sábado, 22 de agosto de 2020

Livro Todos os Poemas da página 1708 até página 1805

Antologia Todos os Poemas

Valdeck Almeida de Jesus

Parte 10

 

Versões atualizadas e outras nem tanto


 

HOMENAGEM – SOCIAL – PROTESTO

 

Não estão libertos os negros  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Não estão libertos

Os nossos irmãos

Que vivem conosco

Aceitos não são

Por causa da cor

Aceitos não são.

 

Eu me admiro

Porque isto está

Ainda valendo

No mundo que está

Se evoluindo

Que crescendo está.

 

Discriminação

Ainda se vê

Por todos os lados

A acontecer

Contra o sangue

Que é meu e de você.

 

Nosso mano está

Sendo proibido

De fazer seu show

De andar vestido

Como nós: brancos

Uns loucos varridos.

 

Tem branco que é louco

Sem ter inteligência

Que oprime seu sangue

Com mui indiferença

Que mata seu mano

Sem ser por doença.

 

Tem loucos burgueses

Doutores ladrões

Falsos advogados

Ministros ladrões

Presidentes bestas

Todos brancos ladrões.

 

Tem negros melhores

Que nossos mandões

Que nossos doutores

Que nossos ladrões

Que nossos corruptos

Que nossos lerdões.

 

Tem negro que quer

Beijar seu irmão

Mas é proibido

Por nossos mandões

Que matam sem pena

Nossos corações.

 

Nossos manos são melhores

Que brancos desocupados

Que brancos advogados

Que brancos mui descarados

Que brancos que nos governam

Que homens mal-encarados.

 

Nossos negros têm direitos

Que não são obedecidos

Quem me dera ser um negro

Ser um dos mais desvalidos

Que fazer parte de uma classe

De homens doidos varridos.

 

Se eu tivesse escolha

Antes de eu ter nascido

Negro, negro eu nasceria

Bom se assim tivesse sido

Pelo menos eu seria

Um desses negros sofridos.

 

Se eu pudesse transformar

Trocar o lugar de tudo

Eu poria bem no alto

Um grande negro parrudo

Para ser nosso presidente

Pra mandar em tudo, tudo!

 

Não se pode neste mundo

Fazer nada que dê certo

Sem ter o apoio de todos

Sem ter um negro por perto

O que seria do Brasil

Só com brancos aqui perto?

(13 de agosto de 1984)

 


 

REFLEXÃO

 

Alegria divina (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Eu não me sinto triste por não gozar as alegrias e prazeres do mundo, por não desfrutar dos gozos e por não me lambuzar nas delícias que me cercam. Ao contrário. Eu me sinto alegre e mais alegra ainda do que se tivesse a oportunidade da desfrutar de tudo o que a vida oferece.

Minha alegria é muito grande, me invade todo o ser, entra em mim e percorre os mais distantes recantos de minha alma; aprofundase em minhas entranhas, invade o abismo do meu ser, preenche o vazio da minha alma e me faz acreditar na vida eterna.

Essa minha alegria, na verdade, não é minha. É de Deus...

(12 de julho de 1984).

 

 


 

CORDEL

 

História de Cão  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Agora eu vou te contar

Uma história de cão

O que eu conto aqui agora

É de cortar coração

É pior que uma navalha

Faca, gilete ou facão.

 

Começo logo no caso

Que aqui eu vou contar

Porque só fazendo assim

Você não vai me deixar

Falando tudo sozinho

Sem ninguém pra me escutar.

 

Foi o caso de um homem

Sua filha e sua mulher

Que falou para o Satã

Para vir a Jequié

Na casa daquele trio

Para tomar um pouco de mé.

 

O Diabo veio logo

Na casa de seu Mané

Para tomar com aquele trio

Quase mil litros de mé

Depois que beberam tanto

Não ficou ninguém em pé.

 

O Diabo que era esperto

Não bebeu muita cachaça

Ficando com aquele trio

Que para sua desgraça

Era pior do que ele

Que ele até ficou sem graça.

 

Foi chegando ao inferno

Para o Cão se arrepender

Não quis mais ficar com o trio

Logo quis o trio devolver

Que não quis mais ir embora

"Só depois que a gente morrer".

 

Futucou o cão e a “coa”

Com três folhas de guiné

Bateu tanto nos coitados

Pode crer, bote mais fé

Que o cão até pediu

"Clemência dona mulher".

 

A mulher logo falou

"clemência nunca, meu irmão

nós vamos bater eu você

arrancar teu coração

comer teu fígado e teu bofe

depois te dar um empurrão".

 

"Vamos agora te botar

no caldeirão de dendê

botar você dentro do fogo

te assar e te comer

teu cifre nós queimaremos

não deixaremos crescer".

 

Como aquele trio falou

Tudo isto aconteceu

Deram uma surra no Cão

E mataram Zebedeu

Mas tudo isso só foi possível

Porque o trio era Deus.

 

Foi o trio que acabou

Com toda a infernação

Que existia no mundo

Nesse grande e velho mundão

Que virou um paraíso

De amor e compaixão.

(17 de abril de 1984).

 


 

ENGRAÇADA

 

ABC  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

Água, aguinha, agueta

Bala, balinha, baleta

Cara, carinha, careta

Dada, dadinha, dadeta

Égua, eguinha, egueta

Fala, falinha, faleta

Gaza, gazinha, gazeta

Haja, hajinha, hajeta

Íngua, inguinha, ingueta

Jaca, jaquinha, jaqueta

Lapa, lapinha, lapeta

Mala, malinha, maleta

Nada, nadinha, nadeta

Olga, olguinha, olgueta

Prancha, pranchinha, prancheta

Quarta, quartinha, quarteta

Rola, rolinha, roleta

Sarja, sarjinha, sarjeta

Tapa, tapinha, tapeta

Uva, uvinha, uveta

Vela, velinha, veleta

Xara, xarinha, xareta

Zaza, zazinha, zazeta.

(03 de julho de 1984).


 

ENGRAÇADA

Por quê? (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Por que o pato é marido da pata

O rato é marido da rata

E o vaco não é marido da vaca

E o barato não é marido da barata?

 

Por que tudo não é mais simples

Bom até para aprender

Tudo assim ficaria melhor

Bom até para se dizer.

 

Se a bóia fosse a esposa do boi

O cavalo marido da cavala

O dado, marido da dada

E o talo, marido da tala.

 

Se o cobro fosse esposo da cobra

O onço, marido da onça

O tigre marido da tigra

E o lombrigo, marido da lombriga.

 

Se o tatu fosse marido da tatua

O galinho fosse marido da galinha

O cobro, marido da cobra

Como se tem o sogro e a sogra.

(19 de junho de 1984).


 

MÚSICA – ENGRAÇADA (?)

 

Triste destino  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Lá ia a bela donzela

A caminhar alegremente

Por entre arbustos

Quando de repente

Talvez por destino

Uma grande serpente

Com toda sua ira

Passou bem em frente

Da linda donzela

E tascou-lhe o dente

Veneno mortal

Que a deixou doente

Passando mui mal

E saiu sorridente

A peste serpente

Alegre por causa

Do triste acidente

Que à bela causou

Deixando-a demente

Caída no mato

Caída de frente

Já morta no chão.

(28 de setembro de 1984).


 

REFLEXÃO

 

Eu amo. Eu detesto.  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Eu amo a vida, concebida após nove meses de longa espera;

Eu detesto quem impede que uma nova vida se forme; quem aborta ou colabora para dar fim a um ser que pensa que viverá muito tempo; quem mata friamente um ser humano, sob qualquer pretexto; os fabricantes de pílulas anticoncepcionais, quem as vende e quem as usa; quem faz do sexo um simples meio de obter prazer e não um meio de dar vida a um novo ser; detesto quem impede que uma vida seja vivida como deveria ser, com amor...

 

Eu amo, a vida que se faz vida por si só.

Mas detesto quem mata por prazer ou por "defesa". Por que não aceitamos morrer ou sofrer? Por que temos que lutar contra os nossos inimigos? Por que procurar a paz na guerra? Por que querer ser feliz quando esta felicidade é conseguida com a tristeza de muitos outros seres humanos?

 

Respostas para estas perguntas são difíceis de encontrar, quando não impossíveis.

 

Por quê? Porque, apesar de tantas respostas encontradas, nenhuma serve, pois são dadas pelo próprio destruidor do mundo: o homem.

(03 de julho de 1984).

 


 

ENGRAÇADA

 

Palavras iguais  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Será que o quadro é marido da quadra?

E o selo, é o que da sela?

O barco e a barca são casados?

O traço deve ser parente da traça...

O barraco é conhecido da barraca...

O mal é marido da mala?

O sino é parente da sina?

O lixo é irmão da lixa?

O pio é o que da pia?

O mesmo é parente da mesma.

O carneiro é irmão da carneira.

O mato é parente da mata

O colo é marido da cola

O ano é pai da Ana

O bolo e a bola se namoram.

(19 de junho de 1984).

 

 


 

RELIGIOSA

Jesus no Santuário  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Eu sei que Jesus está aqui

Porque estamos pregando em nome d'Ele                     REFRÃO

Eu sei que Jesus está aqui

 

E porque na Bíblia diz

"onde estiver dois ou três pegando em meu nome

aí eu estarei".

 

E se Jesus está aqui

Milagres ele vai operar

As orações para sempre vão marcar

E o demônio nunca há de aqui chegar.

 

Sai, sai demônio

Porque nós estamos orando

Nós não gostamos de ti

É Jesus que adoramos.

 

E quem ao demônio quiser seguir

Saia e não venha mais aqui

Porque gostamos é de Jesus

Aquele que por nós morreu na cruz.

(ano de 1982).


 

ENGRAÇADA

 

ABC  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Amando

Beldades

Carinhosas e

Deliciosas como

Elas, fazemos

Guerra com outros

Homens

Incompreensíveis que se

Julgam

"Leões"

Mimados e

Não

Olham que

Podem,

Querendo ou não, serem

Ratos e

Sapos

Tarados

Uivando e, às

Vezes, fazendo

Xixi e

Zoada.

(15 de outubro de 1984).


 

HOMENAGEM PÓSTUMA – MÃE

 

Não ter mãe   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Viver no mundo e não ter mãe é

Como ter olhos e não enxergar

Ter ouvidos e não poder ouvir

Ter pernas e não poder andar

Ter mãos e não poder pegar

Ter um livro e não saber ler

Ter uma caneta e não saber escrever

Saber o que deseja e não poder fazer

Ter a comida e não poder comer

Ter uma casa e não poder morar

Ter um amor e não saber amar

Ter pés e não poder chutar

Ter língua e não poder falar

Ter uma vida e não poder vivê-la.

 

Deus, não deixe que eu parta e deixa minha mãe para sofrer minha perda. Não deixe que ela se vá e eu fique a sofrer por isto. Leve-nos, os dois, mãe e filho, ao mesmo tempo, para que não soframos a morte um do outro.

(11 de agosto de 1984).


 

REFLEXÃO

 

Se somos uma coisa, não somos esta coisa   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Se houver alguém bom, este alguém não presta

Se existir uma pessoa ótima, ela é a pior

Quando há um homem honesto, ele é desonesto.

Quando existe uma mulher ruim, ela é a melhor.

 

Se alguém faz caridade, este alguém é avarento

Se alguma pessoa mata, ela ama o seu sangue

Se se mata um irmão, defendese a vida

Se há moça que é virgem, ela vive num mangue.

 

Se existir homem honesto, ele é um ladrão

Se alguém é corrupto, esse alguém é honesto

Se enganamos o povo, nós somos os bons

Mesmo se para isto, assinamos um manifesto.

 

Quando amamos uma pessoa, nós a detestamos

Se estamos mentindo, verdades dizemos

Se assalto realizamos, ajudamos aos pobres

Se maus nós somos, elogios recebemos.

 

Quando alguém é capaz, incapacitado é

Quando temos filhos, estéreis somos

Quando somos ricos, somos os mais pobres

Quando nós estamos indo, estamos voltando.

 

Se temos felicidades, não somos felizes

Se mansos nós somos, nós somos durões

Se brutos nós somos, nós somos mansinhos

Se somos exigentes, nós somos mandões.

 

Se não trabalhamos, somos esforçados

Se nos esforçamos, não queremos nada

Se somos baixinhos, somos os grandes

Se somos honestos, somos menos que nada.

(16 de agosto de 1984).

 

 


 

CORDEL – PROTESTO – POETA

 

Meu começo como poeta  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Eu participei de um concurso

Concurso de poesias

Fui um dos classificados

Apenas com uma poesia

Poesia à "Minha Mãe"

Foi a tal da poesia.

 

E quem foi classificado

Para no livro publicar

A poesia que enviou

No livro que vai constar

Dez exemplares do mesmo

Cada autor tem que comprar.

 

Como agora estou "quebrado"

Não poderei encomendar

Os dez exemplares do livro

Quando ele publicar.

Ficarei só na vontade

De poder ele comprar.

 

Pensei no que eu faria

Para esta dívida saldar

Como é que eu iria

Estes dez livros comprar

Quando minha mãe me falou

Para em Deus eu confiar.

 

Mandou que eu vendesse o que tenho

Para fundos angariar

Para depois que vendesse

Os livros eu pudesse pagar

Para que minha poesia

Eu veja no livro publicar.

 

Eu fiz logo uma carta

E mandei ao meu amigão

Que logo me atendeu

Com toda a educação

Não deixou de me atender

Este meu mui grande amigão.

 

Ele leu a minha carta

No ar para seus ouvintes

Falou que eu fosse na rádio

Para me dizer o seguinte:

"Vá logo à Prefeitura

tu serás atendido, pedinte".

 

Mandou-me falar com o senhor

José Simões na Prefeitura

Na sala, no seu gabinete

Que tem bondade de fartura

Na certa serás atendido

Por José, na Prefeitura.

 

Eu fui e logo fui atendido

Por um senhor que é José

Falou que ia me mandar

Conversar com "Caribé"

Na certa ele me ajudaria

Acredito neste homem de fé.

 

Mas quando Caribé chegou

Logo, logo foi embora

Falou que estava com pressa

Que estava em cima da hora

"Tem uma reunião no Banco do Brasil

não atendo ninguém agora".

 

"Volto logo, meus amigos

para atender aos pedidos

que vocês me trazem

agora vou ficar reunido

lá no Banco do Brasil

e tá tudo decidido".

 

"Cês me esperem que eu volto

mas agora eu vou sair

vou correndo e vou com pressa

logo mais estou aqui

eu atenderei a todos

quando eu voltar aqui".

 

E eu fiquei lá um tempão

A esperar Caribé

Mas como ele não voltava

Voltei para casa à pé

Não aguentei a demora

Não esperei Caribé.

 

Eu registrei esta poesia

Para eu não me esquecer

Quando eu publicar um livro

A muitos eu vou agradecer

Pela força que me deram

E me fizeram crescer.

 

Ao meu amigo João

Não culpo se acontecer

Que eu não veja no livro

Minha poesia para ler

A poesia "Minha Mãe"

Que me fez no concurso vencer.

 

Espero algum dia publicar

Minhas poesias num livro

A Deus eu agradecerei

Mesmo se eu não estiver vivo

Agradecerei também aos governos

Que governam enquanto estou vivo.

 

Eu saí deste aperto

Vendendo um fogão meu

Comprei-o por quinze mil

Revendi o fogão meu

Vendi por quarenta mil

Já vendi o fogão meu.

 

Através de propaganda

No programa do João Mendes

Eu vendi meu fogãozinho

Através do amigo Mendes

Que não cobrou a propaganda

Te agradeço muito Mendes.

 

Para pagar pelos livros

Trinta e oito mil mandei

Para "Shogun Arte" no Rio

A quantia eu enviei

Mandei por Vale Postal

Que nos Correios paguei.

 

Estou a esperar os livros

Que em julho vão chegar

Estou ansioso para

No correio ir pegar

Os dez livros que paguei

Quero logo ir buscar.

 

Já chegaram os meus livros

No correio mandei buscar

Enviei o meu irmão

Para os livros retirar

Dei-lhe uma autorização

Para em meu nome pegar.

 

Antes dos livros chegarem

Uma quantia enviei

Para pagar as despesas

Cobradas pelo correio

Três mil e quinhentos cruzeiros

Pelo meu irmão mandei.

 

Agradeço ao meu bom Deus

Por eu ser como eu sou

Gosto muito de poemas

Gosto muito do que sou

Sou poeta, sou e gosto

Gosto muito do que sou.

(17 de abril de 1984).


 

HOMENAGEM – PAI

 

Meu Pai  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Trabalhou e trabalhou

Não aguentou e foi para o chão

Mas ninguém agradeceu

Este amor de coração...

 

Se esforçou e se matou

Até trabalhou sem aguentar

Para seus filhos queridos

Ajudar criar.

(ano de 1983).

 

 


 

CORDEL – DENÚNCIA

 

Zé Lientin  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

(perfil de um político)

 

Meu amigo Zé Lientin 

Falso e cínico. Típico

Perfil de ladrão vagabundo

E também de grandes políticos.

 

Zé Lientin  tu eras meu amigo

Mas agora tu já não és mais

Não posso ter amigos como tu

Prefiro viver com os animais.

 

Falsidade é um defeito horroroso

A mentira e a calúnia pior

Se não houvesse pessoas como tu

O mundo seria melhor.

 

Na festa da quadrilha

Eu ajudei com muita alegria

A um homem sujo e desonesto

Pensando que o mesmo tivesse valia.

 

Muitas firmas ajudaram na festa

Com prêmios em troca de propaganda

Na TV e em outros locais

Mas ninguém viu estas propagandas.

 

Os prêmios que recebemos

Muitos ficaram para Zé Lientin 

Eram para os vencedores de concursos

Mas os trouxas não viram nem um pouquinho.

 

Foguetes, papéis de seda,

Papel laminado e até calça TOP

Zé Lientin  ficou com tudo para ele

Não deu prêmios a vencedores de concursos

Só quis se aproveitar dos idiotas

Que ajudaram na realização da festa

E não ganharam nem tapa no rosto

E nem se alegraram com a festa.

 

Muito cínico e aproveitador

De pessoas sem instrução

Mas falso como ele é

Ganha no papo até filho de barão.

 

Na Banda Urbano Limeira

Pediu dinheiro para cambito e talabá

Esse dinheiro ficou para ele

Não teve vergonha de roubar.

 

Muitas festas que ele promove

É para dos tolos se aproveitar

Pede muita mercadoria

E se apossa sem os donos lhe dar.

 

Coitado de Zé Lientim

Dele tenho muita coisa a dizer

Tão burro, nem escrever sabe

Nem organizar as coisas que vai fazer.

 

É professor de idiotice

Mentira, calúnia, ilusão,

Falsidade e sem-vergonhice

E besteira. Ele é um burrão.

 

Nada que ele faz, dá certo

Porque não tem organização

Quer ser bom e autoritário

Mas não passa de um sem-educação.

 

Fundou o "Instituto Jóia"

Para dar curso de nem sei o que

Desista pobre Zé Lientin 

Nada que tu faça vai crescer.

 

Zé Lientim é estúpido

Incapaz, sem moral de fazer

Uma festa com muito sucesso

Só sabe é besteiras dizer.

 

Porque fiz esta poesia

E li para todo mundo ver

Ele me prendeu no auditório

E logo queria me bater.

 

É tão baixo um homem deste tipo

Que tem coragem de à força fazer

Uma pessoa pobre e indefesa

Aceitar sua opinião sem querer.

 

Sem caráter e sem moral

Sem virtude e sem coração

Homem torto e sujo em tudo

Sem cultura e sem educação.

 

Veio trabalhar no Celli de Freitas

Diz ele, para levantar o moral

Mas está fazendo o contrário

O moral está indo para o escambau.

 

Livros do ginásio ele roubou

Papel de ofício e muito mais

E muitas e muitas coisas

Não sei, o número é demais.

 

Disse que iria abrir a cantina

Para os alunos da noite beber

Pelos menos água filtrada

Ninguém viu ele isto fazer.

 

Mandou os alunos fazerem festa

Para do ano 83 despedir

Como ninguém aceitou

Disse que do ginásio iria sair.

 

Pediu quilos de jabá

Feijão, óleo e macarrão

Ia guardar no Bar de Buja

Pra depois ele "passar a mão".

 

Como dona Aidê reclamou

Contra dona Aidê ele ficou

Porque queria apoio no roubo

E com ela ele não encontrou.

 

Fundou um "instituto" com Venâncio

E queria que eu fosse trabalhar

De graça durante o estágio

E depois iria me contratar.

 

Que o tal do "Instituto Jóia"

Órgão do governo iria ser

E quando isto acontecesse

Carteira assinada eu iria ter.

 

Que eu fizesse propaganda

Do instituto que ele acabara de "fundar"

E se alguém perguntasse de quem era

Para eu ficar quieto e não falar.

 

Aqui paro de coisas contar

Para não me cansar de escrever

Não quero perder tempo com este homem

Tenho melhor coisa a fazer.

(29 de novembro de 1983).

 

 


 

AMOR

 

Te quero sempre  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Quero sempre estar contigo

Quero sempre te amar

Te fazer feliz comigo

Quero muito te beijar.

 

Eu não quero te perder

Eu não quero te largar

Eu não quero te esquecer

Eu só quero te amar.

 

Quero muito te dizer

Quero muito te falar

Quero muito esclarecer

Que muito quero te amar.

 

Muito quero estar contigo

Sempre e sempre sem parar

Não posso viver sem ti

Não quero te abandonar.

 

Não quero nada do mundo

O que eu quero vou dizer

Quero uma coisa gostosa

Meu amor, quero você.

(30 de outubro de 1984).

 

 


 

AMOR

 

Numa noite de amor  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Numa noite de amor

Te busquei e te achei

Nos amamos longamente

Muito, muito eu te amei.

 

Pelas veredas entrei

Para em ti depositar

Muito sêmen que é vida

Pra um novo ser se formar.

 

Foi um amor diferente

Foram palavras de paixão

Foi ternura e foi carinho

Foi amor de coração.

 

Foram beijos e abraços

Que nos matou de paixão

Numa noite que se acabou

E levou meu coração.

 

Quero ainda te amar

E por toda a minha vida

Meu amor por ti meu bem

Não acaba nesta lida.

(Para Lusa - 30 de outubro de 1984).

 


 

HOMENAGEM

 

Luza  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Pelas entranhas desconhecidas de teu corpo eu andei. Senti momentos de alegria e de graça ao penetrar tua alma... Te possuí por momentos que me elevaram o moral e que me deram alegria de viver. Tu me recebestes com todo o carinho que eu sempre desejei. Te busquei e te encontrei. Tu me destes e recebestes em troca dos momentos ternos de amos, muito amor e muito carinho, carinho que sempre guardei para este momento oportuno.

Luza, gostei muito de ti e acho até que,

Te amo.

(30 de outubro de 1984).

 


 

AMOR

 

Aconteceu   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Você chegou-se de mansinho

Conquistou meu coração

Atraiu-me com uma força

Com uma força de leão.

 

Pegou-me desprevenido

Deixou-me louco por ti

Quase morro por você

Por você muito sofri.

 

Te gosto muito, meu bem

E muito mais irei gostar

Quando ter você pra mim

Livre para me amar.

 

Conquistou-me facilmente

Prendeu-me em tuas garras

Roubou-me o coração

Laçou-me com tuas amarras.

 

Você me fez muito feliz

E me fez acreditar

Que a vida só é boa

Quando se tem alguém para amar.

(01 de novembro de 1984).

 

 


 

AMOR

 

Revelação   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Mais uma vez te amei

Com maior paixão e prazer

Desses momentos agradáveis

Eu nunca vou me esquecer.

 

Me darei todinho a ti

Me entregarei a você

Só em ti confiarei

Nunca vou te esquecer.

 

Foi melhor que aquela noite

Que nós muito nos amamos

Sem pensar em nada mais

Nós deitamos e rolamos.

 

Não quero perder você

Quero é muito te amar

Quero ter você para mim

Pra de amor eu te matar.

 

Muito em breve nós seremos

Dois eternos namorados

Nos amando com ardor

E vivendo apaixonados.

 

Se eu pudesse te daria

Tudo o que você necessita

Te daria meu coração

Enlaçado em uma fita.

 

Mas como não tenho nada

Para a você ofertar

Te darei meu sentimento

E sempre irei te amar.

 

O teu cheiro alucinante

Sempre me faz desejar

Que você venha logo pra mim

Somente pra me amar.

 

Em teu corpo encontro paz

Ao teu lado estou feliz

Você para mim, meu bem

É tudo o que sempre quis.

 

Por favor não me abandones

Não me largue meu amor

Quero você bem ao meu lado

Pra me dar o teu calor.

(01 de novembro de 1984).


 

AMOR

 

Eu amo   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Eu amo tudo na vida

Eu amo tudo  no mundo

Mas o que eu amo mais

É o teu amor profundo.

 

Teu amor me embriaga

Teu calor me faz feliz

Teu coração no meu peito

É o que eu sempre quis.

 

O teu cheiro eu quero muito

Me sentir dentro de ti

Quero ter você ao meu lado

Quero ter você aqui.

 

O meu corpo ansia muito

Pra ter você ao meu lado

Quero muito te amar

E também ser muito amado.

(11 de novembro de 1984).

 


 

AMOR

Amor   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

A saudade é mui ruim

O sofre é bem pior

O carinho é muito bom

E o amor é bem melhor.

 

A morte não é o fim

De tudo que nós fizemos

E mesmo depois da morte

Muito mais nos amaremos.

 

O carinho é o começo

De toda uma paixão

Me dê carinho, meu bem

E te darei meu coração.

 

Não se pode viver só

Sem amor e sem paixão

Temos muitos que nos amarmos

Vou te dar meu coração.

 

O amor é um sentimento

É um dom que Deus nos deu

Te darei o meu amor

E você me dará o teu.

(17 de novembro de 1984).


 

MÚSICA – AMOR

 

Que lindo   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Que lindo

Que belo

É ver meu amor

Trazendo pra mim

Um pé de fulô.

 

Fulô de desejo

Desejo de amar

Que doce loucura

Que bom desejar.

 

Que lindo, que belo

É ver meu amor

Trazendo pra mim

Um pé de fulô.

 

Na certa ela traz

Um pé de fulô

Com beijos e abraços

Com beijos de amor.

 

Que lindo, que belo

É ver meu amor

Trazendo pra mim

Um pé de fulô.

Eu a vejo trazendo

Amor e emoção

Trazendo no fundo

Do seu coração.

 

Que lindo, que belo

É ver meu amor

Trazendo pra mim

Um pé de fulô.

(13 de dezembro de 1984).

 

 


 

AMOR

Amor  (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Eu vejo o sol

Eu vejo a lua

E a beleza

Tua.

 

Na quentura do sol

Tua beleza resplandece

No vermelho da lua

Teu amor me aparece.

 

Te vejo a sonhar

Com a beleza da lua

Mas eu sonho somente

Com a beleza tua.

 

Você olha para o sol

E me vê a queimar

O teu peito com o amor

Que guardei pra te amar.

 

Meu amor não se acaba

Está sempre a nascer

De uma fonte que existe

No fundo do meu ser.

(14 de dezembro de 1984).


 

HOMENAGEM

 

Esta mulher   (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

(O título não diz o que eu quero dizer. O mesmo fala "desta mulher". Simples demais. Muito diferente do sentido que eu dou à frase. Não quer dizer "esta mulher", qualquer pessoa, passatempo, divertimento. Não. Quer dizer "esta mulher", que é "esta". A minha mulher. Diferenciando de "aquelas", “essas". Esta mulher à qual me refiro é a minha, minha amada, minha vida, meu ser, meu amor).

 

"Esta mulher, chegou para mim"

chegou sem dizer que me amava

porque pensou que eu nela

nem um pouco acreditava.

 

Ela chegou, me cercou, me pegou

Não me deixou fugir, pensar, agir.

Segurou-me e tentou me deter

Não me deixou fugir...

 

Invadiu o meu ser, meu coração

Deu-me inspiração, me despertou

Acordou-me, me fez amar

Beijou-me, me alucinou e me amou.

 

Me quis e exigiu que a quisesse

Eu a quis e acreditei no seu amor

Não tentei fugir, pensar, agir

Só quis acreditar, amar com ardor.

 

Aceitei-a, querendo-a com paixão

Não tive medo de amar

Mil problemas enfrentei

Mas não parei para pensar.

 

Quis ela e a quero muito

Amo-a com toda a minha força

Sou cego, surdo, de amar,

Só não quero amá-la à força.

 

Quero ela, e a quero demais

Não pretendo deixá-la só

Quero ela sempre ao meu lado

Mesmo estando longe não estamos sós.

(03 de dezembro de 1984).

 


 

REFLEXÃO

 

O corpo e a alma    (Publicada no livro “Feitiço Contra o Feiticeiro”)

 

Na parte material eu posso ter muitas perfeições. Talvez até mais perfeições que imperfeições. Eu posso ter um corpo normal, um par de olhos que enxergam; ouvidos que ouvem perfeitamente bem; pernas que andam normalmente; mãos que pegam e sentem como mãos normais; aparelho digestivo funcionando; coração perfeito, etc.

Mas será que sou realmente perfeito? Será que se pode considerar perfeita uma pessoa que, espiritualmente é igual a uma rocha que ainda não foi lapidada e transformada em uma linda escultura?

Não, acredito que não se pode considerar perfeita uma pessoa nestas condições. Não se pode, em hipótese alguma, dizer que a água de um vaso está completamente límpida, simplesmente pela beleza deste vaso.

Por isto afirmo que não sou perfeito. Ainda tenho muitas impurezas a serem retiradas do interior do meu ser, do meu espírito, do meu coração. E estas impurezas se multiplicam como que por milagre: quanto mais tento melhorar, mais sujo e imundo permaneço...

Espero que, com a ajuda de Deus, através dos Espíritos Protetores, eu possa ser liberto de todo o rancor e, hipocrisia, egoísmo e tudo o que significar pobreza de espírito.

(06 de setembro de 1984).

 


 

CORDEL HOMO – ENGRAÇADO

 

A mona dadeira

 

Ela saiu a uma festa

Doida pra baixar a avó

Ficou toda excitada

Quando viu aquele ocó...

 

O edi ficou piscando

Querendo logo sentar

Naquela imensa ocane

Pra seu edi arrombar.

 

O ocó não era odara

Era daqueles uó

Mas a mona tava doida

Para dar o seu fiofó.

 

A ocane era odara

A mona fez a gravação

Baixou a avó e deu o edi

Tava louca de tesão.

 

O ocó pediu aqué

Depois da aquendação

Deixando a mona pra baixo

Pois ela não tinha um tostão.

 

Ela quis abafar o caso

Mas o ocó não aceitou não

O ocó era uma bela Elza

E começou a confusão.

 

Deu panquê na mona tonta

Que caiu logo no chão

Levou chute pela cara

Ficou com o olho roxão.

 

Ela quis aquendar o Baco

Passar o cheque no ocó

Queria gravar o CD

Fazer o bofe de bocó.

 

Acabou com maquiagem

Maquiagem de Avon

Ficaram com pena dela

Mas eu até que achei bom.

 

Nunca mais ela faz o truque

Para enganar o ocó

Queria sair de sabida

Acabou levando a pior.


 

ENGRAÇADA

 

A bosta!

 

 

Essa tão mal falada bosta

Que todos botam pra fora

Depois de ter se aproveitado

Depois de ter “comido” e bebido

Depois de ter se servido

De almoços e jantares

De merendas e manjares...

 

Essa bosta tem valor

Essa bosta tem fedor

Ninguém gosta do odor

Que exala do cocô

Mas se lembram do troção

Que arromba o cuzão

Querendo cair no chão...

 

Tanta força para expulsar

O toloco do fiofó

Seria muito melhor

Se a gente fosse entupido

Não saísse todo espremido

Para abortar um cocô

Com todo esse fedor.

 

Mas sem cu, como cagar?

A bosta seria pior

Pela boca ou pelo ouvido

E não pelo fiofó

Mas ninguém iria aguentar

O cheiro de bosta na boca

Depois da bosta abortar...

 

A boca suja de bosta

Seria mesmo uma piada

Pois para beijar os lábios

Nem mesmo com uma lavada

Pois o gosto e o fedor

Iria marcar a beijada

Dessa gente mal educada.

 

Deixa o cu cagar a bosta

Deixa a bosta para trás

É melhor cagar com o cu

E ficar melado atrás

Que melar a boca e o ouvido

Com esse cheiro de gás.

 

Atire a primeira pedra

Quem nunca foi ao banheiro

Quem nunca cuspiu no chão

Não manchou a parede toda

E limpou o cu com o dedão.

 

Se esfregou o cu pela quina

Pra se livrar do fedor

Você é mesmo um guerreiro

Mesmo se não confessou.

 

Se limpou toda a meleca

Do nariz com o dedão

Você é um corajoso

E exemplo para a nação.

 

Já usou escova alheia

Para limpar os teus dentes

É um dos grandes guerreiros

Orgulho pra toda gente.

 

Mas se fez uma coisa dessas

E nega com o coração

Você é mesmo um babaca

Se controle, meu irmão.

 

Sampa, 30.01.2005

 

 

 


 

REFLEXÃO

 

A angústia vem do sentir que tudo na terra é efêmero e “sem sentido” e de que a única coisa que me faria bem, seria ser amado por um homem, mas sei que isso jamais será real, de verdade, pois um ser do mesmo sexo que eu tem a mente programada, instintivamente para amar e desejar um outro sexo de outro sexo diferente.

20 de agosto de 1998

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

HOMENAGEM

 

 

PROJETO 30 ANOS DE POESIA

Baixo Meretrício (corrigida) (publicado em “Oficina de Poesia 20 anos”)

 

 

Você, com essa boca de cigarro,

Com esse pigarro.

Melhor seria que cuspisse

Em minha boca

Um pouco do teu escarro.

Que tirasse de mim um sarro.

 

Mas prefiro outro barro,

Andar de bike, ou de carro

Do que sentir o bafo

Sem sabor, sem amor,

Com cheiro de nada e esparro.

Mude seu hábito

Pois onde habito, respeito.

 

 

Salvador, 17 de dezembro de 2004

 

 


 

HOMENAGEM

 

PROJETO 30 ANOS DE POESIA

Cidade Média (corrigido)

 

Salvador está dividida:

Cidade Alta e Cidade Baixa.

Não moro em nenhuma delas

Nem na Alta nem na Baixa.

 

Moro no intermédio

Entre a Baixa e a Alta

Nem no morro nem na baixada

Mas isso não me faz falta.

 

Em cima ou embaixo;

No meio ou no final?

No começo, menos mal.

 

Se eu me esculacho

Ou se vivo legal

Nada importa. Sou real.

 

Salvador, 12 de abril de 2005

 


 

SOCIAL

 

A fome que me come (corrigida)

Gosto do meu país
Onde há paz
Mas onde os pais 
Perdem seus frutos.

Aqui eu moro,
Cresço, apodreço
Caio e morro.
Seja no asfalto,
Seja no morro.

Bala perdida
Vida desperdiçada
Dor amortecida
Terra amaldiçoada.

Estou acostumado
Com a fome que me come
E corpos mutilados
DE-SO-VA-DOS.

Gosto do meu país
Onde não há paz
Estou acostumado
A fechar os olhos
A fingir ser surdo
E a não denunciar.

01.11.2005

 


 

ENGRAÇADA HOMO

 

 

Dark Room

 

Nesse dark room da vida perco-me

Percorro pernas, braços, membros,

Bocas já beijadas, mãos amassadas,

Carinhos gastos pelos contatos,

Carícias afagadas por almas penadas,

Devassidão de minha alma empobrecida;

Minha alma percorre os cantos,

Desencantos de amores pútridos,

Pruridos não sentidos, gemidos,

Sussurros, murros, escapadas.

Mãos calejadas me agarram

Na marra. Sou o ator dessa cena

Obscena e ridiculamente singela,

Tão tosca, fétida, imunda,

Que me inunda por todos os poros

Então choro, choro e me escuto:

Meu ser clama por uma chama

Que me destrua, me deixe nua,

Sem alma e sem calma.

Mas o fogo ainda queima o peito

Então deito e suplico a morte

Jogo minha vida à sorte:

Sem sorte num jogo que mata.

Meu carma é penar nessa lata

Vira-lata de carnes humanas

Vidrado por sexo, por carne.

Apaixonado por amor sem sentimento,

Lamento e imploro a mim mesmo

Que saia da lama e volte

E deite na cama que é leito.

Aproveito e acordo do sono

Por pouco não volto ao lodo

Por nada não quero esta paz

Que me traz de volta ao sublime

Cansei de ser puro e ingênuo

Quero o crime do sangue e do corpo.

 

Salvador, 23 de fevereiro de 2005

 

 

 

 


 

ENGRAÇADA

 

PROJETO 30 ANOS DE POESIA

Deus tem um plano em sua vida (corrigida)

 

Nascer não é difícil

Viver não é impossível

Crescer é inevitável

Envelhecer faz parte do processo

Morrer é o ápice da vida.

 

Nascer, crescer, envelhecer e morrer:

Tudo faz parte do processo.

Morte lenta, morte rápida,

Morte morrida ou morte matada,

De nada importa, não importa nada,

Quando o destino de nós todos

Está com as horas contadas.

Cada um ao seu próprio tempo

Terá sua hora marcada

Para partir deste mundo

Deixando em sono profundo

Quem ficou a lembrar-se

Dos momentos de alegria

Tristeza ou algazarra.

A certeza não é outra:

Deus tem um plano em sua vida

E esse plano é a morte!


 

REFLEXÃO

 

Eduardo e Mônica” (corrigido)

 

Leio poesias, Ana Cristina César...

Ele fuma, assiste “Alien x Predador”

E sorri...

 

Ardo em chamas com sede de ler

Ele prefere “ler” figuras do livro.

Acordo do torpor da indiferença

Busco, ávido, o rio do conhecimento

Enquanto ele dorme, entorpecido pela distração

Buscando vida onde só há ilusão.

 

Concílio, conciliar, conciliação

Tento acordos onde a disputa

Só revela separação.

 

Estrada de Monte Gordo, Camaçari, 31.07.2005

 

Mônica e Eduardo”

 

Escuto sofrimento falado

Eu, pobre fumante ignorante

Que assisto “Alien Predador”

Enquanto ele ronca e reclama:

No seu sono fingido

Nem sonha que meu sonho

É ser compreendido...

Como falas de separação se

Até ela vira ressurreição?

 

Camaçari

BA-Salvador - AMA - 310705

 

 

 

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