terça-feira, 11 de setembro de 2018

Livro Todos os Poemas da página 2767 até 2780

Antologia Todos os Poemas

Valdeck Almeida de Jesus

Parte 21

 

Versões atualizadas e outras nem tanto


 

Remédio Tarja Branca

 

Cuidado com o Tarja Branca

Da indústria farmacêutica

Receitado pelo médico

Escolha uma Tarja Preta

 

Mata mais que bomba atômica

Tarja Branca é cancerígena

Arrasa com o planeta

Devastador de indígena

 

Ele planta a semente

Faz da saúde, doença

Pra trazer a solução

Te enrolando na crença

 

Desenvolve mil produto

E nos vende a ilusão

Destrói a nossa saúde

E até nos vende o caixão

 

É remédio pra matar

Tarja Branca é engano

É tudo uma mentirada

Que tá debaixo dos pano

 

Prefira o de Tarja Preta

Reza santa e raizeira

Fuja da morte mercado

Procure uma benzedeira

 

Tarja Branca é assassina

E também é genocídio

Mata criança e idoso

E causa feminicídio

 

É um truque do mercado

Para te escravizar

Remédio que mata a vida

Para com a morte lucrar.

 

 

Valdeck Almeida de Jesus

 

29 de setembro de 2018





 

Passei a vida tirando xerox

Colorida, preto e branco

Tamanho ofício e outros tais

Vivi vendo o papel fazer mirabolias

Trocar tonner, mudar cartuchos

Dez centavos a folha

Um real a folha

Passando troco

Ouvindo gracejos

E mais cópia, fotocópia

A vida inteira...

Nada original, nada artístico

Tudo imagem de imagem

Nenhuma paisagem

Nenhum abraço, beijo roubado

Tudo manipulação, enganação

Fotocopiado.

E cheguei ao fim do expediente

Sem parente, sem aderente

Sem serventia, sem energia...

Nem xerox nem original,

a vida se foi num vendaval

 

Bogotá, 22 de agosto de 2018

 

 

******



Cocada sem metáfora

Sente embaixo do coqueiro e espere a cocada na cabeça.

 

 

 

 


 

Não sou estabilidade emocional

Não sou estabilidade afetiva

Não sou estabilidade financeira

Não sou estabilidade profissional

Não sou estabilidade artística

Não sou estabilidade de amizade

Não sou estabilidade esportiva

Não sou estabilidade religiosa

Não sou estabilidade médica

Não sou estabilidade psicológica

Sou o caos

 

 

 

 


 

Vivo para pagar e pago para viver

Transportes e UBER alimenta monopólio

TV e rádio por assinatura alimenta monopólio

Gás encanado alimenta monopólio

Pedágio nas estradas alimenta monopólio

Cartel de combustíveis alimenta monopólio

Comida industrial alimenta monopólio

Telefone encadeado alimenta monopólio

Remédio cartelizado alimenta monopólio

Cultura para poucos alimenta monopólio

Água encarcerada alimenta monopólio

Prisão industrializada alimenta monopólio

Luz, Netflix e que tais alimenta monopólio

Marcas, Patentes e Direitos alimenta monopólio

Saúde em Plano alimenta o monopólio

Carta, E-mail, Whatsap etc alimenta monopólio

Dinheiro em Banco alimenta monopólio

Joia no penhor alimenta monopólio

Terceirização alimenta monopólio

Fronteira e Passaporte alimenta monopólio

Cemitério loteado alimenta monopólio

Pirataria quebra a cadeia e alimenta minha boca

 

*******

 

Não manga de quem chupa manga na manga e limpa a boca na manga.

 

VAJ, 20.07.2018

 

 

Tudo que é tradição, raízes e ancestral a colônia diz que é folclore...

 

 

 

Artistas são igual a Mariposas

voam à luz, brilham e morrem. Outros(as) ocupam a missão.

VAJ, 13.07.2018

 

No meio do caminho tinha um muro

 

Não subiu no muro, lhe colocaram lá...

Híbrido, com penas de tucano e pico de pato

Tem asas mas não sabe voar

Pés firmes e grandes, como de elefante,

Não pode sair sozinho do lugar,

Qualquer movimento é suspeito.

Mestiço, sem ancestralidade,

Desacreditado por todas as cores do arco-íris,

É quase um ornitorrinco de tão esquisito.

Opina, mas nem sempre lhe ouvem...

Boca híbrida não fala o que quer,

Não sabe se é trans, se é homem ou mulher...

Nem lhe reconhecem como tal,

É melhor deixar de estepe, para emergências,

Uma potência impotente, para usar como batente.

Nem o muro é morada, afinal,

O chão é destino fatal,

Ou para um lado ou para o outro,

Se cai, se não cai, não incomoda,

Afinal, seu DNA não lhe confere privilégios,

Tampouco reparações...

No meio do caminho, um caminho,

Sem destino, sem saber se menina, ou menino...

 

VAJ, 09 de julho de 2018

 

*****

Ovos de vários preços,

não entendo, se saíram do mesmo lugar...

 

(VAJ, 27.06.2028)

 

 

*****

 

 

 

Eu me comunico com os(as) mortos(as)

 

Mando mensagem de bom dia;

Desejo boa tarde e boa noite;

Convido para sarau de poesia;

Comento suas postagens antigas;

Felicito pelo aniversário...

 

Eles(as) nem thum... Me deixam no vácuo...

 

De quando em vez um parente entra na rede social e avisa: fulano(a) morreu faz tempo...

 

Valdeck Almeida de Jesus

22 de junho de 2018

 

 

 

 


 

 

O dominador muda sentidos

Quando quase todos eram analfabetos, só valia o que estava escrito...

Agora, que quase todos são analfabetos (políticos, sociais, de direitos humanos), não vale o que está escrito, MAS o que a "Excelência" achar que significa...

O dominador muda

Só o que não muda é a esperteza para fazer a nação de idiota...


VAJ - 10 de maio de 2018
Terrorista das Poéticas

 

 

 

 

 


 

Lei do Terrorismo

Você pode ser enquadrado como terrorista se:

a) chamar um 'suposto' corrupto/ladrão de corrupto/ladrão;
b) protestar jogando tinta em habitação de 'excelência';
c) for pego com pinho sol, vinagre e tempero na mochila;
d) ameaçar com a 'lei' suposto ladrão de merenda escolar;
e) postar textos que possa 'debranquir' a 'honra' de corrupto;
f) se disser, escrever, divulgar crimes de 'excelências';
g) lutar contra golpistas e entreguistas da nação;
h) defender direitos sociais, minorias, lgbts, indígenas;
i) ficar ao lado de lutas ancestrais;
j) for contra o racismo, machismo, genocídio do povo negro;
k) defender o direito a educação, lazer, saúde, segurança pública;
l) apoiar a luta das mulheres negras e dos(as) trans;
m) lutar por emprego, salário digno, transporte, habitação;
n) ser contra o racismo religioso;
o) se opor à destruição do meio ambiente, fauna e flora;
p) não apoiar a destruição da camada de ozônio;
q) for contra a invasão de países e as guerras econômicas;
r) opinar contrariamente à liberação de armas;
s) divergir dos oligopólios da mídia nacional;
t) dizer que a dívida pública brasileira é fruto de crime de lesa pátria;
u) não apoiar o desmantelamento dos direitos sociais mais básicos...

VAJ - 10 de maio de 2018 - Estou enquadrado

 

 

 

 

 


 

Eu e você

 

Quem de nós dois nunca chorou,

nunca disfarçou a dor?

 

Amor de família não enfraquece

não se esquece...

 

Longe ou perto, os laços frouxos

laços apertados

 

Não definem o sentimento

nesse momento

 

Eternidade dura um segundo

no mundo

 

Dida, meu irmão, onde estejas

meu choro quente te conforte

me reconforte

e fortaleça os nossos.

 

21 de agosto de 2018. Bogotá, Colômbia.

 


 

Ontem, numa calçada, uma moça tocava no violoncelo essa música. Na hora fiquei distante, alheio, sem entender o motivo da nostalgia.

Hoje, de madrugada, soube da morte de Dida, meu irmão. Na mente só vinha essa melodia, que diz do tudo do que sinto agora.

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Poema para DIDA

 

Vamos,

levante que chegou a hora!

Nossa Mãe te aguarda

de braços abertos

e Nosso Pai

prepara sua cama!

Deixa de brincadeira, Dida.

O tempo urge,

o barco precisa seguir seu rumo...

Navegar em lágrimas?

JAMAIS!!!

As ondas que te levam

são marolas de sorrisos.

O menino brincante

vai para o paraíso.

O pássaro voa alto

nas asas que liberta...

Vai, Dida,

conta a todo mundo

a novidade:

Deus liberta!

Deus é de verdade!

 

 

(Rita Pinheiro, 21 de agosto de 2018)

 

 




 

Amar é substantivo

substância

superlativo, absoluto

sintético, infinito

infinitivo, gerúndio

particípio, ativo

participativo

Amar é futuro do presente

pretérito perfeito

oração composta

poesia conto romance

máximo múltiplo comum

comunhão, respiro do coração

amar é infinita conjugação

amar é definitivo

 

 

 


 

Indi(gestão) da miséria!

A fome lhe comia todo dia

no anonimato de si...

Ninguém dizia de sua fome

E, se dissesse, também era comido(a)...

 


 

Em tempo de selfies (egos inflados),

denunciar a dor e a solidão alheia é pecado;

O resto, tudo pode: matar, roubar, abandonar, humilhar, discriminar, atravessar a calçada, por grade na janela...

Tudo pode, se for no silêncio da praça, se não for visto nem publicado.

 

 20.11.2017

 

 

 


 

Sou contra matar os cristãos

E contra o genocídio de negrxs

Sou contra toda forma de extremismo

E contra a justiça seletiva

Sou contra o machismo, lgbTransfobia

E contra o desmatamento da Amazônia

Sou contra a guerra às drogas

E contra a redução da maioridade penal

Sou contra a gordofobia

E contra o feminicídio

Sou contra a má distribuição da renda

E sou contra a intolerância religiosa

Sou contra as muitas injustiças

Mas vou para as quebradas fazer algo prático pra tentar influenciar...

 

 

 

 


 

Viagem para a Tumba

 

Preparando aqui uma mala de coisas que vou levar para o cemitério... É tanta coisa que não preciso, outras que não uso faz tempo; algumas que comprei só para mostrar que podia; tem uns trecos aqui que nem sei pra que serve... mas vou levar tudo comigo. Ah, vou! Hummm... e tem conta em banco, palavras mofadas, indiretas que não dei e diretas que recebi... um saco de mágoas, uns muxoxos ralados, pedaços de relacionamentos cortados, falas que engoli, desabafos que vomitei... comida de restaurante de luxo, perfume francês, sapatos que apertavam meu dedinho, livros que nem li mas comprei assim mesmo, viagens que desisti, outras que planajei e adiei, sonhos perdidos e respostas que não dei para não machucar e muitas desistências e adiamentos de coisas que jamais viverei... Vou encher a mala de arrogância, estupidez, acúmulo de coisas que nunca pude gastar ou usar. Vou encher a mala, pagar caro para um cortejo ao cemitério e me enterrar com toda a minha insensibilidade...





 

Há braços congelados

sorrisos mofados

sentimentos frios

olhares vazios

sussurros incompreensíveis

há braços congelados

afetos pasteurizados

filhos postiços

palavras soltas ao vento

há braços congelados

mentes artificiais

pensamentos fatiados

ancestros em pó

sonhos empacotados

horizontes enclausurados

passados moídos

futuros em liquidação

presentes distanciados

braços congelados

abraços de malquerença

(há)

Ai, indiferença!

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017

 

Aimé Césaire

Madrugada

Preto Velho

África África

Madrugada

Morte Branca

Cavalo Morte

Madrugada

Morte

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017


 

Um chega arfando

Um acorda cansado

Um come pouco

Um viaja longe

Um abraça o vento

Um namora o céu

Um estuda o mar

Um sonha acordado

Um acumula dinheiro

Todos morrem em um

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017


 

Poema-Fronteira para Yjeoma Umbenyuo

Em mim acolho todos

Mil línguas

Mil histórias

Mil recordações

Mil ancestralidades

Mil crenças

Mil crianças

Todas as mulheres

Todas as ausências

Em mim delimito tudo

Em mim transpasso proibições

Mil incompreensões

Mil fronteiras não cabem em mim

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017

 


 

Livremente inspirado em A morte do rei Wole Soynka

mulheres empilhadas na bandeija

cheiro de carne e suor

o coração sangra saudades

há apenas um mar

e mil baleias navegam em mim

os deuses disseram Não!

Respeitem os nossos anciãos!

O grito ecoa no céu

e Exu solta as rédeas do vento!

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017

 


 

Bibliografia de uma Infância

Histórias sem fim

histórias sem começo...

contos inventados

romances reinventados

cantigas de roda

canções de ninar

“Dé marré, marré, marré”…

cordéis performados

contar estrelas no céu

gigantes fantásticos

desenhar bichinhos nas nuvens

reinos de outro mundo

“e quem quiser que conte outra...”

Aqui, jaz minha mãe

e Lattes vive em mim…

 

 


 

Infância/Borderline

Simutumba

Nasci no Monturo

Sarará e espótico

medo do escôncio

adorava munganga

e fazia estripulia

cresci menino

não sair da fronteira

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017

 

Reconvexando

A consciência

Histórias e existências

Respostas/Perguntas

Urgências

Sobrevivências

A Terra-Túmulo

enterrou minhas raízes

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017

 

EFFYA

Êh, fia…

muito magra

pele e osso

um passarinho…

a boca esfaimada

e lábios de bebê.

A fome é assim

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017

 


 

CERTIDÃO DE NASCIMENTO

 

 

 

 

CERTIFICO que, no livro das Magias Derradeiras, às folhas invisíveis da Palmeira Real imaginária, consta o registro de nascimento do Sonhador Apaixonado, aquele que não veio ao mundo por um simples ato de estreia, mas, sim, para transformar a existência humana em algo sublime, belo, poético e duradouro. O nascimento do infante ocorreu em circunstâncias enigmáticas, às horas impensadas e não contabilizadas no livro da vida terrestre. A cor do nascituro é lusco-fusco em alguns momentos, translúcida em outros e, na maioria das vezes, incolor, ou tomando as cores do lugar e das emoções momentâneas, como um camaleão dos astros. O sexo do novo ser vivo não foi possível determinar, pois o mesmo se transmuta a cada segundo, inclusive em formas e sensações não conhecidas na esfera terrestre.

 

Filiação: Partidário Ameno Manacá e dona Apartidária Silhueta Somadora.

 

Avós paternos: Sombra da Girafa Tonta e dona Lua Siamesa Univitelina

 

Avós maternos: Para Todo o Sempre OK e Senhora Laroyê Agô Atotô

 

Foi declarante: aquela que não nasceu e jamais vai conhecer a luz da lua na primavera

 

Poema criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017


 

A mão que afaga é a mesma que apunheta… (VAJ 21.09.2017)

 

 

 

Não sou cristão, mas perdoo 70 vezes 7, desde que seja no confessionário de um reality show ou me paguem o dízimo

 

 

Meu currículo Lattes mas não morde

 

 

 

Ruídos líquidos – minha paisagem afetiva tem gotas de chuvas caindo, folhas apodrecendo, grilos, lama nos pés, riachos de emoções, gansos correndo atrás de mim. Lavar o pé na poça de água. Burocrata é burocrata, poeta é poeta; onde o primeiro vê um formulário, o segundo vê um pé quebrado. A chuva de sol me deixou molhado de suor. Ruídos líquidos. Onde ninguém policia, brota livre a poesia.

 

Poesia é o coletivo de versos

 

 

 

 


 

Na vida

Como na cidade

Há diver(si)(ci)dade

Há quem queira dividir

O verso

Há quem queira dividir

O (uni)verso

Nesta (uni)ver(cidade)

Onde deveria caber todos e todas

O verso e o reverso

Fazem parte da diversa cidade

 

 


 

Ovo faz mal à saúde

Ovo faz bem à saúde

Café faz mal à saúde

Café faz bem à saúde

Ovo faz mal ao café

Ovo faz bem ao café

Saúde faz mal ao olho

Olho faz mal ao café

Saúde faz mal à cachaça

Cachaça faz mal ao colesterol

Essa vida é mesmo

 

 

 


 

Nada fez sentido se por mim não é sentido

Muito, mas muito sem graça!

 

Temas para oficinas de poesia:

Receita de Bolo

Receita de Comida

Receita Médica

Bula de Remédio

Previsão do Tempo

Lista de Compras

Redes Sociais

Despesas de Casa

Conserto de Carro

 

 

 

 


 

Poema da Ginástica Laboral

 

Todos a postos

Alongamento:

- não estou enxergando bem

- meu grau aumentou demais

- a anestesia nas costas até hoje dói

- esse bota e tira de lente nos olhos é um saco

- meu filho está dependente de óculos

- eu que não suporto lente bifocal

- a cirurgia que fiz foi inesquecível

- tenho miopia mas me viro bem

- respira, respira

- colírio toda hora é um porre

- lente de contato eu não gosto

- agora alonga a lombar

- respira, respira

- bom feriado pra você

- tchau!

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Podre Poder Podre

 

A mosca varejeira fareja

Sente longe o cheiro de carniça

Olfato afiado, ouvido treinado,

Cada sentido aguçado caça.

Mosca azul, esverdeada, nojenta,

surda, cega e muda...

mas o poder é incolor, inodoro, insípido...

para exercê-lo não precisa inteligência,

basta gostar de comer imundície;

e a podridão alimenta a permanência.

Mosca Podre, Mosca do Poder,

reproduz suas crias sem contato direto

e se perpetua eliminando desafetos...

 

 

 

 

 


 

Depressivo quer viver o passado

Ansioso quer viver o futuro

Feliz quer viver o presente

 

 

Quem não chora não lacrimeja

De Agnóstica – diagnóstica

 

Humor Fudeu

Dois “Mô” fazendo amor

dois mofos fazendo ousadia

o mofo dano, o mofo deno, o mofo deu

 


 

- Que tipo de peixe você gosta?

- Pintado Vermelho!

- Qual?

- Pintado Vermelho.

- Mas pintado é um, e vermelho é outro. Qual dos dois?

- Pintado Vermelho. Qualquer peixe pintado de vermelho, com muito molho de tomate, corante…

 


 

As mocinhas da cidade… música da época de meu pai

 

Minha paisagem afetiva

tem gotas de chuva caindo,

folhas apodrecidas,

grilos pulando,

lama nos pé,

riachos de emoções,

gansos correndo atrás de mim,

e eu lavando o pé na poça de água…

 

Onde o burocrata vê carimbo e formulário,

o poeta vê rima, um verso e um poema…

 

A chuva de sol

me deixou molhado de suor…

Ruídos líquidos…

 

Onde ninguém policia,

brota livre a poesia…

 

Pedalando sob chuva em Pituaçu,

sem vigilantes, sem segurança.

Que esse poema seja imortal enquanto vivo.

 

 

 


 

Incompletude

 

Faz vinte anos que liga:

- Tá em casa?

- Sim… chego em dez minutos…

Interfona, sobe escadas

A porta aberta

A saudade faz o momento

- Da próxima vez eu faço essa parte aí…

Satisfeitos. Silêncio.

A porta se fecha.

Espera pela nova chamada...