa, não passa de REPRISES de quadros já
passados e do conhecimento de outros povos, outras pessoas. Nada para mim é
surpreendente ou inovador. Tudo o que sinto ou que sentirei, já é do meu prévio
conhecimento. Até nas piores emoções, ou nas melhores, vejo o rastro do
cotidiano, do trivial, do monótono, do entedioso, da mesmice, do “feijão com arroz”...
E o melhor disso tudo é que cada caminho cruza, um
dia, com o caminho de cada vivente e/ou não vivente do universo.
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