Antologia
Todos os Poemas
Valdeck
Almeida de Jesus
Parte
21
Versões
atualizadas e outras nem tanto
Remédio Tarja Branca
Cuidado
com o Tarja Branca
Da
indústria farmacêutica
Receitado
pelo médico
Escolha
uma Tarja Preta
Mata mais
que bomba atômica
Tarja
Branca é cancerígena
Arrasa com
o planeta
Devastador
de indígena
Ele planta
a semente
Faz da
saúde, doença
Pra trazer
a solução
Te
enrolando na crença
Desenvolve
mil produto
E nos
vende a ilusão
Destrói a
nossa saúde
E até nos
vende o caixão
É remédio
pra matar
Tarja
Branca é engano
É tudo uma
mentirada
Que tá
debaixo dos pano
Prefira o
de Tarja Preta
Reza santa
e raizeira
Fuja da
morte mercado
Procure
uma benzedeira
Tarja
Branca é assassina
E também é
genocídio
Mata
criança e idoso
E causa
feminicídio
É um
truque do mercado
Para te
escravizar
Remédio
que mata a vida
Para com a
morte lucrar.
Valdeck
Almeida de Jesus
29 de
setembro de 2018
Passei a
vida tirando xerox
Colorida,
preto e branco
Tamanho
ofício e outros tais
Vivi vendo
o papel fazer mirabolias
Trocar
tonner, mudar cartuchos
Dez
centavos a folha
Um real a
folha
Passando
troco
Ouvindo
gracejos
E mais
cópia, fotocópia
A vida
inteira...
Nada
original, nada artístico
Tudo
imagem de imagem
Nenhuma
paisagem
Nenhum
abraço, beijo roubado
Tudo
manipulação, enganação
Fotocopiado.
E cheguei
ao fim do expediente
Sem
parente, sem aderente
Sem
serventia, sem energia...
Nem xerox
nem original,
a vida se
foi num vendaval
Bogotá, 22
de agosto de 2018
******
Cocada sem metáfora
Sente
embaixo do coqueiro e espere a cocada na cabeça.
Não sou
estabilidade emocional
Não sou
estabilidade afetiva
Não sou
estabilidade financeira
Não sou
estabilidade profissional
Não sou
estabilidade artística
Não sou
estabilidade de amizade
Não sou
estabilidade esportiva
Não sou
estabilidade religiosa
Não sou
estabilidade médica
Não sou
estabilidade psicológica
Sou o caos
Vivo para
pagar e pago para viver
Transportes
e UBER alimenta monopólio
TV e rádio
por assinatura alimenta monopólio
Gás
encanado alimenta monopólio
Pedágio
nas estradas alimenta monopólio
Cartel de
combustíveis alimenta monopólio
Comida
industrial alimenta monopólio
Telefone
encadeado alimenta monopólio
Remédio
cartelizado alimenta monopólio
Cultura
para poucos alimenta monopólio
Água
encarcerada alimenta monopólio
Prisão
industrializada alimenta monopólio
Luz,
Netflix e que tais alimenta monopólio
Marcas,
Patentes e Direitos alimenta monopólio
Saúde em
Plano alimenta o monopólio
Carta,
E-mail, Whatsap etc alimenta monopólio
Dinheiro
em Banco alimenta monopólio
Joia no
penhor alimenta monopólio
Terceirização
alimenta monopólio
Fronteira
e Passaporte alimenta monopólio
Cemitério
loteado alimenta monopólio
Pirataria
quebra a cadeia e alimenta minha boca
*******
Não manga
de quem chupa manga na manga e limpa a boca na manga.
VAJ,
20.07.2018
Tudo que é
tradição, raízes e ancestral a colônia diz que é folclore...
Artistas
são igual a Mariposas
voam à
luz, brilham e morrem. Outros(as) ocupam a missão.
VAJ,
13.07.2018
No meio do caminho tinha um muro
Não subiu no muro, lhe colocaram
lá...
Híbrido, com penas de tucano e pico
de pato
Tem asas mas não sabe voar
Pés firmes e grandes, como de
elefante,
Não pode sair sozinho do lugar,
Qualquer movimento é suspeito.
Mestiço, sem ancestralidade,
Desacreditado por todas as cores do
arco-íris,
É quase um ornitorrinco de tão
esquisito.
Opina, mas nem sempre lhe ouvem...
Boca híbrida não fala o que quer,
Não sabe se é trans, se é homem ou
mulher...
Nem lhe reconhecem como tal,
É melhor deixar de estepe, para
emergências,
Uma potência impotente, para usar
como batente.
Nem o muro é morada, afinal,
O chão é destino fatal,
Ou para um lado ou para o outro,
Se cai, se não cai, não incomoda,
Afinal, seu DNA não lhe confere
privilégios,
Tampouco reparações...
No meio do caminho, um caminho,
Sem destino, sem saber se menina, ou
menino...
VAJ, 09 de julho de 2018
*****
Ovos de
vários preços,
não
entendo, se saíram do mesmo lugar...
(VAJ,
27.06.2028)
*****
Eu me
comunico com os(as) mortos(as)
Mando
mensagem de bom dia;
Desejo boa
tarde e boa noite;
Convido
para sarau de poesia;
Comento
suas postagens antigas;
Felicito
pelo aniversário...
Eles(as)
nem thum... Me deixam no vácuo...
De quando
em vez um parente entra na rede social e avisa: fulano(a) morreu faz tempo...
Valdeck
Almeida de Jesus
22 de
junho de 2018
O
dominador muda sentidos
Quando quase todos eram analfabetos, só valia o que estava escrito...
Agora, que quase todos são analfabetos (políticos, sociais, de direitos
humanos), não vale o que está escrito, MAS o que a "Excelência" achar
que significa...
O dominador muda
Só o que não muda é a esperteza para fazer a nação de idiota...
VAJ - 10 de maio de 2018
Terrorista das Poéticas
Lei do
Terrorismo
Você pode ser enquadrado como terrorista se:
a) chamar um 'suposto' corrupto/ladrão de corrupto/ladrão;
b) protestar jogando tinta em habitação de 'excelência';
c) for pego com pinho sol, vinagre e tempero na mochila;
d) ameaçar com a 'lei' suposto ladrão de merenda escolar;
e) postar textos que possa 'debranquir' a 'honra' de corrupto;
f) se disser, escrever, divulgar crimes de 'excelências';
g) lutar contra golpistas e entreguistas da nação;
h) defender direitos sociais, minorias, lgbts, indígenas;
i) ficar ao lado de lutas ancestrais;
j) for contra o racismo, machismo, genocídio do povo negro;
k) defender o direito a educação, lazer, saúde, segurança pública;
l) apoiar a luta das mulheres negras e dos(as) trans;
m) lutar por emprego, salário digno, transporte, habitação;
n) ser contra o racismo religioso;
o) se opor à destruição do meio ambiente, fauna e flora;
p) não apoiar a destruição da camada de ozônio;
q) for contra a invasão de países e as guerras econômicas;
r) opinar contrariamente à liberação de armas;
s) divergir dos oligopólios da mídia nacional;
t) dizer que a dívida pública brasileira é fruto de crime de lesa pátria;
u) não apoiar o desmantelamento dos direitos sociais mais básicos...
VAJ - 10 de maio de 2018 - Estou enquadrado
Eu e você
Quem de
nós dois nunca chorou,
nunca
disfarçou a dor?
Amor de
família não enfraquece
não se
esquece...
Longe ou
perto, os laços frouxos
laços
apertados
Não
definem o sentimento
nesse
momento
Eternidade
dura um segundo
no mundo
Dida, meu
irmão, onde estejas
meu choro
quente te conforte
me
reconforte
e
fortaleça os nossos.
21 de
agosto de 2018. Bogotá, Colômbia.
Ontem,
numa calçada, uma moça tocava no violoncelo essa música. Na hora fiquei
distante, alheio, sem entender o motivo da nostalgia.
Hoje, de
madrugada, soube da morte de Dida, meu irmão. Na mente só vinha essa melodia,
que diz do tudo do que sinto agora.
Poema para
DIDA
Vamos,
levante
que chegou a hora!
Nossa Mãe
te aguarda
de braços
abertos
e Nosso
Pai
prepara
sua cama!
Deixa de
brincadeira, Dida.
O tempo
urge,
o barco
precisa seguir seu rumo...
Navegar em
lágrimas?
JAMAIS!!!
As ondas
que te levam
são
marolas de sorrisos.
O menino
brincante
vai para o
paraíso.
O pássaro
voa alto
nas asas
que liberta...
Vai, Dida,
conta a
todo mundo
a
novidade:
Deus
liberta!
Deus é de
verdade!
(Rita
Pinheiro, 21 de agosto de 2018)
Amar é substantivo
substância
superlativo, absoluto
sintético, infinito
infinitivo, gerúndio
particípio, ativo
participativo
Amar é futuro do presente
pretérito perfeito
oração composta
poesia conto romance
máximo múltiplo
comum
comunhão, respiro do coração
amar é infinita conjugação
amar é definitivo
Indi(gestão)
da miséria!
A fome lhe
comia todo dia
no
anonimato de si...
Ninguém
dizia de sua fome
E, se
dissesse, também era comido(a)...
Em tempo
de selfies (egos inflados),
denunciar
a dor e a solidão alheia é pecado;
O resto,
tudo pode: matar, roubar, abandonar, humilhar, discriminar, atravessar a
calçada, por grade na janela...
Tudo pode,
se for no silêncio da praça, se não for visto nem publicado.
20.11.2017
Sou contra
matar os cristãos
E contra o
genocídio de negrxs
Sou contra
toda forma de extremismo
E contra a
justiça seletiva
Sou contra
o machismo, lgbTransfobia
E contra o
desmatamento da Amazônia
Sou contra
a guerra às drogas
E contra a
redução da maioridade penal
Sou contra
a gordofobia
E contra o
feminicídio
Sou contra
a má distribuição da renda
E sou
contra a intolerância religiosa
Sou contra
as muitas injustiças
Mas vou
para as quebradas fazer algo prático pra tentar influenciar...
Viagem para a Tumba
Preparando
aqui uma mala de coisas que vou levar para o cemitério... É tanta coisa que não
preciso, outras que não uso faz tempo; algumas que comprei só para mostrar que
podia; tem uns trecos aqui que nem sei pra que serve... mas vou levar tudo
comigo. Ah, vou! Hummm... e tem conta em banco, palavras mofadas, indiretas que
não dei e diretas que recebi... um saco de mágoas, uns muxoxos ralados, pedaços
de relacionamentos cortados, falas que engoli, desabafos que vomitei... comida
de restaurante de luxo, perfume francês, sapatos que apertavam meu dedinho,
livros que nem li mas comprei assim mesmo, viagens que desisti, outras que
planajei e adiei, sonhos perdidos e respostas que não dei para não machucar e
muitas desistências e adiamentos de coisas que jamais viverei... Vou encher a
mala de arrogância, estupidez, acúmulo de coisas que nunca pude gastar ou usar.
Vou encher a mala, pagar caro para um cortejo ao cemitério e me enterrar com
toda a minha insensibilidade...
Há
braços congelados
sorrisos
mofados
sentimentos
frios
olhares
vazios
sussurros
incompreensíveis
há
braços congelados
afetos
pasteurizados
filhos
postiços
palavras
soltas ao vento
há
braços congelados
mentes
artificiais
pensamentos
fatiados
ancestros
em pó
sonhos
empacotados
horizontes
enclausurados
passados
moídos
futuros
em liquidação
presentes
distanciados
braços
congelados
abraços
de malquerença
(há)
Ai,
indiferença!
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
Aimé
Césaire
Madrugada
Preto
Velho
África
África
Madrugada
Morte
Branca
Cavalo
Morte
Madrugada
Morte
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
Um
chega arfando
Um
acorda cansado
Um
come pouco
Um
viaja longe
Um
abraça o vento
Um
namora o céu
Um
estuda o mar
Um
sonha acordado
Um
acumula dinheiro
Todos
morrem em um
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
Poema-Fronteira
para Yjeoma Umbenyuo
Em
mim acolho todos
Mil
línguas
Mil
histórias
Mil
recordações
Mil
ancestralidades
Mil
crenças
Mil
crianças
Todas
as mulheres
Todas
as ausências
Em
mim delimito tudo
Em
mim transpasso proibições
Mil
incompreensões
Mil
fronteiras não cabem em mim
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
Livremente
inspirado em A morte do rei Wole Soynka
mulheres
empilhadas na bandeija
cheiro
de carne e suor
o
coração sangra saudades
há
apenas um mar
e
mil baleias navegam em mim
os
deuses disseram Não!
Respeitem
os nossos anciãos!
O
grito ecoa no céu
e
Exu solta as rédeas do vento!
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
Bibliografia
de uma Infância
Histórias
sem fim
histórias
sem começo...
contos
inventados
romances
reinventados
cantigas
de roda
canções
de ninar
“Dé
marré, marré, marré”…
cordéis
performados
contar
estrelas no céu
gigantes
fantásticos
desenhar
bichinhos nas nuvens
reinos
de outro mundo
“e
quem quiser que conte outra...”
Aqui,
jaz minha mãe
e
Lattes vive em mim…
Infância/Borderline
Simutumba
Nasci
no Monturo
Sarará
e espótico
medo
do escôncio
adorava
munganga
e
fazia estripulia
cresci
menino
não
sair da fronteira
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
Reconvexando
A
consciência
Histórias
e existências
Respostas/Perguntas
Urgências
Sobrevivências
A
Terra-Túmulo
enterrou
minhas raízes
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
EFFYA
Êh,
fia…
muito
magra
pele
e osso
um
passarinho…
a
boca esfaimada
e
lábios de bebê.
A
fome é assim
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
CERTIDÃO
DE NASCIMENTO
CERTIFICO
que, no livro das Magias Derradeiras, às folhas invisíveis da Palmeira Real
imaginária, consta o registro de nascimento do Sonhador Apaixonado, aquele que
não veio ao mundo por um simples ato de estreia, mas, sim, para transformar a
existência humana em algo sublime, belo, poético e duradouro. O nascimento do
infante ocorreu em circunstâncias enigmáticas, às horas impensadas e não
contabilizadas no livro da vida terrestre. A cor do nascituro é lusco-fusco em alguns
momentos, translúcida em outros e, na maioria das vezes, incolor, ou tomando as
cores do lugar e das emoções momentâneas, como um camaleão dos astros. O sexo
do novo ser vivo não foi possível determinar, pois o mesmo se transmuta a cada
segundo, inclusive em formas e sensações não conhecidas na esfera terrestre.
Filiação:
Partidário Ameno Manacá e dona Apartidária Silhueta Somadora.
Avós
paternos: Sombra da Girafa Tonta e dona Lua Siamesa Univitelina
Avós
maternos: Para Todo o Sempre OK e Senhora Laroyê Agô Atotô
Foi
declarante: aquela que não nasceu e jamais vai conhecer a luz da lua na
primavera
Poema
criado na oficina Escritas em Trânsito, com Eliane Marques, Fundação Cultural
do Estado da Bahia, agosto e setembro de 2017
A mão que afaga é a mesma que apunheta…
(VAJ 21.09.2017)
Não
sou cristão, mas perdoo 70 vezes 7, desde que seja no confessionário de um
reality show ou me paguem o dízimo
Meu
currículo Lattes mas não morde
Ruídos
líquidos – minha paisagem afetiva tem gotas de chuvas caindo, folhas
apodrecendo, grilos, lama nos pés, riachos de emoções, gansos correndo atrás de
mim. Lavar o pé na poça de água. Burocrata é burocrata, poeta é poeta; onde o
primeiro vê um formulário, o segundo vê um pé quebrado. A chuva de sol me
deixou molhado de suor. Ruídos líquidos. Onde ninguém policia, brota livre a
poesia.
Poesia
é o coletivo de versos
Na
vida
Como
na cidade
Há
diver(si)(ci)dade
Há
quem queira dividir
O
verso
Há
quem queira dividir
O
(uni)verso
Nesta
(uni)ver(cidade)
Onde
deveria caber todos e todas
O
verso e o reverso
Fazem
parte da diversa cidade
Ovo
faz mal à saúde
Ovo
faz bem à saúde
Café
faz mal à saúde
Café
faz bem à saúde
Ovo
faz mal ao café
Ovo
faz bem ao café
Saúde
faz mal ao olho
Olho
faz mal ao café
Saúde
faz mal à cachaça
Cachaça
faz mal ao colesterol
Essa
vida é mesmo
Nada
fez sentido se por mim não é sentido
Muito,
mas muito sem graça!
Temas
para oficinas de poesia:
Receita
de Bolo
Receita
de Comida
Receita
Médica
Bula
de Remédio
Previsão
do Tempo
Lista
de Compras
Redes
Sociais
Despesas
de Casa
Conserto
de Carro
Poema da Ginástica Laboral
Todos
a postos
Alongamento:
-
não estou enxergando bem
-
meu grau aumentou demais
-
a anestesia nas costas até hoje dói
-
esse bota e tira de lente nos olhos é um saco
-
meu filho está dependente de óculos
-
eu que não suporto lente bifocal
-
a cirurgia que fiz foi inesquecível
-
tenho miopia mas me viro bem
-
respira, respira
-
colírio toda hora é um porre
-
lente de contato eu não gosto
-
agora alonga a lombar
-
respira, respira
-
bom feriado pra você
-
tchau!
Podre
Poder Podre
A
mosca varejeira fareja
Sente
longe o cheiro de carniça
Olfato
afiado, ouvido treinado,
Cada
sentido aguçado caça.
Mosca
azul, esverdeada, nojenta,
surda,
cega e muda...
mas
o poder é incolor, inodoro, insípido...
para
exercê-lo não precisa inteligência,
basta
gostar de comer imundície;
e
a podridão alimenta a permanência.
Mosca
Podre, Mosca do Poder,
reproduz
suas crias sem contato direto
e
se perpetua eliminando desafetos...
Depressivo
quer viver o passado
Ansioso
quer viver o futuro
Feliz
quer viver o presente
Quem
não chora não lacrimeja
De
Agnóstica – diagnóstica
Humor
Fudeu
Dois
“Mô” fazendo amor
dois
mofos fazendo ousadia
o
mofo dano, o mofo deno, o mofo deu
-
Que tipo de peixe você gosta?
-
Pintado Vermelho!
-
Qual?
-
Pintado Vermelho.
-
Mas pintado é um, e vermelho é outro. Qual dos dois?
-
Pintado Vermelho. Qualquer peixe pintado de vermelho, com muito molho de
tomate, corante…
As
mocinhas da cidade… música da época de meu pai
Minha
paisagem afetiva
tem
gotas de chuva caindo,
folhas
apodrecidas,
grilos
pulando,
lama
nos pé,
riachos
de emoções,
gansos
correndo atrás de mim,
e
eu lavando o pé na poça de água…
Onde
o burocrata vê carimbo e formulário,
o
poeta vê rima, um verso e um poema…
A
chuva de sol
me
deixou molhado de suor…
Ruídos
líquidos…
Onde
ninguém policia,
brota
livre a poesia…
Pedalando
sob chuva em Pituaçu,
sem
vigilantes, sem segurança.
Que
esse poema seja imortal enquanto vivo.
Incompletude
Faz
vinte anos que liga:
-
Tá em casa?
-
Sim… chego em dez minutos…
Interfona,
sobe escadas
A
porta aberta
A
saudade faz o momento
-
Da próxima vez eu faço essa parte aí…
Satisfeitos.
Silêncio.
A
porta se fecha.
Espera
pela nova chamada...