Antologia Todos os Poemas
Valdeck Almeida de Jesus
Parte 10
Versões atualizadas e outras nem tanto
HOMENAGEM – SOCIAL – PROTESTO
Não estão libertos os negros (Publicada no livro “Feitiço Contra o
Feiticeiro”)
Não estão libertos
Os nossos irmãos
Que vivem conosco
Aceitos não são
Por causa da cor
Aceitos não são.
Eu me admiro
Porque isto está
Ainda valendo
No mundo que está
Se evoluindo
Que crescendo está.
Discriminação
Ainda se vê
Por todos os lados
A acontecer
Contra o sangue
Que é meu e de você.
Nosso mano está
Sendo proibido
De fazer seu show
De andar vestido
Como nós: brancos
Uns loucos varridos.
Tem branco que é louco
Sem ter inteligência
Que oprime seu sangue
Com mui indiferença
Que mata seu mano
Sem ser por doença.
Tem loucos burgueses
Doutores ladrões
Falsos advogados
Ministros ladrões
Presidentes bestas
Todos brancos ladrões.
Tem negros melhores
Que nossos mandões
Que nossos doutores
Que nossos ladrões
Que nossos corruptos
Que nossos lerdões.
Tem negro que quer
Beijar seu irmão
Mas é proibido
Por nossos mandões
Que matam sem pena
Nossos corações.
Nossos manos são melhores
Que brancos desocupados
Que brancos advogados
Que brancos mui descarados
Que brancos que nos governam
Que homens mal-encarados.
Nossos negros têm direitos
Que não são obedecidos
Quem me dera ser um negro
Ser um dos mais desvalidos
Que fazer parte de uma classe
De homens doidos varridos.
Se eu tivesse escolha
Antes de eu ter nascido
Negro, negro eu nasceria
Bom se assim tivesse sido
Pelo menos eu seria
Um desses negros sofridos.
Se eu pudesse transformar
Trocar o lugar de tudo
Eu poria bem no alto
Um grande negro parrudo
Para ser nosso presidente
Pra mandar em tudo, tudo!
Não se pode neste mundo
Fazer nada que dê certo
Sem ter o apoio de todos
Sem ter um negro por perto
O que seria do Brasil
Só com brancos aqui perto?
(13 de agosto de 1984)
REFLEXÃO
Alegria divina (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Eu não me sinto triste por não gozar as alegrias e prazeres do mundo,
por não desfrutar dos gozos e por não me lambuzar nas delícias que me cercam.
Ao contrário. Eu me sinto alegre e mais alegra ainda do que se tivesse a
oportunidade da desfrutar de tudo o que a vida oferece.
Minha alegria é muito grande, me invade todo o ser, entra em mim e
percorre os mais distantes recantos de minha alma; aprofundase em minhas
entranhas, invade o abismo do meu ser, preenche o vazio da minha alma e me faz
acreditar na vida eterna.
Essa minha alegria, na verdade, não é minha. É de Deus...
(12 de julho de 1984).
CORDEL
História de Cão (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Agora eu vou te contar
Uma história de cão
O que eu conto aqui agora
É de cortar coração
É pior que uma navalha
Faca, gilete ou facão.
Começo logo no caso
Que aqui eu vou contar
Porque só fazendo assim
Você não vai me deixar
Falando tudo sozinho
Sem ninguém pra me escutar.
Foi o caso de um homem
Sua filha e sua mulher
Que falou para o Satã
Para vir a Jequié
Na casa daquele trio
Para tomar um pouco de mé.
O Diabo veio logo
Na casa de seu Mané
Para tomar com aquele trio
Quase mil litros de mé
Depois que beberam tanto
Não ficou ninguém em pé.
O Diabo que era esperto
Não bebeu muita cachaça
Ficando com aquele trio
Que para sua desgraça
Era pior do que ele
Que ele até ficou sem graça.
Foi chegando ao inferno
Para o Cão se arrepender
Não quis mais ficar com o trio
Logo quis o trio devolver
Que não quis mais ir embora
"Só depois que a gente morrer".
Futucou o cão e a “coa”
Com três folhas de guiné
Bateu tanto nos coitados
Pode crer, bote mais fé
Que o cão até pediu
"Clemência dona mulher".
A mulher logo falou
"clemência nunca, meu irmão
nós vamos bater eu você
arrancar teu coração
comer teu fígado e teu bofe
depois te dar um empurrão".
"Vamos agora te botar
no caldeirão de dendê
botar você dentro do fogo
te assar e te comer
teu cifre nós queimaremos
não deixaremos crescer".
Como aquele trio falou
Tudo isto aconteceu
Deram uma surra no Cão
E mataram Zebedeu
Mas tudo isso só foi possível
Porque o trio era Deus.
Foi o trio que acabou
Com toda a infernação
Que existia no mundo
Nesse grande e velho mundão
Que virou um paraíso
De amor e compaixão.
(17 de abril de 1984).
ENGRAÇADA
ABC (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Água, aguinha, agueta
Bala, balinha, baleta
Cara, carinha, careta
Dada, dadinha, dadeta
Égua, eguinha, egueta
Fala, falinha, faleta
Gaza, gazinha, gazeta
Haja, hajinha, hajeta
Íngua, inguinha, ingueta
Jaca, jaquinha, jaqueta
Lapa, lapinha, lapeta
Mala, malinha, maleta
Nada, nadinha, nadeta
Olga, olguinha, olgueta
Prancha, pranchinha, prancheta
Quarta, quartinha, quarteta
Rola, rolinha, roleta
Sarja, sarjinha, sarjeta
Tapa, tapinha, tapeta
Uva, uvinha, uveta
Vela, velinha, veleta
Xara, xarinha, xareta
Zaza, zazinha, zazeta.
(03 de julho de 1984).
ENGRAÇADA
Por quê? (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Por que o pato é marido da pata
O rato é marido da rata
E o vaco não é marido da vaca
E o barato não é marido da barata?
Por que tudo não é mais simples
Bom até para aprender
Tudo assim ficaria melhor
Bom até para se dizer.
Se a bóia fosse a esposa do boi
O cavalo marido da cavala
O dado, marido da dada
E o talo, marido da tala.
Se o cobro fosse esposo da cobra
O onço, marido da onça
O tigre marido da tigra
E o lombrigo, marido da lombriga.
Se o tatu fosse marido da tatua
O galinho fosse marido da galinha
O cobro, marido da cobra
Como se tem o sogro e a sogra.
(19 de junho de 1984).
MÚSICA – ENGRAÇADA (?)
Triste destino (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Lá ia a bela donzela
A caminhar alegremente
Por entre arbustos
Quando de repente
Talvez por destino
Uma grande serpente
Com toda sua ira
Passou bem em frente
Da linda donzela
E tascou-lhe o dente
Veneno mortal
Que a deixou doente
Passando mui mal
E saiu sorridente
A peste serpente
Alegre por causa
Do triste acidente
Que à bela causou
Deixando-a demente
Caída no mato
Caída de frente
Já morta no chão.
(28 de setembro de 1984).
REFLEXÃO
Eu amo. Eu detesto. (Publicada no livro “Feitiço Contra o
Feiticeiro”)
Eu amo a vida, concebida após nove meses de longa espera;
Eu detesto quem impede que uma nova vida se forme; quem aborta ou
colabora para dar fim a um ser que pensa que viverá muito tempo; quem mata
friamente um ser humano, sob qualquer pretexto; os fabricantes de pílulas
anticoncepcionais, quem as vende e quem as usa; quem faz do sexo um simples
meio de obter prazer e não um meio de dar vida a um novo ser; detesto quem
impede que uma vida seja vivida como deveria ser, com amor...
Eu amo, a vida que se faz vida por si só.
Mas detesto quem mata por prazer ou por "defesa". Por que não
aceitamos morrer ou sofrer? Por que temos que lutar contra os nossos inimigos?
Por que procurar a paz na guerra? Por que querer ser feliz quando esta
felicidade é conseguida com a tristeza de muitos outros seres humanos?
Respostas para estas perguntas são difíceis de encontrar, quando não
impossíveis.
Por quê? Porque, apesar de tantas respostas encontradas, nenhuma serve,
pois são dadas pelo próprio destruidor do mundo: o homem.
(03 de julho de 1984).
ENGRAÇADA
Palavras iguais (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Será que o quadro é marido da quadra?
E o selo, é o que da sela?
O barco e a barca são casados?
O traço deve ser parente da traça...
O barraco é conhecido da barraca...
O mal é marido da mala?
O sino é parente da sina?
O lixo é irmão da lixa?
O pio é o que da pia?
O mesmo é parente da mesma.
O carneiro é irmão da carneira.
O mato é parente da mata
O colo é marido da cola
O ano é pai da Ana
O bolo e a bola se namoram.
(19 de junho de 1984).
RELIGIOSA
Jesus no Santuário (Publicada no livro “Feitiço Contra o
Feiticeiro”)
Eu sei que Jesus está aqui
Porque estamos pregando em nome
d'Ele
REFRÃO
Eu sei que Jesus está aqui
E porque na Bíblia diz
"onde estiver dois ou três pegando em meu nome
aí eu estarei".
E se Jesus está aqui
Milagres ele vai operar
As orações para sempre vão marcar
E o demônio nunca há de aqui chegar.
Sai, sai demônio
Porque nós estamos orando
Nós não gostamos de ti
É Jesus que adoramos.
E quem ao demônio quiser seguir
Saia e não venha mais aqui
Porque gostamos é de Jesus
Aquele que por nós morreu na cruz.
(ano de 1982).
ENGRAÇADA
ABC (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Amando
Beldades
Carinhosas e
Deliciosas como
Elas, fazemos
Guerra com outros
Homens
Incompreensíveis que se
Julgam
"Leões"
Mimados e
Não
Olham que
Podem,
Querendo ou não, serem
Ratos e
Sapos
Tarados
Uivando e, às
Vezes, fazendo
Xixi e
Zoada.
(15 de outubro de 1984).
HOMENAGEM PÓSTUMA – MÃE
Não ter mãe (Publicada no livro “Feitiço Contra o
Feiticeiro”)
Viver no mundo e não ter mãe é
Como ter olhos e não enxergar
Ter ouvidos e não poder ouvir
Ter pernas e não poder andar
Ter mãos e não poder pegar
Ter um livro e não saber ler
Ter uma caneta e não saber escrever
Saber o que deseja e não poder fazer
Ter a comida e não poder comer
Ter uma casa e não poder morar
Ter um amor e não saber amar
Ter pés e não poder chutar
Ter língua e não poder falar
Ter uma vida e não poder vivê-la.
Deus, não deixe que eu parta e deixa minha mãe para sofrer minha perda.
Não deixe que ela se vá e eu fique a sofrer por isto. Leve-nos, os dois, mãe e
filho, ao mesmo tempo, para que não soframos a morte um do outro.
(11 de agosto de 1984).
REFLEXÃO
Se somos uma coisa, não somos esta coisa (Publicada no livro
“Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Se houver alguém bom, este alguém não presta
Se existir uma pessoa ótima, ela é a pior
Quando há um homem honesto, ele é desonesto.
Quando existe uma mulher ruim, ela é a melhor.
Se alguém faz caridade, este alguém é avarento
Se alguma pessoa mata, ela ama o seu sangue
Se se mata um irmão, defendese a vida
Se há moça que é virgem, ela vive num mangue.
Se existir homem honesto, ele é um ladrão
Se alguém é corrupto, esse alguém é honesto
Se enganamos o povo, nós somos os bons
Mesmo se para isto, assinamos um manifesto.
Quando amamos uma pessoa, nós a detestamos
Se estamos mentindo, verdades dizemos
Se assalto realizamos, ajudamos aos pobres
Se maus nós somos, elogios recebemos.
Quando alguém é capaz, incapacitado é
Quando temos filhos, estéreis somos
Quando somos ricos, somos os mais pobres
Quando nós estamos indo, estamos voltando.
Se temos felicidades, não somos felizes
Se mansos nós somos, nós somos durões
Se brutos nós somos, nós somos mansinhos
Se somos exigentes, nós somos mandões.
Se não trabalhamos, somos esforçados
Se nos esforçamos, não queremos nada
Se somos baixinhos, somos os grandes
Se somos honestos, somos menos que nada.
(16 de agosto de 1984).
CORDEL – PROTESTO – POETA
Meu começo como poeta (Publicada no livro “Feitiço Contra o
Feiticeiro”)
Eu participei de um concurso
Concurso de poesias
Fui um dos classificados
Apenas com uma poesia
Poesia à "Minha Mãe"
Foi a tal da poesia.
E quem foi classificado
Para no livro publicar
A poesia que enviou
No livro que vai constar
Dez exemplares do mesmo
Cada autor tem que comprar.
Como agora estou "quebrado"
Não poderei encomendar
Os dez exemplares do livro
Quando ele publicar.
Ficarei só na vontade
De poder ele comprar.
Pensei no que eu faria
Para esta dívida saldar
Como é que eu iria
Estes dez livros comprar
Quando minha mãe me falou
Para em Deus eu confiar.
Mandou que eu vendesse o que tenho
Para fundos angariar
Para depois que vendesse
Os livros eu pudesse pagar
Para que minha poesia
Eu veja no livro publicar.
Eu fiz logo uma carta
E mandei ao meu amigão
Que logo me atendeu
Com toda a educação
Não deixou de me atender
Este meu mui grande amigão.
Ele leu a minha carta
No ar para seus ouvintes
Falou que eu fosse na rádio
Para me dizer o seguinte:
"Vá logo à Prefeitura
tu serás atendido, pedinte".
Mandou-me falar com o senhor
José Simões na Prefeitura
Na sala, no seu gabinete
Que tem bondade de fartura
Na certa serás atendido
Por José, na Prefeitura.
Eu fui e logo fui atendido
Por um senhor que é José
Falou que ia me mandar
Conversar com "Caribé"
Na certa ele me ajudaria
Acredito neste homem de fé.
Mas quando Caribé chegou
Logo, logo foi embora
Falou que estava com pressa
Que estava em cima da hora
"Tem uma reunião no Banco do Brasil
não atendo ninguém agora".
"Volto logo, meus amigos
para atender aos pedidos
que vocês me trazem
agora vou ficar reunido
lá no Banco do Brasil
e tá tudo decidido".
"Cês me esperem que eu volto
mas agora eu vou sair
vou correndo e vou com pressa
logo mais estou aqui
eu atenderei a todos
quando eu voltar aqui".
E eu fiquei lá um tempão
A esperar Caribé
Mas como ele não voltava
Voltei para casa à pé
Não aguentei a demora
Não esperei Caribé.
Eu registrei esta poesia
Para eu não me esquecer
Quando eu publicar um livro
A muitos eu vou agradecer
Pela força que me deram
E me fizeram crescer.
Ao meu amigo João
Não culpo se acontecer
Que eu não veja no livro
Minha poesia para ler
A poesia "Minha Mãe"
Que me fez no concurso vencer.
Espero algum dia publicar
Minhas poesias num livro
A Deus eu agradecerei
Mesmo se eu não estiver vivo
Agradecerei também aos governos
Que governam enquanto estou vivo.
Eu saí deste aperto
Vendendo um fogão meu
Comprei-o por quinze mil
Revendi o fogão meu
Vendi por quarenta mil
Já vendi o fogão meu.
Através de propaganda
No programa do João Mendes
Eu vendi meu fogãozinho
Através do amigo Mendes
Que não cobrou a propaganda
Te agradeço muito Mendes.
Para pagar pelos livros
Trinta e oito mil mandei
Para "Shogun Arte" no Rio
A quantia eu enviei
Mandei por Vale Postal
Que nos Correios paguei.
Estou a esperar os livros
Que em julho vão chegar
Estou ansioso para
No correio ir pegar
Os dez livros que paguei
Quero logo ir buscar.
Já chegaram os meus livros
No correio mandei buscar
Enviei o meu irmão
Para os livros retirar
Dei-lhe uma autorização
Para em meu nome pegar.
Antes dos livros chegarem
Uma quantia enviei
Para pagar as despesas
Cobradas pelo correio
Três mil e quinhentos cruzeiros
Pelo meu irmão mandei.
Agradeço ao meu bom Deus
Por eu ser como eu sou
Gosto muito de poemas
Gosto muito do que sou
Sou poeta, sou e gosto
Gosto muito do que sou.
(17 de abril de 1984).
HOMENAGEM – PAI
Meu Pai (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Trabalhou e trabalhou
Não aguentou e foi para o chão
Mas ninguém agradeceu
Este amor de coração...
Se esforçou e se matou
Até trabalhou sem aguentar
Para seus filhos queridos
Ajudar criar.
(ano de 1983).
CORDEL – DENÚNCIA
Zé Lientin (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
(perfil de um político)
Meu amigo Zé Lientin
Falso e cínico. Típico
Perfil de ladrão vagabundo
E também de grandes políticos.
Zé Lientin tu eras meu amigo
Mas agora tu já não és mais
Não posso ter amigos como tu
Prefiro viver com os animais.
Falsidade é um defeito horroroso
A mentira e a calúnia pior
Se não houvesse pessoas como tu
O mundo seria melhor.
Na festa da quadrilha
Eu ajudei com muita alegria
A um homem sujo e desonesto
Pensando que o mesmo tivesse valia.
Muitas firmas ajudaram na festa
Com prêmios em troca de propaganda
Na TV e em outros locais
Mas ninguém viu estas propagandas.
Os prêmios que recebemos
Muitos ficaram para Zé Lientin
Eram para os vencedores de concursos
Mas os trouxas não viram nem um pouquinho.
Foguetes, papéis de seda,
Papel laminado e até calça TOP
Zé Lientin ficou com tudo para ele
Não deu prêmios a vencedores de concursos
Só quis se aproveitar dos idiotas
Que ajudaram na realização da festa
E não ganharam nem tapa no rosto
E nem se alegraram com a festa.
Muito cínico e aproveitador
De pessoas sem instrução
Mas falso como ele é
Ganha no papo até filho de barão.
Na Banda Urbano Limeira
Pediu dinheiro para cambito e talabá
Esse dinheiro ficou para ele
Não teve vergonha de roubar.
Muitas festas que ele promove
É para dos tolos se aproveitar
Pede muita mercadoria
E se apossa sem os donos lhe dar.
Coitado de Zé Lientim
Dele tenho muita coisa a dizer
Tão burro, nem escrever sabe
Nem organizar as coisas que vai fazer.
É professor de idiotice
Mentira, calúnia, ilusão,
Falsidade e sem-vergonhice
E besteira. Ele é um burrão.
Nada que ele faz, dá certo
Porque não tem organização
Quer ser bom e autoritário
Mas não passa de um sem-educação.
Fundou o "Instituto Jóia"
Para dar curso de nem sei o que
Desista pobre Zé Lientin
Nada que tu faça vai crescer.
Zé Lientim é estúpido
Incapaz, sem moral de fazer
Uma festa com muito sucesso
Só sabe é besteiras dizer.
Porque fiz esta poesia
E li para todo mundo ver
Ele me prendeu no auditório
E logo queria me bater.
É tão baixo um homem deste tipo
Que tem coragem de à força fazer
Uma pessoa pobre e indefesa
Aceitar sua opinião sem querer.
Sem caráter e sem moral
Sem virtude e sem coração
Homem torto e sujo em tudo
Sem cultura e sem educação.
Veio trabalhar no Celli de Freitas
Diz ele, para levantar o moral
Mas está fazendo o contrário
O moral está indo para o escambau.
Livros do ginásio ele roubou
Papel de ofício e muito mais
E muitas e muitas coisas
Não sei, o número é demais.
Disse que iria abrir a cantina
Para os alunos da noite beber
Pelos menos água filtrada
Ninguém viu ele isto fazer.
Mandou os alunos fazerem festa
Para do ano 83 despedir
Como ninguém aceitou
Disse que do ginásio iria sair.
Pediu quilos de jabá
Feijão, óleo e macarrão
Ia guardar no Bar de Buja
Pra depois ele "passar a mão".
Como dona Aidê reclamou
Contra dona Aidê ele ficou
Porque queria apoio no roubo
E com ela ele não encontrou.
Fundou um "instituto" com Venâncio
E queria que eu fosse trabalhar
De graça durante o estágio
E depois iria me contratar.
Que o tal do "Instituto Jóia"
Órgão do governo iria ser
E quando isto acontecesse
Carteira assinada eu iria ter.
Que eu fizesse propaganda
Do instituto que ele acabara de "fundar"
E se alguém perguntasse de quem era
Para eu ficar quieto e não falar.
Aqui paro de coisas contar
Para não me cansar de escrever
Não quero perder tempo com este homem
Tenho melhor coisa a fazer.
(29 de novembro de 1983).
AMOR
Te quero sempre (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Quero sempre estar contigo
Quero sempre te amar
Te fazer feliz comigo
Quero muito te beijar.
Eu não quero te perder
Eu não quero te largar
Eu não quero te esquecer
Eu só quero te amar.
Quero muito te dizer
Quero muito te falar
Quero muito esclarecer
Que muito quero te amar.
Muito quero estar contigo
Sempre e sempre sem parar
Não posso viver sem ti
Não quero te abandonar.
Não quero nada do mundo
O que eu quero vou dizer
Quero uma coisa gostosa
Meu amor, quero você.
(30 de outubro de 1984).
AMOR
Numa noite de amor (Publicada no livro “Feitiço Contra o
Feiticeiro”)
Numa noite de amor
Te busquei e te achei
Nos amamos longamente
Muito, muito eu te amei.
Pelas veredas entrei
Para em ti depositar
Muito sêmen que é vida
Pra um novo ser se formar.
Foi um amor diferente
Foram palavras de paixão
Foi ternura e foi carinho
Foi amor de coração.
Foram beijos e abraços
Que nos matou de paixão
Numa noite que se acabou
E levou meu coração.
Quero ainda te amar
E por toda a minha vida
Meu amor por ti meu bem
Não acaba nesta lida.
(Para Lusa - 30 de outubro de 1984).
HOMENAGEM
Luza (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Pelas entranhas desconhecidas de teu corpo eu andei. Senti momentos de
alegria e de graça ao penetrar tua alma... Te possuí por momentos que me
elevaram o moral e que me deram alegria de viver. Tu me recebestes com todo o
carinho que eu sempre desejei. Te busquei e te encontrei. Tu me destes e
recebestes em troca dos momentos ternos de amos, muito amor e muito carinho,
carinho que sempre guardei para este momento oportuno.
Luza, gostei muito de ti e acho até que,
Te amo.
(30 de outubro de 1984).
AMOR
Aconteceu (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Você chegou-se de mansinho
Conquistou meu coração
Atraiu-me com uma força
Com uma força de leão.
Pegou-me desprevenido
Deixou-me louco por ti
Quase morro por você
Por você muito sofri.
Te gosto muito, meu bem
E muito mais irei gostar
Quando ter você pra mim
Livre para me amar.
Conquistou-me facilmente
Prendeu-me em tuas garras
Roubou-me o coração
Laçou-me com tuas amarras.
Você me fez muito feliz
E me fez acreditar
Que a vida só é boa
Quando se tem alguém para amar.
(01 de novembro de 1984).
AMOR
Revelação (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Mais uma vez te amei
Com maior paixão e prazer
Desses momentos agradáveis
Eu nunca vou me esquecer.
Me darei todinho a ti
Me entregarei a você
Só em ti confiarei
Nunca vou te esquecer.
Foi melhor que aquela noite
Que nós muito nos amamos
Sem pensar em nada mais
Nós deitamos e rolamos.
Não quero perder você
Quero é muito te amar
Quero ter você para mim
Pra de amor eu te matar.
Muito em breve nós seremos
Dois eternos namorados
Nos amando com ardor
E vivendo apaixonados.
Se eu pudesse te daria
Tudo o que você necessita
Te daria meu coração
Enlaçado em uma fita.
Mas como não tenho nada
Para a você ofertar
Te darei meu sentimento
E sempre irei te amar.
O teu cheiro alucinante
Sempre me faz desejar
Que você venha logo pra mim
Somente pra me amar.
Em teu corpo encontro paz
Ao teu lado estou feliz
Você para mim, meu bem
É tudo o que sempre quis.
Por favor não me abandones
Não me largue meu amor
Quero você bem ao meu lado
Pra me dar o teu calor.
(01 de novembro de 1984).
AMOR
Eu amo (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Eu amo tudo na vida
Eu amo tudo no mundo
Mas o que eu amo mais
É o teu amor profundo.
Teu amor me embriaga
Teu calor me faz feliz
Teu coração no meu peito
É o que eu sempre quis.
O teu cheiro eu quero muito
Me sentir dentro de ti
Quero ter você ao meu lado
Quero ter você aqui.
O meu corpo ansia muito
Pra ter você ao meu lado
Quero muito te amar
E também ser muito amado.
(11 de novembro de 1984).
AMOR
Amor (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
A saudade é mui ruim
O sofre é bem pior
O carinho é muito bom
E o amor é bem melhor.
A morte não é o fim
De tudo que nós fizemos
E mesmo depois da morte
Muito mais nos amaremos.
O carinho é o começo
De toda uma paixão
Me dê carinho, meu bem
E te darei meu coração.
Não se pode viver só
Sem amor e sem paixão
Temos muitos que nos amarmos
Vou te dar meu coração.
O amor é um sentimento
É um dom que Deus nos deu
Te darei o meu amor
E você me dará o teu.
(17 de novembro de 1984).
MÚSICA – AMOR
Que lindo (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Que lindo
Que belo
É ver meu amor
Trazendo pra mim
Um pé de fulô.
Fulô de desejo
Desejo de amar
Que doce loucura
Que bom desejar.
Que lindo, que belo
É ver meu amor
Trazendo pra mim
Um pé de fulô.
Na certa ela traz
Um pé de fulô
Com beijos e abraços
Com beijos de amor.
Que lindo, que belo
É ver meu amor
Trazendo pra mim
Um pé de fulô.
Eu a vejo trazendo
Amor e emoção
Trazendo no fundo
Do seu coração.
Que lindo, que belo
É ver meu amor
Trazendo pra mim
Um pé de fulô.
(13 de dezembro de 1984).
AMOR
Amor (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
Eu vejo o sol
Eu vejo a lua
E a beleza
Tua.
Na quentura do sol
Tua beleza resplandece
No vermelho da lua
Teu amor me aparece.
Te vejo a sonhar
Com a beleza da lua
Mas eu sonho somente
Com a beleza tua.
Você olha para o sol
E me vê a queimar
O teu peito com o amor
Que guardei pra te amar.
Meu amor não se acaba
Está sempre a nascer
De uma fonte que existe
No fundo do meu ser.
(14 de dezembro de 1984).
HOMENAGEM
Esta mulher (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)
(O título não diz o que eu quero dizer. O mesmo fala "desta
mulher". Simples demais. Muito diferente do sentido que eu dou à frase.
Não quer dizer "esta mulher", qualquer pessoa, passatempo,
divertimento. Não. Quer dizer "esta mulher", que é "esta".
A minha mulher. Diferenciando de "aquelas", “essas". Esta mulher
à qual me refiro é a minha, minha amada, minha vida, meu ser, meu amor).
"Esta mulher, chegou para mim"
chegou sem dizer que me amava
porque pensou que eu nela
nem um pouco acreditava.
Ela chegou, me cercou, me pegou
Não me deixou fugir, pensar, agir.
Segurou-me e tentou me deter
Não me deixou fugir...
Invadiu o meu ser, meu coração
Deu-me inspiração, me despertou
Acordou-me, me fez amar
Beijou-me, me alucinou e me amou.
Me quis e exigiu que a quisesse
Eu a quis e acreditei no seu amor
Não tentei fugir, pensar, agir
Só quis acreditar, amar com ardor.
Aceitei-a, querendo-a com paixão
Não tive medo de amar
Mil problemas enfrentei
Mas não parei para pensar.
Quis ela e a quero muito
Amo-a com toda a minha força
Sou cego, surdo, de amar,
Só não quero amá-la à força.
Quero ela, e a quero demais
Não pretendo deixá-la só
Quero ela sempre ao meu lado
Mesmo estando longe não estamos sós.
(03 de dezembro de 1984).
REFLEXÃO
O corpo e a alma (Publicada no livro “Feitiço Contra o
Feiticeiro”)
Na parte material eu posso ter muitas perfeições. Talvez até mais
perfeições que imperfeições. Eu posso ter um corpo normal, um par de olhos que
enxergam; ouvidos que ouvem perfeitamente bem; pernas que andam normalmente;
mãos que pegam e sentem como mãos normais; aparelho digestivo funcionando;
coração perfeito, etc.
Mas será que sou realmente perfeito? Será que se pode considerar
perfeita uma pessoa que, espiritualmente é igual a uma rocha que ainda não foi
lapidada e transformada em uma linda escultura?
Não, acredito que não se pode considerar perfeita uma pessoa nestas
condições. Não se pode, em hipótese alguma, dizer que a água de um vaso está
completamente límpida, simplesmente pela beleza deste vaso.
Por isto afirmo que não sou perfeito. Ainda tenho muitas impurezas a
serem retiradas do interior do meu ser, do meu espírito, do meu coração. E
estas impurezas se multiplicam como que por milagre: quanto mais tento
melhorar, mais sujo e imundo permaneço...
Espero que, com a ajuda de Deus, através dos Espíritos Protetores, eu
possa ser liberto de todo o rancor e, hipocrisia, egoísmo e tudo o que
significar pobreza de espírito.
(06 de setembro de 1984).
CORDEL HOMO – ENGRAÇADO
A mona dadeira
Ela saiu a uma festa
Doida pra baixar a avó
Ficou toda excitada
Quando viu aquele ocó...
O edi ficou piscando
Querendo logo sentar
Naquela imensa ocane
Pra seu edi arrombar.
O ocó não era odara
Era daqueles uó
Mas a mona tava doida
Para dar o seu fiofó.
A ocane era odara
A mona fez a gravação
Baixou a avó e deu o edi
Tava louca de tesão.
O ocó pediu aqué
Depois da aquendação
Deixando a mona pra baixo
Pois ela não tinha um tostão.
Ela quis abafar o caso
Mas o ocó não aceitou não
O ocó era uma bela Elza
E começou a confusão.
Deu panquê na mona tonta
Que caiu logo no chão
Levou chute pela cara
Ficou com o olho roxão.
Ela quis aquendar o Baco
Passar o cheque no ocó
Queria gravar o CD
Fazer o bofe de bocó.
Acabou com maquiagem
Maquiagem de Avon
Ficaram com pena dela
Mas eu até que achei bom.
Nunca mais ela faz o truque
Para enganar o ocó
Queria sair de sabida
Acabou levando a pior.
ENGRAÇADA
A bosta!
Essa tão mal falada bosta
Que todos botam pra fora
Depois de ter se aproveitado
Depois de ter “comido” e bebido
Depois de ter se servido
De almoços e jantares
De merendas e manjares...
Essa bosta tem valor
Essa bosta tem fedor
Ninguém gosta do odor
Que exala do cocô
Mas se lembram do troção
Que arromba o cuzão
Querendo cair no chão...
Tanta força para expulsar
O toloco do fiofó
Seria muito melhor
Se a gente fosse entupido
Não saísse todo espremido
Para abortar um cocô
Com todo esse fedor.
Mas sem cu, como cagar?
A bosta seria pior
Pela boca ou pelo ouvido
E não pelo fiofó
Mas ninguém iria aguentar
O cheiro de bosta na boca
Depois da bosta abortar...
A boca suja de bosta
Seria mesmo uma piada
Pois para beijar os lábios
Nem mesmo com uma lavada
Pois o gosto e o fedor
Iria marcar a beijada
Dessa gente mal educada.
Deixa o cu cagar a bosta
Deixa a bosta para trás
É melhor cagar com o cu
E ficar melado atrás
Que melar a boca e o ouvido
Com esse cheiro de gás.
Atire a primeira pedra
Quem nunca foi ao banheiro
Quem nunca cuspiu no chão
Não manchou a parede toda
E limpou o cu com o dedão.
Se esfregou o cu pela quina
Pra se livrar do fedor
Você é mesmo um guerreiro
Mesmo se não confessou.
Se limpou toda a meleca
Do nariz com o dedão
Você é um corajoso
E exemplo para a nação.
Já usou escova alheia
Para limpar os teus dentes
É um dos grandes guerreiros
Orgulho pra toda gente.
Mas se fez uma coisa dessas
E nega com o coração
Você é mesmo um babaca
Se controle, meu irmão.
Sampa, 30.01.2005
REFLEXÃO
A angústia vem do sentir que tudo na terra é efêmero e “sem sentido” e
de que a única coisa que me faria bem, seria ser amado por um homem, mas sei
que isso jamais será real, de verdade, pois um ser do mesmo sexo que eu tem a
mente programada, instintivamente para amar e desejar um outro sexo de outro
sexo diferente.
20 de agosto de 1998
HOMENAGEM
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Baixo Meretrício (corrigida) (publicado
em “Oficina de Poesia 20 anos”)
Você, com essa boca de cigarro,
Com esse pigarro.
Melhor seria que cuspisse
Em minha boca
Um pouco do teu escarro.
Que tirasse de mim um sarro.
Mas prefiro outro barro,
Andar de bike, ou de carro
Do que sentir o bafo
Sem sabor, sem amor,
Com cheiro de nada e esparro.
Mude seu hábito
Pois onde habito, respeito.
Salvador, 17 de dezembro de 2004
HOMENAGEM
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Cidade Média (corrigido)
Salvador está dividida:
Cidade Alta e Cidade Baixa.
Não moro em nenhuma delas
Nem na Alta nem na Baixa.
Moro no intermédio
Entre a Baixa e a Alta
Nem no morro nem na baixada
Mas isso não me faz falta.
Em cima ou embaixo;
No meio ou no final?
No começo, menos mal.
Se eu me esculacho
Ou se vivo legal
Nada importa. Sou real.
Salvador, 12 de abril de 2005
SOCIAL
A fome que me come (corrigida)
Gosto do meu país
Onde há paz
Mas onde os pais
Perdem seus frutos.
Aqui eu moro,
Cresço, apodreço
Caio e morro.
Seja no asfalto,
Seja no morro.
Bala perdida
Vida desperdiçada
Dor amortecida
Terra amaldiçoada.
Estou acostumado
Com a fome que me come
E corpos mutilados
DE-SO-VA-DOS.
Gosto do meu país
Onde não há paz
Estou acostumado
A fechar os olhos
A fingir ser surdo
E a não denunciar.
01.11.2005
ENGRAÇADA HOMO
Dark Room
Nesse dark room da vida perco-me
Percorro pernas, braços, membros,
Bocas já beijadas, mãos amassadas,
Carinhos gastos pelos contatos,
Carícias afagadas por almas penadas,
Devassidão de minha alma empobrecida;
Minha alma percorre os cantos,
Desencantos de amores pútridos,
Pruridos não sentidos, gemidos,
Sussurros, murros, escapadas.
Mãos calejadas me agarram
Na marra. Sou o ator dessa cena
Obscena e ridiculamente singela,
Tão tosca, fétida, imunda,
Que me inunda por todos os poros
Então choro, choro e me escuto:
Meu ser clama por uma chama
Que me destrua, me deixe nua,
Sem alma e sem calma.
Mas o fogo ainda queima o peito
Então deito e suplico a morte
Jogo minha vida à sorte:
Sem sorte num jogo que mata.
Meu carma é penar nessa lata
Vira-lata de carnes humanas
Vidrado por sexo, por carne.
Apaixonado por amor sem sentimento,
Lamento e imploro a mim mesmo
Que saia da lama e volte
E deite na cama que é leito.
Aproveito e acordo do sono
Por pouco não volto ao lodo
Por nada não quero esta paz
Que me traz de volta ao sublime
Cansei de ser puro e ingênuo
Quero o crime do sangue e do corpo.
Salvador, 23 de fevereiro de 2005
ENGRAÇADA
PROJETO 30 ANOS DE POESIA
Deus tem um plano em sua vida (corrigida)
Nascer não é difícil
Viver não é impossível
Crescer é inevitável
Envelhecer faz parte do processo
Morrer é o ápice da vida.
Nascer, crescer, envelhecer e morrer:
Tudo faz parte do processo.
Morte lenta, morte rápida,
Morte morrida ou morte matada,
De nada importa, não importa nada,
Quando o destino de nós todos
Está com as horas contadas.
Cada um ao seu próprio tempo
Terá sua hora marcada
Para partir deste mundo
Deixando em sono profundo
Quem ficou a lembrar-se
Dos momentos de alegria
Tristeza ou algazarra.
A certeza não é outra:
Deus tem um plano em sua vida
E esse plano é a morte!
REFLEXÃO
“Eduardo e Mônica” (corrigido)
Leio poesias, Ana Cristina César...
Ele fuma, assiste “Alien x Predador”
E sorri...
Ardo em chamas com sede de ler
Ele prefere “ler” figuras do livro.
Acordo do torpor da indiferença
Busco, ávido, o rio do conhecimento
Enquanto ele dorme, entorpecido pela distração
Buscando vida onde só há ilusão.
Concílio, conciliar, conciliação
Tento acordos onde a disputa
Só revela separação.
Estrada de Monte Gordo, Camaçari, 31.07.2005
“Mônica e Eduardo”
Escuto sofrimento falado
Eu, pobre fumante ignorante
Que assisto “Alien x Predador”
Enquanto ele ronca e reclama:
No seu sono fingido
Nem sonha que meu sonho
É ser compreendido...
Como falas de separação se
Até ela vira ressurreição?
Camaçari
BA-Salvador - AMA - 310705
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