Antologia
Todos os Poemas
Valdeck
Almeida de Jesus
Parte
11
Versões
atualizadas e outras nem tanto
HOMENAGEM
Elivan,
Acho que pertencemos a mundos diferentes. Então, vou parar de esperar
pelo teu amor. Vou dormir uma noite que vai durar para sempre. E quando eu
acordar, eu já terei esquecido você.
Salvador, 12 de novembro de 2004
(Beco dos Artistas)
ECOLÓGICO
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Mata Atlântica (corrigida)
Eu era apenas um pontinho
.
Fui crescendo, crescendo...
...
Nasci, fui crescendo, crescendo...
... ... ...
Enfrentei chuvas, tempestades,
Temporais, sol forte, poeira.
Meu território foi invadido;
Meu terreno plano virou ladeira.
Depois de um viver sofrido.
Lutando com paciência,
Dignidade e inteligência,
Acabei forte, imponente.
Mas não por muito tempo.
Suportei tudo e fiquei mudo,
Incapaz de denunciar, gritar.
Deixei nas mãos dele tudo:
Minha vida, minha seiva.
Foi uma morte terrível, tétrica,
Nada pude contra a serra-elétrica.
Salvador, 10 de abril de 2005
REFLEXÃO
O mundo é podre
A mídia é podre
O para é POP, mas é podre
O presidencialismo, parlamentarismo, monarquismo
São podres
Eu sou anarquista, socialista, comunista, vanguardista
Mas eu quero me apodrecer
Com todo o mundo.
ENGRAÇADA
Forte emoção
(Pragmatha)
Quando senti sua presença
Percorreu-me um forte calor
Uma emoção muito gostosa
E no peito um leve ardor.
Mexeu comigo inteiro
Esta forte emoção
Não pude escondê-la
Não pude dizer não.
Nas minhas entranhas
Ela fez movimentos
Com forças estranhas
Após uma luta, exclamei ufa!
Finalmente consegui
Libertar essa bufa!
Salvador, 04 de março de 2005
HOMENAGEM
Irmã Dulce
(Vitória da Conquista, 25 de março de 2005)
Em 26 de maio de ‘14
Nasce a nossa Maria Rita
Que dedica toda sua vida
A pobres, pretos, doentes...
Brancos, ricos e sãos
Pois no seu grande coração
Tem lugar pra todo mundo:
Para faminto e indigente
Leproso, sujo e imundo
Para todas as pessoas
Que não têm apoio no mundo.
Batizada de Irmã Dulce
Chamada de Anjo dos Alagados
Ela conquista a cidade
E o coração do Brasil.
Não é à toa que é conhecida
Como o Anjo bom da Bahia.
Já é Santa Irmã Dulce
Para todos que têm fé
Protegendo e cuidando
Aos povos de muita fé.
AMOR????
Marcelo
Faz tempo que não escrevo poesias
Pois não tenho mais motivos para isso.
Agora, minha mente e minha mão
Ansiam por traduzir em palavras
O que se passa no meu íntimo.
Você é a razão que me fez acordar
O motivo que me fez sorrir
Ficar ansioso, querendo que o tempo passe
Você é o porque do aperto no meu peito
E a motivação para meu sorriso.
Você é o maior presente que recebi
Conhecer você foi um grande privilégio
Pena que parece que o destino me pregou uma peça
Pois teu caminho seguia outro rumo
Outro rumo, local ou objetivo.
Mas não importa se amigo ou “amigo”
Pra mim basta tua amizade e atenção
Pois só o fato de te ter conhecido
Já me deixou mais iluminado
Você é, realmente, especial, jóia rara.
E como jóia rara, basta se admirar
Basta ver, sentir a presença, observar
Se não sou digno de ter você
Ao menos posso te perceber, em ti pensar
Se não sou digno de ter, ao menos posso sonhar.
03 de março de 2000
HOMENAGEM
Mãe (corrigido) (publicado
em “Antologia I”)
(Pragmatha)
Cada um tem sua mãe
Presente, Doação, Empréstimo.
Cada um tem sua mãe...
A minha já não está presente
Mas não sai da minha mente
A figura de minha mãe...
Aperta o peito, vem o choro
Então choro de saudade
De minha mãe.
A lágrima verte e rola.
Mãe, como posso esconder
A falta que sinto de você?
06 de maio de 2005
HOMENAGEM
Mário Quintana
É a própria essência da poesia
Contida num prematuro nascer
É a forma da palavra
Traduzida em carne, osso e ser.
É a aspereza do frio
Aquecido pelo pensar
É a inquietude da alma
Que teima em inquietar.
É o Brasil despertando
Gritando para espalhar
Sua gana de escrever
Que a vida tem valor
Que o pensar tem calor
Para a todos aquecer.
11 de Março de 2006
SOCIAL
Meu país não é este... Meu país é este... (corrigida)
(publicado em “Komedi VII”)
Que dilema, que teorema
Tanta dificuldade, tanta maldade,
Crueldade, roubalheira, ladroeira,
Congressistas, passistas, bolsistas,
Vigaristas, malabaristas,
Ladrões enfiados em paletós,
Belas becas, finas gravatas
Que escondem suas bravatas,
Mamatas, serenatas...
Meu Deus, por que tantas malas?
Malas que escondem dinheiro
Dinheiro que falta em meu bolso...
Que vergonha eu tenho deste país
Que passa embaixo do meu nariz
Seguindo para o lado errado.
Erram os nossos eleitores
Quando colocam no pódio esses senhores
Senhores do mundo, mas que imundo!
Meu país é este? Meu país é este, infelizmente!
Mas, à revelia, construo um país diferente,
Feito de gente, pessoas decentes
E espero um dia poder me orgulhar
Ao dizer: Sim, meu país é este!
Salvador, 15 de julho de 2005
HOMENAGEM – AMOR
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Meu Lobinho
Valente – Manso
Carinhoso – Insensível
Cuidadoso – Largadão
Eclético – Singular
Poderoso – Frágil
Livre – Carente
Inteligente – Atento
Lúcido – Intempestivo
Confiável – Humano
Indomável – Impressionante
Seja o que for, gosto assim como você é.
Para Paulo Alberto Oliveira da Silva
11 de setembro de 2003
Para que eu possa voar mais alto, preciso quebrar minhas asas.
25 de julho de 2005
AMOR
Nunca Cedo (corrigida)
Sempre Cedo
Eu Cedo e você Tarde
Brigamos, Voltamos
Separamos e nos Unimos
Fechamos a cara, Discutimos
Deitamos e Dormimos
No dia seguinte, tudo se repete:
Eu Cedo e você Tarde
Levantamos e Recomeçamos...
Salvador, 22 de agosto de 2005
ENGRAÇADA
O poço do Pingo
O poço pingava
O pingo empoçava
Pingando, pingando
Enchendo o poço
Que empoçava
Que enchia
Que sufocava
E não deixava
Eu respirar
Pingando sempre
Enchendo o poço
REFLEXÃO
O silêncio sumiu (corrigido)
Um dia o barulho tomou conta do universo
O verso virou reverso e o bom virou perverso
Santo virou demônio e instalou-se o pandemônio
O tudo virou nada e o nada virou lugar comum
Abóbora virou maxixe e tomate jerimum.
Percevejo sem olho eu vejo
Piolho andando no rio Tejo
Rio Tietê imundo, profundamente profundo.
Poesia virou prosa
Cravo-de-defunto virou rosa...
O mundo de ponta-cabeça
Por favor, meu bem, me esqueça!
Estou virando a cabeça
Em busca do escavador:
O escavador de silêncio
Pra calar a minha boca
Deixar minha cabeça oca
E achar o meu novo ser.
Salvador, 8 de abril de 2005
CORDEL ECOLÓCIGO
Peleja do “Velho Chico”, com o Velho Chico
O Velho Chico já se encontrava
Imponente no meu país
Singrando Brasil a fora
Com toda a força de um rio
Quando o Brasil foi descoberto
O Velho Chico já era rio.
Foi em 1501
Em quatro de outubro nasceu
Descoberto pelos senhores
André Gonçalves e Américo Vespúcio
Navegadores portugueses
Que logo um nome lhe deu.
Em homenagem a um santo
Nascido em 1181
Na grande terra Itália
Pela data que nasceu
Mesmo dia em que do rio
A descoberta se deu.
Pelos índios era chamado
“Opara”, o nosso rio
Que na língua dos indígenas
Vem a ser o “rio-mar”
Pela grandeza e largura
Pela riqueza e fartura.
Era dali que tiravam
A comida para as tribos
Muita água pra navegar
Tomar banho e pra nadar
Por muitos anos passados
Até o “branco” chegar.
Esse “branco” era o “Velho Chico”
Disfarçado de santinho
Pra destruir a riqueza
Pra destruir o riozinho
Pra transformar em tristeza
O futuro do riozinho.
Com 2.800 quilômetros
O rio sempre foi navegável
Tinha fartura e beleza
Coisa linda e inegável
Que a todos encantava
Tornando a vida no campo
Muito boa e muito amável.
Lá da Serra da Canastra,
Alagoas e Minas Gerais,
Sergipe, Bahia, Pernambuco
Passando também em Goiás
Visitando o “Dê Efe”
Esse rio corria demais.
Tanta água e tanto peixe
Que o Velho Chico possuía
Dando comida e fruta boa
Fosse noite ou fosse dia
E encantando aos barranqueiros
Com toda sua melodia.
Levava água, levava peixe
Muita gente a navegar
Encurtando o caminho
Do sertão para o mar
Unindo o interior e litoral
Transformando tudo em mar.
As carrancas do Velho Chico
Serviam para espantar
Os maus agouros e também
Aos espíritos ruins de lá
A tudo o que teimasse
Em nosso novo assombrar.
Tudo isso foi mudando
Por causa do “Velho Chico”
Que já não se contentava
Em comer todo o pescado
Em destruir suas margens
E arrasar pra todo lado.
O “Velho Chico” ambicioso
Quis no riozinho levantar
Barragem pra todo lado
Para a água represar
Acabando com a navegação
Acabando com o rio-mar.
De Rio dos Currais se tornou
Em rio que não existe mais
Pois a sua navegação
Hoje existe em “currais”
Poucos trechos navegáveis
Outros tantos não dá mais.
Não deixam mais o nosso povo
Sair lá de Piumi pra Praia do Peba
Porque tudo tá destruído
Acabaram-se as carrancas
Tiraram até a diversão
Do nosso povo sofrido.
Começou a grande luta
Do Velho Chico, com o “Velho Chico”
O Rio brigando com o homem
Cada qual querendo vencer
Nessa guerra eu já sei
Que o Velho Chico vai perder.
O “Velho Chico” é matreiro
É manhoso e sem escrúpulos
Vai lutar de todo jeito
Pra tirar do nosso Rio
A força e a correnteza
E vai deixá-lo vazio.
Arrasar com suas margens
Destruir a plantação
Acabar com aquela mata
Chamada de “ciliar”
Destruir suas beiradas
Para ao rio assorear.
Jogar duro com os peixes
Destruir embarcação
Acabar com a vida fácil
Do pescador, nosso irmão
Envenenar suas águas
Com a sua própria mão.
Assim, aos poucos ele vai
Ao Velho Chico cansar
Deixar ele todo troncho
Sem poder nem respirar
Para depois de sua fraqueza
Lhe dar o golpe finá.
O Velho Chico, cansado
Com pouca água e pouco fôlego
Ainda cambaleante
Vai tentando se aprumar
Mas aos poucos vai morrendo
Pra o “Velho Chico” reinar.
Mas o “Velho Chico” não sabe
Que sua vida é dependente
Daquele rio que ele mata
Do rio que ele destrói
E assim, ele vai sofrendo
Sem entender porque lhe dói.
Lhe dói a alma, e o corpo
Falta comida e falta ar
Porque o seu Velho Chico
Que começou a agonizar
Vai matar o “Velho Chico”
Vai lhe asfixiar.
O “Velho Chico” reclama
Tenta suas águas transpor
Diz que vai salvar o rio
E o rio entra em torpor
Quanto mais ele “conserta”
Mais o rio lhe causa dor.
Nesse sofrimento todo
O Velho Chico vai morrendo
Discute com o “Velho Chico”
Que acaba se escondendo
Não quer lhe ouvir os lamentos
E sai de perto, correndo.
O Velho Chico lhe diz:
- Vem aqui pra me salvar
Pois estou agonizando
Não posso mais respirar
E se continuar assim
Você também vai “voar”.
Mas o “Velho Chico” não ouve
Não quer lhe dar atenção
Quanto mais o rio reclama
Mais ele faz judiação
Destrói mais as suas margens
Lhe deixa morto no chão.
E assim os dois se murcham
Sem mais água para beber
Sem peixe para a comida
Sem o verde para ver
Sem poder nem navegar
Para no mar sobreviver.
O “Velho Chico”, inconsequente
Não pára para sentir
Que a sua atitude
Vai fazer o rio sumir
Pois ele só pensa em si mesmo
E do sertão vai é partir.
Vai em busca de outro “Velho”
Que lhe possa socorrer
Beber toda sua água
E os seus peixes comer
Não socorre o Velho Chico
Que tem um fim trágico: morrer!
E assim, a história vai se repetir
Um “Velho Chico”, atrasado
Velho de alma e de coração
Acabando com a beleza
Destruindo a natureza
E devastando a nação.
AMOR
Poema de Sofrimento
Atadura
Ditadura
Que me ata
Tento me desatar
Tento me desarmar
Me amar como sou
Persegues-me
E consegues me calar
Fazes-me fingir o que não sou
Debato comigo, debato contigo,
Mas tudo que consigo
É ter de me calar
Preciso me esconder,
Dissimular e fingir
Para que me possas acusar
De dissimulado...
25 de julho de 2005
ERÓTICO HOMO
Poemas homo eróticos
Kombi do cu
(Enviado para Antologia do Paraguay)
Cu melado
Cu cabeludo
Cu raspado
Cu de ferro
Cu chulado
Cu gordo
Cu magro
Cu folgado
Cu apertado
Cu folote
Cu de mel
Cu inchado
Cu chupado
Cu aberto
Cu fechado
Cu diabético
Cu light
Cu diet
Cu adocicado
Cu de silicone
Cu de borracha
Cu preto
Cu moreno
Cu branco
Cu enfiado
Cu esfolado
Cu sem prega
Cu cagado
Cu doce
Cu salgado
Cu piscante
Cu zerado
Cu furado
Cu selado
Cútero
Cuceta
Cu esfomeado
Cu com falta de ar
Cu congelado
Cu profundo
Cu raso
Cu perebento
Venha freguesia, traga o dinheiro e a vazilha, se não gostar do cu não
paga. Dê o cu ao vizinho ou à empregada, se não estiver bom leva outro
Inspirado na Kombi da Fruta que passa enchendo o saco dos moradores das
grandes cidades
LIVRO ESCRITO A MIL MÃOS
Poemas da Madrugada – Autoria: Jacira, Joel, Marcos e Valdeck
“Alegria” - Joel
Alegria gracias por
Llegar en los momentos
Mas duro y triste
Después de uma desilución
Despues de una gran perdida
Despues de haber llorado sin encontrar consuelo
Mi mundo, mi vida es dura
Y despierto con los ojos cansado
De ver el mundo que no cambia
Mas tengo el consuelo que despues
Todo lo horrible y doloroso que nos repara o futuro
Llegara como una estrella parpadeante y fugas, alegria
Alegria – Valdeck
Cada dia que eu vivo
Cada segundo que se passa
É mais uma grande conquista
Que me enche de paz e graça.
Nosso Deus nos dá p sol
Água, frutas e animais
Para ser alegre na terra
O que precisamos mais?
Por isso agradeço a Deus
E vivo com grande euforia
Pois tudo que quero conquisto
E vivo uma vida plena de alegria.
(Varadero, 06.05.2006)
Alegria – Jacira
Alegria por gostar de você
Por estar ao seu lado
Por sorrir quando você está feliz;
Sofrer quando você sofrer
Alegria por você existir.
Não te quero por um dia
Não te quero por um ano
Te quero por toda a vida
Te quero porque te amo.
O amor – Jacira
O amor é lindo
Por saber amar
Quem tem humildade
Quem tem amor próprio
Não se iludir com as pessoas
Que dizem eu te amo
Seja feliz
Pro amar e ser amado.
Amor – Marcos da Hora
Cada dia que passa me sinto mais feliz em amar;
Em cada dia que amo tenho medo de sofrer;
Mas luto e dito,
Sem medo de sofrer,
Que amo alguém.
Amor – Joel
Como una ola en el mar
Hacia ti, mi cuerpo va
Y tu en tus carnes
Encierra las pupilas
Cedientas conque miraré
Cuando estos ojos que tengo
Se llenen de tierra.
Amor – Valdeck
Como posso te amar te dividindo?
Como te querer pela metade?
Como te desejar sem poder te tocar?
Sonho com o beijo, o abraço, o afago,
Imagino teu cheiro, teu gosto, teu calor
Te vejo perto, mas ao mesmo tempo longe
Fantasio um abraço, crio uma história
E me vejo vivendo uma vida... sem você
Por amor, te entrego ao mundo e sofro te perdendo.
Por amor te deixo partir.
Todo o amor que sinto, eu sufoco
Para que você fique livre para viver.
Camanguey, 06.05.2006
Homem - Jacira
Homem que me faz sofrer
Mas que tanto quero
Que me beija, me deixa louca
Que arranca suspiro
Mas que tanto quero
Que seria de mim sem esses homens?
Dedico esse poema a você, homem...
El hombre – Joel
El hombre escojido entre todas las bestias
Privilegiado con el don del amor
Pasa por el mundo sin dar huso de su mas preciado don.
Amor: sentimiento que deveria hacermos limpio, puro, sentimiento que
deverianos elevar hacia un lugar mejor, es la cauza de nuestra destruccion.
Por no tener el control de tal sentimiento que fue y será hasta decision
de ellos, dioses
O homem – Valdeck
Procurei por todo o mundo
Busquei no oceano mais profundo
Fui ao deserto, fui longe, fui perto
Paguei caro, comprei, vendi
E você, em não encontrei
Porque eu não via, ou ver eu não queria
Voltei para casa, de mãos vazias
Na alma, uma dor, no peito, uma agonia
Quase desisti, pois com todos me desiludi
Quase cansado, desmaiado
Quase no fim da lida
Encontrei você: o homem
O homem que deu novo sentido à minha vida.
Havana, 06.05.2006 – 00:00 hs
SOCIAL
Poema
Inquisitório (corrigido) (publicado
em “Komedi VII”)
(Varal do Brasil)
Quero o purgatório
Pecar no oratório
Confessar o pecado
Sem medo de morrer queimado.
Tenho muito medo
Medo do falatório
Não vou confessar
Não vou me entregar.
Padre, Puta, Preto
Porco, Catitu, Cateto
Pobre do Pobre do Gueto.
Grana, Insana, Romana
Pague a minha e a tua cama
Ensina-me como a ti mesmo se ama.
COT, 21 de
março de 2005
SOCIAL
Brasil, mostra a tua cara (corrigido)
Qual é teu personagem?
Malandragem
Sacanagem
Sem coragem?
Qual a tua conclusão?
Cooperação
União
Ilusão?
Qual é a tua meta?
Boca aberta
Descoberta
Em oferta?
Qual é o teu futuro?
O monturo
O apuro
Em cima do muro?
Salvador, 26 de novembro de 2004
AMOR
Quero Meu Anjo de Volta (corrigido)
Não é por capricho
Não é por carência
Não é por necessidade
Não é por demência.
Não é por “querer”
Não é por estar só
Não é pra sofrer
Não é pra ter dó.
Quero meu Anjo de volta
Pra me dar vida e alegria
Já não vivo mais sem ele
Nem de noite nem de dia.
Vago como um zumbi
Sem comer, sem respirar
Não durmo nem fico acordado
Tudo parece me sufocar.
Somente o sopro Divino
No rosto do anjo por perto
É que me dá alegria
E me resgata do deserto.
Deserto de sentimento
Deserto de paz interior
A luz que me aquece
É a luz do meu amor.
E sem essa luz divina
Fico tenso e sem paixão
Sem razão para viver
E murcha o meu coração.
Quero Meu Anjo de Volta
Quero Meu Anjo, Senhor
Tenha de mim Piedade
Amparai-me, meu Salvador.
De Tico para Tico
10 de abril de 2006
AMOR
Que amor é este? (corigido)
(é o Amor Maior)
Não sei que amor é este
Que me sufoca
Me prende
E me deixa besta
Não sei que feeling é este
Que me prende
E me encarcera
Num corpo que não era
A prisão dos meus desejos!
Para Lobinho
28 de setembro de 2003, 17:02h
AMOR
Desmantelando o Castelo (feeling)
(Banco Capital)
Outra armadilha
Outro desapego
Seja breve enquanto dure
Não me mate nem me cure...
Fale, não se cale
Termine, não empurre
Delate que o coração não bate
Diga que acabou
Que o sonho se transformou
Em apenas uma ilusão
05.12.2005
Calçada
ERÓTICO – HOMO
Ser Gay
Ser gay, bicha e homossexual,
Não é só dar o cu e chupar pau.
A prevenção às DST’s/Aids
Com o apoio da USAIDS
É o objetivo principal.
Ser gay também é ser cidadão,
Pagar impostos, estudar: evolução.
Ser gay não é apenas fechação,
É também amar ao gay como um irmão.
Brincar, pular, fechar, gritar,
Crescer, evoluir, trabalhar,
Quebrar o preconceito escondido no peito,
Dizer ao mundo que também tem direito,
Denunciar, beijar, casar, adotar filhos e herdar.
Pois antes de tudo, gay tem coração;
Antes de tudo gay tem sentimento, é filho, amigo e irmão.
GGB, Salvador, 13 de abril de 2005
AMOR
PROJETO 30
ANOS DE POESIA
Solidão
(corrigido)
(Só lhe dão)
Em busca, procurando
Amor, carinho, emoção
Afago, aconchego, coração
A pessoa se doa
Se entrega, em refrega
Não se completa, se infecta
Em baixos meretrícios
Em sufocos: desperdícios
Emoções jogadas ao lixo.
Estou me lixando
Para o povo me olhando
Sem entender a confusão
Desta desconexa emoção.
Cheiro forte de sexo
Neste ar desconexo
Onde o infecto se mistura
Com o sacro e com o sexo
Busco aqui inspiração
Para esconder o furacão
Que destrói minha alma
E afunda a emoção...
Salvador, 17 de dezembro de 2004
SOCIAL – SAÚDE – AIDS – AMOR
Sexo ou Amor
Sexo, carinho, desejo e carícias
Amor, delícias, afeto e emoção
Tudo é válido, tudo é gostoso
Mas faça sexo ou amor com proteção.
Sádico, masoquista, ativo ou passivo
Bisexual, travesti, transexual
Bote camisinha na neca
Bote camisinha no pau.
A vida é mais importante
Que qualquer sexo ligeiro
Cuide de ti e de teu parceiro.
Homem, mulher ou hermafrodita
Bote a camisinha na pica
E nunca esqueça essa dica.
Salvador, 20 de abril de 2005, GGB
SOCIAL
Sorria, você está na Bahia (corrigido) (Publicado em “Livro de Ouro” e “Pérgula Literária”) OMNIRA
(Antologia quatro poetas Brasil, Portugal e África)
Temos altos índices de pobreza
A violência grassa por todos os bairros
Sistema de transporte deficiente
Metrô que se arrasta por anos e anos
Falta de saneamento básico
Povo morrendo de fome
Desabamentos de encostas
Rios poluídos com esgotos
População negra abandonada
Baixo rendimento escolar
Altas taxas de evasão escolar
Tráfico de drogas sem controle
Assaltos a ônibus todos os dias
Trânsito super violento
Subúrbios jogados à própria sorte
Trens e trilhos em péssimo estado
Praias sujas e mal preservadas
Trânsito confuso e mal sinalizado
Crianças nos semáforos pedindo esmolas
Viciados e drogados pelas praças
Fumando ou cheirando cola
Imprensa surda, muda e cega
Carnaval só para a elite
Porto subdimensionado
Casarões antigos são destruídos
Plano inclinado destruído
Cultura e arte para grupos protegidos
Turismo predatório
Governo ineficiente
Povo silente
Impotente...
Salvador, 24 de fevereiro de 2005
REFLEXÃO
(Banco Capital)
Sou múltiplo e complicado. Sou um cara simples e extremamente complexo.
Não tenho planos na vida. Amo e esqueço com a mesma intensidade...
Te necessito como o beija-flor precisa da flor; o salmão precisa do rio;
a onda precisa da praia; o peixe precisa do mar; e a terra precisa do sol.
Eu te amo mais que tudo na vida e te quero de todo jeito: fumante, mole,
fechando ou não, alegre ou triste, tudo ou nada. TE AMO.
2006 para Dyuri
Você tem que passar pela Terra e viver bem.
Não importa como, quando ou com quem...
Camaçari, 20 de maio de 1997
REFLEXÃO
Viver é um
vício
(Banco Capital)
Viciei-me em respirar
Comer, beber, cheirar
Dormir, subir, descer
Deitar, dormir, sonhar.
Sonho com uma vida nova
Um mundo bom e despoluído
Mas estou viciado em sujar
Em cuspir: sou um louco varrido.
Viciei-me em te ver
Ouvir, lamber, tocar
Viciei-me em você.
Agora preciso morrer
Sair deste abismo de amar
Preciso urgente me viciar
Na dor de esquecer você.
Salvador, 27 de março de 2005
ENGRAÇADO
PROJETO 30
ANOS DE POESIA
OMNIRA
Cadê Giovanna? (Publicado
em “Palavras que falam”)
Que me deixa triste
Que a morte permite
Deixa eu passar fome
Não me dá um nome?...
Cadê você
Que se diz a boa
E me deixa à toa
A sofrer no frio?
Onde está você
Que não me dá dinheiro
Que não me dá remédio
E me deixa em tédio?
Onde se escondeu
Com o meu destino
Com o meu viver
Onde está você?
Apareça aqui
Para proibir
Tanta morte e guerra
Nessa Tua terra.
Por que me abandonou
Como fez com todos
Me deixou no lodo
E subiu aos céus?
Salvador/BA, 14 de abril de 2003 * Giovanna é uma criação minha,
personificando a travesti irmã de Jeová.
REFLEXÃO
A Vida Pulsa (Publicado em “Palavras que falam”)
Moro no mesmo lugar
Há mais de dez anos
E todos os dias vejo
Ouço, Sinto, Respiro
Todas as manhã
Os mesmos movimentos.
Não há mais árvores
Não há mais sombras
Tampouco água corrente.
Só o canto mavioso
Das aves diurnas
Ecoa de alegria
Pelo nascer do dia.
Comemoram a chegada
Do sol que vivifica
No entanto, eu não via
Nem mesmo percebia
Que a vida mágica e frágil
Em se mostrar insistia.
Com o passar do tempo
Do alto da soberbia
Através de um olhar
A vida passando eu via
Sem que nada daquilo
Me fizesse ter alegria...
Salvador/Ba, 26 de outubro de 2004
HOMENAGEM
Marinheiro (Publicado em “Palavras que falam”)
“Voa, voa, vem direto pros meus braços”
“Estou triste
não sei por quê”.
Você viaja
E eu fico aqui
A te querer.
Despedida
De um amor
Que não vivi;
Saudade
De um calor
Que não senti.
As lágrimas rolam
O sangue ferve
E o coração palpita
Com medo
Que essa despedida
Seja definitiva.
Guarajuba (Camaçari/BA), 21 de novembro de 2004Para Elivan
SOCIAL
Brasil, mostra a tua cara (Publicado em “Palavras que falam”)
Qual é o teu personagem?
Malandragem
Sacanagem
Sem coragem
Qual tua conclusão?
Cooperação
União
Ilusão
Qual tua meta?
Boca aberta
Descoberta
Em oferta
Qual teu futuro?
O monturo
O apuro
Em cima do muro
Salvador, 26 de novembro de 2004
SOCIAL
Boca, de todas as bocas (corrigido) (Publicado
em “Palavras que falam”) OMNIRA
Quantos beijos recebeste?
Quantos beijos já beijaste?
Beijos de amor e desejo
Beijos de falsidade
Beijos de interesse
Beijos de tesão
Beijos de surpresa
Beijos de alegria
Beijos de mentira
Beijos de engano
Beijos de ilusão...
Salvador, 24 de novembro de 2004
AMOR
Cicatrizes (corrigido)
(Publicado em “Palavras que falam”)
A vida é uma sucessão
Sucessão de cicatrizes
Cicatrizes do amor
Cicatrizes da alegria
Cicatrizes da dor
Cicatrizes da euforia.
Não quero viver
Sem cicatrizes
Alegres os tristes
Quase felizes
Meus dias terão
Várias cicatrizes
Salvador, 24 de novembro de 2004
AMOR
Edvan,
(Banco Capital)
Meu silêncio não significa
Esquecimento
Minha ausência não significa
Abandono
Minha distância não significa
Afastamento.
Mesmo a 46 quilômetros
Do coração
Sinto como se você estivesse
Aqui
No quarto que nos acolheu
E nos permitiu amar.
Salvador/BA, 19 de abril de 2002
SOCIAL
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Amigo (a) (corrigido) (Publicado
em “Palavras que falam”)
Quem te ama
Quem te busca
Ama o objeto – branco/negro
Ama o mito
Que esse objeto representa,
Quer apenas uma noite de sexo.
Quem te quer
Quer teu corpo
Quer teu fogo
Quer teu sexo
Descarregar tensão
E te deixar bem pago
Por todo o esforço
Suspiros e sussurros
Suor derramado
Em troca de prazer.
Quem te deseja
É quem pode pagar
Pagar por uma noite
Ou final de semana
Quer apenas o prazer
O prazer volúvel
O momento fugaz
E não quer te levar
Te levar na bagagem
Não quer te levar
Te levar na lembrança
Não quer desejar
Um retorno a teus braços
Um outro abraço...
O que querem de ti?
Só querem o animal
Só querem o bruto
Afeto profano
Sexo indecente
Desejo carnal
Salvador-BA, 13 de dezembro de 2004
AMOR
NOVA JACOBINA (Publicado em “Palavras que falam”)
Dez anos depois
Você ressuscita
Mas não é a primeira
Pra deixar aflita
Uma criatura
Que lá das alturas
Cantou teus becos e ruas.
Tua alma nua
Sem sombra de dúvidas
Tocou no profundo
Desse ator do mundo
Que te viu nascer
Mesmo sem te ver.
Tu tens outras cores
Cheiros, formas, vozes
Signo diferente
Recorda outras gentes
Que ao mesmo caminhante
Deixaram contente.
Mistérios, sorridos, arrepios
Cachoeiras, pedreiras, rios.
Será que és capaz
De acordar minas de ouro
Com esse olhar de touro
Com esse olhar vazio?
Jacobina/Ba, 28 de novembro de 2004, para Neverton
AMOR
Fabrício (Publicado em “Palavras que falam”)
Quero me iludir
Me enganar, chorar, sofrer,
Esperar, sentir saudade
Andar, me espernear
Ser humilhado, ser enganado
Planejar, jogar tudo para o alto
Me arrepender, entristecer
Sonhar, fazer projetos
Quebrar a cara, me decepcionar
Achar que tenho alguém
Destruir planos, projetos, sonhos
E começar tudo do zero
Acreditando que com você
Eu serei feliz, mesmo que
Tudo não passe de um sonho bobo
E que eu continue tendo por companheira
A SOLIDÃO...
Pois isso tudo faz parte da vida
Do Drama Humano
E eu quero é viver esse drama.
Salvador, 15 de julho de 2004
SOCIAL
Desfile da Independência (corrigido)
(Publicado em “Palavras que falam”) OMNIRA
Corpos, formas
Músculos, tesão.
Mas será que o interior
Tem algo que me faça
Sentir tesão pela vida?
Ou é apenas mais um
Pedaço oculto de carne?
Salvador, 02 de julho de 2004
SOCIAL
You are very bad
With me
Why did you do that to me?
I know I deserve it, but I wouldn’t like to pass for this again.
São Paulo, 26 de dezembro de 2002
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